Um "ensaio visual" com fotos de graffitis em Portugal levou o
diretor do Instituto de Ciências Sociais (ICS) a suspender circulação da
Análise Social. Considerou "ofensivo".
Conselho Editorial da revista científica,
que tem 51 anos de existência, contesta decisão e diz que houve
censura. José Luís Cardoso, diretor do ICS, justifica que a
possibilidade de publicação não foi avaliada por peritos externos. João Pina Cabral, diretor cessante da revista e responsável pelo número em causa, argumenta que é um "ensaio visual" e que não está sujeito a avaliação externa, conforme as normas da publicação (analisesocial.ics.ul.pt ).
O artigo é de Ricardo Campos, cuja tese de doutoramento é sobre os graffitis, O sociólogo diz que as mesmas imagens foram utilizados em outros estudos, tem o apoio da comunidade científica e pedidos para a publicação do texto.
O artigo é de Ricardo Campos, cuja tese de doutoramento é sobre os graffitis, O sociólogo diz que as mesmas imagens foram utilizados em outros estudos, tem o apoio da comunidade científica e pedidos para a publicação do texto.
Portanto, a revista costumava sair com determinada temática e no último número transformou-se num panfleto político contra o governo e "a direita". A direcção do ICS decidiu proibir o número, acabando com a publicação.
José Manuel Fernandes, agora, explica assim o ponto:
Os leitores já imaginarão que me estou a referir ao que se passou, ao que se está a passar, com a revista Análise Social. A equipa editorial, escolhida para um mandato limitado, optou por incluir no último número que tinha sob sua responsabilidade um artigo que em tudo se distancia do objecto da revista e do que foi a sua linha editorial ao longo de décadas. A dissonância entre o espírito e a forma daquela revista e o “ensaio gráfico” que nela se pretendia editar era tão grande como se eu pretendesse editar aqui, no Observador, um “ensaio fotográfico” com fotografias pornográficas explícitas, hard core.
No entanto foi isso mesmo que a equipa editorial da Análise Social, uma revista académica onde são publicados ensaios académicos, pretendeu fazer – e fazer de forma provocatória. Tal como no exemplo do casamento, a provocação criaria sempre um dilema: quem lhe dissesse que não, como disse o director do ICS José Luís Cardoso, seria imediatamente insultado por praticar a censura; quem fizesse vista grossa e deixasse passar, tornar-se-ia cúmplice da transformação de uma revista académica num publicação vulgar, sem critério, semelhante a uma newsmagazine de informação geral.
Esta questão da Censura já motivou em tempos recuados do "fassismo", umas páginas de conversa de Marcelle Caetano com Alçada Baptista, publicadas em livro ( Conversas com Marcello Caetano, António Alçada Baptista, Moraes editores, 1973, páginas 184 a 193). Vale a pena ler todas as páginas de uma actualidade que hoje em dia, sendo premente, seria impossível de ler em artigos de opinião, muito por causa dos motivos e razões que Marcello Caetano apresenta para de algum modo justificar o que então existia em Portugal: uma Censura efectiva nos media. Marcello começa por questionar a própria noção de "informação verdadeira e objectiva", para concluir no fim que o Exame Prévio era nocivo enquanto princípio mas necessário então por causa da Guerra no Ultramar. A ideia que trasmite sobre o que entender por "opinião pública" também é politicamente incorrecta, hoje em dia e portanto concordo com a mesma: "um narcótico para a má consciência da sociedade".
De resto e para dar razão a Marcello Caetano, logo em finais de Maio de 1974 ocorreu um episódio parecido com o que agora sucedeu na Análise Social, com todas as distâncias de tempo e circunstância bem medidos.
No caso, um jornalista comunista , de extrema-esquerda e notoriamente em comissariado político, fora despedido da Emissora Nacional.
Quem o despediu e por que razão? Uma comissão administrativa da tropa. E Jaime Gama, o indivíduo que já presidiu à AR , na altura chefiava os serviços de noticiários da EN e justificava o despedimento, com ...censura por motivos estritamente políticos. Em nome de quê e de quem? "Critérios de informação". Censura, obviamente.
Quem quiser ler a história e o que dizia Jaime Gama, então um dos "tropas" que despediu o jornalista Ançã, comunista infectado com o vírus da doença infantil, pode ler aqui. E comparar com o caso actual...sendo certo que José Manuel Fernandes não escreveria o que hoje escreve, por estar então infectado com o mesmo vírus. Parece que entretanto se curou...mas como o herpes é vírus adormecido, susceptível de ataque quando as defesas imunitárias estão baixas.
é vírus adormecido, susceptível de ataque quando as defesas imunitárias estão baixas
ResponderEliminarAdormece mas também faz outra coisa: muta (ou recauchuta-se, conforme se prefira)...
há muitas formas de censura
ResponderEliminartemos actualmenta a censura dos meios de comunicação social
ao serviço do ps, pc, be
mil vezes pior que no tempo do fascismo
a culpa é sempre do PR. PM, ministros porque querem obrigar o MONSTRO a trabalhar
quando ele existe tão somente para
'ganhar o MEU'
'social-fascismo, nunca mais!'
no Insurgente
ResponderEliminaros 4 colapsos do comunismo
um dos seus descendentes, pelo tom das suas críticas podia ser
'costa da malagueta'
Há uns anos, quando os EUA atacaram o Iraque, a Madonna lançou um videoclip onde atacava a opção política do então presidente Bush.
ResponderEliminarFoi banida das rádios americanas, o videoclip foi retirado e ela nunca mais recuperou em termos de vendas e de airplay nos EUA.
Um exemplo de censura... em democracia.
Acabo de ver no canal de História um programa sobre a República Portuguesa, onde aparecem os insuspeitos do costume Mário Soares e Almeida Santos, para além do Veiga Simão e da....Irene Flunser Pimentel que, a dado momento, veio dizer que Marcello Caetano tentou re-implementar a pena de morte. Enfim...
ResponderEliminarJulgo que não existe hoje censura por cá, pelo menos na sua verdadeira acepção. Existem sim supostos meios de comunicação social que não serão mais do que panfletos de divulgação de interesses, seja eles de que natureza forem. O melhor exemplo de que não temos censura é o jornal Público, que sendo pertença de um empresário bem conhecido, é um verdadeiro pasquim (e no entanto, bem camuflado de jornal sério e isento) da esquerda portuguesa.
ResponderEliminarnão costumo comentar comentários, mas não tolero mentiras. Jamais disse que Marcello Caetano quis reintroduzir a pena de morte. Houve sim deputados da AN, que o defenderam.
ResponderEliminarIrene Flunser Pimentel
Ainda bem que descomenta porque assim fica tudo esclarecido.
ResponderEliminarNão vi o programa e achei estranha tamanha "cabala".
E já agora, quem foram os deputados?
Não precisa de responder porque tenho a revista Observador ( que devia ler e consultar para perceber exactamente o que foi o marcelismo) em colecção integral e poderei ver se tem notícia sobre o assunto.
De resto gostaria que lesse bem lido o livro do António Alçada Baptista porque nele se retrata o que era Marcello Caetano. Real, não imaginado.
Desculpe o tom, mas é apenas o meu estilo. Não quero ser mal educado.
ResponderEliminarJulgo que não existe hoje censura por cá, pelo menos na sua verdadeira acepção. Existem sim supostos meios de comunicação social que não serão mais do que panfletos de divulgação de interesses, seja eles de que natureza forem.
ResponderEliminarMas por essa ordem de ideias, o Exame Prévio também não seria mais que uma maneira de o Estado garantir que os supostos meios de comunicação social defendessem os interesses do Estado...
A diferença está no assumir da coisa.
Pessoalmente, a ter de haver censura - e acho que há sempre, sob qualquer regime - acho que vale mais ser assumida....
Qual o foi o programa, para a gente ver também?
ResponderEliminarNão tolera mentiras, mas também não lhe cai bem a verdade, pelos vistos.
ResponderEliminarAqui,
http://irenepimentel.blogspot.com/2014/03/o-estado-providencia-em-portugal-nao.html
diz isto:
É que uma das características – não tenho aqui espaço para descrever todas elas – do chamado Welfare State – que nasceu na Europa, pela mão de Beveridge e do Partido Trabalhista britânico, elaborado durante a II Guerra e colocado em prática no pós-guerra –, é precisamente a sua universalidade, que também não existiu na vigência de Marcello Caetano.
Ora, dizer que o Estado Social não nasceu com Caetano porque não era universal, é o mesmo que dizer que Portugal não nasceu no séc. XII porque ainda não tinha todo o território...
Mas isto o Estado Novo e o fachismo, no tempo das bancarrotas, ainda dá para uns quantos governarem a vidinha... não tolerando mentiras, talvez; mas, sobretudo, convivendo mal com a verdade verdadinha...
O problema da ilustre comentadora ( ilustre porque ilustrada nos media) é que não consegue olhar para o regime de Salazar/Caetano sem lhe chamar fascista, adoptando o léxico comunista.
ResponderEliminarEsse problema é muito grande e não tem a verdade como parceira.
Pois mas isso tem explicação simples: se adoptar outro, fica-se a ver logo a fraude que nos espetaram e que são.
ResponderEliminarPorque aqui o afirmo: essa pessoa que não tolera mentiras é uma fraude.
Não faz história, faz política. E da rasteira.
Porque era tudo quanto sabiam e sabem fazer.
Uma cambada de anormais egoístas privilegiados, burguesia!, que deram cabo deste país para as gerações subsequentes, nas quais me incluo, que não tiveram culpa nenhuma, e nem eram fachistas nem deixavam de ser.
O programa em questão deu hoje no canal de história, a ultima emissao foi às 9:07, se tiverem box meo ou nos podem ver em diferido.
ResponderEliminarMas como se chama, jbp?
ResponderEliminarmuja,
ResponderEliminarO programa chama-se "A República Portuguesa"
Canal: História
Data: 14 de Novembro
Início: 09h07
Duração: 53 minutos
Em Portugal não há memória de outro sistema político para além dos republicanos. A monarquia caiu há 103 anos e os homens de sangue azul não voltaram a controlar a nação. Mas antes de 5 de Outubro de 1910, o poder da realeza via-se gravemente ameaçado, a 1 de Fevereiro de 1908 por exemplo com o assassinato do Rei Carlos e do príncipe D. Luís.
"(...)do chamado Welfare State – que nasceu na Europa, pela mão de Beveridge e do Partido Trabalhista britânico..."
ResponderEliminarIncorrecto, quem originou - e deu os primeiros passos nesse sentido - o Estado Social/Estado-Previdência ou "Welfare State" foi o Governo de Bismarck na Prússia do século XIX, qualquer estudante que teve a cadeira de História Contemporânea na Faculdade de Letras sabe isto, admiro-me que a Historiadora em questão desconheça este facto.
Talvez porque Bismarck não era de "esquerda", e também porque a introdução do Estado Social veio de um País que não tinha um regime republicano se procure ignorar o facto em questão.
ResponderEliminarO que eu queria afirmar no meu comentário anterior, "não tinha um regime republicano", é que o Governo de Bismarck não foi sufragado eleitoralmente.
ResponderEliminar«Talvez porque Bismarck não era de "esquerda", e também porque a introdução do Estado Social veio de um País que não tinha um regime republicano se procure ignorar o facto em questão.»
ResponderEliminarSalazar explicou por que motivo um Estado Social não funcionaria em Portugal. Esse texto foi publicado neaste blogue, ou em post ou nos comentários.
As ditas «elites», desde a Guerra Civil, andam a tentar impingir modelos importados de sociedades de matriz protestante, com outra História, cultura, clima...
O problema existe não só em Portugal mas também na América Latina e mesmo em Espanha.
Os partidos acham que mudam o povo por decreto e por outro lado adaptam o modelo de governação às suas ambições pessoais.
Afonso Costa, por exemplo, pensava que conseguiria extinguir o catolicismo em Portugal.
O Estado Social é um modelo importado condenado ao desastre numa sociedade com as nossas características. O resultado está à vista e só não vê quem não quer.
A Esquerda acha que distribuindo dinheiro acaba com os males do mundo.
ResponderEliminarA experiência em Portugal mostra outra coisa.
O grande salto deu-se com o Estado Novo e ocorreu via desenvolvimento económico. Foi o crescimento económico que alterou diversos indicadores.
Para haver riqueza para distrbuir tem de se criar riqueza. Muita, até.
Aqui colocou-se a carroça à frente dos bois.
E agora nem temos crédito para reindustrializar nem dinheiro para investir. Temos dívidas e estamos ligados à máquina, a UE.
No IDH, em 1974, estávamos quase nos 20 primeiros lugares da tabela, com uma guerra em marcha. E agora, onde estamos?
As ilustres Varelas da vida deveriam explicar por que motivo países como a Argentina ou Portugal, no passado, tiveram crescimento económico assinalável.
ResponderEliminarPor que motivo Portugal cresceu o que cresceu entre a Segunda Guerra e o 25 de Abril, quando a Inglaterra chegou àquele estado lastimável em meados da década de 70.
Por que motivo a Argentina já foi uma potência e agora está na fossa.
São sociedades idênticas onde só há crescimento com certo tipo de instituições e de Regime.
Os construtos intelectuais que sustentam as ideologias que o século XIX pariu tiveram bons adeptos em Portugal.
ResponderEliminarNinguém estuda a Tradição católica ibérica que por sua vez vai beber à sabedoria da Antiguidade, com as devidas alterações impostas pelo Cristianismo.
*constructos
ResponderEliminar"Ninguém estuda a Tradição católica ibérica que por sua vez vai beber à sabedoria da Antiguidade, com as devidas alterações impostas pelo Cristianismo. "
ResponderEliminarÉ mesmo esta a essência do que procuro transmitir aqui.
Esta sabedoria, se assim se lhe pode chamar, não entra por infusão ou crença.
Entra pela educação com memória histórica.
O comunismo e esquerda em geral ( de que a Irene Pimentel é arauta) sabotam continuamente esta ideia-chave.
Presumo que o fazem sem saber porquê, mas porque sim.
Subscrevo totalmente o comentário de Muja de 14/11, às 19.05.
ResponderEliminarAssino por baixo os comentários deixados mais acima por Zephyrus.
"Esta sabedoria, se assim se lhe pode chamar, não entra por infusão ou crença".
Claro que não e muito menos por decreto. Mas por decreto é precisamente a norma instituída e aplicada até ao mais ínfimo pormenor pelas democracias a que se submetem gostosamente os políticos escolhidos a dedo justamente para esse fim. Todas as democracias, até o velho Reino Unido não escapa à regra, a sua elite política e empresarial está enterrada até à cabeça e um ex-primeiro ministro levou anos e anos a abusar de crianças levadas a si e a outra gente famosa da sociedade por um locutor-angariador-pedófilo, Jimmy Saville (amigo do Principe Carlos), que trabalhou na BBC durante 30 anos, com total conhecimento de quem o rodeava dentro e fora da BBC. Nem sequer o 'democratíssimo' Estados Unidos, onde um (pelo menos um, que se saiba e até agora ...) ex-presidente era/é pedófilo e onde a corrupção e a pedofilia grassa ao mais alto nível político-maçónico.
A democracia portuguesa não podia fugir à regra. E não foge em todos as suas áreas de actuação.