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sábado, maio 16, 2015
O jornalismo impalado
Esta é a capa da revista Nova Gente ( Impala- Jaques Rodrigues) desta semana. As duas páginas do artigo sobre a figura da capa são da autoria de Humberto Simões que aparece na ficha técnica da revista como "chefe de redacção" e tal implica jornalismo de investigação feito à pala de processos judiciais em curso e com citação de outra fonte que é o livro Cercado, de Fernando Esteves.
O chefe de redacção da Nova Gente, à pala daquele, escreve sobre uma "amiga secreta" de José Sócrates a quem este deu dezenas de milhar de euros, desde 2008, ou seja enquanto era primeiro-ministro. O caso é evidentemente relevante porque o então PM sempre disse que ganhava o que ganhava oficialmente e afinal revela-se que auferia rendimentos de outra proveniência e esportulava euros como um improvável patinhas nunca o faria.
A redacção da notícia à pala daquele livro é curiosa porque cita declarações de uma advogada do caso- Paula Lourenço- que refere o assunto de modo lapidar " É crime? Não, não é crime". E a revista escreve que este esclarecimento da advogada foi "telegráfico".
É crime o quê? Dar dinheiro a uma "amiga secreta"? E porquê uma capa com uma notícia destas, aparentemente anódina de entre todas as demais? O que se esconde por trás da "amiga secreta"? O reporter indagou, falou com alguém, apurou se a "amiga secreta" seria alguém que ultrapassaria as "relações pessoais" daquele antigo P.M. quando este ainda o era e aparentemente tinha outras amigas menos secretas? E qual o contorno desse relacionamento pessoal capaz de fazer esportular regularmente milhares de euros com destino preciso e objectivo incerto a um então primeiro-ministro? Era para pagar alguma coisa? O quê? Era para ajudar nalguma coisa? Em quê?
E seria isso importante para o caso de se fazer capa?
Este jornalismo é manhoso se o repórter souber mais alguma coisa e não o disser...mesmo que "não seja crime".
Assim, a especulação anda à solta e não será nada agradável porque uma das hipóteses que a "notícia" deixa em aberto, do modo como é redigida e destacada é a de ser algo inconfessável, apesar de não ser crime, porque nem consta do elenco dos factos criminais imputáveis e conhecidos publicamente até agora.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar9,9 mil euros?
ResponderEliminarPois, mas o intrigante é serem estas "revelações polémicas".
ResponderEliminarMas...polémicas porquê, exactamente?
Parece-me claro que estes jornalistas sabem mais que isto mas não escrevem.
Têm medo. Medo mesmo.
E com esta canhalha talvez seja mesmo de ter.
ResponderEliminarEsta canalha está para dar e durar.
ResponderEliminarpreferia usar empalado
ResponderEliminarou seja
enfiar um pau aguçado pelo olho do cu até às amígdalas
"...Há já oito anos que mando levantar estes muros para segurar o solo, e construir escadas aqui e acolá. Os operários são todos trabalhadores cá da terra. Quando têm tempo, depois de acabarem a sacha dos seus próprios campos, vêm fazer de pedreiros na minha casa. Felizmente vão indo devagar. Isso permite-me pagar o que devo a pouco e pouco. Nunca poderia dispender uma quantia importante de uma só vez. Seria demais para as minhas posses.
ResponderEliminarNão posso reter um sorriso perante este chefe de Portugal que hesita em mandar construir mais depressa um muro ou uma escada porque não tem dinheiro bastante.
- Ria, ria, - diz Salazar em tom sério, - mas é mesmo assm. Administro talvez o estado com menos dificuldade do que a minha pequena propriedade..."
Férias com Salazar
Christine Garnier
Parceria Antonio Maria Pereira
Edição facsimilada da 1° edição
Nos antípodas da actual geração de políticos, a exemplo e a propósito do percurso do político referido neste poste.
Pode ver esses muros e escadas nas fotos que deixei noutros postais anteriores, tiradas no Carnaval deste ano.
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