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domingo, junho 16, 2013

Comunistas, socialistas e conformistas, em 1974-75

Desde o 28 de Setembro de 1974 que o PREC foi um ver-se-te-avias. Todos os dias manifestações, declarações, propaganda, manipulação, instrumentalização ideológica contra " a burguesia", o "fascismo", a "reacção".

Economicamente, o país exauria-se em quebra de produtividade, ausência de investimento e escoamento de recursos que outrora foram os principais para o desenvolvimento do país e tinham feito do mesmo um modelo de crescimento que já não há e nunca mais tivemos igual.
O segredo? Provavelmente a organização económica e o sistema que o partido comunista e a esquerda em geral passaram a combater como inimigo da classe operária, dos trabalhadores e explorados. A ideologia tomou conta do asilo e os lunáticos apareciam todos os dias na tv a proclamar a boa-nova da reinventada "batalha da produção" e do desmantelamento do "Estado fascista".

Em 20 de Fevereiro de 1975 o Diário de Lisboa mostrava assim o estado de espírito nacional: novo governo, Vasco Gonçalves a falar ao país, Correia Jesuíno na comunicação social do Estado e "ocupações de casas", ou seja a espoliação pura e simples de habitações de outrém, eventualmente desocupadas, em benefício dos carentes do "movimento popular". A legitimação do roubo fazia-se ideologicamente e ninguém se atrevia a opor-se à tendência que "mereceu já a atenção do governo  e do próprio Copcon" ( a nova polícia política de cariz militar e que actuava muitas vezes à margem da legalidade estrita e com ampla cobertura das chefias militares, como a de Otelo Saraiva de Carvalho).

Na última página noticiava-se a efeméride de passarem nove anos sobre o dia em que "Avelino Cunhal foi a sepultar para o Alto de S. João"...claro que ninguém sabia ou devia saber quem era o tal Avelino ( pai de Álvaro Cunhal), mas também se dava conta de que os "trabalhadores da CUF pedem nacionalização." Assim, sem mais. A CUF era apresentada como "um monopólio com forte influência na vida do País".  E portanto devia continuar a ser monopólio, mas do Estado, como aliás aconteceu dali a alguns meses, depois deste balão de ensaio de preparação da opinião pública. Com os resultados brilhantes que daí decorreram mas ninguém quer denunciar, apontando o dedo aos jerónimos e arménios da época, alguns deles os mesmos de hoje e autores directos da tragédia nacional que se abateu sobre a economia de então, com reflexos que nunca foram devidamente estudados porque o ISCTE ou o CES são para outra coisa.


Em 12 de Abril de 1975 o Expresso consagrava o número quase por inteiro ao próximo acto eleitoral, dando conta de uma facto muito relevante na época: o aparecimento do documento Pacto MFA-Partidos ( que a extrema-esquerda não assinou...), devidamente escalpelizado em artigos no interior e no editorial.
Dava-se conta da ponderação de criação de um "tribunal revolucionário", fosse lá isso o que fosse e evidentemente era copiado das democracias populares. O tribunal teria o escopo de julgar os "crimes contra-revolucionários", fossem lá isso o que fossem que nem definidos estavam. Melhor seria ter aproveitado o conceito de "subversão" que existia no Código Penal e que permitia ao regime de Salazar/Caetano, caçar comunistas e engaiolá-los para não perturbarem a vida do pacato cidadão.

Mais importante e revelador é a notícia sobre o auxílio económico pelo "reconhecimento de uma situação difícil no que toca aos pagamentos externos", o que dava bem o sinal da deterioração progressiva mas firme e rápida da economia nacional, com estas aventuras esquerdistas.

No interior, sobre as eleições, apareciam entrevistas de página aos representantes de três correntes políticas de vulto na sociedade portuguesa: o comunismo com Rosa Coutinho, um militar no activo abertamente a fazer política e que foi um dos que entregou de mão beijada as províncias ultramarinas aos movimentos guerrilheiros da sua preferência e do PCP; Mário Soares, sempre o mesmo, a afirmar politicamente o que depois não cumpria, por não poder: o socialismo real, da "sociedade socialista" que nunca se esforçou minimamente por conseguir tendo no entanto enganado sempre os comunistas e esquerda em geral que ainda hoje lamenta o facto ( o Semedo do Bloco refere ainda hoje ao Diário de Notícias que "o PS não tem uma governação tão diferente assim daquela que a direita tem", como se tal coisa fosse uma novidade a descobrir!) . Soares na entrevista de Fevereiro de 1975 diz coisas inconcebíveis como uma quadratura de um círculo que não podia ser coerente. Foi sempre assim e sempre assim se safou politicamente, com este género de aldrabice que conquista o eleitorado há décadas. Progressismo vendido a pataco é com Soares. Ainda hoje assim é.

O PPD de Balsemão era um partido conformista. Ao ponto de dizer que "o programa do PPD ultrapassa o PC pela esquerda!" e não se rir a seguir da própria boutade. E ainda mais: " a propósito da nacionalização da banca, os únicos reparos que fizemos foram dois: um o de não ter sido decidida democraticamente, o outro uma advertência  para que ela não vá redundar num capitalismo de Estado". Isto basta para ver o que era o PPD de Balsemão, em 1974-75: o partido mais conformista de todos, o mais hipócrita também. Balsemão dizia então que era "necessário descobrir novas formas de vida em sociedade". Se calhar, deixar a Quinta da Marinha como conjunto de datchas...para os apaniguados do novo regime que se anunciava.






 As novas formas de viver em sociedade passavam por exemplo por este futuro prémio Nobél que dirigia o Diário de Notícias como um comissário político do PCP, sem qualquer vergonha revolucionária, conforme noticiava o Expresso de 23 de Agosto de 1975.
.
Ao mesmo tempo em Angola, desenrolava-se um drama humano sem precedentes, sequer durante a famigerada "guerra colonial": milhares de mortos em perspectiva, segundo um responsável governamental destacado para lá, precisamente o ubíquo Vasco Vieira de Almeida, agora advogado de firma de luxo. O Expresso noticiava em 23 de Agosto de 1975.



Em 24 de Maio de 1975 o Estado, depois das nacionalizações de 11 de Março, já tinha grandes dificuldades em gerir a miríade de empresas de que se apoderara, obrigando a "burguesia capitalista" ( com o aplauso do PPD) a fugir para o Brasil, Inglaterra, Suíça e outros desterros, levando legitimamente o que pretenderam e à socapa o que puderam.

Num artigo assinado também por José António Barreiros ( !) aparecem as medidas julgadas necessárias para "evitar a falência do Estado"  e comentadas também pelo guru do actual Bloco de Esquerda, João Martins Pereira.


É que o problema de sempre, em Portugal, já se fazia notar nessa altura e por isso até o próprio ministro do Trabalho, Costa Martins ( depois acusado de se ter locupletado com dinheiros alheios e ter fugido para Angola, o que se revelou factualmente falso, ou pelo menos assim foi contado depois, passados alguns anos) dizia uma coisa muito simples que ultimamente temos ouvido muito: já vivíamos acima das nossas possibilidades, mas para a Esquerda não havia problema algum. O dinheiro aparecia sempre de algum lado, nem que fosse...do FMI como aconteceu logo no ano seguinte, com intervenção pedida pelo optimista de sempre, diletante do costume e ignorante alegre das coisas séria da governação económica, Mário Soares, porque "política" é que é e é o que diz saber fazer melhor. O resto não interessa nada.

Expresso de 24 de Maio de 1975:


Entretanto no mesmo jornal duas notícias interessantes: a da criação de um embrião de democracia popular com os "comités de defesa da revolução e os conselhos revolucionários de soldados e marinheiros" ( a Revolução soviética de Outubro servia de inspiração criadora para o que dali a meses viria a tornar- se um problema de dimensão trágica e cujas consequências mais gravosas só foram evitadas pelos militares "reaccionários", tipo Eanes e Jaime Neves). A outra é a ajuda da banca nacionalizada aos jornais esquerdistas, na sua maior parte e dependentes de emprestimos bancários ( do Estado, agora) como de pão para a boca. Não admira que muitos ainda pensem, hoje em dia que" dinheiro há sempre". Haver há, só não há é quem o pague como deve ser depois de o pedir emprestado...


Em 23 de Agosto de 1975 o Expresso mostrava os principais jornais diários a propósito do momento político, retirando conclusões sobre uma evidente confusão de títulos sobre assuntos diversos da política de então e afinados ideologicamente em modo de jornalismo de causa ( tal como hoje).


A partir de 11 de Março de 1975 e das nacionalizações surgiu um novo conceito novilínguístico na sociedade nacional: "batalha da produção". Os economistas de Esquerda, percebendo que não adiantava nada nacionalizar transformando o capitalismo em capitalismo de Estado se a produção não incrementasse, lançaram o mote em modo de propaganda como se tal fosse suficiente para o efeito mágico da retoma da confiança na economia...

Evidentemente que em poucos meses tal gente deu com os burrinhos na água, mas não desarmaram. O Expresso de 5 de Novembro de 1975 organizava uma "mesa redonda" ( como dantes se dizia) para debater os problemas da economia, pós-nacionalizações.
Convidados: o mesmo Costa Martins, um secretário de Estado do IV Governo, Almeida Serra e...João Cravinho, que fora ministro da Indústria e Tecnologia desse mesmo governo.
Ao ler o que Cravinho diz da economia nacional, antes de 25 de Abril e logo a seguir e a relação que estabelece entre a crise grave de confiança criada com o PREC ( de que é exemplo máximo o desprezo pela iniciativa do MDE/S e outras, escorraçando os capitalistas burgueses em nome de um socialismo atávico e um progressismo a pataco, esta gente, como Cravinho e semelhantes conduziram o país à catástrofe anunciada por alguns ( tal como agora). No ano seguinte estávamos na bancarrota (como agora) e as receitas que esta gente dava de graça para o leitor mas a pagar com língua de palmo pelo povo em geral eram de rir. E mesmo sendo ridículas não os mataram politicamente. Cravinho voltou a ser ministro com Guterres e fez uma obra notável de desmantelamento do...Estado, na JAE. Notável de coerência e princípios...este Cravinho que a par de Constâncio é dos maiores bluffs nacionais.
Para Cravinho a origem da crise económica de 1974-76 nada tem a ver com as opções políticas revolucionárias. Nada. Foi tudo obra do "fassismo" e do governo de Caetano. É preciso ser, já não digo burro, mas a desfaçatez é de tal ordem que até dói ler. Cravinho fala da "destruição dos monopólios", da "revolução socialista que deveríamos fazer", tudo para explicar que "não se queira inverter as coisas pondo o 25 de Abril como causa da crise".
Ontem como hoje, esta gente não aprende nada e nada esquece. Só me interrogo como é que dão crédito assim a tais pessoas...


Mas não era apenas Cravinho a explicar a crise económica como tendo origem na governação de Marcelo Caetano e nos "monopólios capitalistas".

Em 16 de Janeiro de 1976, o O Jornal publicava uma extensa entrevista com o mesmíssimo Vasco Vieira de Almeida, o esquerdista que apareceu ao administrador do BPA com um livro de economia marxista debaixo do braço para lhe dar a entender que não queria o lugar mas lá ficou na mesma, diz coisas espantosas sobre a crise e o modo de a ultrapassar. Esta gente não tem mesmo emenda, de facto. Como foi possível ter pessoas destas em lugares-chave da governação e com ideias assim?! Será que as abandonaram ou apenas as colocaram em parêntesis enquanto encheram os bolsos a fazer o contrário?

A entrevista é de Francisco Sarsfield Cabral que agora escreve no Sol todas as semanas.



( Continua...)

42 comentários:

  1. E Portugal assim descambou e ainda não parou de descambar até aos dias de hoje.

    Enquanto o povinho não quiser correr atrás da sua história o plano será sempre inclinado e a descer.

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  2. Que grande lição de história!

    E esta é verdadeira e factual, com provas, e não forjada e inventada, como a que os Rosas, os Pachecos e as Varelas nos tentam impingir.

    Eu acho que estas pessoas têm crédito porque é a versão deles que tem vindo a ser repetida ad nauseum desde o 26 de Abril de 1974, em jornais, TV's, manuais escolares, revistas, em todo o lado.

    A verdade dos factos foi metida debaixo do tapete ideológico da esquerda há 39 anos e ninguém tem coragem ou saber para enfrentar os actuais "donos da verdade".

    Chegamos ao ponto de ouvir um caquético Mário Soares a defender um cidadão que insultou Cavaco Silva de chulo e malandro, sem ninguém lhe atirar à cara o que se passou com ele na Marinha Grande e as consequências que daí advieram.

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  3. os fascistas foram saneados e 'engavetados'.
    casas e terras ocupadas.

    octávio-pacto defendia mfa-partidos.
    rosa coutinho passava por ter sido sodomizado e negociar armas.

    só-ares, pai espiritual do tózéro.
    ppd(Ml) de Balsemão e Emídio Guerreiro.

    não me recordo se costa martins do dia de trabalho é o gajo que afogaram no Maputo.

    comissões de trabalhadores; de moradores; de moradores que não são trabalhadores ...

    andava à solta vasco gonçalves, de quem se dizia não tomar os medicamentos, até o pcp lhe recomendar a terapêutica Viegas

    estes excrementos, sacerdotes da deusa Caca, inviabilizaram definitivamente este país

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  4. Concluindo temos os mesmos gajos de sempre(menos os MFA´s derrotados no 25, mas recuperados pelo Sócrates) a comerem tudo e a não deixarem nada sempre com os desvalidos na boquinha.E tendo entregue tudo o que tinha preto e não era nosso o chique agora é refazerem o império cá dentro e por nossa conta.Não vá faltar povinho pobre...

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  5. Só me casei depois da poeira toda ter poisado.Mas como o 25 N não foi levado a sério e às consequências que deveria ter tido só espero ter a oportunidade de participar em mais um golpe nem que seja só a aplaudir...
    A malta tem é que ter um novo Salazar à mão, de preferência não tão humanista e respeitador do catecismo...

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  6. Depois do 25 N de alguma forma foi feita um limpeza nas FA´s.Mas graças aos iluminados governantes que temos tido que querem comer tudo e não deixar nada correram com a tropa de tudo e até já começam a nomear boys dentro dela.Consequências?Muita malta foi sendo capturada pelos derrotados...engrossando novamente o MFA...a malta gosta de andar permanentemente a pisar as mesmas uvas...

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  7. Afinal, não está tudo perdido. Temos líder.

    http://www.ionline.pt/artigos/portugal/crianca-nao-cresce-num-ambiente-saudavel-dois-pais-ou-duas-maes

    É de ler o que diz sobre Mário Soares.

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  8. Não creio. Não sou historiador nem tenho pretensão a tal.

    Apenas tento mostrar e procuro lembrar como foi para que se possa dizer como é, com base em factos relatados e vividos.

    A História é sempre interpretação e também o que faço aqui o é.

    Mas tem uma vantagem porque pode ser confrontada com os factos que ainda podem ser relembrados por quem os viveu com os documentos existentes.

    Há ideias básicas que sempre tive destes acontecimentos e à medida que vou encontrando jornais que relatam esses dias, dou conta que essencialmente não mudei de ideias ao longo destas décadas, mas espanto-me por vezes com algumas coisas que encontro.

    Neste momento, para mim é claro que a Esquerda nos prejudicou imenso o futuro económico que poderíamos ter.

    Não fora o PCP e o PS e o panorama industrial e comercial português seria diferente para melhor.

    Seríamos mais ricos, educados e civilizados.

    Mas é apenas uma opinião.

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  9. Magnífico, como sempre.
    A História é, como sabe melhor que eu, escrita pelos vencedores.
    E por enquanto a esquerdalhada ainda domina a sala de espectáculos.
    Mas é muito bom ter o acesso que o José nos proporciona em cada dia, aos FACTOS.
    Factos que são sistematicamente escondidos ou distorcidos.
    E é essa aldrabice, liderada pelo daninho dos daninhos, o soares,que transmitem aos nossos filhos.
    Que são uma cambada de ignorantes quando da verdade se trata.
    E a culpa não é deles.
    As interpretações ficam a cargo de cada qual.
    Muito obrigado.

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  10. Quando ouço falar da CUF e afins lembro-me sempre da palavra "anti-trust".
    Lembro-me dela, também, quando ouço falar dos oligarcas russos...e chineses, por exemplo...e até dos keiretsus japoneses.

    São devaneios que se me dão...

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  11. Para ser sincero, ainda assim, também tenho o mesmo sentimento para com siglas como "PT" e "EDP".

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  12. CUF versus anti-trust?

    Mas que dimensão tem Portugal para se ponderar tal coisa com proveito para o bem geral?

    Ou será que a razão que levou à legislação americana anti-trust se aplica ao nosso país pelos mesmos motivos?

    Não me parece e principalmente porque no Estado Social de Caetano e muito menos no Estado Novo de Salazar as empresas tipo CUF nunca tiveram o peso negativo que uma AT&T tinha nos EUA, por exemplo.


    Nós é que temos a mania de copiar conceitos que são ajustados lá fora mas cá dentro não fazem o mesmo sentido.

    Passa-se tal coisa na legislação penal e porventura seria esse o caso.

    Por uma razão: haverá motivos sérios e proveitosos para desmantelar a CUF ou colocá-la nas mãos do Estado ( ou seja, dos apaniguados partidários, incompetentes e corruptos) para seguir o exemplo abastracto do anti-trustismo?

    Não seria melhor perceber se haveria motivos justificativos para tal, como havia nos EUA em relação à concentração de capital e serviços, que ofenderia gravemente a concorrência e o bem público?

    Por cá haveria esse risco, com a intervenção do Estado como se fazia no tempo de Marcello Caetano?

    Se não havia, que é o que me parece, para quê copiar conceitos vazios de sentido?

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  13. Por mim, tal só faria sentido se em Portugal houvesse então ( ou agora que é ainda menos) uma mão-cheia de empresários apostados na concorrência sadia e respeitando princípios do capitalismo liberal.

    Não havia e não há.

    A CUF foi um exemplo de empresa que a Alemanha tem muitas e com o mesmíssimo sentido. E a Alemanha, nisso dá-nos lições, agora, quando antes éramos nós quem lhas dava...

    Porquê copiar americanismos aprendidos em manuais americanos com conceitos americanos e ideias americanas baseadas em pressupostos americanos?

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  14. Estamos sempre na mesma: não conseguimos ser portugueses como fomos no séc XV e XVI.

    Não conseguimos pensar pela nossa cabeça colectiva e temos sempre que copiar modelos estranhos ao nosso modo de vida.


    Como cantava a Amália: que estranha forma de vida...

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  15. O Mello e o Champallimaud e o Brito mai-lo Bulhosa e o Cupertino de Miranda eram portufueses de gema.

    Para mim, foram heróis. O Cunhal, o anti-herói.

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  16. Por uma razão simples de entender: com quem estaríamos melhor, hoje em dia?

    Com as ideias e realizações empresariais daqueles ou com as teorias do Cunhal que temos em prática ideológica de base?

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  17. Isto que me parece indiscutível e fácil de entender porque não se explica claramente no Jornal das Nove?

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  18. Porque é que a Esquerda ideológica continua a mandar no país, apesar do suposto neoliberalismo do governo que não é nada mais do que a tentativa de remendar os males que aqueles fizeram, continua a preponderar com a troika Avoila, Arménio e Jerónimo, agora com a ajuda preciosa do aparatchick Nogueira, professor requisitado há décadas pelo comunismo prático?

    Mas que mal fizemos para sofrer este castigo colectivo?

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  19. Porque é que não denunciamos esta gente e o mal que nos tem feito ao longo de décadas?

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  20. Quando falei do "anti-trust" não me referia a que tivesse lugar no pré 25.04, até porque, tanto quanto sei, não há, historicamente, ditadura alguma que tenha aplicado tal conceito (por isso me referi a Russos, Chineses e poderia ter referido os Angolanos...já que os Japoneses são uma questão diferente).

    A minha referência "anti-trust" liga-se a uma democracia mas não em termos de nacionalizações, como aconteceram e, a meu ver, mal.
    A solução poderia e deveria ter sido outra ou, talvez como o José diz, nenhuma.
    Para fazer mal mais vale estar quieto.

    Ademais, englobei a PT e a EDP neste fenómeno de conglomerados eventualmente monopolistas.

    A dimensão de Portugal é um problema mas não me parece insolúvel.

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  21. E nunca mas nunca preferiria alguma coisa ligada ao Cunhal.

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  22. tanto quanto sei, não há, historicamente, ditadura alguma que tenha aplicado tal conceito

    O anti-trust foi concebido especificamente para quebrar o monopólio (o termo é um eufemismo, neste caso particular) da Standard Oil de Rockefeller.

    A questão não se punha tanto em termos de concorrência - havia concorrência, havia múltiplos produtores - mas em termos de dumping: a Standard Oil intimidava os pequenos proprietários de poços no sentido de lhes venderem as propriedades/empresas.
    Se o não fizessem, Rockefeller inundava o mercado de petróleo a preço abaixo do custo de produção, arruinando os ditos e, obviamente, estava a postos para beneficiar da liquidação.

    Não houve em ditadura alguma monopólio comparável ao de Rockefeller, pelo que é natural que nunca se tenham aplicado medidas anti-trust.

    O que está implícito no comentário - que as democracias ao menos fazem alguma coisa para contrariar os monopólios, ao passo que as ditaduras não - é falacioso. Monopólios privados daquele calibre só são possíveis em regimes que ofereçam liberdade suficiente para eles surgirem. É raro, no entanto, surgirem gigantes daquele tamanho sem algum grau de acções pouco éticas ou mesmo criminosas: algo pela qual a Standard Oil (e não só) era notória.
    A SO é produto do que hoje é conhecido como capitalismo selvagem - e, como hoje, apenas encontra ecosistema favorável (sempre favorável, note-se) nos sistemas democráticos, onde há uma forma segura e eficaz de exercer influência sobre o poder (leia-se corromper): eleições.

    O anti-trust é uma solução aleijada: não é líquido que os Rockefellers não tenham beneficiado mais com a separação da SO em várias: no início do século foi assinado em Inglaterra um acordo - na práctica, estabelecia-se o cartel internacional das petrolíferas - entre, salvo erro, as cinco petrolíferas. Mais tarde tornaram-se sete. São conhecidas por as Sete Irmãs (termo cunhado por Enrico Mattei, da italiana Eni):

    pré anti-trust:

    - Anglo-Persian (BP)
    - Gulf Oil
    - Texaco (Chevron)
    - Royal Dutch Shell
    - Standard Oil

    pós anti-trust:

    - Anglo-Persian (BP)
    - Gulf Oil
    - Texaco (Chevron)
    - Royal Dutch Shell
    - Standard Oil California (SoCal)
    - Standard Oil Oil New Jersey (Esso/Exxon)
    - Standard Oil Oil New York (Mobil)

    A Standard Oil (agora ExxonMobil) continua a ser o que sempre foi:

    ExxonMobil is the world's largest company by revenue and in 2013, became the largest publicly traded company by market capitalization in the world.[5][6] The company is ranked #5 globally in Forbes Global 2000 list in 2013.[7] Exxon Mobil's reserves were 72 billion oil-equivalent barrels at the end of 2007 and, at then (2007) rates of production, are expected to last over 14 years.[8] With 37 oil refineries in 21 countries constituting a combined daily refining capacity of 6.3 million barrels (1,000,000 m3), Exxon Mobil is the largest refiner in the world,[9][10] a title that was also associated with Standard Oil since its incorporation in 1870.[11] (Wikipedia)

    Comparar a CUF a isto é comparar um carapau a um tubarão branco... Mas pronto, como foi uma coisa democrática, foi maravilhoso. Que se lixem os resultados, o que importa é a intenção, n'é?




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  23. Já agora, a wikipedia diz isto também:


    "Supermajor" is a name used to describe the world's five or six largest publicly owned oil and gas companies.

    The history of the supermajors traces back to the "Seven Sisters", the seven oil companies which formed the "Consortium for Iran" cartel and dominated the global petroleum industry from the mid-1940s to the 1970s.

    Trading under various names around the world, the supermajors are considered to be:[1]

    BP plc (United Kingdom);
    Chevron Corporation (United States);
    ExxonMobil Corporation (United States);
    Royal Dutch Shell plc (Netherlands and United Kingdom); and
    Total SA (France).


    Não demorou muito a fazer farinha do anti-trust...

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  24. "Monopólios privados daquele calibre só são possíveis em regimes que ofereçam liberdade suficiente para eles surgirem"

    Vide Angola e China (para não alargar).
    Só porque se chama outra coisa não significa que o seja. O monopólio existe nestes países (ou oligopólio, se for mais simpático) e não me parece (só me PARECE, claro) que sejam regimes atreitos a liberdade "suficiente".

    QED

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  25. "Não conseguimos pensar pela nossa cabeça colectiva e temos sempre que copiar modelos estranhos ao nosso modo de vida."

    Corretíssimas palavras José.
    É por aí que o Pedro Arroja também se bate no Portugal Contemporâneo e eu considero também que este é o caminho mais seguro que os portugueses devem optar. Os portugueses não podem desistir das suas tradições e história.

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  26. Salazar, quando apanhava com as crises globais Portugal lá impunha a sua independência, tremia mas não caia, pois se valia a si próprio...

    Agora com esta corte democrática cada crise global que aconteça lá vai Portugal na enxurrada ao nível da lama...

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  27. Fugiu-me um comentário sobre o tema em título de jornal, de 1975, creio, "A Reacção Quer Liquidar a Democracia"(!!!)... Se aparecer, óptimo. Se não e se eu arranjar paciência, volto a escrevê-lo amanhã.

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  28. Não lhe parece porque quer a toda a força acreditar no que lhe parece melhor.

    A China não vale a pena discutir-se porque nem eu nem o Kaiser Soze (presumo) conhece minimamente a cultura e o modo como lá se fazem as coisas. A China, como eu ouvi já não sei onde, não é um país, é uma civilização milenar. De toda a forma, o capitalismo chinês há muito que existe, e não é alheia a isso a existência de sítios como Macau e Hong Kong, que permitiam à elite chinesa levar a cabo os seus negócios, enquanto o resto do país levava com a revolução cultural e outras "maozadas".
    Portanto, a liberdade existe e há muito. Confinada a dois ou três sítios, mas ela lá está.

    Em relação a Angola - bom - É uma democracia, ou não é? Possui, como Portugal, todos os orgãos democráticos, ou não? Não são os democratas de cá e lá bons companheiros e amigos, não aprenderam todos a democracia nos mesmos sítios? Não existem lá partidos, candidatos e eleições? Não se relacionam tão bem - como atestam os negócios democráticos de parte a parte - os dois países? Não são elogiados como distintos democratas governantes de um pelos do outro e vice-versa? Não se congratulam ambos pelo sucesso da democracia a cada eleição realizada?

    Dantes é que era o atraso, o obscurantismo, a exploração colonialista dos terríveis monopólios à la CUF do branco malvado. Dantes é que não havia democracia! Que diabo, não me diga agora que Angola afinal não é democracia nenhuma!? Querem ver que a seguir ainda dirá que Portugal vive numa ditadura!

    Falando sério, agora.
    Os monopoliozinhos são tão certos como a abstenção, em se implementando o dito sistema. É o que é. E é-o sempre. Poderá vir com a lenga-lenga do costume de que se não encontrou ainda coisa melhor, etc.
    Agora, subrepticiamente afirmar que os monopólios do capitalismo selvagem não são controlados em ditaduras mas que o são em democracia é que já é paleio da treta.
    Em ditadura podem ou não ter a vida fácil, dependendo do ditador e do humor em que o encontram. Em Portugal não lhes seria muito difícil contanto que se mantivessem na ordem.
    Mas em democracia, meu caro, há eleições. E eleições vencem-se com dinheiro. Ora, onde há precisão de dinheiro, manda quem o tem. E é este o problema principal desse sistema. O elefante na sala de que ninguém ousa falar. As campanhas eleitorais são o ponto fraco constante que qualquer democracia oferece. São uma porta aberta à corrupção. É apenas uma questão de tempo e dinheiro até se cumprirem as vontades de quem os tem. Muito melhor do que procurar agradar a um tipo que, por azar, até pode ter princípios e não admitir que se pise o risco.
    Sem resolver o problema das eleições, a democracia partidária não passa de um regime que sistematiza a corrupção. A democracia não é o poder do povo. É o poder do dinheiro, na realidade.

    Pode gostar-se ou não, pode-se ficar ofendido pela afronta à donzela ideológica predilecta, mas o que é facto é que é assim.
    Talvez haja maneira de o remediar (já ouvi coisas do género one dollar one vote, etc), mas o sistema está demasiado ocupado a denunciar os ataques à sagrada democracia e toda a gente acode para que se não perca essa preciosa porta à corrupção do dinheiro sem rosto.

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  29. Mujahedin,

    Basta olhar para o papel do Bes. No antigo regime e o no de agora.

    No campo económico o estado novo não lutava apenas contra a esquerdalha lutava também contra a agenda globalista.

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  30. Pois Vivendi, eu é que não sei se faz sentido distinguir, na verdade. A meu ver são apenas reflexos diferentes da mesma luz.

    Mas é preciso que eu faça aqui um esclarecimento, para ver se as pessoas se focam no essencial do que eu quero transmitir.

    Eu sou da opinião que quanto mais as pessoas se puderem governar sozinhas, melhor. Não aprecio nem apreciarei que venha um tipo qualquer dar-me ordens em minha casa ou que possa dispôr arbitrariamente de mim ou do que é meu.
    Compreendo perfeitamente o apelo que tem a forma democrática no geral, e portanto, de certa forma sou também um democrata.

    O que não faço é esquecer que a democracia não é um fim em si mesma, mas que como toda a política, é, ou devia ser, um instrumento para o melhoramento das comunidades; ou seja, das pessoas a viver em conjunto. Isto é, um meio para que as pessoas possam viver felizes e prósperas (não só no sentido material) o mais possível, e estejam mais protegidas contra as inevitáveis agruras da vida que tocam a todos.

    Para mim é um absurdo o estado que se vive em Portugal em particular, e no mundo "democrático" em geral. Em todos os países, sem excepção, se concorda que é preciso mudar. Que os governos são corruptos, que o Estado é corrupto, que existe promiscuidade entre grandes grupos económico-financeiros e os governantes, etc, etc; e, no entanto, quanto mais democrático é o país, menos se afigura possível a mudança!
    Os mesmos partidos ganham inevitavelmente, e assim se continua até ao colapso. Depois, vem ou a anarquia e a guerra, ou a ordem forçada.
    Não vejo maneira de conceber isto como não sendo um falhanço do sistema democrático. Talvez não do princípio, mas deste sistema partidário-representativo, parido pelos iluminados das luzes - ou pelos donos do dinheiro, já que parece sobretudo aproveitar a estes e já na altura andavam uns e outros de mão dada, quando não eram os mesmos...
    Dizem que é o menos mau. Descontando a reputação da pessoa a quem se imputa a autoria desse dito - pessoalmente acho que foi um patife e um canalha e, objectivamente, foi um assassino ignóbil - e o facto de ser muito próximo dos donos do dinheiro, a realidade práctica demonstra (e demonstrará melhor ainda, creio) que não só não é o menos mau, como é provavelmente dos piores. E isto pela simples razão de que abre uma porta à corrupção através das eleições que são meio seguro e eficaz de influência. Os políticos precisam de dinheiro para serem eleitos, independentemente do propósito com que concorram a eleições. De certa forma, o sistema garante que não há político que seja eleito sem pelo menos vergar os princípios, seja por ele próprio, seja por agência de outrem.

    Portanto, acaba aí qualquer esperança. No caso de um ditador, ao menos, pode ter-se sorte ou azar. Pessoalmente, acho que tivemos sorte.
    Com a democracia, é certo que o azar vai rondar até obter o que quer. E normalmente não demora nadinha.
    Sem resolver este problema, a democracia leva inevitavelmente à ruína de uma nação, que é precisamente o que nos está a acontecer e ao resto da Europa.
    Não ver isto é ser cego. É encarar a política de forma romântica na melhor das hipóteses, como o futebol na pior. Nenhuma delas é adequada a quem detém os destinos de um povo nas mãos, parece-me.

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  31. Mujahedin, mil por cento d'acordo com o seu comentário. Por outras palavras e tocando em aspectos paralelos mas coincidentes, relativamente às idolatradas 'democracias' que os socialistas-comunistas re-inventaram e apregoam como regimes 'sagrados' com o único pretexto de dominarem o globo e escravizarem os povos através das mesmas e dos fantoches que colocam no poder em cada uma das ditas, eu quis transmitir mais ou menos o que escreveu.

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  32. Pois minha cara Maria, sei que concordamos no essencial (o comentário a que presumo se refira, não se vê. Está o comentário, mas não tem texto).

    Mas o problema é que se endeusa tanto a democracia - ou melhor, demonizam-se tanto os seus críticos - que as pessoas não se apercebem que criticar a democracia não significa necessariamente recusá-la no todo ou nas partes.

    Mas sobretudo, não se apercebem do que, parece-me, é o mais importante: sem estar preparado para a pôr em causa completamente - encarando-a, não como objectivo, mas como meio que é, portanto de utilidade objectiva - nunca se poderá fazer um juízo apropriado do seu real valor, como, aliás, em tudo na vida.

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  33. As democracias só podem funcionar em meios pequenos onde toda a gente se conhece e onde seja possível tirar dilações entre aquilo que se prometeu e o que efetivamente se cumpriu...

    O Porco capitalista:

    A democracia (o "Poder do Povo"), tem muito que se lhe diga. Muito mais contra do que a favor.

    Há entre outros dois aspectos negativos a salientar no moderno sistema de democracia, que difere bastante dos sistemas políticas gregos da Antiguidade.

    Primeiro, o seu carácter anónimo. O voto é secreto. Não é feito de braço no ar. Não há registos públicos das escolhas de cada um. Não se sabe quais as ideias e os candidatos que cada um apoia. Isso facilita a promoção de políticas canalhas por parte dos imorais e dos burros. Se houvesse escrutínio público, as pessoas tinham muito mais medo de apoiar sacanas, de medo de serem ostracisadas, despedidas, e até atacadas físicamente.

    Segundo, é uma democracia de massas. É muito impessoal. Não se conhece pessoalmente os candidatos, e além disso, vota-se em governantes que hão-de ter poder sobre pessoas que não nos são próximas. Num país de dez milhões de habitantes, como Portugal, a maioria da população é, para cada pessoa tomada individualmente, desconhecida. É uma massa irrelevante. Aí também, a propensão é para promover canalhices contra o seu povo. As pessoas só conseguem formar laços afectivos com algumas dezenas de pessoas, ao longo da sua vida. Algumas centenas, no máximo. De resto, não se importam com o que acontece aos outros.

    Se a democracia fosse local, a nível do bairro ou da aldeia, e se fosse completamente pública, ver-se-iam muito menos militarismos, e muito menos socialismos. Muito menos burocracias absurdas também, que o distanciamento lisboeta ou bruxelense favorizam. A pressão social seria maior. É preciso ser muito ruim para mandar para a morte jovens que se viu crescer. Não se tem interesse em destruir a economia local com proibições loucas. E é muito mais difícil ser invejoso contra o empresário da aldeia, tendo trabalhado para ele, e vendo todos os dias que é a sua dedicação e o seu esforço que lhe conferem a sua posição social proeminente, muito mais do que a sorte. A coisa, nesse contexto, é muito mais visível do que se se tratar dum "capitalista" desconhecido. Em geral, é mais difícil "apertar o pescoço" a uma pessoa, directamente, e ver o resultado do seu trabalho, do que pedir a outros para fazê-lo.

    ...

    A democracia de massas leva ao crime.

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  34. Presume mal, conheço minimamente a cultura e a forma como lá se fazem as coisas. Longe de um especialista mas com algum conhecimento.

    Não, Angola não é uma democracia por motivos semelhantes aos do Estado Novo.

    "Agora, subrepticiamente afirmar que os monopólios do capitalismo selvagem não são controlados em ditaduras mas que o são em democracia é que já é paleio da treta."
    Já uma vez lhe disse que devia ser mais eficaz a ler. Nunca disse tal coisa, nem aberta nem subrepticiamente.
    O que acontece as mais das vezes, e presumo que veja, é que nas ditaduras é desnecessário controlar os negócios porque, também as mais das vezes, lhes pertencem ou estão associados.

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  35. Ps. eu endeuzo a democracia!
    (talvez faça uma t-shirt com esta frase estampada e a venda. Assim, além de democrata ainda sou capitalista.
    Two birds!)

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  36. Faça o que entender. É-lhe lícito endeusar o que quiser, incluindo até a própria pilinha - não seria o primeiro nem decerto o último. Eu cá não endeuso nada e se eudeusasse, endeusaria o Deus dos meus pais e avós como em tempos fiz. Nunca encontrei nenhum melhor... De toda a forma, não papo ídolos estrangeiros e muito menos de cabecinhas que nunca conheceram o cabo a uma enxada, por exemplo, e que precisavam de criado para lhes dobrar o guardanapo como esses democratas liberalistas de antanho.

    é que nas ditaduras é desnecessário controlar os negócios porque, também as mais das vezes, lhes pertencem ou estão associados.

    Tem V. a certeza que está a falar de ditaduras? Não estará antes a falar de democracias equivocado?
    Que negócios eram esses, pertencentes à Ditadura Nacional ou ao Estado Novo? Associados, diz também V.? Mais do que que, por exemplo, uma Mota-Engil com presidente ex-ministro, ou bancos falidos (postos na conta do contribuinte) com também ex-ministros, etc, etc?

    Isto é o que acho mais piada quando se começa a desfiar o ror de críticas às abomináveis ditaduras: aplicam-se todas, em maior ou menor medida também à democracia. Exceptuando as acerca da liberdade de expressão, normalmente aplicam-se por maior à democracia, bem vistas as coisas.
    Mas a cisma (para não dizer o fanatismo, não quer dizer que seja propriamente o seu caso) é tanta, que pura e simplesmente obsta a qualquer crítica consequente. É claro que se aceitam críticas à democracia! Oh sim... mas desde que não ponham em causa a democracia!

    O Estado Novo também aceitava críticas. Desde que não pusessem em causa o Estado Novo. Aliás, desde que não pusessem em causa o interesse nacional, assim é que é. A democracia faz isso? É o fazes... Mas aceita de bom grado críticas (e outras coisas) ao interesse nacional que não ponham em causa a democracia.

    Ora adeus...

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  37. Quanto à minha pilinha (não sei que conhecimento tem dela para a tratar por "inha" mas tudo bem), responder-lhe-ia que os sapateiros pensam em sapatos (ou sapatinhos).

    Enfim...

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  38. Não tenho conhecimento algum. Nem pretendo ter.

    V. amofina-se sem razão. Se me diz que endeusa a democracia e que vai fazer t-shirt, que quer que lhe responda?

    Pois endeuse lá o que quiser então. Mas repare como a única coisa que lhe aprouve comentar foi a dita cuja. Ás tantas não foi tão despropositada assim a referência...

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  39. Como acontece às vezes, os mesmos factos dão lugar a conclusões diferentes.

    Só me aprouve comentar a minha pilinha não porque seja fixado nela mas porque nada mais do que escreveu tem interesse.

    Hoje em dia parece que a wikipedia resolve o problema da ignorância mascarando-a com meia dúzia de factos mas não é verdade.

    Vou-me, eu e a minha pilinha.

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