O Correio da Manhã de hoje, vulgo "a Coisa", reagiu assim ao editorial escrito com os pés pelo Coiso que dirige o JN. Preferiram não chatear mais o Camões...e deram-lhe apenas um espacinho de atenção, sem editoriais ou tomadas de posição da redacção. Deixaram-no sozinho na arena a bandarilhar o vento.
Como já disse, "eu sou CM".
Entretanto o problema que motivou o editorial de ontem do Coiso é contextualizado de um modo assustador, aqui, neste texto de Rui Ramos, no Observador.
Este assunto justifica todas as pretensas violações de segredo de justiça que porventura ainda existam por um motivo muito simples de entender: os atentados ao Estado de Direito não se devem compadecer com o respeito a um segredo que já o não é, ou seja, que já nem interessa para a preservação da prova no processo.
Por isso é um dever cívico denunciar, mesmo violando o segredo de justiça, este crime maior que foi o que está aqui explanado. É uma questão de sopesação de interesses públicos e privados. E o interesse público aqui exposto é demasiado sério e grave para não se discutir e questionar quem participou neste crime contra o nosso Estado de Direito.
É preciso lembrar o que disse o outro que agora preside a um grupo parlamentar quando confrontado com suspeitas ( nunca devidamente afastadas) que o envolviam no processo Casa Pia: "estou-me a c. para o segredo de justiça". Estava efectivamente a c. para esse segredo porque sobrepunha ao mesmo o seu interesse particular em defender-se de algo.
O país deve igualmente estar-se a c. para este segredo de justiça precisamente pelo mesmo motivo: é preciso que nos defendamos destes criminosos. Como país. Como povo. Esta gente não presta e tem que prestar contas.
Lemos o Correio da Manhã, e espantamo-nos. Menos com o Correio da Manhã, do que com o silêncio acerca do que o jornal desvendou
nas suas últimas edições. Trata-se, mais de uma vez, de José Sócrates. O
ex-primeiro ministro já foi acusado publicamente – e convém sublinhar o
publicamente — de conluios, cumplicidades e alinhamentos com
banqueiros, empresários e magistrados para, enquanto governante, se
apoderar de bancos (como o BCP), decidir grandes negócios (como a OPA da Sonae à PT), condicionar a comunicação social (no caso da TVI-Media Capital), e limitar a justiça (no processo Face Oculta). Tudo foi comentado e analisado a seu tempo (por exemplo, aqui).
O Correio da Manhã envolve-o agora numa operação, já depois da saída do
governo, para tomar conta de uma parte importante da comunicação social
portuguesa (através do domínio da Controlinveste, TVI, e PT).
Num editorial dramático, o jornal descreve mais este capítulo da saga
socrática como uma “grave ameaça sobre a liberdade de expressão e de
imprensa”, e chama-lhe um “novo atentado ao Estado de Direito”, recuperando a expressão do procurador João Marques Vidal no seu célebre despacho
de 23 de Junho de 2009. E de facto, tudo o que é revelado no Correio da
Manhã, mais o que consta há muito tempo, configura não só um padrão de
actuação, mas uma filosofia: a de alguém para quem o essencial da
política não é persuadir os cidadãos e debater com os adversários, como
nas democracias, mas acumular meios de controle, manipulação e
impunidade, como nas ditaduras.
Perante tudo isto, não basta tratar o Correio da Manhã como um jornal
“sensacionalista”, e confundir estas notícias com as revelações sobre o
fim do namoro do Ronaldo, de que não se fala nos salões bem-pensantes.
Também não basta dizer que há uma investigação judicial a decorrer, e
que não se pode tomar conhecimento do que transpira na imprensa. O
regime tem a obrigação de esclarecer se o que corre sobre alguém que
liderou um dos maiores partidos portugueses e governou este país durante
seis anos – e que, no que é politicamente relevante, vai muito para
além da chamada “Operação Marquês” — é ou não é verdade.
Se for verdade, teremos de reconhecer que a democracia portuguesa
enfrentou uma verdadeira conspiração a partir do poder, e que só a crise
financeira de 2010-2011, ao arruinar o socratismo, poupou o regime ao
domínio de uma facção sem escrúpulos e à confrontação política que
fatalmente resultaria desse domínio. Desde há 40 anos, ensinaram-nos a
reconhecer um golpe de Estado: o parlamento fechado com tanques à porta,
e um general de óculos escuros, na televisão, a anunciar a proibição
dos partidos e a censura à imprensa. Ninguém nos preparou para outra
hipótese: a degradação por dentro do próprio regime, através de
combinações entre os oligarcas para diminuir de facto a liberdade e a
transparência da vida pública.
E se não for verdade, se Sócrates nunca quis conquistar bancos, se
nunca fez negócios, se jamais influenciou magistrados, e se era alheio a
quaisquer manobras na comunicação social — para além de inocente dos
crimes de que é actualmente arguido –, então valerá a pena examinar como
é que, a partir dos tribunais e da imprensa, foi montada esta
mistificação sinistra, que fez um político democrático e honesto parecer
um émulo do Catilina de Cícero.
Por enquanto, este é um atentado à portuguesa, que aconteceu ou não
aconteceu conforme as opiniões. Mas vai sendo tempo de avançarmos para
além das “narrativas”. As narrativas servem apenas para cada facção dar
estrutura aos seus preconceitos e demonizar os adversários: Sócrates foi
um corrupto, que governou com o único objectivo de roubar; Sócrates foi
um grande líder reformista, que está a ser perseguido pelos juízes a
quem tirou uns dias de férias. Deixemos isto para socráticos e
anti-socráticos. Precisamos de factos. É uma urgência nacional.
O trabalho jornalistas e dos magistrados é fundamental. Mas José
Sócrates, o seu governo, a sua influência e a sua reputação começam a
justificar mais do que uma série de artigos de jornal ou processos
judiciais parcelares: o regime tem de confrontar directamente este
fantasma, e um dos meios para o fazer é um inquérito parlamentar, em que
todos os que tenham algo a dizer sejam formalmente questionados. O que
se passou em Portugal, ou melhor: o que se está a passar em Portugal? Se
não tivermos uma resposta, a pergunta ficará respondida da pior
maneira.
Hum, eu é que não vou cá em conspirações...
ResponderEliminarIsso é cousa de tarados da net...
Até prova em contrário o bácoro ia à boleia.
ResponderEliminardizem que araújo está a ficar mais elegante que o 'pritibói'
ResponderEliminarassisti-mos a tentativa de golpe de estado
tipo casamento à francesa
ou seja sem sangue
ainda ontem apareceu o julinho cesarzinho daquela colónia branca, que há muito devia ter sido obrigada a tornar-se independente
o segredo de polichinelo dura até à chegada de alguém
'é bom que conste'
Só para reportar que hoje, parei numa estação de serviço da A25 só para comprar o CM.
ResponderEliminarna Alta de Coimbra, começo de 50.
ResponderEliminarmorava uma muito conhecida velha dama:
'a coisa d'aço'
dizia-se que ainda fazia 'a sua pernminha'