Em 30 de Novembro de 1960 Salazar proferiu um discurso na Assembleia Nacional em que expôs claramente as ideias pelas quais Portugal não devia abandonar, sem mais, o Ultramar que como o mesmo refere começava a ser contestado por causa da ideia expandida, logo depois da descolonização que outros países europeus fizeram, no sentido de que "A África é dos africanos". Uma ideia básica e que fundou o combate dos movimentos de libertação que vieram a impor-se em todo o continente africano com os resultados que se conhecem e após séculos de colonização mais ou menos pacífica.
Estão aqui as ideias fundamentais que justificaram o combate às guerrilhas nas províncias ultramarinas, a Guerra no Ultramar que não costumam ser elencadas sempre que se fazem programas televisivos ou se escreve sobre o assunto.
Salazar escrevia então que "O comunismo, na sua luta contra o Ocidente, previu, estudou, montou toda a máquina com que espera diminuí-lo ou vencê-lo, desintegrando toda a África e subtraindo-a à sua direcção e influência. Não lhe importam outras consequências, exactamente porque sobre o caos construirá melhor."
Quem se atreve a contestar a validade profética destas palavras, tendo em conta os milhares de mortos das guerras civis em Angola e Moçambique? Quem se atreve a argumentar que a independência trouxe a liberdade aos povos africanos e ao mesmo tempo regimes cleptocratas e sem qualquer relação sólida com direitos humanos tais como os concebemos, apesar das aparências legislativas e institucionais que sufragaram?
Não se podendo defender a ideia de que o Ultramar português sê-lo-ia para sempre, uma vez que tal se revela agora, em prognose póstuma, utópico ou pelo menos de difícil imaginação, ainda assim, a chamada "descolonização exemplar" levada a cabo pelo regime que sucedeu a Marcello Caetano e com os seus próceres mais activos na altura- MFA, Mário Soares e seus ministros como Almeida Santos- poderia ter sido de outra forma e mais consentânea com os direitos humanos daqueles que lá estavam e eram portugueses. Incluindo a população nativa.
Porque é que tal não suecedeu? Porque não houve estadistas. Houve Mário Soares, voilà. E o esquerdismo em geral que entregaram de mão beijada, sem medir as consequências, os territórios que eram nossos e assim deixaram de o ser. Era o que os mesmos queriam. Salazar ( e Caetano) pensavam de outro modo.
Quem tinha razão de fundo e de forma?
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ResponderEliminarAté Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe aviaram.
ResponderEliminarOs comunistas para lá dos Urais vieram com uma conversa manhosa contra os impérios europeus mas eles próprios acabaram por criar um super império.
Não esquecer o papel dos americonços nesta história também.
Portugal foi apoiado por:
África do Sul
Rodésia Rodésia
Malawi
Suazilândia
Botswana
Movimentos de independência:
MPLA
UNITA
FNLA
PAIGC
FRELIMO
MLSTP
Apoiados por:
União Soviética
Cuba
República Popular da China
Estados Unidos
Zaire
Zâmbia
Argélia
Tanzânia
Senegal
Tunísia
Guiné
Gana
Etiópia
Egito
Nigéria
Uganda
Somália
Congo
Líbia
Checoslováquia
Polônia
Bulgária
República Socialista Federativa da Iugoslávia
Marrocos
Os alemães também fizeram entrar o Lenine na I GG para ganharem aos russos.O que aconteceu logo de seguida com a "entrega" de tudo o que os alemães queriam.Nós tivemos o Cunhal o grande ouvidor da PCUS que tendo já doutrinado o Soares foi trigo limpo, farinha amparo.Até as ilhas se foram.
ResponderEliminarProntos fizeram o que fizeram.
Agora queria saber qual o racional da nossa própria colonização africana.Não necessária mas com subsídios de toda a espécie e que vai acabar por escravizar todo o zé povinho.E sem escolha nenhuma.Deve haver por aí ex-guerrilheiros, novamente "portugueses"como capim havia em Angola...
A obra dos gajos do tudo e do seu contrário e que nos governam tem que ser deitada a abaixo, porque traidora pura e simplesmente!
Descolonizemos como os esquerdiats comunistas e afins fizeram...
Texto profético
ResponderEliminarOs que apoiaram a descolonização em geral - vidé PCP -não verteram não vertem uma lágrima, um lamento, pelo genocídio que lhe sucedeu.
ResponderEliminarQuanto aos EUA; depois da "captura" do império inglês na sequência da 2ª GM,com a descolonização de África, ficaram com caminho aberto de acesso às matérias-prima e ao mercados africano para a sua tecnologia, conseguindo assim elevadas remunerações do capital, conforme a refere o marginalismo económico.
No nosso caso e desde há anos que os comunistas e afins, a maioria ex-comunistas como o Soares andam a vender que com os pobres dos outros e com distribuição massiva de subsídios com base em empréstimos o pessoal iria enriquecer...
ResponderEliminarÉ o dois em um na traição.O tudo e o seu contrário.De que não have´ra saída com este regime incapaz de "novas políticas" mas de direita evidentemente.Á Salazar...
Os que apoiaram a descolonização em geral.
ResponderEliminarHá um ponto importante que é crucial para se perceber
a manipulação e a distorção em toda esta tragédia.
Uma coisa é apoiar a descolonização - que é, no mínimo, a transferência da soberania dos territórios de Portugal para outra entidade (na práctica, envolveu muito mais que isso).
Outra coisa é apoiar, não o fim da guerra (pois isso toda a gente sã e de boa fé faz) mas o fim das hostilidades portuguesas contra os chamados "movimentos de libertação".
A versão comum é que apoiar a descolonização implica o fim das hostilidades quando, na realidade, não existe qualquer implicação semelhante.
Pelo contrário, e atendendo à natureza política, representação social, modo de operação e ligações internacionais dos movimentos beligerantes, quanto muito, haverá antes a implicação contrária: descolonizar implica manter e até intensificar as hostilidades.
Um processo de descolonização com vista a assegurar em primeiro lugar os interesses dos "descolonizados" não pode ser sériamente considerado sem a garantia de ordem e segurança nos territórios, essencial para uma transferência de poder eficaz e legítima. Demais a mais, sem esta ordem e sem um controlo completo assegurado na maioria do território - sem paz - é no mínimo ingénuo pensar que há condições para surgir uma representação política que traduza a vontade ou, pelo menos, o espírito nacional das populações "descolonizadas" ou em vias de o serem capaz de tomar a responsabilidade da condução política da nova soberania.
Sem ordem, e com a liberdade de movimentos por todo o território oferecida às organizações de guerrilha pela cessação de hostilidades portuguesas, é evidente - e mais ainda em retrospectiva - que estes movimentos ficam em posição extremamente vantajosa para perturbar a paz social em favor dos seus interesses estratégicos e políticos, não sendo necessário muito tempo para que se tornem de facto incontroláveis, tal como as consequências sociais e nacionais das suas actividades.
Foi precisamente isto que aconteceu. E era isto contra o qual avisavam os governantes portugueses.
Assim, pode argumentar-se que a intensificação das actividades militares e, sobretudo, civis (de fomento económico) coaduna-se mais com a visão de uma eventual transferência de soberania futura, do que com o manutenção de um império colonial a qualquer preço.
O império poderia ser mantido muito mais fácil e eficazmente (mas agora sobretudo no domínio económico, portanto neocolonialista), com o abandono controlado dos territórios ao caos e à guerra civil, salvaguardadas as forças portuguesas e os colonos, procurando um entendimento (ou até influência, através de apoio diplomático, financeiro, logístico e/ou militar) com o poder emergente desse caos.
Na realidade foi o que veio a ser feito no pós-25A, com a diferença que os crimes cometidos não serviram nem o interesse do povo português nem os interesses geo-estratégicos e económicos de Portugal, nem as forças portuguesas nem os colonos foram salvaguardados particularmente.
"...sem medir as consequências, os territórios que eram nossos e assim deixaram de o ser..."
ResponderEliminarCaro José
O texto é espetacular.
Da leitura do mesmo, um pouco à pressa confesso, retiro uma ideia a que acho que se deve dar relevo.
Salazar não diz que aqueles territórios eram “nossos” dos Portugueses do Continente Europeu.
Eram pertença dos seus habitantes, circunstancialmente e para bem deles cidadãos duma nação pluricontinental.
Os Portugueses Europeus tinham é a obrigação histórica de desenvolver esses territórios, de modo a que os mesmos, gerassem as suas próprias capacidades de autogoverno, ao contrário do que fizeram as outras potências coloniais, que pura e simplesmente abandonaram esses territórios nas mãos de títeres, e no caso dos franceses em óbvios feitores dos seus interesses.
Apesar da vergonha que foi a nossa descolonização, o que é certo, é que deixámos qualquer coisa nossa por lá.
As guerras civis que se seguiram foram totalmente fruto da situação de guerra fria mundial.
Mas quando esta acabou, acabaram também essas guerras.
Aqueles territórios são governados pelos “melhores”?
Claro que não!
Mas será que nós temos “moral” para criticar isso?
A culpa é nossa.
Mas se os compararmos, nos tempos que correm, com o resto de África, “descolonizada” dezenas de anos antes pelos outros Europeus, parecem-me “oásis” de civilização.
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ResponderEliminarO MLSTP só existia no papel e desconfio que só depois do 25A.
E tenho dúvidas, se por referendo livre e democrático, São Tomé, Cabo Verde e Timor escolhiam a independência total.
Caro Vivendi
ResponderEliminarReduza aí os países de apoio aos movimentos à URSS , à China, à Guiné-Conacri mas não se esqueça da União Indiana.
Os outros apoiantes eram só no papel.
Cuba foi apenas um subempreiteiro da URSS depois do 25A.
Nos EUA só os Democratas, a partir do Kennedy é que apoiavam a UNITA.
Os Republicanos não se importavam, que nós fizéssemos (e de graça) durante a Guerra Fria, um serviço muito mais competente do que eles fizeram na Indochina.
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O Irão também nos apoiou e foi um aliado sincero e leal.
ResponderEliminarOs portugueses não podem confiar nas nações europeias e se querem aliados têm de os procurar nas nações de outros continentes.
ResponderEliminarAndo a ler Jorge de Sena, e a solução defendida pelo autor era a criação de uma comunidade de países de língua portuguesa, com os Açores, Madeira e Cabo-Verde autónomos mas dependentes de Portugal. Tenho o scanner avariado senão digitalizaria.
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ResponderEliminarDocumentário italiano que passou nos cinemas antes do 25 de Abril e que mostra o que foram as "várias" descolonizações em África. Por volta da 1h de filme lá se fala de Portugal e pode ver-se o que pensava esta equipa de filmagem sobre este assunto. Agora nem se sabe que este documentário existe.
ResponderEliminarAgora com link
http://www.youtube.com/watch?v=I48S_sgTRTI
Filme cheio de cadáveres. Horror em imagens que hoje nem se produzem.
ResponderEliminarO Exército nacional numa operação de guerra e a ideia de que os portugueses não distinguiam entre pretos e brancos, mostrando brancos a ajudarem pretos feridos e vice-versa.
ResponderEliminarAs imagens de caça aos elefantes e hipos são impressionantes.
ResponderEliminarÉ um documentário fantástico, sem dúvida. E o italiano percebe-se muito bem.
ResponderEliminarEu não sei se este documentário é verídico.
ResponderEliminarMas aquela técnica dos comandos portugueses se instalarem no cimo das árvores a vigiarem os acampamentos dos adversários, foi-me descrita por um primo que esteve na guerra.
Esse primo também não tinha vergonha nenhuma e contava que nunca tinha dado um tiro que matasse alguém.
Ele esteve na Guiné e as escaramuças eram resolvidas pelos Comandos a maior parte dos quais da Etnia Fula.
Quando eram emboscados, os Fulas mandavam os soldados normais deitarem-se no chão e abrigarem-se para não “atrapalharem” o serviço e eles tratavam do assunto.
Não faço a mínima ideia se isto é verdade.
Foi-me contado, pelo meu primo que pelos vistos não desejava méritos de grande combatente.
E com altifalantes na copa das árvores e metralhadoras içadas a preceito.
ResponderEliminarNunca tinha visto.
O documentário é todo ele bastante chocante e por volta de 1966 passou por cá nas salas de cinema. Pelo que está retratado se pode perceber o que poderia vir a acontecer (e aconteceu) com uma descolonização mal feita. Vale a pena ver, ou recordar.
ResponderEliminarE também conheci um soldado, esse combatente mesmo (em Angola), que me falava da Psico.
ResponderEliminarQue se resumia a que uma parte significativa do nosso esforço de guerra era conquistar as populações, pelo ensino, pelo tratamento médico, pelo treino profissional, etc.
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O documentário é verídico. Vi-o nessa altura e se procurar na net a biografia dos autores vão ver que está lá a referência
ResponderEliminarE seja lá como fosse, enquanto estivemos em Moçambique, construímos muita coisa, designadamente uma barragem e 500 km de linha de alta tensão até à África do Sul e deixámos tudo a funcionar.
ResponderEliminarMal ficaram independentes, e começou a guerra civil, nunca mais conseguiram proteger a linha de alta tensão.
A barragem só começou a fornecer energia quando terminou a guerra civil.
Alguém me explica como é que meia dúzia de soldados portugueses “opressores dum povo”, consegue fazer uma coisa que esse povo depois de “libertado” não conseguiu?
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"Os portugueses não podem confiar nas nações europeias..."
ResponderEliminarCaro Zephyrus
Isso é uma verdade comprovada pelos nossos quase 9 séculos de História.
Sempre que nos viramos para o Atlântico safamo-nos, sempre que nos viramos para o Continente tramamo-nos.
Caro Zephyrus
ResponderEliminarSe não me engano, até houve um candidato presidencial opositor de Salazar (Norton de Matos), que se propunha transformar Portugal e Colónias numa Federação de Estados tipo EUA, com a capital federal em Angola, acho que Nova Lisboa (Huambo) que ele fundou.
Já não sei se li isto, se me contaram, por isso pode não estar muito correcto.
O que o Jorge de Sena defendeu também era uma espécie de Federação.
ResponderEliminarO Mentat simplifica muito.
ResponderEliminarPor mais ligações que Cuba, por exemplo, tivesse à URSS, era independente o suficiente para enviar tropas para a frente de combate. Isso dá um poder e um controlo que não está ao alcance de qualquer um, porque o mais que fazia a URSS era enviar armas e conselheiros para instruir no uso delas. Cuba não podia, à força do controlo real que detinha no terreno, ser apenas um pau mandado dos Russos.
Todos os países africanos com faziam fronteira com os territórios portugueses foram extremamente influentes. É preciso não esquecer que, para as potências exercerem a influência que desejavam sobre estes países, isso obrigava-as a um esforço diplomático constante, dada a natureza imprevisível das pessoas que se encontravam a dirigir esses países. Era um compromisso constante entre o "pau e a cenoura".
Por exemplo, o caso dos americanos é curioso. Os americanos armaram sobretudo a FNLA e deram algum apoio à UNITA (o maior démo-lo nós). O apoio americano vinha através de países africanos fronteiros e, como os americanos não queriam armas suas no conflito, os africanos enviavam armas europeias que os americanos substituíam com as suas.
Quanto a Norton de Matos, não seria decerto ele que tal coisa proporia, integralista dos quatro costados como era:
http://www.angelfire.com/pq/unica/ultramar_colonial_norton_de_matos_exorta_aos_novos.htm
Quem teve ideias dessas, logo pelos anos 50, foi Marcello Caetano. Ficou "marcado" como esquerdista pelos ultras do regime e não só, pois nessa altura era o integralismo a doutrina adoptada pelo Estado. Depois abandonou-as, recuperando-as mais tarde quando assumiu a Presidência do Conselho.
Não deixa de ser curioso o regime vir a escolher um homem que, embora respeitado, fosse várias vezes acusado de simpatias esquerdistas... O fascismo devia estar no banho, nessa altura...
que tal coisa proporia
ResponderEliminarSendo a "coisa" um federalismo português porque isso iria directamente contra a doutrina integralista.
A transferência da capital não sei se a propôs ou não, mas não era coisa nova. Já no séc. XIX se tinha avançado a ideia de a mudar para o Rio de Janeiro.
Mas continuaria a ser a capital de Portugal pois Angola era Portugal, nessa concepção.
Li há uns tempos a biografia de Henriques Galvão e não fiquei nada com a ideia de que o objectivo do Estado Novo (aqui englobando Marcello) fosse desenvolver as colónias para que, posteriormente, lhes fosse entregue, como se de uma rosa se tratasse, a soberania.
ResponderEliminarPensar no movimento descolonizador como um exemplo é absurdo mas não é menos absurdo que a descolonização teria de acontecer.
Há erros que estão na génese de outros erros e este é um dos casos.
Depois, achei a ideia da Commonwealth portuguesa, de Marcello, uma óptima ideia mas, do que me apercebi, ele esqueceu-se dela muito rapidamente.
Repare, o que eu escrevi foi
ResponderEliminarAssim, pode argumentar-se que a intensificação das actividades militares e, sobretudo, civis (de fomento económico) coaduna-se mais com a visão de uma eventual transferência de soberania futura, do que com o manutenção de um império colonial a qualquer preço.
E coaduna-se porque para descolonizar eficazmente era necessário continuar a combater até que as províncias a descolonizar fossem capazes de se defender autonomamente, para que o poder fosse tomado pelos representantes legítimos em vez de pelos mais fortes como sucedeu.
Portanto, na práctica, o que o Governo português pré-25 fez, estava mais perto da descolonização do que o que fez o pós.
Além do mais, a autonomia progressiva era isso mesmo: tornar os territórios autónomos. Uma vez atingida a autonomia económica e militar, a descolonização seria pouco mais que um processo de transferência de soberania política no papel. Pacífico e sem tragédias.
Mas isso demoraria tempo. Nunca menos que uma década, o que era demasiado para quem já "augava" a pensar que poderia filar semelhantes pedaços de terra...