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terça-feira, fevereiro 04, 2014

Khan de caça ao mau jornalismo


Jean-François Kahn é um jornalista francês como por cá não temos. Costumo ler o que escreve  nas revistas francesas, como a Marianne que J-FK ajudou a fundar em 1997 e foi o seu primeiro director.


Um dos temas recorrentes nas análises de J-FK é a opinião unificada no jornalismo, ou seja, o jornalismo "meme", ou "même", em francês.

Em 23 de Abril de 2001 a revista chamava  a esse fenómeno  "o clan dos clones", sendo este um tema recorrente ( em 24 de Novembro de 1997 escrevia mesmo  sobre " a ditadura mediática" de 30 jornalistas que controlavam o pensamento mediático).





Esta semana a revista de que já não faz parte como director, entrevistou-o a propósito de um livro sobre os "media", "L´horreur médiatique" onde mais uma vez denuncia o pensamento único do discuros uniforme. A entrevista aproveitou o tema do presidente François Hollande ter aparentemente alterado o rumo político inicial, para o questionar sobre esse fenómeno.
J-FK acha que os jornalistas franceses na generalidade até melhoraram a qualidade individual, mas o sistema em que se encotram inseridos é implacável. " Há uma espécie de peso opressivo e oprimente que se abate colectivamente sobre os juízos particulares. Vive-se entre si, na mesma cidade, sociologicamente homogeneizada,  frequentemente com a mesma evolução, da esquerda da esquerda até à aceitação da orotodoxia neoliberal embrulhada no papel kraft de um neo-sessenta-e-oitismo social de conforto. Pouco a pouco elaborou-se uma "doxa" da qual se tem a impressão de nunca mais ser possível o afastamento".




Esta análise assente que nem luva na sociedade mediática portuguesa do jornalismo "meme".

Nada melhor para aferir este estado de coisas que a escrita jornalistica sobre Cunhal e o "anti-fascismo".

Em 30 de Junho de 1988, Jean-François Kahn, então director do semanário L´´Evenement du jeudi, um lançamento também da sua responsabilidade, alguns anos antes ( nessa altura ia no n´º 191), escreveu um pequeno ensaio de vinte e quatro páginas sobre Estaline, numa altura em que Gorbatchov encaminhava a sua perestroika para o derrube do muro e a queda dos regimes comunistas de Leste.
Em Portugal houve quem escrevesse sobre Estaline, mas duvido que tenha feito do mesmo modo e com a qualidade jornalística ali demonstrada. Aquando da queda do Muro talvez alguém o tenha feito mas depois disso...nicles.

Por cá, nessa altura, ainda havia o "respeitinho" ao líder do PCP que ideologicamente  nunca saiu de cena. Cunhal foi um dos maiores estalinistas de que há memória no movimento comunista internacional e o PCP um dos partido que se manteve fiel ao espírito original do comunismo.  Pode dizer-se que assim resistiu ao tempo e não desapareceu, como outros; mas pode igualmente dizer-se que este fóssil civilizacional é um quisto na democracia, apesar de se declarar fiel ao regime. Não é adepto da democracia burguesa e apenas a tolera por uma questão táctica, tendo aprendido com o "pai dos povos" que fez alianças despudoradas com o nazismo e o fascismo italiano.

Em 1950, aquando do discurso ideológico de Álvaro Cunhal no tribunal Plenário que o condenou, Estaline ainda era vivo e cada vez mais paranóico, segundo consta. São estas memórias que os que não querem apagar a memória esquecem...
Cunhal então via o argueiro do "fassismo" mas não se dava conta da trave que se lhe atravancava defronte do bestunto. Tal como os antifassistas de agora.

Ora então relembre-se quem foi Estaline e o que representou.

10 comentários:

  1. Este livro descreve bastante bem a situação de uniformidade politicamente correcta existente nos meios da comunicação social em França. Duas entrevistas com o autor:

    http://www.prorussia.tv/Interview-de-Jean-Yves-Le-Gallou-President-de-la-fondation-Polemia-sur-la-tyrannie-mediatique_v237.html


    http://fr.novopress.info/132107/pourquoi-les-francais-detestent-ils-les-journalistes/#prettyPhoto

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  2. «Jornalismo de reverência» , a adjectivação é impiedosa , porque é isso mesmo . Excelente post , José .

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  3. Jean-Yves Le Gallou : la tyrannie médiatique

    http://www.youtube.com/watch?v=DxnlPViI99E

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  4. há uns 15-20 anos apareceu um livro dum jornalista do Le Monde onde dizia que a opinião do jornalista
    'era miraculosamente coincidente com a do partido e do patrão'

    por cá além do mais
    estamos na república dos tribunais

    voltou o programa
    'o juiz decide'

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  5. É caso dos Mirós...
    Pois ando a remoer o assunto e parece que o MºPº meteu outra vez o pé na poça.

    Malha-os deus...

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  6. os gringos têm outro tipo de totalitarismo estalinista

    o da 'moerda' sem cobertura ouro

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  7. Curioso, é não se poder vender os Mirós, sempre tapava um buraquito.
    Os "jornalistas" cá do burgo, fiéis aos patrões, escrevem o que lhes mandam.
    Está tudo a olhar para o efeito do bpn, mas não existe interesse em explicar a causa.
    Como diria a minha avó, aquilo ( bpn )são só arcas encoiradas. Onde estão os culpados, talvez na área central, os objectivos, são os mesmos.

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  8. temos uns deputados tão bem preparados que em vez de tomarem decisões enviam os problemas para os tribunais
    constitucional
    contas
    administrativo
    outros

    ainda recuperam os plenários da pvde-pide-dgs
    em alternativa os de Moscovo dos anos 30

    dizem que a canavirilhas enviou a 'previdência' cautelar
    para o tribunal errado

    valha a Providência Divina
    a um cada vez menos agnóstico

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  9. A propósito ouvi há dias, "un journaliste, aujourd'hui, c'est une pute ou un chômeur."

    A França ferve, apesar de a televisão a passar como frigorífico.

    O affair Dieudonné está a fazer cair as máscaras todas.

    2014 será o ano da quenelle? On vera...
    François la sens tu...

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  10. É uma heresia dizer mal do Estaline esse pai orientador de tantos dos nossos partidos comunistas e de socialistas de rosto humano...
    Liquidou aos milhões e ninguém o condena mas quem incomodou o sono dos inocentes com a "tortura do sono" é que foi irradicado...

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