Quanto a mim, os melhores exemplos para compreender a mutação operada em Portugal durante as décadas de sessenta e setenta do século passado estão expostos na imprensa da época.
Os jornais de então, mau grado a censura a que estavam sujeitos, espelhavam melhor a sociedade que tínhamos do que hoje.
O jornal Expresso, por exemplo, aparecido em Janeiro de 1973 era um símbolo da maior alteração operada após a morte de Salazar e o regime que Marcello Caetano continuou, a que chamou "evolução na continuidade", tendo essa evolução sido isso mesmo. Um dos indicadores dessa evolução era o económico. O país de Marcello Caetano desenvolvera-se económicamente a um ritmo superior a uma média europeia e havia já "quadros", gestores e professores que tinham ido "lá fora" aprender o que de melhor se fazia, para praticarem cá dentro.
O crescimento económico do país suscitava olhares para o exterior e o reflexo de sociedades como a anglo-saxónica e europeia ocidental, mais desenvolvidas e economicamente ricas provocava desejos de imitação de modelos políticos mais abertos à participação de todos os cidadãos e com menos restrições de algumas liberdades fundamentais, como a de expressão do pensamento. O nosso não era igual porque vinha do passado de Salazar, tinha encargos com guerras de soberania nacional e havia uma evolução a cumprir que tardava em se resolver.
Por outro lado havia ideologias que ofereciam soluções de bandeja e apelativas como foram para outros povos que descobriram o logro muito antes de nós. Tal como agora os syrizas de todos os matizes fazem.
Um dos reflexos que esse Expresso de 1973 dava do que éramos na época, está aqui, na publicação em 8 de Setembro de 1973 de uma "mesa-redonda", aliás bem quadrada como se pode ver na imagem...
Lendo o que pensavam as personalidades em causa, todos de uma área que já fizera a mutação do tempo de Salazar para o de Marcello Caetano, com ideologia essencialmente social-democrata ( mesmo Lopes Cardoso, socialista) podemos reflectir como é que no ano seguinte as ideias que perfilhavam sobre a nossa economia, se modificaram radicalmente e desaguaram num desastre sem paralelo nas últimas décadas em Portugal.
É para essa questão que ando a tentar encontrar resposta.
Para não se tornar fastidiosa a publicação de todas as páginas fica a primeira e a última onde se coloca o problema dos "grupos económicos", designadamente a CUF e outros. É ler o que se dizia então que até arrepia pela curteza de vistas ou pela ignorância dos efeitos que se viriam a provocar na sociedade portuguesa após o 11 de Março de 1975, com a adopção das ideias comunistas de governação económica que aliás nunca chegaram a funcionar completamente ( então é que seria bonito...).
Lendo o que então se disse é inevitável a pergunta: como é que se mudou tanto em tão pouco tempo? Como é que sucedeu esta revolução psicológica em quem dava sinais de ter o bom senso e a maturidade necessária para que tal nunca sucedesse?
Para esta mutação não há explicação de "perda de ânimo" que resista...
Caramba, já estavam estrangeirados "sociais democacas".
ResponderEliminarE com o jacobinismo da panca do problema ser a tradição católica.
As cartilhas importadas são tramadas.
Já falam nas pequenas e médias empresas e pensavam que não poderiam existir sem haver as grandes.
ResponderEliminarTudo ao contrário do que o comunismo dizia e diz, tal como os syrizas.
Mas o Rogério Martins com aquele exemplo da clarividência de Franco e do fascismo era hoje um cainesiano de esquerda
ResponderEliminar":O))))))
As voltas que as coisas dão.
E é mesmo aqui- na forma de estimular a economia que tudo reside.
Não lhes agradavam os "grandes grupos económicos"- era preciso mais Estado.
Consequência- Veio a Reforma Agrária e ninguém travou.
O José tem por aí intervenções do Lopes Cardoso, pouco tempo depois do 25A, acerca da economia nacional?
ResponderEliminarEra engraçado comparar as falas num curto espaço de tempo.
Tenho, claro que tenho e vou procurar.
ResponderEliminarNo entanto, no caso do Lopes Cardoso a cartilha foi automaticamente renovada após o golpe. As "condições objectivas e subjectivas" como diz o PCP passaram a ser outras...
ResponderEliminarWerner Karl Heisenberg ganhou o PN da física quando eu tinha um ano
ResponderEliminarestabeleceu as bases da física quântico
do descontinuo,
tudo se faz por saltos
na minha vida assisti a diversos saltos quânticos de várias gerações
cada uma dela tinha o seu socialismo
os portugueses têm necessidade de um pai que os sustente
'teúdos e manteúdos'
Pois é.
ResponderEliminaro MES fez muita trampa
A mutação foi de passar-se de um país independente e soberano para paus mandados e baixa cuecas e de tal maneira que nunca cuidaram do futuro.Desde logo na educação e depois nos "tratados" em que se deixaram gloriosamente aldrabar estando hoje o zé povinho em concorrência com que de mais pobre houver no planeta e que aliás os iluminados modernaços o convidam agora e só cá dentro a fazer uma "raça mista" nos imensos bairros sociais multiculturais por nossa conta
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