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quinta-feira, agosto 28, 2014

Proença de Carvalho, um dos ajudantes disto tudo

Proença de Carvalho andava calado. Nem sequer esteve presente aquando da detenção de Ricardo Salgado, há pouco mais de um mês porque mandou o filho acompanhar o interrogatório judicial do detido. Falou agora ao Diário Económico para dizer o mesmo de sempre, apesar de reconhecer que não pode falar sobre o processo. Proença, porém, fala. Fala até ao dia em que lhe façam ver que não pode falar.
Fala para dizer que esta coisa do BES foi  uma surpresa, para ele que era membro da comissão de remuneração do BES . O entrevistador sistémico Paulo Ferreira ( o que arranjou o programa semanal a Sócrates, na RTP1) não lhe perguntou, mas à sigla Eurofin, Proença responderia com aquele ar seráfico de surpresa estudada: "quem?! Nunca ouvi falar em tal coisa..." Sobre a sigla RERT, acrescentada da numeração romana I,II e III, diria que sempre tocou baixo e bateria, secção rítmica no trio los dos. E por aí fora.

À sugestão do entrevistador sistémico sobre o papel que poderia desempenhar como novo "dono disto tudo", Proença "nem pode comentar".

Mas nós podemos. Para dizer que Proença de Carvalho é um dos figurões disto tudo. Um dos ajudantes qualificados disto tudo.

A "bête noire" de Proença, ao longo dos anos tem sido a Justiça enquanto sistema. Não lhe agrada porque persegue os inocentes que defende. Sobre o grupo de advogados que defendem os "poderosos" por contraposição aos meios do Estado para lograr a Justiça, Proença contraria o senso comum para dizer que o Estado ( MºPº) é que tem todos os meios ( escutas, buscas, etc.) e os pobres suspeitos pouco ou nada porque lhes retiram poderes de defesa, coitados.

Como exemplo concreto cita o caso das acusações do BdP ao BCP, elaboradas em centenas de páginas, para criticar a extensão das mesmas e de caminho os poderes públicos do Estado ( "aquilo é quase penoso, não conseguimos perceber onde é que estão os factos") .
Proença não refere, certamente por esquecimento, o caso singular de terem sido firmas de advogados como a Sérvulo e a Vieira de Almeira a assessorar o próprio BdP, ( mediante contratos de centenas de milhar de euros) nas contra-ordenações instauradas contra o BCP.
Logo, tais acusações, mal feitas no ponto de vista de Proença,  terão sido elaboradas por essas firmas...o que o entrevistador sistémico também não questiona.



Por outro lado , a Justiça, particularmente a Penal é mais uma vez fustigada por Proença de Carvalho. "Há cumplicidades evidentes entre alguns magistrados e alguns meios de comunicação social", diz Proença, sem lembrar as cumplicidades entre certos advogados como Proença e certos políticos e jornalistas, como o entrevistador.

De resto para entender as piruetas de Proença quanto à Justiça nada melhor que mostrar a sua defesa processual no caso BIP, quando um advogado amigo de Proença ( Fernando Cruz) foi preso pela Judiciária ( então com um modelo que Proença quer repristinar agora) em 13 de Dezembro de 1974.

Aqui ficam alguns extractos dessa defesa, publicados no livro "Cinco casos de injustiça revolucionária" , publicado pelo próprio Proença de Carvalho em 1976, em "edição de autor".

(...) e as conclusões:



Como se pode ler, clicando nas imagens e ampliando, Proença, na altura de Dezembro de 1974, defendia uma investigação criminal independente do governo e do poder executivo e até citava o nazismo a seu favor na defesa dessa tese. Mencionava os motivos políticos da acusação feita ao seu cliente e procurava sustentar que só uma investigação criminal autónoma do poder político poderia garantir uma melhor defesa da Justiça.

Hoje em dia Proença defende precisamente o contrário e provavelmente porque sabe que tal lhe será mais favorável na defesa dos interesses daqueles que costuma patrocinar...

1 comentário:

  1. no começo dos anos 50 conheci casualmente um velho boémio que era
    Barrigas pelas parte da mãe e Carvalho pela parte do pai

    pelas suas falas delicadas faz-me lembrar um industrial que conheci muito bem e era alcunhado de
    'fode mansinho'

    estamos entregues aos bichos por parte dos poderosos e dos seus defensores

    consta que as magistraturas também dão uma mãozinha

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