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quarta-feira, novembro 19, 2014
Amigos, amigos...
O jornal i desarrincou uma cacha: entrevistou José Luciano Oliveira, antigo agente do SIS ( nº 2 com o actual director e amigo deste) e a entrevista é, sei lá, pungente ( sans blague porque conheço o entrevistado).
José Luciano é amigo antigo do agora preso António Figueiredo e jura que é pessoa de bem. Acredito. Por outro lado esclarece algo que carecia de tal e que me reconforta: nada tem a ver com esta aparente moscambilhice que mete a maçonaria de amizades supranumerárias como elo espúrio de ligação. Acredito em José Luciano e fez muito bem em dar esta entrevista na qual se predispõe a testemunhar em tom abonatório a idoneidade do agora preso.
Agora, o essencial que escapa àquele: reconhecendo em A. Figueiredo uma pessoa "com muita propensão para o negócio" tal afirmação retrata uma necessidade de reserva: ninguém deve pôr as mãos no fogo por ninguém e quando assim o faz, mostra-se o lado obscuro da tentação em que muitos podem cair. A tentação faz o ladrão, dizia dantes o povo, quando não havia televisão e essa sabedoria era maior que hoje.
E muito menos deve meter as mãos no fogo pelo SIS, de que José Luciano fez parte há alguns anos ( saiu aquando do escândalo Jorge Silva Carvalho, por aqui, neste blog, defendido com os fundamentos que se podem ler em contraposição à cretinice continuada do Expresso, por motivos ínvios).
Não basta dizer que pessoas nossas conhecidas dificilmente se meteriam em ilegalidades. É preciso ponderar que no melhor pano pode cair a nódoa e o contexto é demasiado propício e muito perigoso para ela surgir. Deviam ter posto babetes ou nem se aproximarem da mesa, para tal não acontecer. O avental pode não chegar...
Porém, como diz um dos envolvidos, muito indignado agora, Antero Luís, ao DN de hoje, confirmando um jantar em que esteve presente, aparentemente sem babete ou avental, juntamente com o chefe máximo dos serviços de informações, no "início do Verão": "isso é crime?". E mencionando a cunha que meteu ao amigo agora preso, "isso é crime?"
Não. Não é necessariamente crime, mas é uma pouca-vergonha e sinal de anomia para um magistrado que se preze, mostrando ainda perda de referências "ambientais" recomendáveis.
Quando magistrados que dirigem serviços de informações sensíveis para o país "metem cunhas" para vender apartamentos ou casas envolvendo pessoas que agora se verifica terem eventualmente praticado crimes graves, num contexto muito preciso de amizades perigosas, a anomia de não reconhecer a vergonha é tão grande que nem é preciso explicar mais nada. E isto nem ressuma qualquer hipocrisia ou falso moralismo. Ressuma apenas à circunstância de não deverem ter sido nomeados para onde foram.
E isso até o José Luciano que acredito mesmo ser probo e impoluto, conseguirá reconhecer.
Santa ingenuidade. Onde andam a ser recrutados os directores das secretas, afinal?
ResponderEliminarNenhum deles sabe nada ou conhece alguma coisa, mas são todos amigos da faculdade ou de jantares com o principal suspeito.
A verdade é que, com tanta amizade, é impossível não saberem que o amigo estava a ser investigado. Ponto final.
Agora assumam as consequências dos seus, porra.
E já agora, para quê nomear-se magistrados para estes cargos de direcção superior do Estado?
No exercício destas funções eles não são magistrados e sim funcionários integrados numa hierarquia administrativa sob direcção e tutela ministerial. E tem de respeitar o dever de obediência próprio dos subordinados. Ao aceitar as funções comprometem-se a tal; se praticam algum actos passível de censura penal a responsabilidade é do próprio, claro.
Assim, mancham a sua imagem, carreira e não dignificam as magistraturas ao exercerem tais funções. O ter orçamentos com despesas classificadas das quais não prestam contam a ninguém, ter motorista, suplementos vários e muitas ajudas de custo (por isso estão sempre no estrangeiro em visitas oficiais), pelos vistos, não compensa estas mágoas.
Não é o caso deste dr. Luciano (que é apenas jurista) mas é o caso de todos os outros chefes das secretas que têm sido mencionados nas noticias relacionados com este mensalão á portuguesa.
Luís: absolutamente de acordo.
ResponderEliminarFugindo ao tópico:
ResponderEliminarhttp://www.egaliteetreconciliation.fr/La-directrice-de-l-Ecole-de-journalisme-de-Sciences-Po-prise-en-flagrant-delit-de-plagiat-29193.html
Havia de alguém fazer o sacrifício de ler um certo livro sobre tortura dum certo indivíduo, só para ver o que lá está...
Tenho para mim que esse caso ainda é pior...mas aguardemos.
ResponderEliminarEu fico a pensar se estas pessoas, com estas entrevistas, julgam que se safam, apenas aliviam ou fazem tanto os outros parvos quanto eles demonstram ser.
ResponderEliminarParece uma entrevista de "conforto" (para o amigo), pode parecer uma entrevista de relatividades (isto é crime?), superficialidades e aleivosias; parece uma entrevista destinada só a ajudar/ilibar amigos tanto quanto se pode; mas é uma entrevista que não branqueia, antes sinaliza o mal sistémico e no momento só deixa mal quem a faz.
Um bom documento. Esclarecedor, pese as perplexidades quanto à noção que o entrevistado quer transparecer.
Vulgarmente não é chamado "entrerrar-se"?
Não me parece. É uma entrevista que esclarece que nada tem a ver com o assunto, essencialmente.
ResponderEliminarE para mim é isso que importa.
E objectivamente é equivalente à que Ângelo Correia costuma fazer com os amigos.
Por complexas razões de ordem histórica e cultural a corrupção e o tráfico de influências continuarão enquanto tivermos estas instituições.
ResponderEliminarEstes problemas previnem-se se o Estado for desenhado tendo em conta as particularidades comportamentais do povo português.
As instituições, modelos, leis, feitos à medida do que existe noutros países europeus, mormente do Norte e do Centro não funcionarão nunca nos países ibéricos nem na América Latina.
Enquanto não houver consciência de tal continuaremos a assistir ao desfilar de escândalos.
Zephyrus,
ResponderEliminarcompreendo o que quer dizer, mas penso que está equivocado.
Para mim, a diferença fundamental que constato entre os países ditos nórdicos e os do sul i.é. respectivamente protestantes e católicos, é que, sistematicamente, nuns as regras são cumpridas e noutros não, isto independentemente das regras.
São as regras que, juntamente com a comunicação e o número de pessoas, determinam a emergência de uma sociedade.
E, embora se possam fazer derivar as regras de maneiras diferentes, fazê-las mais simples ou mais complexas, ou fundamentá-las em filosofias e religiões diferentes, não as cumprir sistematicamente é um absurdo e leva à desordem e à anarquia, cuja expressão principal é esta corrupção sistémica que testemunhamos e que não é senão a lei do mais forte. Quando não há outra ordem, impõe-se a ordem do mais forte.
Pessoalmente, acho que o se não cumprirem as regras tem pouco que ver com a cultura em si, mas antes com o haver interesses que tentam sempre destruir a ordem existente para imporem a deles.
Porque o não fazem naqueles outros países, então? Porque, provavelmente, já lá têm a que lhes interessa. Que, diga-se, não tem necessariamente de ser a mesma que lhes interessa ter aqui e que, sendo em função de interesses, varia conforme estes.
Rematando, admito e sou proponente de que nós, portugueses, definamos as nossas regras conforme o que nos é próprio e conveniente, mas rejeito a tese de que os nossos problemas vêm fundamentalmente das regras em si. Por exemplo, não vejo utilidade em haver partidos e nem sequer grande sentido ou lógica. Mas não é o sistema partidário em si que é o grande problema, senão na medida em que contribui, juntamente com outras circunstâncias, para que se não cumpram as regras que ele próprio determina.
floribundus
ResponderEliminarlixaram-me o pc
O meritíssimo antero juiz limitou-se a emitir o seu douto parecer de ‘expert’ em vendas.
Há quer prefira ser que parecer.
Há quem diga:
‘por qué non te calas!’
muito elucidativo o 'cartoon' sobre o funcionamento do MONSTRO
ResponderEliminarhttp://espectadorinteressado.blogspot.pt/
a condição humana produz lixo donde sóa alguns saem
ResponderEliminarpassei a maior parte de 10 anos da minha reforma num país maioritariamente católico-a Áustria.
nunca vi sociedade tão ajustada às regras de sã convivência social
nada que se possa comparar com esta merda
o meu médico do sns dizia-me para tirar foto de alguma árvore que não crescesse direita
a Avó da minha Amiga (caso é caso) (50 anos de Amizade) em casa de quem vivi tirou o 12º ano de escolaridade obrigatório em Viena na década de 1890, tal como Stefan Zweig
falava húngaro, russo, inglês e italiano (passava as férias no lago de Garda)
no censo de 2011 cerca de 50% tem no máximo 4 anos de escolaridade
verdadeiro peso morto
jose, eu não quero dizer que o "enterrar-se" é alguma parte de confissão de culpa, o homem não tem nada a ver com isto.
ResponderEliminarO "enterrar-se" é, como diz, outro género do Angelo, sempre pau para acolher amigavelmente os amigos, sempre impoluto e sempre disponível, "disponível". Uma reserva moral, em suma.
Mas com atitudes/entrevistas dispensáveis, não acrescenta nada, defende o amigo e por aí fora. O "enterrar-se" é aparecer do nada para dizer coisa nenhuma que ajude. Não ajuda, é isso. Logo, para quê?
E usar o "i" que ninguém lê, é para esclarecer quem e o quê?
Mas se fosse ao "Espesso" seria igual: o efeito da entrevista perde-se completamente. Saiu a público, ninguém o conhecia (publicamente), para defender um amigo. E depois? O Zé Povo está é farto disso, disso e dos que suscitam estas entrevistas.
A Comunicação Social serve, serviria em princípio, para fiscalizar os poderes políticos, não para defender honras e limpar mãos à parede.
Parece, enfim, que também os OCS limpam mãos à parede em nome de amigos e/ou poderes.
A merda está aí em todo o esplendor. Isplendor, com "i".
Por acaso acho que esta entrevista dá o tom certo ao assunto: um caso perdido de corrupção que nem sequer é visto como tal.
ResponderEliminarE é isso que choca, de algum modo.
Suponho que o SIS embarcou na mesma aventura pelos mesmos motivos: anomia. É coisa grave a meu ver.
wikipedia
ResponderEliminarA anomia é um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. A partir do surgimento do Capitalismo, e da tomada da Razão, como forma de explicar o mundo, há um brusco rompimento com valores tradicionais, fortemente ligados à concepção religiosa.
A Modernidade, com seus intensos processos de mudança, não fornece novos valores que preencham os anteriores demolidos, ocasionando uma espécie de vazio de significado no cotidiano de muitos indivíduos. Há um sentimento de se "estar à deriva," participando inconscientemente dos processos coletivos/sociais: perda quase total da atuação consciente e da identidade.
Este termo foi cunhado por Émile Durkheim em seu livro O Suicídio. Durkheim emprega este termo para mostrar que algo na sociedade não funciona de forma harmônica. Algo desse corpo está funcionando de forma patológica ou "anomicamente."
Em seu famoso estudo sobre o suicídio, Durkheim mostra que os fatores sociais - especialmente da sociedade moderna - exercem profunda influência sobre a vida dos indivíduos com comportamento suicida
O JORNAL I foi comprado pelo grupo do Angolano Mosquito, o mesmo que comprou a CONTROLINVESTE,incluindo a TSF para o genro montez. O Alvaro Sobrinho é dono do SOL, o publico é do Belmiro, o Expresso e muito mais é do DDT que tem acento no bildenberg. a Cofina DE PARCERIA COM OS angolanos detém o CM, a SABADO, O RECORD ETC e tal. O que resta quando as tvs passam a vida a repetir as noticias
ResponderEliminardesta espécie de imprensa e alguma noticia da LUSA.
nada a fazer está
tudo minado, aprende-se mais a ler o seu blog do que a ler os pasquins.