Vasco Pulido Valente no Público de ontem fez um panegírico a um intelectual do séc.XIX, declarando-o urbi et orbi, "o homem que melhor percebeu o Portugal da segunda metade do século XIX". Não sei, mas talvez seja. Quem sabe? VPV louva-se nas obras do dito que influenciaram gerações ( até à de VPV, pelo menos) e cita-o profusamente para concluir que desde a segunda metade daquele século Portugal viveu de dinheiro emprestado para pagar ao funcionalismo directo e aos apaniguados do Estado, quase toda a classe mediana que então existia. Conclui que hoje se passa o mesmo e por isso estamos como estamos.
A análise de VPV peca pela excessiva demonstração que tenta provar demais. Entre a segunda metade do séc. XIX e todo o séc. XX, portanto cento e cinquenta anos de enfiada, apareceu um indivíduo em Portugal que durante quase cinquenta anos contrariou esse fado martins: Salazar. E o continuador, Marcello Caetano.
O Estado Novo nada tem a ver com a mentalidade de que fala Martins e VPV. Logo, a apologia é evidente e fica implícita. Que o reconheça e tire as devidas ilações, deixando o antisalazarismo atávico na sua própria contradição !
Por outro lado, Oliveira Martins ( tio-bisavô do actual presidente do T. Contas) foi um poço de sabedoria...reciclada. Basta ler o que dele se escreve na Wiki ( a imagem do jornal, referenciada como sendo de "DR" poderá ter vindo de lá...):
Perfilhou várias ideologias contraditórias pois foi anarquista (prodhouniano), republicano, monárquico, liberal, anti-liberal e iberista. Defendeu a liberdade política e económica, mas, também a ditadura como a de João Franco. É apontado como um dos introdutores das ideias socialistas em Portugal, mas também como um proto-fascista1 . Era também racista pois defendia a tese de que os povos formados a partir do negro e do índio eram incapazes para o progresso2 .
os socialistas de qualquer tendência são xenófobos
ResponderEliminaros sociais-fascistas parecem o dum-dum 'matam que se fartam'
a tuberculose pulmonar baralhou-lhe as ideias
não entra no meu mundo
da família conheço um eng. agrónomo, excelente criatura, para mim o único aproveitável
É necessário contextualizar.
ResponderEliminarAs teses sobre a alegada superioridade dos Indo-Europeus estavam em voga no final do século XIX. Consideravam os Indo-Europeu, ou seja, os Arianos, superiores aos povos Semitas. Na escala da qualidade da Raça os povos da África negra, do Sul da Índia ou os aborígenes australianos estariam num patamar inferior. Dentro dos indo-europeus os nórdicos seriam superiores aos latinos ou aos persas.
Há muitos anos que não pego em nenhuma obra do Oliveira Martins.Na juventude gostei de "Os Filhos de D. João I" e tremi com a descrição dos liberais portugueses no "Portugal Contemporâneo",tal foi o retrato que fez.Nada mais.Nem sei se agora uma releitura das obras me conservaria tais opiniões,tenho outras urgências.Talvez um historiador, por aqui...
ResponderEliminarjosé j.
J.P., el cordobés, devia ter continuado mineiro
ResponderEliminaresta lástima
até foi ministro no governo presidido pelo bisavô de Manuela Dias Ferreira
(MFL)
Há algo que eu não entendo no texto:
ResponderEliminar«E não se deve considerar o fontismo um erro, como não se deve considerar a política da II Républica um erro ou uma série de erros. Nos dois casos, a "fortuna enganadora" do país serviu a ambição e o interesse...» etc.
Ora, se bem me lembra, a IIa República só pode ser o Estado Novo/Estado Social.
Se não é gralha - e "IIa" neste caso devia ser Ia ou IIIa - então que tal "fortuna enganadora" era a do EN??
Em todo o caso, será que este VPV é assim tão diferente do resto da comandita que para aí anda?
Isto são inanidades que escreveu para aí. Não é preciso nenhum Oliveira Martins para perceber que gastar mais do que o que se recebe é receita para catástrofe. Que a maioria das pessoas não podem ser funcionários públicos, que o país precisa de indústria, etc.
Só ele, pelos vistos é que ainda não compreendeu os "erros do passado".
Como diz o José, houve quem percebesse. Mas mais do que isso, mais do perceber, pôs mãos à obra para os corrigir; caso - este sim! - raro, inopinado e (quase) nunca visto!
E esse Valente, cheira-me mais a cobarde porque perde boa oportunidade de repôr a verdade que sabe decerto.
Tanto quanto se me é dado observar, daqui não vale a pena esperar nada. É mais um apêndice deste regime podre. Se o enfiassem num lara de idosos, não se perdia nada.
O VPV é um apaniguado do sistema, embora não pareça. Essa é a verdade.
ResponderEliminarSempre foi, aliás, e por isso é que dá loas ao Marocas. O que é incrível para qualquer pessoa com dois dedos de testa e um neurónio apenas...