Imagem de Proença, numa das suas interpretações com o célebre " trio los dos"...
A história de Proença de Carvalho confunde-se com a história das nossas três bancarrotas. Poderia mesmo ser um pequeno roteiro das suas causas, a meu ver.
Em 1974, com 33 anos, era um modesto advogado, depois de ter sido delegado de procurador da República e inspector de polícia, no Estado Novo de Salazar. Segundo um biógrado improvável ( Afonso Praça de O Jornal) Proença tinha um lema: "os fins justificam os meios". Maquiavel no seu melhor, portanto. Proença vinha da Soalheira, no Fundão, pobre como se era na época. Em 1968 passou a funcionário de Champallimaud, no contencioso da empresa Cimentos de Leiria.
Foi nesse tempo que começou o julgamento da herança Sommer de que Champallimaud era interessado. Proença, segundo Praça, teria participado, enquanto inspector da Judiciária na instrução de um processo crime relacionado mas tal não o impediu de tomar a defesa da causa do patrão. Eticamente, estava bem preparado...e quando aparece o 25 de Abril, sendo amigo de José Niza, inscreve-se no...PS, pois claro. Partido que abandonou logo que os ventos começaram a mudar, ou seja por altura da primeira bancarrota ( 1976-77) Proença já era de "direita", no Jornal Novo que então dirigia. Uma direita sui generis, entenda-se.
A história conta-se melhor aqui, no O Jornal de 7 2 1986:
Proença foi então ministro da propaganda ( Sá Carneiro dixit) do VI governo de bloco central, de Mota Pinto, em 1978, quando se preparava já a segunda bancarrota, dali a uns anos. Sá Carneiro no entanto, nomeou-o presidente da propaganda na RTP, em 1980. Em 1983, Vítor Cunha Rego terá mesmo escrito no jornal A Tarde, que " há muito que o sistema político deste País teria desabado se Proença de Carvalho não estivesse onde estava." Em 1983 estávamos noutra bancarrota...
Dali em diante foi sempre somar e encher o bolso, para Proença. Vejam-se os recortes que nos contam tudo ou quase...a partir de 1981 e depois da AD de Sá Carneiro.
Expresso de 3 Janeiro de 1981:
O Jornal de 5 de Junho de 1981:
Em 1986 Proença, foi, naturalmente, mandatário de Freitas do Amaral na corrida presidencial que este perdeu para Mário Soares. Como o Expresso escreveu na época...ficou às portas da terra prometida...
Em 1991, o governador de Macau, Carlos Melancia, indicado pelo vencedor das presidenciais, teve problemas com a Justiça. Corrupção. Quem foi o advogado? O representante da "direita", voilà!
Em 1995 a antiga ministra do PSD, Leonor Beleza, designada futura líder sabe-se lá de quê, foi pronunciada por um juiz de instrução da prática de crimes de homicídio doloso. Quem foi o advogado de defesa da dita? O nosso homem do trio de los dos, voilà!
Expresso revista de 1 de Novembro de 1996:
Aproveitou entretanto todas as entrevistas generosamente concedidas pelos media do sistema da bancarrota, para destilar o ódio particular às instituições judiciárias, particularmente ao MºPº. Proença, nunca o escondeu, preferia um MºPº à maneira do Estado Novo. Era bem mais seguro para os interesses que representa, como se vê agora no caso de Angola...
E por isso mesmo, em 1999 já destilava as habituais catilinárias, desta vez contra o então PGR Cunha Rodrigues ( houve apenas um PGR que agradou a Proença: o seu amigo Pinto Monteiro...).
Expresso de 27 Março 1999:
E actualmente, por onde anda Proença? Ora, ora. Depois de defender José Sócrates dos ataques soezes que lhe fizeram, a esse paladino da transparência pessoal e governativa, anda agora a acompanhar o presidente do BES, Salgado de sua graça, nas deambulações angolanas por causa da maldita Escom que ainda os vai desgraçar...
Como já se escreveu por aqui, citanto o abruti:
Proença de Carvalho é um exemplo típico: advogado de José Sócrates, presidente do Conselho de Curadores da Fundação Champalimaud, presidente do Conselho de Administração da Zon Multimedia, membro da Comissão de Vencimentos do BES – um interessante cargo -, “chairman” da Cimpor, ao todo, só no mundo empresarial, 27 cargos. Proença de Carvalho, como muitos outros neste universo de “sempre os mesmos”, não é “dono”, mas amigo dos “donos”.
Competência? Nalguns casos sim, noutros não. Mas não é a competência o critério fundamental. É a confiança. Estes são confiáveis, são dos “nossos”, são dos “mesmos”. Já foram testados mil e uma vezes, no governo, na banca, na advocacia de negócios, no comentário político nos media, e mostraram que estão lá para defender sem hesitações, os “nossos” interesses. Confiança é a palavra chave nos “sempre os mesmos”.
Proença de Carvalho pode dizer-se que será um dos indivíduos mais qualificados em Portugal para explicar como é que sofremos três bancarrotas em menos de 40 anos. Por uma razão simples: esteve em todas elas, como figura proeminente, parda por vezes, mas sempre presente. E aproveitou bem o regime que as produziu. Seria interessante que alguém revelasse o seu património...
CODA: Este indivíduo mai-lo seu apoderado da época, candidato a presidente da República, seriam os putativos representantes da "direita". Havia outro, ainda. Um certo José Miguel Júdice que até teria sido de extrema-direita, cultor de um tal Primo de Rivera. Veja-se bem a pinderiquice intelectual desta gente. Bastou que os ventos de mudança de regime passassem a soprar um pouco mais a levante, para se postarem a jeito de aproveitarem a maré.
Cedo mudaram para o centro e daí para a esquerda e até se aproximaram do PS, o tal que se diz de esquerda e que teve um esquerdista notório como Sócrates, que todos aqueles louvaram como um grande estadista português.
Lembrar isto é tão deprimente quanto lembrar as bancarrotas que nos provocaram. Até quando esta gente mandará em Portugal?
conheci-o em 80 à porta do escritório perto do Sheraton.
ResponderEliminarao olhar para a minha lapela riu-se e disse que o Irmão que esperava ficara a arrumar o carro.
segui o seu percurso no centrão e na banca
a herança Sommer (verão) levou Caetano por causa dum familiar a exilar o Senhor António Champallimaud
as alianças no ps e no centrão levaram-no a onde se encontra
O Dacosta diz isso. A esquerda espalhou-se culturalmente e o que poderia ser direita afundou-se com o Império.
ResponderEliminarO problema da esquerda portuguesa é que é estúpida. Imbecil, mesmo. E tem a mania que a direita é que o é.
ResponderEliminarNa França e na Itália não é tanto assim.
É calhau, completamente.
ResponderEliminarUm dos padrinhos maçónicos cujo farol é a conta bancária...
ResponderEliminarHá tanto cancrozinho mal distribuído que tem de haver inferno para escroques deste calibre. Ele ou portas ou socrates ou louça tivessem nascido na Alemanha por 1910-20 e teriam acabado em Nuremberga. Um verdadeiro familiar do Santo Ofício esse emproado do caralho.
ResponderEliminarNão é preciso recuar tanto. Bastava que o PCP tivesse dominado o sistema político em 1975 e tínhamo-los no comité central. Este seria chefe da nossa STASI, em alternativa.
ResponderEliminarehehehe É que é mesmo.
ResponderEliminarQuem está com o poder come, quem não está cheira...
ResponderEliminarE agora andam na fase de gostarem do cheiro da catinga depois de terem entregue tudo o que tinha preto e não era nosso...
ResponderEliminarOlha que dois, são frescos... O da esquerda é um oportunista de marca e um conhecido lambareiro por mais e mais dinheiro e estatuto social. O outro é um corrupto em alto grau e um grandessíssimo ladrão. Estes dois maraus sempre tiveram total apoio do Dr. Cavaco, eram todos amigos entre si (falta o Duarte Lima para o trio estar completo) de longa data..., sendo este cliente privilegiado do mesmo Banco onde aquele também o era e, imagine-se, continuou a fazer orelhas moucas mesmo depois daquele ter sido acusado de graves crimes de traficância e desvio de milhões do dito Banco... Bem, o Loureiro se calhar até foi sócio do Dr. Cavaco noutros negócios igualmente escuros, quem sabe?, já que a protecção que dele recebia era tanta que começou a tornar-se suspeita (tal como igualmente suspeita havia sido a protecção dada a Duarte Lima que igualmente beneficiou e muito do mesmo protector...). Isto, porque o Dr. Cavaco não o queria dispensar/destituir de Conselheiro de Estado nem por mais uma, mesmo depois de ter sido múltiplas vezes instado a isso, estando como estava perfeitamente ao corrente das fraudes bancárias perpetradas pelo dito cujo. Aliás era impossível não o estar, elas vinham diàriamente escarrapachadas em todos os jornais e reportadas nas televisões e continuaram a sê-lo meses a fio...
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