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terça-feira, novembro 25, 2014

25 de Novembro de 1975: o fim do PREC visto na época.

Faz hoje 39 anos que a esquerda extrema, com apoio tácito do PCP,  tentou conquistar o poder político total, com ajuda de alguns militares tornados comunistas e o apoio conjuntural dos habituais compagnons de route que ainda pululam por aí nos jornais e tv´s.
Na sequência de um PREC que tinha começado no Verão de 1974  e se estendeu até ao Verão Quente de 1975, essa esquerda que hoje se agrega no PCP e nos partidos tipo BE, Livre e quejandos, tentou acelerar o "processo revolucionário em curso", seguindo ensinamentos de Lenine e deram com os burros na água porque "o povo português é sereno".

A imprensa da época, particularmente O Jornal saído em Maio de 1975 pode dar-nos um retrato histórico muito aproximado ao que então ocorreu.

Em 21 de Novembro de 1975 um título como " uma país à beira do confronto" não era exagerado.

Logo a seguir ao golpe vieram as explicações. Um dos explicadores foi Melo Antunes do MFA que disse nessa mesma noite que o PCP era "imprescindível" para a democracia portuguesa. Alguém poderia então ter comentado que era como uma viola num enterro, mas não houve quem.

Pelo contrário, o próprio Álvaro Cunhal apareceu logo a explicar o golpe e que o PCP nada tinha a ver com o mesmo. Era "inocente".


Mário Soares nem disse outra coisa. Em França também havia um partido comunista, igualmente   amante da democracia e apesar do que se passara um par de meses antes, na Fonte Luminosa, Mário Soares lia então o Nouvel Observateur e o director Jean Daniel também achava que sim que o PCP era necessário...mesmo estalinista e com tendências totalitárias dum modo que Portugal nunca experimentara. O PCP faz assim parte do ecosistema socialista democrático e por isso, domesticadinho lá se tolera, como agora.


O que pensava disto a esquerda que já não era tão comunista como fora? Eduardo Prado Coelho o dizia...

E o MES, um partido de extrema-esquerda que não queria ser comunista como o PCP,  também explicava. Até lá andava um Augusto Mateus, agora muito social-democrata ou socialista democrático ou liberal socialista ou seja lá o que for que não interessa para nada.


E como é que os que não eram de esquerda explicavam o golpe? Assim, como se fazia no jornal O Dia publicado pelo jornal Vária8 de 13 de Dezembro de 1975:

E a realidade como é que interpretou o golpe? Assim, como mostra O Jornal de 19 de Dezembro de 1975: bancarrota em perspectiva acelerada. A primeira logo a seguir a 25 de Abril de 1974.


 
 Antes, tivemos 48 anos de "fascismo", guera em três frentes e nunca tivéramos experiência semelhante. Aliás o crescimento económimo fazia inveja a muitos países.
Em dois anos a esquerda comunista e socialista conseguiu levar um país à bancarrota. Dali a dez anos repetia o feito...e ninguém se incomoda com isso, preferindo agora reescrever a História e rever os factos.
Não admira que se fale em crise de regime e coisas assim. O regime que existe é o natural herdeiro destes fenómenos sociais. E não admira nada que não queira discutir o regime anterior, nomeadamente os seus lídimos representantes, Salazar e Caetano. Não interessa a estes herdeiros comparar heranças.  Interessa, isso sim, é diabolizar o de cujus e repudiar os seus valores, para não serem envergonhados e afastados liminarmente pelos eleitores e povo em geral.

Quem é que se ocupou sempre dessa tarefa de adormecimento das consciências ? Os jornalistas quase todos de esquerda e muitos deles ainda comunistas. Não admira que a desgraça tenha perseverado durante estas últimas quatro décadas, entremada de três bancarrotas. As árvores conhecem-se pelos seus frutos e estes que temos da democracia-oligarquia partidária são podres, como se vê agora claramente visto.
Não obstante, o jornalismo caseiro, com destaque para o Expresso e Sic encarregam-se de no-lo negar diariamente e adulterar a realidade para que continuemos a dormir enquanto eles prosperam.

Em 1975 o panorama da imprensa era assim retratado no mesmo O Jornal, de 5 e 12 de Dezembro desse ano: uma imprensa falida, dirigida pelos mesmos de sempre, da esquerda bem pensante ou comunista e afinando pelo diapasão da unicidade opinativa. O Estado esquerdista e nacionalizador do PREC não desapareceu porque o PS o manteve sempre à tona e assegurou que a Constituição de 1976 o mantivesse vivo e actuante celebrando as "conquistas de Abril".  Resultado? Repete-se: bancarrota dali a meses. Repetida dez anos depois. Atraso económico do país que poderia ter sido um dos mais desenvolvidos da Europa, mas ninguém se atreve a reconhecer esta evidência reflexiva.


O aparecimento de O Dia, dirigido por Vitorino Nemésio e redigido por aqules que saíram do DN de Saramago, o estalinista que depois foi Nóbel, foi apenas um exemplo desgarrado de uma simbólica e desgraçada democracia que não admite "direita" sem que lhe cole o epíteto de "fascista" ou "extrema-direita". Ainda hoje é assim.


No seguimento do 25 de Novembro, apesar de tudo, o PREC estancou. Eanes, sendo de esquerda, não era comunista e por isso, durante algum tempo o ambiente politico-social serenou. Porém, os derrotados do 25 de Novembro, os utópicos da revolução permanente não iriam ficar quietos e calados. Dali a algum tempo começaram a explodir "engenhos" reivindicados por umas tais FP25. A história deste terrorismo está por fazer.


10 comentários:

  1. Cid publicava o eanito a que outros chamavam 'cara de pau' que ao fazer a barba produzia serradura.

    a versão de Pires Veloso (sem ele e Calvão não teria sido possível o 25.XI) não coincide com a 'verdade oficial'

    o prec mudou apenas de mãos
    entre elas as de sócrates
    e a luta continua

    o rectângulo tem a vala comum como destino

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  2. O amigo José continua a "reescrever a história":
    A segunda bancarrota surgiu no final dos governo da A.D que governaram o país durante três anos (de 1980 a 1983). Periodo durante o qual, os elevados défices da balança corrente levaram ao esgotamento das reservas de divisas do B.P.
    E, quem teve de fazer o "ajustamento" de então, foi o governo seguinte do bloco central (PS+PSD).

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  3. As bancarrotas aparecem quando o dinheiro que há não chega para pagar o que se compra.

    O dinheiro que havia em 1974 esvaiu-se pela evasão e pela nacionalização. Aqueles 120 milhões que nunca chegaram a ser aplicados ( 20 mil milhões de euros, se fosse hoje) desapareceram. Volatilizaram-se

    O PIB regrediu em meses. Só as remessas dos emigrantes deram alguma ajuda.

    Por isso a bancarrota de 76-77 e a que se seguiu depois em 83-84 não é da responsabilidade de uma AD que em dois anos nada podia fazer para remendar o tecido económico irremediavelmente estragado pelo PCP e pelo PS.

    Custa a aceitar? Pois custa e não venha com números que isso é para inglês ver.

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  4. A bancarrota de 83 deve-se às políticas de esquerda que nunca deixaram que a economia pudesse retomar o ritmo que tinha em 1974. E a explicação mais simples e melhor.

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  5. Não havia investimento, não se criava riqueza e pelo contrário gastava-se cada vez mais. O dinheiro? Começou aí a saga dos "empréstimos", o andar de chapéu na mão no estrangeiro a mendigar a esmola para pagar ao funcionalismo público e aos elefantes brancos em que as empresas públicas se transformaram.

    Para quê mistificar e inventar uma economia que não tínhamos como se tudo fosse do mais normal que havia na Europa?

    Portugal é um exemplo sem paraleloo na Europa de destruição de riqueza nesses anos, nesses dez anos de 74-84.

    Não é assim?

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  6. O que é que a AD podia fazer se nem sequer puderam mudar a Constituição que nos garantia que estávamos a caminho da sociedade sem classes?

    Ignorar isto é mistificar.

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  7. Mais uma magnífica análise crítica do período mais negro deste regime e por arrasto da História de Portugal. Parabéns José por mais um magnífico contributo para a possível purificação da conspurcada atmosfera política que já perdura há tempo demasiado.

    Os satânicos Soares e Cunhal foram os principais conspiradores na sombra, a que se lhes juntaram uns tantos militares idiotas e outros tantos civís oportunistas, recurso sem o qual ser-lhes-ia impossível levarem por diante um golpe miserável e traidor que destruiu irremediàvelmente a Pátria Portuguesa.

    Toda a esquerda e extrema esquerda tiveram desde o primeiro minuto o apoio incondicional destes grandessíssimos pulhas, que também e desde imediatamente após o golpe, tentando hipòcritamente distanciar-se deles como 'moderados' e 'grandes democratas', pelo contrário e como bons velhacos e traidores estiveram sempre, sempre e até hoje, com eles conluiados ao mais alto nível nos mais violentos e repugnantes crimes de sangue, assaltos, assassinatos, roubos, saques, traficâncias, burlas, corruções, etc.
    Com estes dois gansgters da pior estirpe, juntou-se-lhes desde a primeira hora outro traidor à Pátria que já cá não está, Melo Antunes que à hora da morte se redimiu, porém isso não impede de nunca mais esquecermos a sua maléfica contribuição para o povo português não acabar de vez com o PCP, o que devia ter feito, como todos ainda nos podemos recordar de "o partido comunista faz falta à democracia"(!?!) na noite de 25/11. Uma miserável, apologética e cínica frase sem classificação.

    Palavras sempre subentendidas em todos os discursos hipócrito-maçónicos de Soares, de então e de sempre, era/é que a esquerda socialista (e comunista, subentende-se perfeitamente, pois ambos os partidos são irmãos-siameses nunca separados à nascença) eram e sempre foram democratas da mais pura água e políticos sérios e honestos e os maiores amigos do povo? O quê???
    Por favor não façam os portugueses explodir de raiva porque os seus insultos têm limites e estes foram há muito, muito tempo ultrapassados e quando assim acontece, os grandes libertadores do povo que se cuidem. Na verdade já lhes resta pràticamente nenhum tempo para se redimirem.

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  8. "... levar por diante..." (e não levarem).

    "... corrupções...", português de Portugal, claro.

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  9. "a AD em dois anos não podia fazer nada".
    Amigo José a AD governou três anos e não dois.
    ...
    A AD não conseguiu fazer nada, mas o governo seguinte (PS+PSD) conseguiu - e em três anos.

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  10. "A AD não conseguiu fazer nada, mas o governo seguinte (PS+PSD) conseguiu - e em três anos."

    Conseguiu pedir um resgate que na altura não se chamava assim. E vender toneladas de ouro da "pesada herança" de Salazar e Caetano. E afundar-nos na credibilidade internacional como país de mérito.

    Em 85 chegou a CEE e os fundos estruturais e foi nova desgraça, com o apoio dos mesmos que nos afundaram antes.

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