A realidade, essa, era diferente, como a revista mostra e poucos conhecem.
Por exemplo, como funcionava o serviço dos correiros dos CTT? Em 22 de Setembro de 1972 a revista mostrava assim a empresa (que passou a ser empresa pública em 1970 e agora vai ser privatizada...) :
E as modas como andavam? Na mesma revista dá-se conta de um "inquérito" sobre o mundo das lojas de moda de Lisboa. É ler o que diziam os proprietários ( Loja das Meias, Eva e Janina, por exmplo):
E o "país real" no Porto, como era, na Indústria metalomecânica? Algo que a maioria das pessoas nem sonha que havia...mas o Observador de 3 de Setembro de 1971 mostrava. Os antifassistas de algibeira, nessa altura andavam a pôr panfletos revolucionários por debaixo das portas e depois borravam-se todos com medo em ser presos. No fundo, queriam acabar com isto que a revista mostra.
Era esta a "miséria" do fassismo...
Excelente José.
ResponderEliminarAndo agora a ler o livro Depoimento, de Marcelo Caetano (saqueio-o na net), escrito pouco tempo depois do 25/04, e estou deliciado!
Com a qualidade e clareza da escrita, em primeiro lugar, e, particularmente, com o que é lá relatado.
Um mundo totalmente diferente do que tenho ouvido contar nestes 40 anos de "liberdades".
Surpreendeu-me, por exemplo, saber que, às eleições de 1969, concorreram os comunistas e os socialistas e quem mais quis, em eleições livres, não tendo ganho num único distrito.
E nas eleições de 1973, os sociais--comunistas" depois de terem feito campanha com ferozes ataques ao Ultramar, acabaram por desistir "á boca das urnas", ao que tudo indica com medo dos resultados.
Uma delícia!
Seria até interessante se o José tivesse recortes da época que documentassem esses actos eleitorais.
"Surpreendeu-me, por exemplo, saber que, às eleições de 1969, concorreram os comunistas e os socialistas e quem mais quis, em eleições livres, não tendo ganho num único distrito."
ResponderEliminarCuidado...que as coisas também não eram bem assim. O PCP era proibido. E o PS nem existia ( era tudo comunista... porque o PS ainda sem existência era um nascituro vermelho...aahaha).
Os comunistas, em 1969 se concorreram foi com disfarces variados, mas não puderam fazer propaganda a não ser a clandestiva que os levava directamente para Caxias e o Plenário de que agora se queixam muito.
Em 1973 a CDE desistiu porque não tinha hipóteses. A oposição democrática nessa altura não tinha hipóteses porque nem podia fazer livremente propaganda.
ResponderEliminarO regime estava bem fechado, mas porventura menos do que hoje a China.
A democracia tal como a temos hoje em dia e que é uma verdadeira caricatura porque é apenas uma partidocracia sempre dos mesmos, não fazia muita falta naquela altura.
ResponderEliminarA liberdade de expressão viria mais tarde ou mais cedo, como em Espanha. E a de associação e reunião também. E foi o que se viu.
O que perdemos com a democracia devemo-lo aos sociais-fascistas ( como o MRPP lhes chamava) e esquerda extremista em geral.
ResponderEliminarO PS durante mais de uma dúzia de anos aliou-se aos mesmos.
Foi essa a nossa tragédia.
Tivesse o PCP sido ilegalizado em 25 de Novembro de 1975 também não teríamos muitas hipóteses porque o ambiente geral era ( e é) de esquerda.
Foi isso que nos tramou e nos levou a três bancarrotas.
Não foi a democracia.
Este ambiente industrial, no Porto, perdeu-se de certa forma.
ResponderEliminarHoje há o Belmiro que vende mercearias.
A indústria, com o espirito de outrora, foi-se.
É essa uma das consequências do ambiente de esquerda.
Paradoxalmente, o Estado autoritário dava maior liberdade à sociedade civil do que hoje em que a maioria vive à sombra do Estado, directa ou indirectamente.
ResponderEliminarEm grande
ResponderEliminararrium porrium
ResponderEliminaro José está no melhor da sua forma.
principalmente nos comentários.
ofendem a minha inteligência quando chamam democracia a esta porcaria.
do be ao partido da dobradiça só mudam as moscas
desapareceu a maior parte do ouro da 'pesada herança'
José, o PCP era proibido e ainda não existia o Partido Socialista.
ResponderEliminarMas havia comunistas, que concorreram às eleições como Comissão Democrática Eleitoral (CDE) e socialistas, que se reuniram na Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD).
Houve actividade de propaganda desenvolvida.
Sempre pensei, do que fui ouvindo e lendo estes anos, que mais ninguém para além da União Nacional concorria às eleições durante o Estado Novo.
E que estas eram uma coisa mais ou menos forjada, falseada e sem qualquer controlo.
Mas não era bem assim.
No livro do Marcelo Caetano, a propósito das eleições de 1969, escreve o Autor:
"Mas logo de entrada as correntes da oposição não conseguiram entender-se. Praticamente desparecidos da liça os velhos republicanos liberais-democratas, ficavam em campo os comunistas, os socialistas reformistas e so católicos progressitas."
"entretanto a oposição aparecia, dividida em dois grupos, a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), socialista, e a Comissão Democrática Eleitoral (CDE), que reunia comunistas e progressitas"
"A campanha eleitoral iniciou-se trinta dias antes do acto eleitoral e foi muito viva. Os jornais apareceram inundados de prosa da oposição..."
A CDE procurou sobretudo mobilizar as bases, em reuniões de treino dos métodos da democracia directa. Quanto à CEUD, gozou de inicio da simpatia de certos elementos do funcionalismo e das profissões liberais, a quem desagradava o radicalismo da CDE. Mas não soube aproveitar essa simpatia e jogar na moderação: em breve se revelou pobre de ideias e com uma táctica demagógica em que se não poupava a violência verbal. Mais uma vez o advogado Soares se quis valorizar pelas suas relações no estrangeiro. Vieram representantes de partidos socialistas de fora participar nas suas sessões de propaganda e na véspera das eleições os jornais anunciaram a chegada com intuitos fiscalizadores de uma delegação da Internacional Socialista."
"Em todas as assembleias eleitorais os representantes das diversas listas tomaram lugar na mesa acompanharam os actos, participaram no escrutínio. A leitura da imprensa dos dias seguintes reflecte essa sensação de liberdade e seriedade no sufrágio... "
Mas, claro, percebe-se que não eram eleições livres, como assim as entendemos actualmente.
ResponderEliminarNão foi adequada a expressão que, nessa matéria, utilizei no meu primeiro comentário.
Tenho por aí, publicadas, notícias dessa campannha eleitoral. Basta procurar nos meses certos.
ResponderEliminarPode ver aqui
ResponderEliminarObrigado pelo link.
ResponderEliminarNão me lembrava dessa publicação.
da cde nasceu a ced ou cooperativa de estudos e documentação de que me fiz sócio em 73.
ResponderEliminartinha sede na duque de Ávila.
na último reunião por volta de 1980 estávamos 3 homens e 8 senhoras. pertenci ao conselho fiscal. faliu pouco depois porque ninguém pagava as quotas
Miséria, verdadeira miséria é "isto", esta democracia aldrabada, em que uma cambada de ladrões e criminosos nos meteram. "Isto" em que transformaram aquele que era um País decente, respeitado, governado por políticos íntegros e patriotas, composto por um povo trabalhador e pacífico e tão ou mais importante do que tudo, um povo a viver EM PAZ e SEM VIOLÊNCIA. Um país em franco desenvolvimento em todas as suas áreas produtivas, a par de muitos países europeus e, atrever-me-ia a dizer sem receio d'errar, do mundo.
ResponderEliminarMiséria - política, económica, social e moral - é o que se vive neste pobre país. Miséria foi o que uma quadrilha de ladrões da pior espécie e de outros tantos criminosos mais conhecidos por governantes sem escrúpulos que parasitam por aí, transformaram um País que era o orgulho dos portugueses e elogiado por muitos dirigentes europeus e mundiais, em que não havia desemprego contràriamente a esta conspurcada democracia em que o há às muitas centenas de milhar, nem havia filas com quilómetros de gente esfomeada nas várias cidades do país a mendigar uma simples sopa, coisa de que não me lembro ter existido no país, com as óbvias excepções devidas à 2.ªG.M. (como aliás em toda a Europa), durante o resto do E.N., sem falar no quase milhão de jovens e menos jovens que emigram aos muitos milhares anualmente porque não arranjam trabalho no país que tinha por obrigação providenciar para que tal acontecesse, muito mais na endeusada democracia que tudo prometia para aliciar o povo ingénuo, promessas que afinal não passaram de embustes monstruosos e mentiras monumentais.
E andaram estes escroques a vender-nos a maravilha da democracia durante anos e anos, garantindo que com um novo regime o país ia ficar rico, que haveria trabalho para todos, que acabaria a fome e a miséria, etc., etc. Mentiras, carradas de mentiras bolsadas dia após dia, ano após ano desde há quase quatro décadas, pelos mais repugnantes seres à face da Terra.
Cambada de traidores e patifes do mais baixo calibre. Eles sabiam o que valiam como 'políticos' em eleições livres - mas atenção, estas eram como foram verdadeiramente LIVRES e não fraudulentas como têm sido todas as havidas desde que vivemos em 'democracia' - e tanto assim foi que nas eleições de 1973 desistiram cobarde e hipòcritamente à última da hora de a elas concorrer, desculpando-se com a velhaquice que lhes é intrínseca de que aquelas não seriam eleições sérias e livres!!!(esta era para rir a bom rir, como se na democracia deles alguma vez em quarenta anos se praticaram eleições livres e sérias...). O que na verdade aconteceu foi eles terem-se capacitado que em eleições honestas e limpas, como as que iriam a ser as de 73, eles obteriam meia dúzia de votos se tanto. O que se traduziria em nunca mais chegarem ao poder. Não admira pois terem fugido com o rabo à seringa. Caso eles participassem como políticos honestos no jogo democrático, conforme já estava pràticamente estabelecido em 1973, jamais se verificaria o que eles verdadeiramente se propunham fazer ao país, ou seja praticarem eles mesmos a mega corrupção; assaltarem desenfreadamente os cofres do Banco de Portugal; dar carta branca a todas as redes criminosas espalhadas pelos cinco Continentes; manipularem todas as eleições a seu favor; sem esquecer o adulterado articulado da Constituição em seu proveito para, com ele muito bem cozinhado nas costas do povo, nunca mais deixarem de estar no poleiro e um infindável etc. E como é do conhecimento geral foi exactamente assim que tudo se passou.