Páginas

quarta-feira, janeiro 21, 2015

Director d´a Coisa responde ao Coiso

Correio da Manhã de hoje, página 11, uma colunita de resposta editorial misturada com as notícias do dia- roubos sequestros e tráficos de droga.

A propósito disto fica aqui a crónica de João Miguel Tavares no Público de ontem, com o título "Proença tem de se explicar". Salvo o devido respeito, nada tem que explicar porque está tudo devidamente explicado. O que tem é de ser responsabilizado, de alguma forma, porque durante o consulado dos governos do recluso 44 o que fez não é digno de figurar nos manuais para exemplificar o que deve ser a democracia. No caso de Proença, o crime mora ao lado, pelo menos...:

Se eu ainda sei ler português, diria que o director do Jornal de Notícias, Afonso Camões, admitiu ontem em editorial que em Maio de 2014 avisou José Sócrates de que estava a ser investigado pela justiça. As palavras de Camões são estas: “Dizem que o avisei que ia ser detido. E que terá sido em Maio, quando eu integrava a comitiva do presidente da República à China e a Macau. Ora, se o avisei, e se foi em Maio, eu era administrador e presidente da Agência Lusa. Logo, não estava jornalista, muito menos director do nosso Jornal de Notícias. E, pelos vistos, nem sequer havia processo. É verdade: disse-me um jornalista do grupo empresarial da Coisa [o Correio da Manhã] que a prisão de Sócrates estava iminente.”

Se eu ainda sei ler português, o resultado de Afonso Camões afirmar que soube em Maio da investigação, de não desmentir que avisou Sócrates, e de denunciar que foi alvo de escutas, só pode ser este: Afonso Camões está a admitir que alertou José Sócrates e a supor que isso ficou registado na investigação. E esta admissão, quer ele queira, quer não, é muito mais relevante do que as suas queixas (justas, sem dúvida) a propósito de uma nova violação do segredo de justiça. Mais: esta admissão, quer ele queira, quer não, acaba por credibilizar a história que o seu odiado Correio da Manhã publicou na sexta-feira e no sábado, e que o jornal i entretanto já garantiu ter confirmado junto das suas próprias fontes. Uma história tão grave que convinha não ser alegremente ignorada pelo resto da comunicação social, como foi durante tanto tempo ignorada a história de Paris e da Octapharma. Uma história que, mais uma vez, tem Daniel Proença de Carvalho como protagonista.

Porque o problema vai muito além de Afonso Camões, que no citado editorial afirmou ter “mais de 40 anos” de amizade com José Sócrates. Eu diria que tão longa amizade o deveria ter desaconselhado de aceitar, em Março de 2009, o cargo de presidente do Conselho de Administração da Agência Lusa – mas isso se calhar sou eu que sou muito puritano. Só que entre o meu excesso de puritanismo e a absoluta mixórdia de interesses há-de existir um ponto de equilíbrio. E é nesse exacto ponto que Proença de Carvalho começa a perder o pé, e que começa a dever-nos uma boa explicação.

O Correio da Manhã afirma que Sócrates incentivou – havendo escutas que o confirmam – Proença de Carvalho a negociar a compra da Controlinveste, da qual o advogado acabaria por se tornar presidente do conselho de administração. Além disso, via Proença, Sócrates teria tido algum papel na escolha de Afonso Camões para dirigir o JN e na tentativa de pressionar a ERC, via Carlos Magno, para deliberar contra o Correio da Manhã devido às notícias de Paris e da Octapharma, como efectivamente veio a acontecer em Fevereiro de 2014.

Proença declarou ao i que, “por dever deontológico”, não pode falar das “entidades” que patrocina ou patrocinou “enquanto advogado”. Só que o problema já não está nos patrocinados, mas no patrocinador. Na sequência das referidas notícias, José Sócrates processou 14 jornalistas (repito: 14) do Correio da Manhã, tendo como advogado o mesmo Proença de Carvalho que actualmente manda no DN, no JN e na TSF. O mesmo Proença de Carvalho que desta vez não aceitou representar Sócrates, apesar de ter sido para o seu escritório que o motorista ligou ao ser preso. O mundo de Sócrates está a desmoronar-se – e é demasiado tarde para Proença simplesmente virar costas enquanto assobia para o lado.


9 comentários:

  1. E nesta república DE bananas, este(s)senhor(es) continua(m) sem ser incomodado(s)"...
    Vivó Regime!...

    ResponderEliminar
  2. os DDTs são alguns:
    banqueiros, advogados, politicos de esquerda, jornalistas de causas

    esta escumalha conjuntamente com a dos sindicatos

    destruiram as bases da democracia burguesa

    não se queixem do futuro

    o Diabo pode estar atrás da porta

    ResponderEliminar
  3. Vejo agora porque estava vedado aos banqueiros, advogados e prostitutas a constituição de trade-unions nos US nos fins do sec. 19. Eram consideradas profissões socialmente perniciosas...

    ResponderEliminar
  4. Insurgente

    A Alêtheia Editores lançará em Portugal neste primeiro semestre o livro “Esquerda Caviar”, do economista e blogger brasileiro Rodrigo Constantino, com prefácio do João Pereira Coutinho. Publicado no Brasil pela Editora Record, o livro é bestseller cá do outro lado do Atlântico.

    ResponderEliminar
  5. E por aqui vou sabendo o que se passa na pseudo-informação e sub-informação bem oficiais...

    ResponderEliminar
  6. "Como Sócrates e os seus capangas".
    Gosto!
    Faltam jornalistas para porem os nomes aos bois. Nem que sejam jornalistas.

    ResponderEliminar
  7. Este Octávio não é homofóbico.

    ResponderEliminar
  8. Este Octávio parece ser mesmo jornalista, mesmo que fosse em tempos desportivo como o Marcelino. Mas é vinho de outra pipa.

    ResponderEliminar
  9. Este Octávio desde que se verteu «diretor» deve ser com mais propriedade Otávio.
    É só uma outra maneira de ser pau mandado...
    Cumpts.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.