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quarta-feira, março 26, 2014

O senhor Secousse

Ainda a propósito das aventuras prandiais de Mário Soares, O Jornal de 3 de Março de 1978, ano rico em manifestações pós revolucionárias que sedimentaram o antifassismo primário em forma de lei, temos hoje a coda dos recortes de ontem.

O episódio relatado por um inglês laureado por Oxford sobre uma entrevista de Mário Soares a propósito da "austeridade" de 1978. O jornalista Mortimer veio a Lisboa e entrevistou o português Mário Soares, para o The Times de Londres. A conversa fluiu em francês que inglês é dialecto sobre o qual o mesmo, à semelhança de Finanças, "sabe muito pouco".

Segundo relata o Jornal, na tradução algo se terá perdido em sentido literal que não semântico. Vai daí, desmentido à sócrates, aldrabando o sentido para atenuar o efeito.
Em bónus, a crónica de Eduardino PC, já falecido, para eterno descanso do cabotinismo e cretinice que transportava sempre a tiracolo, disfarçado de intelectualismo afrancesado.


1 comentário:

  1. associo sempre este gajo as poesias eóticas e satíricas dum poeta brasileiro do séc xvii conhecido por boca do inferno
    «Que falta nesta cidade? ... Verdade.
    Que mais por sua desonra? ... Honra.
    Falta mais que se lhe ponha? ... Vergonha.

    O demo a viver se exponha,
    Por mais que a fama a exalta,
    Numa cidade, onde falta
    Verdade, honra, vergonha.

    Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio.
    Quem causa tal perdição? ... Ambição.
    E o maior desta loucura? ... Usura.

    Notável desaventura
    De um povo néscio e sandeu,
    Que não sabe que o perdeu
    Negócio, ambição, usura.

    Quais são meus doces objetos? ... Pretos.
    Tem outros bens mais maciços? ... Mestiços.
    Quais destes lhe são mais gratos? ... Mulatos.

    Dou ao Demo os insensatos,
    Dou ao demo o povo asnal,
    Que estima por cabedal
    Pretos, mestiços, mulatos.

    Quem faz os círios mesquinhos? ... Meirinhos.
    Quem faz as farinhas tardas? ... Guardas.
    Quem as tem nos aposentos? ... Sargentos.

    Os círios lá vêm aos centos,
    E a terra fica esfaimada,
    porque os vão atravessando
    Meirinhos, guardas, sargentos.

    E que justiça a resguarda? ... Bastarda.
    É grátis distribuída? ... Vendida.
    Que tem, que a todos assusta? ... Injusta.

    Valha-nos Deus, o que custa
    O que El-Rei nos dá de graça,
    Que anda a justiça na praça
    Bastarda, vendida, injusta.


    De dois ff se compõe
    esta cidade a meu ver:
    um furtar, outro foder.

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