Em 1975, escassos meses depois das nacionalizações de 11 de Março desse ano, a economia portuguesa estava literalmente de rastos e no Expresso de 12 de Julho desse ano, em pleno Verão Quente, dois articulistas- Eurico Ferreira e Alfredo de Sousa- colocavam a questão em inquérito anunciado na primeira página: "estará a economia portuguesa em crise?"
Nessa primeira página também aparecia Mário Soares a "analisar a degradação da situação"...enquanto a pergunta nas páginas interiores passava da "crise" para a mais chã e plana: "falida". Incrível.
Em 15 de Outubro de 1976, o O Jornal, um semanário da esquerda moderada portuguesa ( próximo do PS de Soares e também de Salgado Zenha e outros) organizava duas páginas para relatar uma "conferência internacional sobre a economia portuguesa". Lá aparece o sempre constante, Vítor Constâncio que adquiriu aquele ar de sabedor não se sabe bem onde. O diagnóstico é ainda mais terrível do que o de 1975, mas era claríssimo: " São os credores de Portugal que vêm avisar o país de que tem de pòr as contas em ordem e apertar o cinto". Exactamente como hoje...e por isso mesmo o FMI veio dali a meses para cá, para ajudar o país a "pôr as contas em ordem". Tal como hoje...
Em 1982 a revisão constitucional anunciada estava num impasse ( isso depois de Mário Soares saber, desde 1976 que as empresas nacionalizadas em 1975 não tinham viabilidade no sector público...). O O Jornal de 23 de Abril de 1982 mostrava isso:
Quase dez anos depois disto, o país ainda não tinha posto as contas em ordem e o FMI estava de volta...com o mesmo Soares ao comando, tal como em 1976. Incrível como a memória das pessoas não levou em conta aquilo que sucedera dez anos antes. Tal como hoje...
A primeira página do Expresso de 3 de Novembro de 1984 mostra como o país pouco ou nada evoluiu economicamente. Politicamente, o problema estava onde sempre esteve: na Esquerda, particularmente o PS de Soares e tutti quanti e na barragem ideológica que impedia a revisão constitucional para pôr o país a funcionar. Tal como hoje.
Em Fevereiro de 1985, "o défice era o dobro do previsto", dizia um certo Silva Lopes que fora governador do banco de Portugal quando o país estava em iminente bancarrota, em 1976. É ler o O Jornal de 1 2 1985.
Nesse mesmo número do O Jornal dá-se conta de um fenómeno que teve grande repercussão nacional nos anos vindouros: a abertura do ensino universitário aos "privados". Um desastre anunciado...com gente que vinha essencialmente do antigo regime, ainda por cima. Portugal tem conserto?
Na última página do jornal aparece o título "FMI bate com a porta" para significar que não tinha havido acordo quanto à "carta de intenções" ou seja, o memorando de entendimento...Antes como agora. E Mário Soares sempre presente. Mais a CGTP e mai-la UGT. Hoje como ontem...
A sondagem referida, era esta, muito interessante pelos nomes que convoca e que provam que em Portugal são sempre os mesmos que mandam. Quanto a responsabilidades, essas, ficam para o povo...
E ainda mais outra do mesmo jornal de 14 de Abril de 1984.
O Tempo de 12 Abril de 1984 não deixava dúvidas na primeira página sobre o estado do país. O "pai da democracia" estava lá, ao leme...
Só em 1986 se começou a vislumbrar uma nesga de luz relativamente à banca privada e mesmo assim...à experiência a medo do...tribunal Constitucional. Tal como hoje...
De resto até nos fait-divers Portugal se aparentava aos tempos de hoje.
O Jornal de 14 9 1984 mostrava este personagem de nome parecido a um actual, por ser pai do mesmo, relativamente a assuntos de dislates públicos em funções de responsabilidade. A acha sai à racha, lá diz o povo...
O que mais impressiona com estas leituras travessas é uma coisa: os nomes. São sempre os mesmos. Sempre. Ainda hoje.
A Itália conseguiu escorraçar a cambada de corruptos políticos que a fustigavam há décadas, com a operação mani pulite e o apoio popular aos juizes que a levaram a cabo. Por cá, só de falar nisto é suscitar a raiva imediata de alguns apaniguados que querem manter o estatuto de guardiães do pote.
É isso mesmo: os guardiães do pote!
E uma última pergunta: porque é que Mário Soares não é confrontado com isto agora, quando profere dislates, disparates e palermices( a chantagem do governo a Portas, por exemplo)?
Porque continuam a dar-lhe tempo de antena a esse indivíduo que tem este currículo político?
Porque não há gente pública com coragem de lhe fazer frente.
ResponderEliminarToda a pseudo-elite vivem e comem às custas destes situacionismo.
Não sabem e não tem capacidade para mais.
Agora que estão a ir às massas e até com efeitos retroactivos às classes médias a estas só resta deitarem tudo abaixo e começar de novo.Mas em novos moldes porque este sistema já demonstrou não ser "amigo", de "confiança" e nem sequer viável, nomeadamente por puro internacionalismo.Os democratas estão à espera que sejam os estrangeiros a safarem-nos...
ResponderEliminarO "sistema" arrasta tudo menos o próprio "sistema".Democrata pois claro...Quem faz parte do dito come quem não faz cheira...
ResponderEliminarassisti com tristeza ao desenrolar desta porcaria a que chamam democracia
ResponderEliminarestamos rodeados de 'filhos do pote'
há duas semanas que só ligo a tv ao domingo e apenas para ouvir o Prof, cada dia mais 'manholas'
"A Itália conseguiu escorraçar a cambada de corruptos políticos que a fustigavam há décadas, com a operação mani pulite e o apoio popular aos juizes que a levaram a cabo."
ResponderEliminarQuer dizer, com uma parte, aquilo não ficou limpinho...
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PS e PSI desapareceram num ápice e o Bettino fugiu para a Tunísia. Onde aliás foi visitado pelo seu amigo maçónico Mário Soares que garantiu que tudo era uma cabala e que o Bettino estava inocente.
ResponderEliminarOs italianos tomados como estúpidos como indivíduo está acostumado a fazer por cá.
E não se ficou por aí: quando Andreotti foi acusado de collusione com a Mafia que fez Mário Soares?
Garantiu outra vez que o Giulio estava inocente.
Este Soares só visto...
Um dia, num jantar meio de trabalho meio de convívio com franceses, espanhóis, italianos e portugueses, o francês que ficou ao meu lado, (porque eu era o único que falava francês e servia de tradutor), espantou-se um pouco com a nossa lamechice sobre a corrupção da nossa sociedade.
ResponderEliminarE disse-nos que em França a corrupção, era tanta ou mais do que a nossa, só que os corruptos eram mais “competentes”.
Porque o povo lá não perdia tempo com lamechices, quem parecia corrupto era mesmo apanhado.
Não sei que veracidade há nestas afirmações, mas faziam e fazem sentido.
Aqui em Portugal, entretemo-nos a escrever e a ler sobre isso na imprensa, mas não se faz nada.
No sector da construção civil onde a crise está no topo de todos os sectores da nossa economia, vejo todos os dias e às claras, que quem se está nas tintas para o cumprimento da lei, está na maior.
E ouço que vai haver milhares de fiscais dos impostos para saber se o meu barbeiro me passou factura.
Já não há pachorra.
Agora que era o momento ideal para se apanhar todos os “pratos-bravos”, não se faz nada.
Muito minado devem estar aquelas secções da ASAE ou similares que deviam fiscalizar a construção civil.
Só os vejo chatear gente séria que está de rastos…
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"Este Soares só visto..."
ResponderEliminarExacto!
E não se faz nada.
E ele faz uma Fundação, num prédio que a CM Lisboa do filho lhe dá e ainda recebe subsídios.
E o Passos Coelho corta-lhe apenas 30% dos subsídios.
Mas porque é que não cortou tudo?
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Mas porque é que não cortou tudo?
ResponderEliminarAinda levava um tiro. Ameaças públicas não faltam.
Também acho ridículo que o Soares não seja confrontado com o tempo em que, em termos gerais, era o Passos Coelho e fazia o mesmo que ele faz agora.
ResponderEliminarÉ ridículo.
Não quero com isto defender o actual Governo que não tem defesa possível. Agora, que estes têm uma vida muito mais difícil que o Soares teve quando por cá andou o FMI no tempo dele, isso parece-me indiscutível.
A finalizar, porque não ouço isto em lado nenhum, acho uma maravilha que não se tenha em conta que o FMI não cá esteve pelo menos mais uma vez, na altura de Cavaco a PM, porque os fundos europeus apareceram em baldes.
São todos umas bestas...
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ResponderEliminar"...acho uma maravilha que não se tenha em conta que o FMI não cá esteve pelo menos mais uma vez, na altura de Cavaco a PM, porque os fundos europeus apareceram em baldes."
ResponderEliminarNa altura de Cavaco, e de Guterres e de Sócrates, é preciso não esquecer.
Foi uma das causas que me tornou profundamente eurocéptico por causa disso.
Bem como a destruição da nossa indústria naval, da siderurgia, das pescas, da agricultura, etc. tudo a mando da França e da Alemanha.
A CEE até me parecia uma boa ideia, até ter começado a trabalhar em obras públicas e a ver desperdiçar dinheiro a rodos, que ao contrário do que muita gente pensa, não vinha todo da CEE.
Uma percentagem vinha da CEE, outra era suportada pelo OGE português (e acho que era 40%+60%).
Mas o interesse de muitas dessas obras era mais da conveniência externa do que da interna.
E como muitos dos componentes incorporados nesses trabalhos até eram importadas, muito desse dinheiro da CEE, fazia by-pass directo para todo o lado, menos para Portugal
Quando a CEE se tornou CE, cheirou-me logo mal.
Quando a CE se tornou UE, então passei a temer pelo futuro, e pelos vistos não me enganei.
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ResponderEliminarJosé
ResponderEliminarComo é que se eliminam comentários repetidos com mais que uma frase?
Consigo eleiminar pequenos mas não grandes.
Já descobri.
ResponderEliminarFiquei curioso com a sondagem sobre Lucas Pires, Pintassilgo e Soares. Pode publicá-la, José? Obrigado.
ResponderEliminarPosso. Amanhã.
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