Em Março de 2011 o Governo de José Sócrates caiu e temeu-se
que Portugal entrasse em bancarrota dali a pouco. Em Junho
houve eleições que o PSD de Passos Coelho ganhou e tomou conta do Governo.
O que se passou a seguir parece consensual: o governo e a
maioria legislativa impuseram um regime de austeridade ao país, seguindo os
ditames de uma troika que o PS também foi obrigado a sufragar.
Os métodos, seguindo o guião alemão, foram esses. Poderiam
ser outros? Ninguém verdadeiramente sabe dizer que se o fossem poderíamos estar melhor do que estamos.
Mas há quem diga, claro. Um deles é o desmemoriado Soares, um pária do bom senso que já teve. Uma coisa é certa: escapamos mais uma vez da bancarrota iminente, com as
consequências catastróficas previsíveis.
Foi a terceira vez em 40 anos que tal sucedeu e das duas anteriores (
1977 e 1984) a responsabilidade foi inteirinha de uma Esquerda que de que o PS é
tributário e Mário Soares liderou.
Quando Passos Coelho
escolheu governo era uma incógnita o que iria suceder nos ministérios, após
os anos de José Sócrates, um inenarrável da política nacional. Passos em vez de limpar o aparelho de Estado
dos submarinos que por lá ficaram,
arranjou-lhes contrapartidas e manteve-os à tona. Agora mergulharam e
lançam-lhe os torpedos. Quase apetece
dizer que é bem feito porque foi avisado para o não fazer e achou avisado
que deveria assim fazer. Ainda vai a tempo de perceber o que sucedeu.
Por diversas ocasiões, durante aqueles governos que escaqueiraram as finanças públicas,
José Sócrates esteve na berlinda de escândalos judiciais e políticos e alguns
de âmbito criminal, como o Freeport e o Face Oculta de que escapou porque “confiou
na justiça”, não dando as explicações que poderia ter dado, como agora se exige
a este primeiro-ministro. Escapou sempre, apesar dos factos serem
incomensuravelmente mais graves do que aqueles de que é acusado, ainda sem
provas, Passos Coelho. Toda a gente
percebe, mesmo os apaniguados ( et pour cause) que José Sócrates e Passos
Coelho são vinhos de pipas diferentes e um deles está irremediavelmente
estragado. Isso faz toda a diferença destes casos.
Este é o contexto desta história em que entram os habituais
personagens das comédias de costumes, Cocó, Ranheta e Facada.
Para perceber o entrecho desta peça, podemos ler o que escreve
João Miguel Tavares no Público de hoje e a notícia que surge ao lado, dando
conta do que Mário Soares disse, do seu retiro na praia algarvia.
O que JMT diz sobre a Passos, como figura de modéstia sonsa, podia ter sido escrito antes de ser primeiro-ministro e de facto foi-o, por muita gente. A ilação que retira não vale um chavo. Passos é sonso mas não é chico-esperto. E se todos "fizeram aquilo" nos anos festivos de 1990, devemos assumir colectivamente as despesas desta festa. Não sendo aceitável em 2014 o que se fazia colectivamente em 1999, ninguém deve ser punido por tal, porque para isso funciona a amnistia do tempo e é isso que o jornalista Cerejo não entende, confundindo tudo e embarcando num jornalismo que só olha para estas árvores não ligando à floresta de enganos que se passa à sua volta. Isto se for verdade o que se diz, porque ainda o não é e parece que se está a forçar uma nota presuntiva que pode sair furada. Por isso mesmo Passos não deve dizer mais nada e remeter-se ao silêncio das investigações a cargo "das entidades". Para cínicos, sonso e meio basta.
Por seu lado, o cônsul honorário do reino hashemita, em vez de estar calado, já esfaqueia também o antigo “colaborador”, no seu
estilo habitual. Se calhar porque
deixou de colaborar. A pergunta a fazer a este cônsul honorário de muitas
honras perdidas ( foi amigo de Duarte Lima e esfaqueou-o em directo na tv,
aquando do caso da quinta de Nafarros) é muito simples: que tal uma investigação
em forma aos seus rendimentos fiscalizáveis?
De António Costa o putativo sucessor que conta já com favas
do seu lado, ainda sem ter o bolo-rei, e que já comenta o assunto, as perguntas ainda são mais simples e
basta trocar de personagens para lhe solicitar as respostas às perguntas que
coloca. Em vez de Passos Coelho basta dizer “José Sócrates”.
O católico mefistofélico Bagão , também esportula opinião de demissão porque lhe convém. A pergunta a este é simples também: por
que no te callas?
E quanto ao padrinho Mário Soares basta uma, aparentemente
anódina: quanto recebe a enfermeira que anda a tratar dos seus achaques? E outra, muito pertinente: de onde lhe veio tanto dinheiro para tantas despesas?
boxexas é o Lucky Luke da esquerda folclórica
ResponderEliminardispara em todos os azimutes
agora a culpa é de NGM. porque está a dividir o partido que fundou.
o rectângulo não conta para esta gentalha.
estava tudo programado
eu também sou sonso como o PPC. foi assim que me safei dos ataques da escumalha familiar e profissional.
ando há anos à espera de ver cerejo a entrevistar Rui Mateus
ResponderEliminarJulgo que JA Cerejo faz o que pode e a mais não é obrigado.
ResponderEliminarDesta vez, parece-me que se usa napalm para tentar eliminar toupeiras: só fica terra queimada.
AHAHAHAHAHAHA O último parágrafo está o máximo
ResponderEliminar"E se todos "fizeram aquilo" nos anos festivos de 1990, devemos assumir colectivamente as despesas desta festa. Não sendo aceitável em 2014 o que se fazia colectivamente em 1999, ninguém deve ser punido por tal, porque para isso funciona a amnistia"
ResponderEliminarEu gostava de saber o que fizeram as medíocres criaturas que nos governam para merecer tamanha benevolência e comiseração.
E mais, de alguém com tanto apreço pela História e pelas histórias nunca vou compreender o porquê de se auto-infligir tal curteza de memória.
"Eu gostava de saber o que fizeram as medíocres criaturas que nos governam para merecer tamanha benevolência e comiseração."
ResponderEliminarQuem votou nesta gente é que merece a punição. E explicarei porquê:
Em 2011 já se sabia quem era Passos Coelho e a sua "sonsice" não era desconhecida de ninguém, tal como a desonestidade do anterior primeiro ministro não era desconhecida em 2009 e ganhou as eleições.
Julgar um primeiro-ministro actual, com base em factos que eram virtualmente conhecidos quando foi eleito é cinismo do mais nefando.
Pegar em factos de há 14 ou 15 anos relativos a uma eventual infracção fiscal que a própria lei considera criminalmente prescritos para lhe assacar responsabilidade política é conduzir as coisas para além do razoável.
É assim que penso e tal se aplica ao Sócrates. No caso deste, porem, é bastante diferente: os factos eram mais recentes, de quando era primeiro-ministro e mostram um padrão de comportamento pessoal e político inadmissível em democracia.
Haja bom senso!
ResponderEliminarNão se trata aqui de defender o Passos, embora isso seja uma defesa, mas apenas um alerta para este jornalismo populista de demagógico que perdeu a bússola.
ResponderEliminarJose
ResponderEliminarpenso que deveria ter escrito que cerejo faz o que lhe pedem
conheço este jornalismo de encomenda
já o vi na reportagem das casas com a arquitectura de sócrates
o boxexas , o almeida, o sócrates
mereciam uma campanha, mas não teriam onde pudesse ser vista
nos jornais do final do séc. xix até explicavam como se fazia uma campanha.
lembro-me de uma contra as Irmãs da Caridade
'as I da C
têm um buraco no cu,
que lhes fez o Gungunhana
com a chave do baú'
José Sócrates e Passos Coelho são uva da mesma casta. De há mais de 40 anos que só produz zurrapa. Cada vez pior. E não há filoxera que lhe acabe com a raça.
ResponderEliminarCumpts.
Pois são, com uma diferença: uma dessas zurrapas está completamente estragada.
ResponderEliminarAdivinhe qual...
'todos iguais, todos deferentes'
ResponderEliminartêm boxexas no trazeiro
Há 15 anos era perfeitamente aceite o não pagamento de sisa e todos colaboravam nisso. Não era e nunca foi aceite que se criasse uma empresa partidária para desvio de dinheiros da Europa e do Estado, não era nem nem foi aceite que alguém recebesse sem trabalhar, não era nem nunca foi aceite que alguém acumulasse rendimentos de origem diversa mais subsídio de exclusividade. Sócrates e Passos são iguais como duas gotas de água. Um tem vara, outro tem relvas, um recebe dos bancos do regime o outro das empresas do ti angelo, um nunca trabalhou o outro também não, um nunca estudou o outro igualmente, um raspou um canudo na farinha amparo da independente o outro foi à lusíada. Até na vida privada são de moralidade mais que duvidosa, ambos. Sim, há uma diferença, um é burro como um porta e ao fim de trinta anos de politicazinha nem uma porcaria de um discurso sabe fazer, o outro é um chico-esperto, tão óbvio que podia ser o relvas do anterior.
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ResponderEliminarBravo, josé. Farei eco porque concordo em absoluto. Não compreendo, neste ponto, o meu querido amigo ABC.
ResponderEliminarComo? Como se o assalto aos media nacionais e ao BCP de Sócrates fosse igual a este caso da típica tugalidade? Adiante. Por outro lado acho extremamente perigoso que se levantem estes tapetes, pois destes casos está a nossa política cheia - é que se de facto se confirma que há troca de casos entre o poder, este foi uma má jogada... Não estamos propriamente a falar da Moderna..
ResponderEliminar..porém continuo a achar que isto foi uma prenda dos nossos amigos camaradas da foice.
A cegueira e do caraças. Não querem ver o que é a tecnoforma e o que dúzias de tecnoformas? Todo o lixo do psd estava metido nisso, como nas empresas do lixo, literalmente, estava todo o lixo do ps. Juntem relvas, pereira coelho, armando vieira e o administrador passos só pode sair de la limpinho, não é? Como. É que passos se aguentou durante três anos em campanha contra Ferreira leite? Da mesma forma que socrates se aguenta anos sem ter emprego e a gastar à tripa forra.
ResponderEliminarNossa, que biolência.
ResponderEliminarConheço comuna que também já tinha vindo com a cena da "biolência doméstica-doce".
Engraçado que não se lembram da outra doce queimada com pontas de cigarro pelo comuna gay do Paulo de Carvalho e com outras cenas mais hard pelo preto da bola.
Sim, bora, hajapachorra- junte tudo no mesmo saco, por igual, inspeccione tudo, por iual, de todos os políticos e depois diga-me qual o absolutamente impoluto desde nascença que encontrou.
ResponderEliminarE não vale dizer que tinha de recuar ao famigerado fássismo. tem de ser na boa da democracia que tanta igualdade a granel nos trouxe.
Ah, e não vale dizer-me que é democrata ferrenho e nem admite mais nada mas que não vota por causa destas impossibilidades de detectar roupa branca com Omo.
ResponderEliminarÉ que isso da democracia partidária ser o ex-libris do progresso humano mas os outros que votem é muito engraçado.
ResponderEliminarHipócritazinhos...é apenas isso. Fariseus que pretendem apenas liquidar alguém politicamente. Querem lá saber da moralidade ou ética em geral! Querem é entalar em nome disso, isso sim!
ResponderEliminarCompletamente.
ResponderEliminarAté me lembrei do Ambrose Bierce
Hypocrisy: prejudice with a halo