Republico aqui um pequeno texto de Novembro de 2012:
Em 22 de Abril de 1989, a Revista do Expresso publicou este artigo de
página, da autoria de um insuspeito António José Saraiva, um intelectual
como já não temos ( Eduardo Lourenço leva hoje no Público uma rabecada
em grande, de VPV), sobre uma figura que já então suscitava curiosidade
aos portugueses em geral: Salazar. É lero que Saraiva escreve: "Salazar
foi, sem dúvida, um dos homens mais notáveis da história de Portugal e
possuía uma qualidade que os homens notáveis sempre possuem- uma recta
intenção." Os comunistas não gostaram desta prosa de um antigo
camarada...que afinal não chamava fassista ao ditador.
os comunas acantonados na ar e na cgtp chamavam a AJS e a seu irmão JHS
ResponderEliminar'a tenebrosa família dos Saraivas'
para AJS havia adversários; hoje só há inimigos
o pior IN é o ps e o recém-eleito costa.
só eles podem fazer estragos ao atingirem o poleiro
li e ouvi alguns discursos de AOS.
ResponderEliminarrecordo a importância de
'todos não somos demais para continuar Portugal'
não é fácil continuar este desígnio.
já andam todos a sonhar que vão ser ricos.
o MONSTRO está a cair de podre como se viu no ministério da educação onde houve incompetência e sabotagem duns quantos.
deviam ser defenestrados
como no da justiça
Olhe esta "bomba" José...
ResponderEliminarDemocracia, sinónimo de Liberdade?
Via Pordata,
Em 1962 havia cerca de 10.000 reclusos nas prisões lusas. Este é o pior número para o Estado Novo sabendo que as estatísticas param em 1960.
Em 2013, foram mais de 16.000 reclusos que estavam nas prisões da democracia. Este é o número mais elevado desde 1974.
Entreteanto a população portuguesa aumentou cerca de 18% entre 1960 e 2013.
A população carceral portuguesa aumentou 67% entre 1962 e 2013.
Nota em 1972 havia cerca de 4000 pessoas na cadeia, em 1974 eram 3000.
Mais palavras para quê?
APG
Já tinha lido esta magnífica crónica de A.J.S. Este, sim, era um Senhor (com maiúscula) e um Patriota, independentemente da ideologia professada. Não há comparação possível entre este grande Português e o bando de pseudo-escritores e outros tantos filósofos d'igual safra que para aí andam aos caídos. Basta ler o que A.J.S. escreveu sobre Salazar para se ter a noção exacta do que significa ser-se intelectualmente honesto, íntegro e vertical, como Homem e como Português. Que falta nos fazem - e a cada dia que passa, mais e mais - portugueses de tão elevada estatura cívica e intelectual como o foram A.J.S. e também seu irmão, o saudoso J.H.S.
ResponderEliminarOnde está essa crónica do VPV em que dá cachaporrada no Lourenço? Não a vejo nem no dia 10, nem no dia 12. Obrigado.
ResponderEliminarA crónica é esta:
ResponderEliminar"A pérfida Albion
"Eduardo Lourenço é com certeza em Portugal inteiro o intelectual mais francês. Não admira que perante a desagregação da "Europa" sofra hoje com a relativa imunidade da Inglaterra, coisa que não ocorreria à nossa atávica e resignada miséria. Mas que resolva ressuscitar o mito da "pérfida Albion", embora na sua prosa majestática, só se explica pela manifesta decadência da sua pátria de eleição. Eduardo Lourenço descobriu agora que o fracasso da União - que se tornou um "monstro", um "Frankenstein" em que muitos países não se reconhecem - foi o resultado de um "desígnio no seu género messiânico" da Inglaterra; e que, enquanto ela tiver "força e poder financeiro", "nada que se pareça" com o "sonho" de Jean Monet verá a luz do dia. Era este também, segundo parece, o "voto" da sra. Thatcher.
Thatcher ou não, Eduardo Lourenço fala da Inglaterra que realmente existe como se ela continuasse a ser a Inglaterra de Palmerston e da rainha Vitória e o Império Britânico (uma criação tardia de Disraeli) continuasse a dominar o mundo como o Império Romano que ela, em teoria, aspirava a imitar. Pior ainda, para Eduardo Lourenço, a derrota de Waterloo acabou com a rivalidade da França, a derrota de Hitler (e de Guilherme II, que ele por boas razões não lembra) acabou com a rivalidade da Alemanha, e a implosão da URSS com a da Rússia, e a Inglaterra ficou sozinha em campo, livre de exercer a sua maléfica influência. Uma influência que se exerceu à partida através da BBC e depois do cinema americano e de uma historiografia moderna, que é "essencialmente de matriz anglo-saxónica" e "expressão da sua vontade de poder".
Se por acaso compreendi alguma coisa da prédica confusa e, em parte, errada e arbitrária de Eduardo Lourenço, ele detesta a distância "fria" cada vez maior que a Inglaterra estabelece (e, de resto, sempre estabeleceu) entre si própria e a "Europa". Mas não há qualquer dúvida que ele não percebe a origem e a necessidade dessa distância. Não se trata, como ele julga, de uma nostalgia do Império ou sequer do exercício de uma hegemonia actual. Do que se trata, mais modestamente, é da relutância em abdicar da soberania inglesa a favor de uma burocracia não-eleita e de um bando de políticos, que nada representam. A soberania absoluta do Parlamento é o princípio constitutivo da nação (um ponto que nenhum francês será jamais capaz de meter na cabeça) e o menor abandono, a menor cedência põe em risco a sociedade e o Estado. A "Europa", em que a democracia nasceu ontem, não se importa, por exemplo, de abandonar a sua moeda a estranhos. A Inglaterra não consentiu, ou consentiria, essa vergonhosa demissão de uma autoridade crucial sobre o seu destino. E, se outros consentiram, que paguem em silêncio o "Frankenstein", que tão pressurosamente criaram."
A crónica do sr. VPV é muito reveladora da sua reverência relativamente à «Inglaterra»... Um reverência semelhante àquela que critica em Eduardo Lourenço mas em relação a França. É caso para dizer, «cada um escolhe os países (ou sistemas de ideias...) que melhor lhe dá na gana». Ou que melhor serve os seus interesses...
ResponderEliminarMas no caso de VPV e da sua reverência relativamente à «democracia e independência dos "Ingleses"» talvez fosse bom lembrar um facto que passa muito bem escondido entre as crónicas sobre a «pátria da democracia parlamentar». E esse facto é que uma das antigas prerrogativas da «City of London Corporation» é a de poder nomear um representante seu para fiscalizar a actividade do Parlamento Britânico. Esse fiscal da actividade legislativa do Reino Unido tem lugar cativo no Parlamento e senta-se ligeiramente atrás do Presidente da Câmara dos Comuns (o «Speaker») e tem como função «vetar tudo quando possa ferir os interesses finnaceiros da "City"»...
Temos assim que a «mais velha das democracias parlamentares», vive paulatinamente e há vários séculos numa espécie de «suserania financeira». Essa colossal (mas pouco discutida) encenação mediática, para consumo doméstico e internacional, talvez ajude a explicar a muito badalada e interessante propensão britânica para o teatro...
A "pérfida Albion" não tem constituição escrita como os demais países europeus, para além daquele guião medieval sobre as "liberdades", mas tem os pés assentes na terra onde se move. E essa é a do senso comum: quem mexe em interesses financeiros por via legislativa tem que explicar muito bem ao que vem.
ResponderEliminarE o tal fiscal da City não tem o poder que se lhe pode atribuir prima facie, ou seja não é a "última voz", penso eu de que.
Sobre o artigo de AJS: simplesmente demolidor. Em poucas palavras esclarece anos e anos de obfuscação.
ResponderEliminarAs opiniões sobre o poder real da «City of London Corporation» - através do seu «remembrancer» - divergem...
ResponderEliminarO facto é que o sr. Harold Wilson então primeiro ministro do Reino Unido - foi impotente perante a vontade da «City». E hoje quem continua a indigitar o nome do Governador do Banco de Inglaterra é o «Council» da «City»... Até hoje todas as tentativas de submeter a «City» à jurisdição do Reino Unido falharam... A «coisa» funciona como uma espécie de «Vaticano» em relação a «Roma».
E, para os mais distraídos, isto tem tudo a ver com o modo com se tem desenrolado a Crise mundial financeira e a «construção» da UE...
In an opinion piece in The Guardian newspaper, George Monbiot made the following criticism:
“The City of London is the only part of Britain over which parliament has no authority. In one respect at least the corporation acts as the superior body: it imposes on the House of Commons a figure called the remembrancer: an official lobbyist who sits behind the Speaker’s chair and ensures that, whatever our elected representatives might think, the City’s rights and privileges are protected."
This criticism is from an article where the wider context is the medieval and unreformed nature of The Corporation of The City of London, where the remembrancer is included as one of its anachronisms.
The City in general, and the Remembrancer in particular, have no power to overrule Parliament, which has the right to make legislation affecting the City if it wishes. For example, the City needed to request a private Act of Parliament in 2002 to modernise its system of local elections; an Act which inter alia notes that "The objects of this Act cannot be attained without the authority of Parliament".
So what?
ResponderEliminarQue tem isso a ver com as imbecilidades que o EL disse ou com as verdades certeiras do VPV?
A Citty existe? pois existe e Wall Street também e o FED é que manda.
Acaso foi mais inteligente ou ingénua a criação do euro?
O EL é um jacobino e o resto é cantiga.
ResponderEliminarA crónica do VPV é de 25/11/2012
ResponderEliminarA crónica do Edurado Lourenço chamava-se "Da não-Europa"
ResponderEliminarComo ninguém é Europa, salvo como entidade geográfica, ou a título mítico ou virtual, que um ou outro país europeu não se reconheça no Frankenstein histórico que é hoje a União Europeia não deve espantar nem escandalizar. Acontece, até simbolicamente, que o pai do monstro que há meio século se devora tem um nome, um desígnio, no seu género, messiânico: chama-se Inglaterra. Enquanto ela tiver força e poder financeiro para o levar a cabo, nada que se pareça com o sonho para ela "demoníaco" de Jean Monet verá a luz do dia. Era o voto da Senhora Thatcher e nunca esteve mais na ordem do dia do que neste momento.
A Inglaterra não é apenas uma "nação" entre as outras nações europeias. Desde o tempo da armada invencível (que é o de Shakespeare, que mitificará para sempre essa hora imperial), a Inglaterra é ao mesmo tempo uma super-nação. No contexto europeu, entenda-se. A França, a Alemanha, a Rússia, que poderiam ter-lhe disputado essa vocação imperial e imperialista, nunca o conseguiram. Waterloo acabou com o sonho francês, a capitulação de Berlim com o sonho alemão, a implosão soviética com o messianismo russo.
A Inglaterra foi durante meio milénio o império romano ressuscitado em escala planetária. Como estranhar que uma "pequena Europa", duas vezes vencida por si mesma, a compense, em realidade e glória, do que perdido é ainda mais do que Europa?
ResponderEliminarHá meio século, apesar do seu crepúsculo imperial assinalado pela perda da Índia e a mais imprevisível emergência da China, a Europa podia ter sido seduzida pelo modelo inglês. E estaríamos agora a viver - quem sabe - uma pax britannica numa Europa predestinada desde os tempos de César aos divinos filhos de Albion... O desespero europeísta é hoje tão profundo que esta utopia retrospectiva nos parece preferível ao nosso destino de Titanic do Ocidente.
Esta réverie desesperada poderá ser a nossa, mas não é, nem nunca terá sido a do único povo friamente político do Ocidente. A literatura - gloriosa como nenhuma - fez o resto. O génio com que a versão inglesa da História - da sua e dos outros - soube sempre designar os seus adversários como os "maus da fita" da nossa lamentável odisseia de europeus é insuperável. Ninguém mais do que a Inglaterra assumiu com convicção a ideia de que o destino do mundo - e sobretudo o sentido dele - era a sua vocação providencial. A Segunda Guerra Mundial - havia razões de vida e morte para isso - elevou a BBC a consciência da nossa Civilização. O que os Estados Unidos fizeram trinta anos mais tarde, convertendo o público planetário em refém de Hollywood, é apenas o efeito dessa primeira emergência do Ocidente na versão anglo-saxónica da História, convertida na Bíblia profana do Capitalismo de que a Inglaterra foi e é ainda o actor mais eficaz, apesar das aparências.
Quem escreve a História faz a História. A história moderna é essencialmente de matriz anglo-saxónica, expressão da sua vontade de poder de essência já "científica" e pouco "ideológica" - à francesa, nosso modelo. História como "mimesis" do acontecimento político fundador do Ocidente, o da edificação do Império Romano, a quem o inglês Gibbon consagrará a sua memorável e paradigmática evocação.
A outra Europa, aquilo que está vivendo neste crepúsculo de olhos abertos é o seu destino de Europa-Cartago. Sem a epopeia da resistência que foi a de Aníbal. Morremos anestesiados pelo vírus dos vírus de matriz protestante que pôs em tela de juízo a visão medieval do mundo e a sua coerência imaginária. De nada nos valeu a nós outros, portugueses e espanhóis, descobrir sob o signo de Constantino um Novo Mundo e mais desconhecidos da restante Europa. Serão herança dela e fundamento do seu Poder, o poder moderno por excelência, o do saber "como forma do mundo" e da técnica que dele advém. Estávamos prontos para ficar à mercê da versão anglo-saxónica da História da Europa, como está à vista.
Só nos resta descer às catacumbas onde a nossa alma se inventou naquele tempo uma nova ideia de Deus como não-Poder. E ressuscitar, como Novalis o sonhou, uma "outra-Europa", uma Europa onde não triunfem apenas instâncias obscuras sem outra ideologia que a da gestão do "ouro do Reno" wagneriano, convertido em deus do coração humano. Sem a música do génio para redimir tão sinistros actores do nosso destino colectivo. Sempre era uma consolação.
Vence, 23 de Novembro de 2012
Um dos problemas de Lourenço é pensar em langue doc. Mistura da língua de trapo com a de universitário de leituras clssicizantes.
ResponderEliminarOu seja, pobre.
Um disparate pegado mas muito bling-bling
ResponderEliminar«So what»...
ResponderEliminarPois então, cerca de 80% das transacções financeiras mundiais são em «eurodollars» e esta moeda hibrida - que já tem pouco a ver com «dólares» e nunca teve nada a ver com «euros» só existe por causa da autonomia política da «City of London»...
E depois há os poderes «de jure» e há os poderes «de facto».
A Rainha pode ser o soberano que manda na «City» (não é o primeiro-ministro) e mesmo assim a dita cuja rainha tem que pedir permissão ao Lord Mayor se por ventura quiser «visitar a "City"»...
Em todo o caso não me referi às «imbecilidades» de EL mas sim à «reverência» (anglofilismo mais ou menos bacoco...) de VPV.
«A City existe? Pois existe e Wall Street também e o FED é que manda»...
Formulação reveladora de que não se dá conta de que a «FED» e a «Wall Street» são duas faces da mesmíssima moeda... Duas formas de manipulação financeira (e política) em plena simbiose.
Voltando à questão VPV, EL e a criação «ingénua» do Euro limitar-me-ei a considerar que o Euro foi (e é...) uma tentativa da Alemanha (com apoio da França, mas não só) para «reconquistar o espaço europeu»... Fazer pela via económica aquilo que não conseguiu pela via militar... Como aliás já defendia o General Ludwig Beck nos tempos do Hitler...
Se foi ingénua ou inteligente, o tempo o dirá.
Há países que mesmo com o euro, safam-se muito bem.
ResponderEliminarPor exemplo a Holanda.
Porque é que Portugal não se safou também? Porque teve governos socialistas a mandar. Só por isso e porque a alternativa social-democrata do PSD também não foi muito melhor. Mas foi sempre melhor, apesar de tudo.
E para que é que os ingleses precisavam do euro?
ResponderEliminarSó se fossem parvos.
O euro foi mal-feito e está à vista o facto, porque foi marco generalizado sem sermos uma federação.
No caso do artigo, em resposta às parvoeiras bling-bling do E.L nem vejo onde está a reverência.
ResponderEliminarIsso é um chavão que não colhe porque não é argumento em relação à resposta do VPV ao E.L.
Alióas, se quer que lhe diga, a única coisa em que o EL tocou e podia ser pertimente, nem o VPV topou ou comentou- a influência prot sobre a tradição católica a impor-se pela globalização.
Ele não disse assim mas era a isso que se referia. E nem veio por via inglesa mas por moda estrangeirada mais americana.
Ou melhor- já tinha vindo desde o Hobbes- a Época Moderna é isso e os francesinhos revolução continuaram-na por serem jacobinos.
ResponderEliminarNão foi agora que se trocou Deus por Mamon.
Por cá foi introduzida por liberais/republicanos.
ResponderEliminarO VPV é um tanto jacobino mas o EL não é menos.
Lembrou-se agora da tradição católica...
Eles só se lembram de serem contra a tradição prot por causa do famigerado capitalismo.
ResponderEliminarA escardlhada jacobina é assim. Atira sempre as culpas de tudo para cima do mesmo ódio de etimação.
Como se a alternativa não fosse da mesma ordem e para pior.
E o final do texto do Eduardo Lourenço já foi muito melhor dito pelo Jean-Luc Godard no "Je vous salue Sarajevo".
ResponderEliminar«Car il y a la règle et il y a l’exception. Il y a la culture qui est la règle, et il y l’exception, qui est de l’art. Tous disent la règle, ordinateur, T-shirts, télévision, personne ne dit l’exception, cela ne se dit pas. Cela s’écrit, Flaubert, Dostoïevski, cela se compose, Gershwin, Mozart, cela se peint, Cézanne, Vermeer, cela s’enregistre, Antonioni, Vigo. Ou cela se vit, et c’est alors l’art de vivre, Srebrenica, Mostar, Sarajevo. Il est de la règle de vouloir la mort de l’exception, il sera donc de la règle de l’Europe de la culture d’organiser la mort de l’art de vivre qui fleurit encore à nos pieds. Quand il faudra fermer le livre, ce sera sans regretter rien. J’ai vu tant de gens si mal vivre, et tant de gens mourir si bien.»
J-LG