Já por aqui tenho escrito sobre o que foi o 28 de Setembro de 1974, o dia do começo oficial do PREC.
Um dos protagonistas, na altura com 17 anos ( eu tinha mais um...) deu agora à estampa um livro sobre esse acontecimento e que vai ser lançado amanhã, no auditório do colégio Valsassina, em Lisboa.
A notícia e entrevista é do jornal O Diabo de ontem.
Não sabia do livro, tentarei comprar. Agora está difícil para mim.
ResponderEliminar40 anos depois, lá começa a emergir qualquer coisa acima da muralha desinformativa.
ResponderEliminarEle também defende que o golpe de Estado tinha o objectivo de alienar as províncias ultramarinas. Coincide com a perspectiva do Muja, creio.
Mas essa versao quanto a mim prova demais.
ResponderEliminarO golpe teve esse objectivo e outros. O principal foi devolver uma Liberdade que de facto nao existia como devia e o regime poderia ter garantido.
Foi esse o erro de Marcello Caetano.
Ainda não li.
ResponderEliminarMas ó José, quem, concretamente, fez o golpe para devolver essa evasiva Liberdade?
O Costa Gomes? Os capitães lateiros?
O Spínola, ainda lhe dou o benefício da dúvida porque ele realmente agiu como um ingénuo, para não dizer mais por respeito ao que fez antes.
Quem, afinal?
E pergunto a sério, porque, posso ser eu o cínico, mas francamente não vislumbro ninguém...
De qualquer maneira, penso que já ninguém tem dúvidas acerca de quanto ou no que mandava o Spínola: nada.
ResponderEliminarEm relação a Caetano, se podia ou não garantir essa liberdade, não me parece que fossem assim favas contadas.
Em Março, já Costa Gomes e Spínola tinham feito o que, para todos os efeitos, era um golpe de estado. Mas queriam que Caetano desse a face, o que ele recusou dizendo-lhes que, se queriam mandar, então que tomassem o poder. E foi o que fizeram no mês seguinte.
Isto teve que ver com liberdades? Se não houvesse censura ou DGS teriam as coisas sido diferentes? Só podemos especular, mas eu creio que não. Só seriam diferentes, a meu ver, se o Governo tivesse enveredado por um caminho que inevitavelmente levasse à independência sem domínio português, ou pelo menos tergiversado de forma que se pudessem precipitar os acontecimentos com vista ao mesmo fim...
Fui confirmar o programa do MFA. Na primeira página não aparece "liberdade" escrito em lado nenhum...
ResponderEliminar"Se não houvesse censura ou DGS teriam as coisas sido diferentes?"
ResponderEliminarTinha. E ainda mais se os militares não estivessem descontentes com os que vinham dos liceus e apanhavam logo divisas de aspirantes e ao chegar à guerra eram logo alferes.
Isso foi o rastilho
a revolução a caminho do socialismo
ResponderEliminarteve para duas 'vertentes'
quer por parte dos militares quer dos politiqueiros
entregar as colónias
assaltar o estado e, por conseguinte, meter meter os amigos em lugares-chave e a 'mãozinha' na carteira dos pagadores de impostos
Tem razão. Não fala em Liberdade mas fala nas consequências da liberdasde: abolição da Censura e do Exame Prévio e amnistia imediata de todos os presos políticos.
ResponderEliminarPara além disso, a extinção imediata da DGS, Legião Portuguesa "e organizações políticas de juventude" ( sic).
O que significa tudo isso senão a devolução da Liberdade que faltava com isso?
a ausência de liberdade advinha da existência da polícia política, da proibição de reunião para fins políticos de oposição de esquerda e ainda da Censura, além do mais.
ResponderEliminarEu sei porque vivi esse tempo. E aqui tenho feito a resenha da época sem esquecer como era.
Não devo obliterar a realidade tal como não gosto que agora a obliterem.
Para sustentar o que digo basta ler o postal que coloquei com passagens do livro de Alçada Baptista com Marcello Caetano em que este fala desses aspectos de falta de liberdade e dá justificação para tal.
Mas por acaso o programa do MFA até fala mesmo em liberdade:
ResponderEliminarnas "medidas a curto prazo" fala no ponto 5, al.b) na "liberdade de reunião e associação" expressamente.
E na c) fala também em "liberdade de expressão e pensamento de qualquer forma".
Portanto, nisto não tem razão.
o 'purgama' do mfa era uma papeleta para enganar tolos
ResponderEliminarnão há ditaduras de civis
Caetano não tinha qualquer hipótese.
as forças armadas, com ou sem guerra, tinham outras ambições
empurraram-nos do 20º andar
e estamos estatelados no passeio prontos para ser servidos em hamburgers
O golpe do 25 de Abril foi uma coligação negativa de militares radicais de esquerda, comunistas, socialistas e conservadores (como Sanches Osório) unidos apenas para encontrar uma solução para a Guerra, restituir as liberdades e isso só era possível com o derrube de Marcello Caetano e Américo Tomás.
ResponderEliminarObviamente que depois do golpe aconteceu o que aconteceu: uma crise de Estado em que os comunistas (mais organizados) conseguiram levar avante o plano de abandonar as colónias a favor da União Soviética e falharam o plano organizado de tomada de poder na Metrópole, conseguindo em primeiro lugar dominar os Sindicatos (já do tempo do Caetano, não esquecer), depois conseguindo colocar Vasco Gonçalves a PM, depois dominar quase toda a Comunicação Social, falhando na não realização de eleições para a Constituinte (Costa Gomes aqui foi decisivo) e posteriormente na resistência organizada pela Igreja, sociedade civil e partidos moderados a partir do Norte do País.
A partir daí o PC entrou em desespero, coligando-se com a extrema-esquerda em Agosto de 1975 (e essa aliança falhou logo) e depois até Novembro jogou-se o jogo do gato e do rato, terminado com o pateta do Otelo a tentar um golpe em 25 de Novembro.
X:
ResponderEliminaressa é também a minha análise.
Com uma nuance:
ResponderEliminarOs tais militares radicais de esquerda, alguns deles nem isso eram, mas apenas idiotas úteis, como Salgueiro Maia, o desgraçado.
E outra nuance:
ResponderEliminarno 25 de Novembro de 75 a autoria do golpe não é do Otelo, mas da extrema-esquerda em geral com o apoio tácito do PCP que aproveitaria a vantagem se a mesma se verificasse. Mas não verificou porque Jaime Neves e Ramalho Eanes impediram de facto a manobra golpista.
Não me convencem.
ResponderEliminarA minha referência à liberdade no programa do MFA era para ilustração. E ilustra bem, porque é preciso andar à cata dela... O Ultramar vem logo chapado ao início.
Ninguém contesta que quisessem alguns - concedo até a maioria - fazer todas essas coisas e restituir essas liberdades. Mas eu pedi nomes e ninguém mos deu.
E essa questão da liberdade tem muito que se lhe diga porque era exagerada e inflamada, como se vê pelos documentos, e como hoje não é.
Hoje também há restrições à liberdade na Europa, não tão diferentes - e cada vez menos - das que havia na altura. A diferença está entre a propaganda que dominava antes e a que domina agora.
O Ultramar era o cerne da questão. O resto era, penso, acessório ou, para empregar novilíngua, dano colateral.
Amanhã tentarei sintetizar melhor os argumentos que sustentam essa hipótese, a meu ver. A ver se concluímos alguma coisa.
ResponderEliminarmuja:
ResponderEliminarEu tenho memória viva desse tempo e não está adulterada pela passagem do mesmo, antes pelo contrário, uma vez que ao longo destes últimos 40 anos fui reavivando o que tinha esquecido de pormenores. Porém, houve sempre uma ideia que me ficou desde então e que já expliquei uma vez porque é paradigmático o exemplo que dei.
Poudos dias depois de 25 de Abril de 1974, encontrei um padre meu amigo, antigo prefeito e que era do mais "reaccionário" ( para utilizar a linguagem comunista) que se poderia encontrar.
Falamos junto a uma livraria Bertrand, lembro-me como se fosse hoje e o tal padre morreu há poucos meses.
O que ele me disse então ficou gravado:
"Sabes, M. isto estava muito aferrolhado e era preciso descomprimir". Foram estas palavras ou outras com idêntico significado.
Quem viveu nesse tempo sabe bem que o ambiente era propício às pessoas ambicionarem um pouco de mais liberdade, por vários motivos que se podem resumir:
No estrangeiro havia essa liberdade, por exemplo em França e as pessoas apercebiam-se disso.
Ha via filmes, livros e discos que não eram permitidos por cá. Muito poucos, é certo mas contavam.
As músicas do tempo e o trabalho de sapa da esquerda nos media de então era fulcral para a maioria sentir essa necessidade.
Um dos gestos mais emblemáticos do dia 25 de Abril de 1974, à noite, na tv tem a ver com o Filaho Gouveia aparecer sem gravata. No espectáculo de 26 de Março de 74, no Coliseu dos Recreios em que apareceu a fina flor dos cantores revolucionários de então e também Carlos Paredes, alguém gritou para o palco quando o mesmo se encontrava a dedilhar a guitarra: "tira a gravata, pá!"
Quando vi o Tsipras sem gravata percebi logo o sinal...porque é isso mesmo.
Estes sinais são importantes para entender o tempo e o 25 de Abril surgiu por causa disso tudo, com pretexto imediato na Guerra do Ultramar.
José, eu compreendo-o. E não ponho em causa a fiabilidade da sua memória.
ResponderEliminarPorém, o que já posso pôr em causa é a fiabilidade - ou a justiça - da percepção que as pessoas tinham naquele tempo.
E faço-o porque a minha percepção neste tempo é que, naquele, bem vistas as coisas, havia mais liberdade.
Liberdade política, há a mesma - houve apenas uma troca entre o que é permitido. Aliás, provavelmente até havia mais porque, como deve saber, por essa Europa fora já se proíbem espetáculos e censuram artistas por causa das opiniões políticas que nem precisam de ser expressas. Em Portugal talvez não, mas também não há necessidade porque não há ninguém sequer que não se auto-censure. Quando houver, penso que assistiremos a casos semelhantes.
De resto, liberdade de viver, nem há comparação. Vivemos num estado, para todos os efeitos, policial. A quantidade de regulações e de vigilância é muito maior. A necessidade económica limita o resto. Até o fenómeno da emigração se agravou!
Basta olhar para fotografias do quotidiano da altura para se ter a impressão que a malta vivia mais a l'aise... ou menos stressado se preferir...
E, porém, não vemos o pessoal por aí a estrebuchar... Se na altura era preciso descomprimir, então agora deve estar tudo para estoirar...
Qual a diferença? No meu entender, a propaganda. Hoje, não interessa a quem tem poder para isso propagandear a falta de liberdade, antes pelo contrário. Na altura interessava.
A propaganda molda a percepção.
Mas podemos ter uma certa ideia de como se passariam as coisas se houvesse essa liberdade olhando para o Maio de 68.
ResponderEliminarEra o que, suspeito, se passaria se houvesse liberdade para tal.
A agitação e a desordem sociais atingiriam um ponto tal que o Governo seria forçado a sair e no seu lugar posto um que entregaria o Ultramar.
Isto, claro, se a tal "liberdade" não tornasse impossível, desde logo, sustentar uma defesa eficaz dos territórios.
Ou seja, com a liberdade a guerra seria mais curta. Muito mais. Mas o resultado seria o mesmo.
"... abolição da Censura e do Exame Prévio e amnistia imediata de todos os presos políticos.
ResponderEliminarPara além disso, a extinção imediata da DGS, Legião Portuguesa "e organizações políticas de juventude" ( sic).
O que significa tudo isso senão a devolução da Liberdade que faltava com isso?"
Mas e o José acha que 'esta' democracia nos trouxe de facto aquilo a que se chama a verdadeira liberdade em todas as suas vertentes??
O que quer então dizer a censura (encapotada) que hoje existe em todos os orgãos de informação falados e escritos, em que os jornalistas estão atados de pés e mãos e portanto sem autonomia - por falta de autorização pelos poderes instituídos - para poderem expressar-se em verdadeira liberdade? Sem esquecer os intelectuais, artistas plásticos, escritores, actores, etc., todos convertidos ao esquerdismo, uns por oportunismo, outros por interesses obscuros porém perfeitamente detectáveis?
E então que dizer da oposição hipócrita e falsa como Judas que (antes e depois de tomar d'assalto o poder) levou anos a acusar o anterior regime de possuir uma polícia política torcionária e brutal e num repente, com a famigerada liberdade devolvida ao povo, não é que nos deparamos com uma nova polícia muito mais maléfica e perniciosa do que a do Estado Novo (esta conhecíamos perfeitamente o seu estatuto e as missões que lhe eram atribuídas: a defesa intransigente da Pátria em toda a sua extensão territorial, bem como do Regime, dos Governantes e do Povo Português, barrando a entrada no País a traidores e conspiradores e, caso apanhados cá dentro a desenvolver actos subvertidos, a prendê-los, apesar de e tràgicamente para Portugal, muitos dos quais deixados à solta) porque camuflada por milhares d'espiões muito mais perigosos que os "bufos" d'outrora - como então eram designados pela 'libertadora e santa' oposição - porque estes, pelo contrário, não prendem e julgam quem fizer frente ao regime ou a quem nele manda (o que não estranhamente o fizeram em barda após a tal libertação do regime opressor...) , limitando-se
a desfazerem-se deles a mando superior, utilizando métodos sofisticados e bárbaros, rigorosamente planeados e cirùrgicamente aplicados caso a caso, como é prática usual pelas seitas maçónicas cujos respectivos governantes se regem religiosamente cá e em todas as democracias do mundo.
(cont.)
Os argumentos que sugerem que o objectivo principal - sine qua non - do golpe de estado de 25 de Abril era liquidar a defesa portuguesa dos territórios e populações de Angola, Moçambique e Guiné são:
ResponderEliminar- O Ultramar foi entregue.
- Havia clara diferenciação entre os territórios, sugerindo objectivos específicos e não uma vontade geral ou desinteressada de "libertar" como indicia o abandono de Timor e a própria sugestão de que seria território indonésio.
- A entrega foi, no essencial, um processo militar sob firme comando militar. As figuras de urso dos Soares, Santos e cia. ltda. provam-no.
- Uma vez desencadeado, verificou-se que havia preferência por uma das partes beligerantes em cada território e planos para a auxiliar. Portanto, não só o objectivo era entregar, como aparentava ser também assegurar a entrega a uma parte específica.
- As propaladas liberdades sociais foram imediatamente abolidas sob pretexto revolucionário até à conclusão do processo de entrega, particularmente nos aspectos e pessoas que podiam contribuir para o põr em causa.
- O cabecilha do golpe de estado tinha sido, não havia um mês à data do golpe, o militar chefe máximo da hierarquia militar.
- O cabecilha do golpe tornou-se comandante supremo das FA durante o período da entrega.
- As visitas ao Ultramar do cabecilha do golpe são coincidentes com agitação social envolvendo as FA ocorrida no territórios visitados.
- As condições a que foram sujeitas as Forças Armadas Portuguesas durante o processo foram de extrema humilhação e indignidade, invalidando o pretexto corporativo.
Foi toda essa proibição que criou os mártires e heróis da extrema-esquerda.
ResponderEliminarE o papel da extrema-esquerda no PREC é capaz de não ter sido menor que o do PCP.
Mas creio que na primeira república as associações de cidadãos também necessitavam de aprovação jurídico-administrativa.
ResponderEliminarPortanto, não terão restituído
(quanto ao "acha que" desta nova censura encapotada, é demagogia porque não é isso que está em causa mas uma proibição jurídica).
Zazie,
ResponderEliminarna França "livre" não houve mártires e heróis da extrema-esquerda?
Quanto a demagogia, não estão proibidos os partidos "fascistas" pela constituição?
"Mas e o José acha que 'esta' democracia nos trouxe de facto aquilo a que se chama a verdadeira liberdade em todas as suas vertentes??"
ResponderEliminarNão é isso que está em causa, embora houvesse muito que dizer sobre "esta" democracia.
O que está em causa é a explicação concreta para o golpe do 25 de Abril.
No meu entender, mais que tudo foi um acto para ter maior liberdade em que a questão do Ultramar foi fulcral e o pretexto fundamental.
Quanto ao que fizeram com essa tal Liberdade estou de acordo que a estragaram mas também não me parece que tenha sido a extrema-esquerda e o PCP os obreiros de tal.
Foi o jacobinismo e a mediocridade que se instaurou em Portugal como norma de vida e princípio de Estado.
E quase formalizado porque muitas leis que temos são o reflexo directo disso mesmo.
1- Não tiveram o efeito que tiveram e ainda têm por cá.
ResponderEliminar2- O programa do MFA não foi feito a pensar no que depois se proibiu constitucionalmente.
Estamos a falar de questões que não eram permitidas por lei.
E, como eu disse, creio que na primeira república também o não eram.
Sim. Completamente. O jacobinismo está à vista.
ResponderEliminarMas Vossências estão a dar-me um pretexto magnífico para começar a figurar como antifassista...ahahaha.
ResponderEliminarE vou aproveitar porque é preciso equlibrar os pratos desta balança e ver mais além do que as aparências.
ehehehehehe
ResponderEliminarPor aí passo-lhe a perna
":OP
(conclusão)
ResponderEliminarBem fez Salazar em mantê-los bem longe do País enquanto foi Governante, ele que os conhecia como as palmas das suas mãos. O erro mais grave cometido por Marcello Caetano foi ter-lhes permitido o regresso ao País, dando origem à tragédia subsequente de dimensões bíblicas.
Que não havia liberdade durante o Estado Novo? Claro que havia. Só não havia liberdade para reuniões secretas e conspirativas contra a Pátria. Que havia censura nos jornais? Pois havia, mas só no que se relacionasse com notícias difamatórias sobre o Regime ou a favor dos regimes e opositores comunistas (extremo-esquerdistas incluídos) e socialistas/maçons.
E, evidentemente, como Povo gozávamos de um bem inestimável e sem comparação possível entre os dois regimes, com todos os defeitos que o anterior pudesse possuir. Não havia violência no País, não havia droga espalhada de norte a sul de Portugal, não havia crime organizado (a começar e a acabar no próprio regime que o consente e incentiva), não existiam redes de prostituição nem criminosas de toda a espécie e feitio. E o mais importante de todos os bens a que um Povo obrigatòriamente tem direito: HAVIA PAZ. Paz essa que transmitia aos portugueses uma felicidade e a uma alegria de viver indefiníveis e sem preço.
Se é preferível a pretensa liberdade que este regime nos trouxe, por sua vez acompanhada de uma violência inaudita, de traficâncias de todo o género, de corrupção institucional, de droga importada em quantidades industriais por sua vez destruidora de toda uma geração de jovens e por arrasto de outras tantas famílias, do crime organizado patrocinado pelo próprio Estado e do suicídio anual de milhares de portugueses destroçados, infelizes e sem norte, consequência directa de uma existência amedrontada, triste e amargurada e sem perspectivas de melhoria futura...
... ou se, pelo contrário, é preferível viver sem a liberdade de que era acusado o Estado Novo, mas em contrapartida ter trabalho fixo para a vida, viver em segurança e sem violência, viver com alegria genuína sinónimo iniludível de uma felicidade que nos conforta o coração e nos aquece a alma em cada um e em todos os dias das nossas vidas? Por mim prefiro prescindir de todas as benesses oferecidas por um regime que nada de bom nos trouxe, antes e sòmente amargura, tristeza, infelicidade, destruição e crime, sem esquecer o sangue derramado de milhões d'inocentes.
Se para viver em democracia tiver que pagar o preço de co-existir com a corrupção, violência e crime, nos quais políticos e ex-governantes estão implicados até à raíz dos cabelos e por mimetismo o cidadão comum, fruto de um sistema/regime desnaturado e satânico por natureza (porque maçónico), não obrigada.
O programa do MFA não foi feito a pensar no que depois se proibiu constitucionalmente.
ResponderEliminarComo sabe V. naquilo que pensava quem fez esse programa se nem se sabe, concretamente, quem o fez?
E eu penso que sois vós quem se está a deixar enganar pelas aparências. Porque, afinal de contas, o que hoje em dia é aparente é que o 25A foi realmente uma revolução (não foi, foi um golpe de estado a que se seguiu uma revolução) com vista trazer essas liberdades (que não trouxe, foi outro 25, de Novembro, que o fez) e que o cessar da defesa ultramarina foi quase um acaso, um acidente... Tanto que quando se comemora a data, o ênfase vai quase todo para a liberdade e poucas vezes para a descolonização...
E gostava que respondessem aos argumentos que eu escrevi, porque senão nunca saímos do vago...
ResponderEliminarJosé,
ResponderEliminarde facto tem razão, em 25 de Novembro o Otelo estava como esteve o PCP, à espera do lado para que caísse o golpe, liderado pela estrema-esquerda dos Durões Clementes e companhia. Ramalho Eanes, Jaime Neves foram fundamentais, e não esquecer o papel de Pinheiro de Azevedo no sentido de forçar uma clarificação em definitivo do sentido da «revolução».
Foi pena ter-se quase destruído um sistema económico no meio deste processo, mas se este foi o preço a pagar por não haver uma guerra civil e/ou um domínio comunista em Portugal, apesar de tudo, valeu a pena.
Quanto ás colónias, é um tema muito difícil. A solução proposta por Spínola era a ideal, porém, veio tarde de mais. Em 1961, com o apoio dos americanos, estou em crer que daria resultado. «Bastava» para isso que o golpe de Botelho Moniz tivesse tido sucesso.
Obrigado pela correcção.
"Quanto ás colónias, é um tema muito difícil"
ResponderEliminarClaro que era muito difícil e por isso Marcello Caetano o não resolveu. Mas estava no bom caminho e por isso o admiro.
Se tivéssemos mais seis anos, sei lá, até ao fim da década de 70 teríamos uma transição melhor que a Espanha.
A Espanha deixou o franquismo e não há saudosismos porque evoluiram. Nós estagnamos com esta cambada cujo último exemplo é o 44...
ResponderEliminarmuja:
ResponderEliminarEsqueça. Não há pachorra para quando v. quer desconversar.
Azar o seu. A paciência é a maior das virtudes, já dizia Confúcio.
ResponderEliminarEstão aí os pontos que é o que realmente me interessa discutir.
Refira-se a eles se quiser. Se não quiser, o preço é o mesmo.
V. desvia o assunto para onde quer mas eu não tenho de ir atrás.
ResponderEliminarEu desvio o assunto? Estão aí os pontos que sintetizam as razões pelas quais eu sou da opinião que o 25A se fez principalmente para terminar a defesa do Ultramar que era o assunto inicial e ainda ninguém a eles se referiu.
ResponderEliminarPhónix|
ResponderEliminarEu não comentei nada disso.
Apenas me referi ao detalhe de estarem a dizer que censura também ainda há, mesmo encapotada e mais não sei quantos.
A questão não era essa. Era proibição por lei.
O resto não comentei em momento algum, não tenho agora de comentar.
Concordo com o comentário do Muja das 13.30.
ResponderEliminarO alfa e o ómega do 25 de Abril é militar.
Para além dos argumentos apresentados, veja-se o que aconteceu no próprio dia: uma parte das Forças Armadas, pequena e comandada no terreno por oficiais que pouco se destacaram anteriormente, assume o controlo do País. Às 5 da tarde desse dia, o grosso das Forças Armadas assiste de braços cruzados ao desfile protagonizado por recrutas das escolas práticas, com fraquíssima experiência de combate. Dois batalhões de páras estacionados na Metrópole eram suficientes para acabar com a sublevação, para não falar nos efectivos da GNR disponíveis.
O que se passou foi o que o chefe real das forças armadas quis que acontecesse. E note-se que, enquanto a maioria das perseguições a políticos e empresários se dá após o 28 de Setembro, o topo da estrutura militar é varrido logo após o golpe de Abril.
Miguel D
E a smoking gun, claro:
ResponderEliminarUns dias depois da entrega de Angola acaba o Prec no 25/11.
Miguel D
Pode sempre sustentar-se que o móbil do golpe militar de 25 de Abril foi o Ultramar, porque efetivamente o assunto foi o mais imediato e o programa do MFA começa logo por aí.
ResponderEliminarA apoiar a tese desde logo existe o lançamento de Portugal e o Futuro de Spínola.
Mas é precisamente por causa disto que se pode questionar a tese de que o Ultramar e a sua entrega "de graça" ao comunismo pró-soviético, foi a razão primeira e última do golpe.
Spínola podia ser tudo menos comunista e embora quisesse terminar a guerra no Ultramar não o pretendia fazer de qualquer maneira como depois se fez.
O que dá alento á tese conspiracionista será a sucessão de eventos logo em 1974, com o PCP e a esquerda comunista mais a socialista aliados para entregar o Ultramar de qualquer forma e feitio por causa de não sermos acusados de "colonialismo".
Mário Soares e Almeida Santos quiseram resolver o problema convocando todos os movimentos de libertação e o que deu foi a guerra civil.
Foi esse o génio desses heróis que não leram o que Salazar e Caetano tinha escrito e profetizado e que afinal de contas condicionava a política do Estado Novo e do Estado Social: evitar o comunismo.
"Uns dias depois da entrega de Angola acaba o Prec no 25/11."
ResponderEliminarCá temos a teoriazinha de conspiração.
O PREC acabou por iniciativa própria dos envolvidos?
Ou tudo se conjugou num ano e meio de luta política e social que acabou na derrota do comunismo esquerdista e também de uma suposta direita que nunca mais teve direito de cidade?
ResponderEliminarQuem ganhou no 25 de Novembro foi o bloco central. Que dura até hoje.
É esse bloco central quem reescreve a História, com a participação activa da esquerda comunista que logrou o mais importante: modificar a linguagem designativa dos fenémenos políticos.
ResponderEliminarE quem domina o discurso manda na política.
Afirmar que o Ultramar é o alfa e o ómega do 25 de Abril é reduzir o fenómeno social a um estudo intelectual tipo tese de mestrado.
ResponderEliminarProcura-se provar um ponto acumulando dados e elementos dispersos que aparentemente conduzem ao resultado desejado.
Por mim, discordo desse ponto de vista, pelo que tenho escrito por aqui.
A realidade vivida em Portugal até ao 25 de Abril de 1974 era mais complexa do que parece e até mais interessante, principalmente na Economia.
Esse é que era um fenómeno fantástico que perdemos e não queremos entender como se materializava.
José,
ResponderEliminarCreio que neste particular discordamos.
Não me entra na cabeça que um regime conservador/autoritário, historicamente ligado 'as FA seja derrubado pelas mesmas FA por razões político-ideológicas. A causa pode ser política sim, mas político-militar. Aliás, eu disse que o alfa e o omega do 25/4 'e militar, não o Ultramar.
E não acho que ligar Angola ao 25/11 seja teoria da conspiração, 'e mais teoria do equilíbrio de poderes.
De qualquer forma, sempre um gosto ler o que escreve.
Miguel D
"ligar Angola ao 25/11 " não é teoria de conspiração alguma. O que aparenta a tal é ligar o 25/4 apenas à questão da guerra no Ultramar e querer provar isso mesmo, com o 25/11 e com outros factos da época que podem ter outra interpretação.
ResponderEliminarComo disse, a guerra no Ultramar foi o pretexto para a intervenção militar num regime que estava cansado e sem sinais de abertura para uma novidade que se exigia.
Enquistou numa política que mesmo estando correcta não tinha condições para se desenvolver como se desenvolvia. E foi isso que Spínola escreveu e por isso deu azo ao MFA.
Mas é precisamente por causa disto que se pode questionar a tese de que o Ultramar e a sua entrega "de graça" ao comunismo pró-soviético, foi a razão primeira e última do golpe.
ResponderEliminarA razão primeira, a meu ver, foi fazer cessar a defesa portuguesa do Ultramar, que impedia não só os soviéticos, como todos os outros.
Entregar aos soviéticos em particular não se podia garantir, mesmo que fosse esse o objectivo derradeiro ou, pelo menos, seguinte.
Spínola podia ser tudo menos comunista e embora quisesse terminar a guerra no Ultramar não o pretendia fazer de qualquer maneira como depois se fez.
O Spínola que foi afastado em 28 de Setembro...
Mário Soares e Almeida Santos quiseram resolver o problema convocando todos os movimentos de libertação e o que deu foi a guerra civil.
A guerra já lá estava. Os movimentos já se combatiam uns aos outros. Passou a ser civil porque foram reconhecidos como legítimos representantes do povo - o que é, em si mesmo, um absurdo. Não representavam senão as potências que os sustentavam.
Cá temos a teoriazinha de conspiração.
O PREC acabou por iniciativa própria dos envolvidos?
Não sabemos. Não deixa de ser, porém, verdade a coincidência. Como é coincidência que o cabecilha da revolução tenha assumido o poder depois de afastar o testa de ferro inicial quando este deixou de ser útil... Coincidência não é necessariamente causalidade, mas pode ser...
Procura-se provar um ponto acumulando dados e elementos dispersos que aparentemente conduzem ao resultado desejado.
Não. Não se procura provar um ponto, mas simplesmente procurar a explicação mais verosímil. Que o, para todos os efeitos, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas faça um golpe de estado para dar "liberdades" políticas a uma minoria revolucionária, num país em guerra contra essas mesmas forças, não me parece verosímil.
Mas, por exemplo, o eng. Jorge Jardim afirma claramente que sempre que Gomes da Costa visitava Moçambique havia agitação e incidentes graves envolvendo militares.
ResponderEliminarOra se o objectivo era um golpe para devolver as liberdades, e não para prejudicar a defesa do Ultramar, qual é a explicação para isto?
É que a questão é mesmo esta:
ResponderEliminarComo disse, a guerra no Ultramar foi o pretexto para a intervenção militar num regime que estava cansado e sem sinais de abertura para uma novidade que se exigia.
Enquistou numa política que mesmo estando correcta não tinha condições para se desenvolver como se desenvolvia. E foi isso que Spínola escreveu e por isso deu azo ao MFA.
Isto não explica absolutamente nada.
O que Spínola escreveu já tinha sido analisado e comentado. Por exemplo, aqui:
http://ultramar.github.io/estrategia-estrutural-portuguesa.html#3-contradicoes-da-estrutura-politico-administrativa-actual
A solução federalista não era uma solução. Não oferecia garantias nenhumas e era um pretexto para precipitação dos acontecimentos, como bem explica Franco Nogueira nos Diálogos Proibidos...
A duas únicas saídas que garantiam alguma coisa eram ou a integração ou a autonomia progressiva, ou, simplificando, Salazar e Caetano, respectivamente.
Mas fosse qual fosse a solução, todas exigiam que se prosseguisse a defesa, excepto a entrega. Ora, foi a entrega que aconteceu.
Isto requer explicação.
um regime que estava cansado e sem sinais de abertura para uma novidade que se exigia, não é explicação suficiente.
Peço desculpa de discordar um pouco de si, José, mas estou completamente d'acordo com a opinião de Muja em todos os seus comentários relativamente ao 25/4 e muito particularmente naqueles que referem a verdadeira causa que deu origem à tragédia que foi a entrega do nosso Ultramar à esfera soviética. Que, como se sabe, não fazia parte do clausulado incluso no programa inicial do MFA. Este foi, sim, oportunística e cìnicamente deturpado e diabòlicamente usurpado pela esquerda comunista e socialista, com o apoio tácito, cobarde e traidor de Soares* e Cunhal* que foram quem na realidade esteve desde a primeira hora por detrás da trama que, aproveitando-se dos ingénuos e ignorantes militares d'Abril, começou com o PREC (prèviamente engendrado pela dita esquerda e despoletado na altura óptima para um ano e pouco depois atingir os fins específicos em vista, como efectivamente veio a suceder) e culminou com a entrega do Ultramar ao império soviético.
ResponderEliminarComo já disse anteriormente e repito, tivesse Gorbachov aparecido dez ou quinze anos mais cedo e a tragédia que aconteceu a Portugal e aos portugueses teria
sido evitada. E a vida de milhões de portugueses inocentes assassinados propositada e bàrbaramente, teria sido poupada.
**Uma vez traidor para sempre traidor. Uma vez comunista, para sempre comunista.
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Tal como Miguel D, concordo em absoluto com o comentário de Muja das 13.30, como aliás com todos os que escreve.
Mais, aplaudo com ambas as mãos o modo preciso e inteligente com o qual Floribundus, num comentário de ontem, traça a anatomia do 25/4 e a subsequente descolonização. Não anotei a hora, mas é fàcilmente localizável.
Então, se não fazia parte não foi apenas esse o motivo
ResponderEliminareheheheheh
Foi isso que o José disse
":O)))))))
> De X: "Em 1961, com o apoio dos americanos, estou em crer que daria resultado. «Bastava» para isso que o golpe de Botelho Moniz tivesse tido sucesso".
ResponderEliminar. Esta perspectiva é muito querida pelas "falsas elites imperantes" (na expressão certeira do Prof. Amorim de Carvalho), e muito disseminada na historiografia predominante nas Universdades e especialistas de catedratices convenientes para obtenção de teses de mestrado de aprovação imediata... Os manuais escolares transcrevem de imediato estas atoardas aos incautos discentes, que logo confirmam na leitura dos jornais e mesas-redondas das TV's...
. O resultado que daria é exactamente o que o participante no "golpe de Botelho Moniz" - Costa Gomes - teve oportunidade de implementar, com gáudio, em 25 de Abril. Estes militares estavam muito deslumbrados com os EUA (Humberto Delgado incluído...) e com o assédio a eles feito pelos 'contactos' americanos.
. Os militares foram sempre dados a tentativas de golpes desde o final da Monarquia e durante a Républica - e no Estado Novo!
. Enquanto Botelho Moniz e Costa Gomes estavam a conjecturar o Golpe Palaciano de 1961 e a discutirem o Sexo dos Anjos, as populações de Angola estavam ansiosas e desesperadas pela ausência de definição em Lisboa sobre os massacres perpetrados em 1961; muitos começaram a debandar para o Brasil e o Continente ("Puto"). [foi assim que aconteceu como se sabe após o 25 de Abril]
. Até que Salazar discursa: "Para Angola rapidamente e em força". Com ânsia a população estava colada às telefonias para ouvir o discurso do Estadista; e num conjunto de ouvintes ansiosos, ouve-se, no final do discurso, de um deles: "Temos Homem!" [testemunho de um familiar meu].
. E a população não debandou de Angola!... [favor cotejarem com o que se verificou em 25 de Abril...]
> De José: a-) "Sabes, M. isto estava muito aferrolhado e era preciso descomprimir". [citação];
ResponderEliminar. Mais do que aferrolhado parece-me que estava sem Elites [a Ínclita Geração não teve seguidores em momento crucial do País, mas um impante escol que estava deslumbrado com as Europas e os correlativos Ouros dos Brasis costumeiros, que tão enebriantes são sempre para as "falsas elites imperantes". . As miragens são adoráveis... Mas o que é real é a Realidade...]
. Concordo que era preciso descomprimir. E fizeram-no do modo sabido: a Torpeza do "instinto das tripas" (expressão do Prof. António José Saraiva).
. As Elites inchadas rebuscam e não buscam. Descomprimir com Grandeza não os atrai; as miragens enebriam-lhes as estéreis lucubrações da pequenez congénita.
. Por consigo concordar, considero a melhor definição do 25 de Abril a dada pelo Prof. Bissaya Barreto, quando tomou conhecimento do golpe abrilino: "Rebentou o cano de esgoto...".
. E assim se descomprimiu... e o fedor continua a tresandar neste Sítio/Protectorado da Europa que um dia foi um País...
b-) "Quem viveu nesse tempo sabe bem que o ambiente era propício às pessoas ambicionarem um pouco de mais liberdade ( ... )";
A ânsia de mais liberdade é em geral meramente instrumental para os que querem o Poder e não a Liberdade. Às massas a ansiedade torna-as vulneráveis; é uma das razões porque necessitam de ter Elites que perscrutam a essência, que não as excrecências das aparências auto-convenientes. E em Portugal as Elites predominantes são/eram obcecadas com a vacuidade da indigência mental permanente pelos 'Ouros dos Brasis' e as modernidades das Europas - e o indigente não tem Liberdade porque condicionado à Servidão. Por isso Fernando Pessoa escreveu que o Escol português é "por sua vontade, parisiense e moderno. Contra sua vontade, é estúpido".
Cícero: “Quando o povo pode mais e rege tudo ao seu arbítrio, chama-se a isso liberdade; mas é, na verdade, licença”
> De Unknown: "Uns dias depois da entrega de Angola acaba o Prec no 25/11".
ResponderEliminar> De José, sobre o acima: "Cá temos a teoriazinha de conspiração. O PREC acabou por iniciativa própria dos envolvidos?"
Não por acaso a tomada e permanência no poder coincidiu com a necessidade da entrega imediata dos territórios do Ultramar. Esta foi a prioridade das prioridades - e não, ao invés do repetido, a comunização da Metrópole - esta era acessória e pragmaticamente impossível dada a 'real politik' estabelecida e respeitada pelos beligerantes impérios na estabelecida 'Guerra Fria' - vide Conferência de Yalta onde foram definidas a repartição das zonas de influência entre o Oeste e o Leste (tornada obsoleta após a queda da União Soviética).
> De Muja: "O Ultramar era o cerne da questão".
ResponderEliminarConcordo.
- De J. Bowyer Bell [autor de "The Myth Of The Guerrilla: Revolutionary Theory and Malpractice", in "Africa Today", Inverno de 1972]:
. “Na realidade, a melhor esperança para as guerrilhas de Angola e Moçambique é persistirem, manterem a pressão e ansiarem por uma mudança em Lisboa”.
- De A. Valdez dos Santos (Director do 'Jornal Português de Economia e Finanças') in "Liquidação do Ultramar", 2002:
. "Nos princípios de 1973 ter-se-ía realizado, em Paris, uma conferência convocada pelo Partido Comunista onde, elementos heterogéneos da esquerda portuguesa, se omprometeram a levar a cabo uma revolta em Portugal, o mais tardar até 1975. Estiveram presentes, além do PCP convocante, a Acção Socialista Portuguesa, uma dezena de militares, católicos progressistas e representantes da maçonaria. Não era a primeira conferência ali realizada, com maior ou menor participação das chamadas esquerdas oposicionistas e mesmo de simples descontentes. Mas o facto do PC russo ter enviado uma pequena delegação, com instruções claras e poderes precisos para assumir compromissos financeiros, conferia-lhe particular importância.
A revista “Faits et Idées” que a chamada “Frente Portuguesa de Libertação” publicava em França, afirmou em Agosto de 1976 que, nessa conferência - para a qual teria sido convidada - fora decidido o reforço da infiltração marxista nas forças militares portuguesas e elaborado um plano para intensificação do terrorismo nas províncias africanas. O sucesso da revolução implicaria a instalação na Metrópole de um regime "democrático a caminho do socialismo" que poria termo à "guerra colonial". A independência da Guiné, Angola e Moçambique seria concedida imediatamente, mediante a entrega do governo aos movimentos terroristas de obediência comunista, sem condições políticas e económicas nem indemnizações. Os colonos deveriam ser repatriados a expensas de Portugal."
> Informação adicional:
- "Em 1941, Franklim Delano Roosevelt endereçou uma carta ao Kremlin (carta que o Le Figaro publicou em 7/2/51) onde, a dado passo, afirmava: «... quanto à África, será preciso dar à Espanha e a Portugal compensações pela renúncia dos seus territórios ultramarinos, para um melhor equilíbrio mundial.
Os Estados Unidos instalar-se-ão aí por direito de conquista e reclamarão inevitavelmente alguns pontos vitais para a zona de tutela americana. Será mais do que justo. Queira transmitir a Estaline, meu caro senhor Zabrusky, que, para o bem geral e para o aniquilamento de Reich, lhe cederemos as colónia africanas se ele refrear a sua propaganda na América e cessar a interferência nos meios liberais.»"
- "Na década de 60, os Estados Unidos fizeram uma proposta de centenas de milhares de dólares a Portugal, a troco da independência das províncias ultramarinas. A resposta do Presidente do Conselho Prof. Dr. António de Oliveira Salazar foi: "Portugal não está à venda".
Esta como muitas outras ‘revelações’ foram feitas por Witney Schneider, ex-responsável norte-americano pelos Assuntos Africanos, no seu livro ‘Engaging Africa: Washington and The Fall of Portugal’s Colonial Empire’.
O caso remonta a 1963, quando o ex-Presidente do Conselho rejeitou a referida oferta, num encontro com um enviado americano"
Esta foi a prioridade das prioridades - e não, ao invés do repetido, a comunização da Metrópole - esta era acessória e pragmaticamente impossível dada a 'real politik'
ResponderEliminarPois. Penso que aqui o equívoco é este:
Quando se afirma que o Ultramar era o objectivo do golpe, não quer dizer que todos quantos nele participaram (e muito menos os que o apoiaram), tivessem esse objectivo como principal ou, sequer, como objectivo.
Cada um teria as suas razões. E é até preferível que não sejam as mesmas para que não interfiram com as suas ideias. Assim, quem foi recrutado sob pretextos corporativos, ou de "liberdade", ou outro qualquer, uma vez dado o golpe, estaria ocupado a observar a boa ou má realização das suas razões, deixando o caminho livre ao objectivo verdadeiro.
O que se afirma é que quem tinha o poder para desencadear o golpe, e quem o chefiava de facto, tinha esse objectivo principal. Isto é corroborado pelas razões acima descritas e pelos elementos que o majoMo acrescentou.
Outro pormenor importante:
ResponderEliminara verdadeira causa que deu origem à tragédia que foi a entrega do nosso Ultramar à esfera soviética
Rigorosamente falando, o Ultramar não foi entregue aos soviéticos. Foi simplesmente entregue aos movimentos que o disputavam, quer entre si, quer a Portugal.
Isso pode ser compreendido em Angola, onde o sucesso dos soviéticos não foram "favas contadas" - daí a presença dos cubanos. A China, por sua vez, também procurava impôr-se em Moçambique, segundo creio.
A questão, determinante para o sucesso do golpe, era portanto que Portugal cessasse a defesa do Ultramar; abrindo assim caminho à disputa entre as outras potências, que, naturalmente se achavam capazes de o obter uma vez afastado esse obstáculo.
O que a história provou, e que tantas vezes foi dito e redito aos americanos pelo Governo, e que se verificou praticamente em tudo quanto fizeram em África e outros sítios, foi que eles estavam em desvantagem, ou seja, iludidos em relação às suas reais capacidades.
Ou seja, quando toda a gente imagina uma conspiração dos soviéticos para obter o Ultramar, e com isso ridiculariza a tese, deve compreender que não houve, com toda a probabilidade, apenas uma conspiração, mas várias. Cada uma envolvendo uma parte interessada, e todas concorrendo para o sucesso do objectivo comum geral: parar a defesa portuguesa do Ultramar que obstava a todos.
E quem achar inverosímil tal estupidez e inépcia geo-política, diplomática e militar americana, deve ter em conta os seguintes pontos:
ResponderEliminar- pelo programa lend-lease na 2ª GG, é possível demonstrar que já nessa data os EUA estavam infiltrados nas mais altas esferas por agentes soviéticos - ver Alger Hiss e Harry Hopkins
- a desastrosa guerra do Vietname
- a perda para a influência soviética de quase todo o Médio Oriente
- a perda, em curso, de quase todo o Médio Oriente para o organização pseudo-tribal de primitivos ISIS
É preciso contar com uma coisa singela e prosaica:
ResponderEliminaro povo do Vietnam do Norte estava maioritariamente contra os americanos. Agora é o contrário...
O povo de Angola manipulado pelos "movimentos de libertação" estava maioritariamente contra quem?
Seria mesmo contra os portugueses? Não sei, ainda hoje.
Também não sei José. Porém, ainda bem diz isso porque para aí que eu queria ir. Suspeito que os americanos, se se tivessem limitado a auxiliar os franceses a sério, a coisa podia ter corrido muito melhor (pior também era difícil).
ResponderEliminarO caso era o mesmo connosco. E nem precisavam de auxiliar, bastava e era preferível apenas não estorvarem, porque nós, desenrascados como somos (éramos?) não nos damos bem com a abundância: a necessidade aguça o engenho e o engenho português aguçado rivaliza com qualquer outro na face desta terra.
Com a neutralidade americana, verdadeira, teríamos vencido sem mais grandes problemas. E por vitória quero dizer: Angola e Moçambique, pelo menos, seriam independentes de facto - poderiam defender-se sozinhos -, e de jure se assim o quisessem.
"Cá temos a teoriazinha de conspiração. O PREC acabou por iniciativa própria dos envolvidos?"
ResponderEliminarJosé, na minha modesta opinião, sim foi. E na verdade a causa principal cuja cobiça mórbida pelas riquezas incomensuráveis existentes nos nossos territórios ultramarinos já vinha de muito longe. Basta lembrar as várias visitas conspirativas de Carlucci a Soares (em 73 em Paris, em 74 em Portugal), primeiro como chefe máximo da CIA, depois já como embaixador. De facto este mafioso foi quem puxou todos os cordelinhos, preparando o terreno para a colheita. Kissinger idem, aspas. Este, outro mafioso sionista, encontrou-se secretamente com Soares em Paris mais do que uma vez no ano de 73, com o mesmo fim. Estes dois pulhas da pior estirpe manobravam nas ante-câmaras do poder o golpe conspirativo que veio a concretizar-se em 25/4. Se levarmos em consideração estes factos concretos que antecederam o golpe traidor e conduziram em definitivo ao desfecho conhecido, teremos indubitàvelmente o filme completo e a cores.
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Parabéns majoMo. Excelente sumariado das conspirações verdadeiramente satânicas tecidas então pelos oposicionistas maçons, tendo as mesmas estado na origem e sido a causa directa do acto criminoso que culminou no golpe d'Abril.
Carlucci Soares e Kissinger:
ResponderEliminarparece ser facto histórico que Kissinger já tinha perdido a esperança que Portugal voltasse ao redil europeu, burguês e ocidental, logo no início de 75.
Parece ser facto histórico que Carlucci o dissuadiu dessa ideia pelo menos ao ponto de deixar correr o marfim( literalmente no caso de Soares).
Portanto temos o pormenor que é onde o diabo se esconde: como é que poderiam ter conspirado se estavam a distâncias incomensuráveis acerca da análise que faziam dos factos.
O sionista Kissinger não tinha razão. O ped...perdão, o Carlucci tinha.
O Soares em 73 nem sabia de que terra era...quanto mais andar em conspiraçóes contra o "fassismo" consequentes e que afinal, logo em 74 se revelaram cripto-comunistas...
É muita contradição junta para se construir uma teoria conspirativa.
Mas José, então não leu o que já veio referido em inúmeros artigos de jornal e em literatura fidedigna da autoria de militares independentes e íntegros e de escritores/as insuspeitos/as (Ten. Cor. Brandão Ferreira, Patrícia mcGowan/Lança, só para dar dois exemplos) além de outras notícias bem explícitas aparecidas em certa imprensa francesa da altura, das reuniões frequentes e secretas em Paris entre Soares e Cunhal e outros oposicionistas, agudizando-se durante o ano de 1973, nas quais inclusivamente participaram Emídio Guerreiro e até Humberto Delgado?
ResponderEliminarRecordo para quem não leu, que o meu Pai, embora bastante mais novo, conheceu o pai de Mário Soares por motivos de trabalho (como já escrevi por diversas vezes). Teve como seu médico ortopedista um dos médicos particulares de Salazar, pessoa com quem mantinha conversas de vária ordem e também sobre política dada a amizade que os unia. Como republicano convicto, confraternizou durante toda a sua vida com vários ex-colegas da Universidada que professavam a mesma ideologia, relações d'amizade essas que perduraram desde o tempo de estudante em Coimbra até à velhice. Coimbra, alfobre de oposicionistas ao Regime do Estado Novo desde o seu início, como é por demais sabido.
O José acha que uma pessoa como o meu Pai, pessoa extremamente inteligente e muito politizada e com um conhecimento profundo da política salazarista como é natural, mas igualmente do que a oposição fazia, dizia e realizava tanto dentro do País como na clandestinidade, desconhecia as movimentações e reuniões revolucionárias secretas que a oposição realizava em Paris no ano de 73 e mesmo nos anteriores? E até em Argel? É bom lembrar que uma ou duas vezes por ano (ou porventura mais) Cunhal viajava secretamente do Leste até Paris para conspirar contra a Pátria, difamar o Regime e os seus políticos e preparar atentados contra Salazar, sempre em concluio com o seu amiguinho do peito e camaradinha Soares.
Todo este passado anti-Regime não inibia o meu Pai de ser um Patriota, extremamente honesto, íntegro e leal e com uma formação moral superior e de certeza por isto mesmo, nunca o ouvi dizer mal de Salazar e até o elogiou algumas vezes pelas difíceis medidas políticas por si tomadas a favor dos portugueses e do País.
Do pai de Mário Soares, ouvi-o dizer que "era uma pessoa como deve ser". Do filho disse e repetiu várias vezes "este é um autêntico palerma"..., foi brando na apreciação porque tinham decorrido poucos anos pós 25/4. Tivesse o meu Pai sobrevivido muitos mais anos a tempo de chegar a conhecer a massa pútrida de que é feito este traidor e nem faço ideia quais os qualificativos do grau negativo que empregaria para classificá-lo adequadamente.Como de facto merece.
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Num meu comentário mais acima leia-se Territórios Ultramarinos, com as devidas maiúsculas como que aprendi a escrever.
Quanto à PAZ que referi existir no anterior Regime, faltava especificasr: havia Paz espiritual que nos aquecia a alma e era consequência directa da Paz social. Existia igualmente a Paz política que se repercutia na Paz laboral, por sua vez traduzida numa sincera dedicação ao trabalho que por extensão se reflectia numa correcta e franca produtividade lògicamente conducente ao desenvolvimento económico do País. E o mais importante de tudo, a Paz no ambiente de trabalho aleada ao facto completamente interiorizado de deter um posto de trabalho fixo e para a vida, assegurava uma verdadeira harmonia familiar sinónimo de sã vivência e de uma genuína vontade de viver.
São todos estes bens sem preço que inexistem no regime em que vegetamos e a que se convencionou chamar democracia.
Não estou aqui a negar as actividades oposicionistas dentro e fora do país, antes de 25 de Abril 74. Aliás, algumas eram públicas e permitidas como foi o congresso da oposição democrática, em Aveiro, ao qual Mário Soares não compareceu apesar de ter sido convidado ou esperado, mas apareceu a mulher. Já publiquei aqui uma foto desse evento.
ResponderEliminarContudo tal não significa que esses conciliábulos se tenham destinado a entregar os territórios ultramarinos à então URSS.
Julgo que assim não foi.
O que digo é que Mário Soares não foi visto nem achado no 25 de Abril até o mesmo suceder. O mesmo se diga de Cunhal.
ResponderEliminarEles não sabiam mas esperavam uma coisa dessas, principalmente depois do golpe das Caldas, em Março de 1974.
Ora se não sabiam não estavam por dentro do MFA ou de alguém ligado ao MFA apesar de aí haver comunistas e socialistas, mas poucos e não mandavam.
Basta ler o que diziam os militares nessa altura.
O próprio Vasco Gonçalves começou por dar o exemplo da Itália e da Suécia e só meses depois se virou para Cuba e o Leste.
A verdade é que os militares não tinham formação política, tirando o Melo Antunes e isso já foi dito por vários.