A edição do Expresso de 28/30 de Setembro de 1974 mostra até que ponto a linguagem comunista maciçamente divulgada logo a partir da semana seguinte ao 25 de Abril desse ano, foi assimilada pelos media que nem se diziam esquerdistas.
A figura do presidente da República de então, cargo ocupado por Spínola em função de designação revolucionária, foi progressivamente perdendo relevância e palco.
Expressões como "conspiradores reaccionários" eram usadas pelo MFA para designarem o que pretendiam alterar o rumo dos acontecimentos, no sentido de evitar a tomada do poder pelos "totalirarismos extremistas que manobram na sombra", na expressão usada por Spínola.
Na primeira página do Expresso não aparece a palavra reacção ou fascismo. Aparece a expressão "complot de direita". O jornal era então dirigido por Francisco Pinto Balsemão...
Na última, porém, já temos o cardápio completo das expressões comunistas mais em voga: reacção e fascismo, pois claro, mais uma ideia que ficou para a História que nos contam os Rosas & Pereira, mais as Flunser e Loff: " os partidos de esquerda, organizações sindicais e outras forças políticas começam a denunciar a manifestação de apoio ao general Spínola como uma manobra da reacção e do fascismo ao serviço do grande capital".
Assim mesmo, com todas as letras que é para se perceber o que queriam e...tiveram.
E no interior o assunto era mais explícito e claro: a linguagem comunista já assentara arraiais no Expresso. E tinha vindo para ficar. Balsemão dirigia o jornal...mas esta página vinha assinada por um tal N.S. Só espero que não seja um tal Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa...
Porém, se dúvidas houvesse quanto à captura e incubação das expressões comunistas pelo jornal que meses mais tarde seria apelidado de "pasquim" por um Vasco Gonçalves em fúria ideológica ( a par de um República e de um Jornal Novo, imagine-se!) o editorial desvanece todas as esperanças e esclarece como foi possível em dois tempos de propaganda ideológica dar a volta ao léxico nacional e inventar uma novilíngua que influenciou nos anos vindouros, até hoje, a visão da História que temos tal como enunciada por aqueles revisionistas falsificadores.
A partir daqui, jornal ou jornalista que usasse outra linguagem era apenas um coisa muito simples de enunciar pelos novos censores do regime: reaccionário. Ou fascista mesmo...
Havia jornais mais à direita? Haver, havia. Mas não eram jornais sérios, porque eram exactamente isso: reaccionários e fascistas. E como tal foram queimados no rescaldo do 28 de Setembro de 1974.
Fizeram uma fogueira com os mesmos...e tiraram fotografias, para comemorar o feito. Publicaram-nas depois no Sempre Fixe da semana.
E a seguir prenderam "numerosos fascistas" publicando a cara como se "procurados" fosse, no jornal, neste caso no Diário de Lisboa, o diário cripto-comunista mais vendido..
Estes "numerosos fascistas" foram presos em qualquer imputação concreta relativa a factos, mas apenas por motivos ideológicos. Estiveram presos durante meses, sem qualquer imputação concreta, acusação ou mesmo explicação dos que os prenderam, ou seja a Esquerda que agora quer "outras políticas".
Não se lembram já disto mas é preciso fazê-los lembrar, a ver se a troika Avoila, Arménio e Jerónimo desembucham outras cousas para além dos slogans habituais.
Os mesmos que isto fizeram andam aí a proclamar que querem "outras políticas". Alguns sabem que políticas são...mas temo que a maioria nem isto saiba.
Amanhã: como a esquerda percebeu em dois anos que precisava mesmo do grande capital, mas não foi capaz de o atrair...
ResponderEliminarE lá veio o FMI pela primeira vez.
ResponderEliminarpara os sociais-fascistas foram tempos fáceis devido ao apoio da urss.
ResponderEliminarquando esta sofreu a implosão a que assistimos
ficaram na orfandade, mas conservaram a cassete pirata
e falam alto para afastar o próprio medo
'cão que ladra não morde'
'os cães ladram, a caravana passa'
receio muito mais os fascistas do largo dos ratos devoristas
porque nos atiraram em menos de 40 anos para 3 bancarrotas
e nos entregaram à banca nacional
dizia-se de MRS:
é como certas aves, quando se ouve piar já lá não está
seria para 'laugh out loud' se não fosse macabro (do Árabe túmulo)
A queimarem jornais estilo "povo livre"?Espero que o Passos não fosse UEC nessa altura...
ResponderEliminarPor acaso o Marcelo tudo anda a fazer para ser como o pai.Governador agora dum sobado.Tem vindo nas calmas a fazer o seu caminho,sempre a favor de tudo e todos claro.O que até é fácil como o caraças.
Mas eu e muitos não queremos sobados...nem dar a outra face.
Grande José!
ResponderEliminarE quanto à Ara?
ResponderEliminarNesta lista de perigosos fassistas, aparece um apelido por três vezes.
ResponderEliminarSó dias depois apareceria pela quarta:eu estava no Algarve e não fui metido em Caxias ao mesmo tempo dos meus Irmãos.
Nada justificou as ordens de prisão assinadas pelo otelo mas preenchidas por outros.
Só muito mais tarde me senti honrado por me classificarem tão longe deles e se percebeu que corja tinha assentado em Portugal.Que gente mandou e aprendeu a mandar nisto.Se viu a cor da corrupção por todo o lado instalada.Acima da lei. Rouba mas não te deixes apanhar foi substituído por Rouba que não faz mal.
Que honra, terem-me prendido!
devido ao acentuado decréscimo da natalidade no rectângulo
ResponderEliminardentro de 25 anos só estarão no activo metade dos profs que hoje dão aulas
o Corriere della Sera indica
que devido à crise prolongada se iniciou a desertificação das cidades Italianas
na China as exportações caíram nos últimos 2 meses de 13,5 para 1%
'assim vai o mundo'
uma nojeira tal como a passeata de hoje
Desses presos políticos não falam os programas de História. Por estas e por outras a minha geração está formatada. Na Faculdade bastou elogiar Marcelo Caetano para passar a ser conhecido como o fascista ou o nazi. Fui ingénuo. Foi há poucos anos...
ResponderEliminarÉ que ainda hoje as associações e as comissões e grupos de praxe nas faculdades do Estado estão dominadas por gente ligada à Esquerda. No Porto dominam provavelmente os socialistas, mas há muitos JSD. Já em Coimbra, creio, domina claramente a Esquerda. Mas estes JSD não são de Direita...
A praxe merecia uma análise. É que aquilo por vezes é uma lavagem cerebral com tons políticos.
Em Coimbra os comunistas e bloquistas são anti-praxe mas estão bem infiltrados na Associação de Estudantes. No Porto têm menos força mas há, por sua vez, os jotas prontinhos para o emprego pago pelo Estado.
Caro Floribundus,
ResponderEliminaruma renda de um T2 fica por 400 euros. Um salário médio por 700/800 euros. Comer duas boas refeições por dia com carne ou peixe, e de resto, fazer uma alimentação equilibrada e com qualidade (saudável) não fica por menos de 200 euros por pessoa. O Estado «come» parte dos rendimentos via impostos e as contas de casa estão insuportáveis. Assim é impossível sustentar crianças. Portugal ficou com salários da Europa de Leste e preços idênticos aos praticados nos países europeus mais ricos.
Salazar dizia que uma renda não deveria ficar acima de 1/5 ou 1/6 do salário de um pai de família. Um quinto de 750 euros? 150 euros. Ora onde se arrenda um apartamento por este valor em qualquer cidade portuguesa? Pelo menos na província, há 15 anos, ainda era possível...
ResponderEliminarAssim não há natalidade nem haverá empregos para professores. O custo de vida está insuportável para os rendimentos médios da nossas famílias. Assim não haverá uma subida do Índice de Fertilidade: e o português já é o 2.º ou 3.º mais baixo do mundo.
ResponderEliminarJerónimo diz que reforma agrária «mantém toda a atualidade»
ResponderEliminarAo abordar as «profundas transformações revolucionárias» na sociedade portuguesa surgidas com a revolução do 25 de Abril, o secretário-geral do PCP destacou o processo da reforma agrária.
O responsável frisou que, apesar de a reforma agrária ter sido «destruída por uma ofensiva que durou 14 anos, que pôs o Alentejo a ferro e fogo» continua a ser «uma necessidade de agora».
No Alentejo, o líder comunista também não esqueceu o empreendimento do Alqueva (que dispõe já de 67 mil hectares de regadios, mais de metade dos 110 mil hectares previstos no projeto global), defendendo que o seu aproveitamento integral é «uma imediata exigência». «Um aproveitamento que se impõe ser a favor das populações e da criação de emprego, não da especulação», exigiu.
Ao longo do discurso, o percurso político, partidário e até artístico de Álvaro Cunhal foi sendo enumerado por Jerónimo de Sousa, que não prestou depois declarações aos jornalistas.
«Personalidade fascinante e maior da nossa história contemporânea, homem de invulgar inteligência, de firmes convicções, inteireza de caráter, Álvaro Cunhal foi um político de ação» e «dedicou toda a sua vida à solução dos problemas da sociedade portuguesa», lembrou o secretário-geral do PCP.
http://www.tvi24.iol.pt/503/politica/jeronimo-de-sousa-pcp-reforma-agraria-alentejo-agricultura-tvi24/1460658-4072.html
"Salazar dizia que uma renda não deveria ficar acima de 1/5 ou 1/6 do salário de um pai de família. Um quinto de 750 euros? 150 euros."
ResponderEliminarTem alguma fonte on-line sobre estas palavras Zephyrus?
Sobre a bolha imobiliária portuguesa...
Pedro Bingre,
Apresenta-nos uma das melhores explicações sobre a bolha imobiliária portuguesa que foi decisiva para chegar a este buraco da dívida.
Poucos querem assumir que aconteceu também uma bolha imobiliária em Portugal, nem especuladores, nem banca, nem políticos, nem proprietários assumem este rotundo falhanço.
Todas as partes envolvidas na bolha procuram agora aguentar esta situação até ao limite na tentativa que a economia real não entre agora em confronto com a economia artificial que foi construída no passado do boom imobiliário português.
Esta má alocação de recursos, que consistiu em desviar dinheiro de investimento produtivo para o investimento especulativo, teve como resultado, ironia das ironias, o nosso maior endividamento externo de sempre para comprar solo português.
Chamo também a atenção dos leitores, para como surgiu na economia todo este dinheiro artificial (a má moeda), que nada mais foi que dinheiro criado pela banca europeia a partir do nada que serviu apenas para criar uma falsa expansão de prosperidade nos países que se depararam com todo este dinheiro fácil e apenas criaram nada mais do que bolhas.
Sobre a evolução futura do imobiliário português, a mensagem é clara, se queremos que os jovens permaneçam em Portugal os preços do imobiliário então devem descer vertiginosamente.
http://viriatosdaeconomia.blogspot.com/2013/01/a-bolha-imobiliaria-portuguesa.html
A bolha imobiliária em Portugal - Pedro Bingre na Associação 25 de Abril (ironia das ironias)
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=1yF-3Igdh1A
http://www.youtube.com/watch?v=4_UoZFtbjEQ
Excelente José. Este é um verdadeiro jornalismo!
ResponderEliminarPubliquei:
ResponderEliminarhttp://historiamaximus.blogspot.pt/2013/06/o-expresso-em-1974-linguagem-comunista.html
Se bem me lembro as barricadas nas estradas foram essencialmente uma obra "popular" o quer dizer partido comunista a que os seus já militantes/apoiantes no MFA foram tendo que apoiar para não perderem a crista da onda.Foram uns motores da revolução rebocados...
ResponderEliminarCaro Vivendi,
ResponderEliminarli essa informação há uns meses. Tentarei encontrar a citação quando tiver mais tempo. Mas sobre Salazar e as rendas:
«Com frequência é dito em público que Salazar inventou o congelamento das rendas, o que é redondamente errado. No livro O Congelamento das Rendas Urbanas, editado pela CNAPI em 1995, conta-se em pormenor o aparecimento e a manutenção do congelamento das rendas. Dado que este livro não é secreto, embora pareça andar escondido, há muito que se deveria ter deixado de atirar as culpas ao antigo presidente do Conselho.
No entanto, o erro é repetido uma vez e outra vez. Compreende-se a malandrice. Contra os admiradores de Salazar usa-se implicitamente o argumento de que se Salazar o fez é porque está bem feito. Para os outros diz-se que a culpa não é nossa mas é sim mais um elemento da pesada herança.
Para ajudar a desfazer esta história falsa publica-se o quadro abaixo. Com esta publicação, o leitor que queira pôr um ignorante na ordem só tem que dar-lhe o link desta mesma página:
http://pl.proprietarios.pt/artigos/b49/um-seculo.htm.»
Em Portugal o quadro actual é este:
- Milhares e milhares de edifícios nos centros urbanos estão ao abandono devido ao congelamento das rendas e à especulação imobiliária.
- O que há para arrendar nas cidades é, regra geral, caríssimo, pois muitos proprietários usam a renda para pagar a prestação ao banco.
- Os elevados IMI's e os preços dos condomínios ainda agravam mais as rendas.
Assim, aqui no Porto, um T1 com o mínimo de qualidade não fica por menos de 350 euros. Contudo, se ao longo das últimas décadas tivesse ocorrido uma manutenção dos edifícios do centro poderia haver um mercado de arrendamento dinâmico.
Quem paga a factura são os jovens que trabalham na cidade. Boa parte do salário vai para a renda.
Obrigado Zephirus.
ResponderEliminarSalazar pode controlar as rendas pois a inflação no seu tempo era também controlada...
Se tiver oportunidade visualize os vídeos do link que lhe deixei. A melhor explicação que encontrei até hoje sobre a bolha imobiliária portuguesa que demonstra como os portugueses se endividaram até ao tutano com dinheiro estrangeiro para comprar solo português.