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sábado, janeiro 04, 2014

Os "memes" culturais da Esquerda portuguesa

Em Portugal e depois de 25 de Abril de 1974 as actividades culturais divulgadas em massa nos media encontraram em meados de 1978 um veículo adequado aos tempos políticos que se viviam.

O Jornal, semanário concorrente do Expresso ( e que no início da década de oitenta chegou a ser ventilada a sua venda por cem mil contos) lançou um semanário dedicado a espectáculos e actividades culturais populares, colmatando uma lacuna que se fazia sentir.

O tom editorial, dado inicialmente por Mário Zambujal, sempre de Esquerda e reproduzindo os "memes" de sempre, com as figuras de sempre: o trio Raul Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia, do antigo ZIP, os figurantes da Cornélia, um programa original da tv de então; depois Herman José, constantemente; os artistas do costume.

Zambujal, exemplo do que pode  ser a Maçonaria num jornal destes, deu lugar a José Silva Pinto e Luís Almeida Martins, fiéis reprodutores dos mesmos "memes".

Em fevereiro de 1979 o semanário tinha destas capas e contra-capas. As figuras do "espectáculo" que apareciam em destaque eram quase sempre as mesmas e do mesmo sistema reprodutro, incubadas na mesma lógica ideológica:

Em Agosto de 1981 o Sete dava voz a um "baladeiro" do tempo do ZIP. A linguagem é típica dos memes. 

E no mesmo número publicitava os mesmos de sempre, agora no rádio...


Em Novembro de 1981 começou a surgir em Portugal algo diferente, na música popular. Rui Veloso iria impor-se  e antes dele, havia os Go Graal Blus Band, incipientes mas virados para a música de influência "bluesy", anglo-saxónica.
O chamado "rock português" começava a dar nos ouvidos e o Sete comentava. Luís Cília afiançava que era moda passageira.

Para alguém se dar conta do poder dos "memes" basta ler esta capa e artigo do Sete de 18 de Novembro de 1981 em que aparece a palavra fatal para explicar o desconhecido ( António Variações por exemplo, não era figura da capa do jornal).
Os "Heróis do Mar" usavam cruzes ( credo!) e bandeiras ( tarrenego!) e por isso o jornal maçónico interrogava-se seriamente se não seriam...fascistas! A tal palavra mágica que os "memes" usam para designar o que não vem na cartilha.

Durante uns bons anos foi asssim. Depois apareceu um certo Jacques Rodrigues, primeiro com uma versão pindérica do velho Musicalíssimo e depois o grupo que originou o Correio da Manhã, a revista Extra e o Semanário inaugurou a moda das revistas "sociais". Pelo meio apareceu outro híbrido maçónico- Match-magazine, em cujos números apareciam sempre os "memes" a serem entrevistados.

Estes herdeiros dos memes não mudaram a linguagem. Mudaram apenas o aspecto gráfico e passaram a fazer jornais que ampliavam a página três dos tablóides ingleses, ad nauseam...

10 comentários:

  1. Jô tinha um capitão gay aceitável

    um dia nos idos de 80 ia na Lapa num fiat 850. à minha frente ia uma 'rosca' com um fininho e uma gaja. pensaram que os perseguia. ri-me

    Pires Veloso publicou livro e entrevista onde espezinha D. antónio alcains

    enjoava ouvir rádio ou ver tv.
    desabituei-me dessas porcarias e
    tomei outro rumo: investigação de temas científico e social com interesse humano

    almocei com um grupo onde estava Solnado, um homem com interesse

    o resto era lixo e muitos cuses para todos os gostos.

    o jornal estava ligado a gente do então GOLU
    a maçonaria não existe como clube recreativo e propulsor do nepotismo
    cada maçon cuida de si com ou sem ajuda de outros

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  2. "Objectivamente a estética é fascista"

    eehehehe

    Lembro-me bem das paranóias quando eles apareceram.

    Fui ao espectáculo no Universal e a escardalhada ainda fez pateada.

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  3. "a maçonaria não existe como clube recreativo e propulsor do nepotismo"

    Pois não. Foi uma coincidência terem-se posto à esquina a tocar concertina e a dançar o solidó.

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  4. A Match Magazine teve como um dos primeiros entrevistados Vasco da Gama Fernandes que disparou logo alguns memes.

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  5. O Francisco Zambujal era familiar do Mário?

    Eu felizmente já cresci num tempo em que havia rádio privada e televisão - ainda me recordo do 2 canais... imagino a «descarga ideológica» que havia nesse tempo.

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  6. O "Se7e" tê-lo-ei comprado uma vez, aí por 1983; nunca mais repeti a façanha... Porém, este grupo do "Jornal" tinha outras publicações ainda mais engajadas do que o "Se7e", como uma certa e intragável revista "História" ou um pasquim asqueroso, mas bem pedante, denominado "JL - Jornal de Letras".

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  7. O JL sempre foi a cretinice da casa.

    O Se7e lia por causa do MEC.

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  8. O JL merece postal à parte. Tinha muitos JL´s, mesmo muitos por causa dos desenhos do João Abel Manta que guardei.

    Infelizmente, com as mudanças ao longo da vida, muitos perderam-se.

    Mas quanto ao sistema a minha teoria é simples:

    Os memes censuram tudo o que lhes pareça que coloque em causa as ideias memes. Tudo. É uma censura efcaz porque restringe o panorama cultural às ideias dos memes e nada mais.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Incrível, até os "Heróis do Mar" foram vítimas da perseguição politicamente correcta da esquerda.

    Gente doida!

    Publiquei:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/01/os-memes-culturais-da-esquerda.html

    Cumpts,
    João José Horta Nobre

    Contacto: historiamaximus@hotmail.com

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