Declaravam-se anti-filósofos e apontavam aos iluministas, pretensos tolerantes, a contradição de afinal serem intolerantes com eles e não os respeitarem. O principal alvo da crítica anti-filosófica era a Enciclopédia de Diderot e d´Alembert ( aparecido por inspiração da Chambers inglesa).
Segundo a revista, com a Revolução francesa apareceu também a corrente anti-luzes, em defesa da religião e também do Antigo Regime monárquico. Na sequência desta luta de ideias aparece Edmond Burke a clamar por escrito contra a igualdade ( falsa) uma vez que se torna evidente a necessidade de existência de uma hierarquia entre os homens. Contra o Contrato Social de Rousseau.
Estará aqui a linha divisória entre a Esquerda e a Direita? Talvez.
Maurras aparece depois a defender o "nacionalismo integral" : " a nação é o mais vasto dos círculos comunitários que existem, sólido e completo. Quebrando-a, despe-se o indivíduoa " Ou seja, uma apelo a uma razão colectiva.
A Primeira Guerra Mundial dá azo a contestar a ideia do "progresso humano" em que se destaca Oswald Spengler que recusa a democracia, a igualdade e a racionalidade. Heidegger contesta as virtudes da Técnica e das Ciências...porque "a Ciência não pensa" e é apenas um elemento de alienação humana.
Após a Segunda Guerra Mundial estas correntes anti-luzes perdem influência por terem contribuído para armar ideologicamente o nazismo, mas são retomadas pela associação das Luzes ao comunismo estalinista totalitário, com a ideia de "homem novo" em causa.
Há um teórico- Sternhell que vai mais longe e atribui às Luzes todos os males presentes...
Mas...haverá muito mais a dizer e pensar sobre o assunto. " As luzes são constantemente reinterpretadas em função da conjuntura política na qual se inscreve aquele que as procura definir, erigindo-as em objecto de estudo"- Didier Masseau..
Muito interessante, José.
ResponderEliminarRealmente não é preciso insultar ninguém.
O José é um mestre
eehehhe
Mas é muito interessante como tantas teorias que já tinham aparecido muito mais cedo vão depois desembocar nos movimentos revolucionários.
ResponderEliminarCreio que foi mesmo o Swift quem se apercebeu dessa moda de materialismo diversificado e brincou com tudo isso no Conto de um Tonel.
Até o furor que era divino, e se transforma com o neoplatonismo vai depois dar o entusiasmo revolcuionário.
E nem sei se o Dziga Vertov não sabia disto quando deu esse nome ao delicioso filme da revolução que fez.
Os surrealistas pegam no mesmo e o entusiasmo até transita para a psicanálise.
Mas isso já o Swift tinha antecipado e chamado fanatismo. E o Hogarth deve ter sido o primeiro a representar o fanatismo religioso na gravura final do Rake's Progress- no asilo de Bethlem.
Muito bem,um tema que merece ainda mais desenvolvimento para que se possa compreender como chegamos aqui,pois tudo terá uma causa e o que chamamos de "esquerda" e "direita" não nasceu ontem nem de geração espontanea.E além disso há que analisar as várias circunstâncias(aí é que está o grande desafio)no tempo e no espaço da "metamorfose" ideológica de ambos os lados até chegarmos ao ponto em que(na Europa pelo menos)a suposta esquerda ,mais ortodoxa ou mais "caviar",apenas serve para fazer barulho e fomentar agendas sociais e culturais(que já não é pouco dirão alguns)daí a existência do rótulo "marxismo-cultural",enquanto os do chamado "arco-de governação" andam ao sabor dos ventos e marés(e em navios estrangeiros)sem distinção ideológica relevante e ora criando os buracos(na economia e não só)ora tapando os buracos conforme os ditames da UE e dos ditos "mercados" para quem a discussão ideológica(com luzes ou sem luzes)é uma coisa útil apenas para "entreter" os eleitorados. Chegados aqui lembrei-me do "Animal Farm" do Orwell não sei porquê...talvez tenha sido devido à sua última frase sobre porcos.Espero por mais posts nessa linha.
ResponderEliminarMas... onde está a discussão?
ResponderEliminarA última vez que me referi aos enciclopedistas, acusaram-me (com razão, mas despropositadamente) de não ter lido Voltaire.
Para não falar nos epítetos, embora desses não me queixe porque também os sei dar. Mas a discussão deixou de ser.
Porém, atenção: a referência implícita que se aqui se faz - tanto quanto eu pude observar - não era com iluminismos que tinha que ver...
Nem com filosofia.
ResponderEliminarEra com pessoas e com impérios. E mitos.
E, com mais ou menos floreados, o único argumento que se aqui produziu não é mais do que "nós não porque os outros também não".
ResponderEliminarO tal defeito das "elites" portuguesas...
V. tem dificuldade em perceber que a obra de uma pessoa pode ser mais complexa que arrumá-la apenas numa barricada.
ResponderEliminarO que v. dizia acerca do Voltaire é que ele devia ter sido censurado.
O que eu perguntei foi se v. o leu para chegar a essa conclusão.
E nem precisou de ler- porque sabia que ele fazia parte dos responsáveis pelo "mal", logo estava no Index e devia ter sido ainda mais censurado.
Isto não é nem inteligente nem sequer digno de se perder muito tempo a explicar o motivo.
E dizia isto para voltar a afirmar aquela ideia disparatada que o espírito de uma pessoa fica mais rico e informado se houver censura estatal e propaganda estatal contra o que é pernicioso.
ResponderEliminarEu acho que isto nem merece muito mais a não ser assim- expor o que disse e quem quiser que retire daí ideias.
Eu retiro e chamo a isso verdadeiro obscurantismo faccioso.
Eu li sempre tudo e foi graças a esse gosto por conhecer que não ando com trela nem tenho tribo.
Ah e mais- antes mudar por conhecer que nunca mudar por ter medo de conhecer e não saber nem querer saber.
ResponderEliminarAh! Voltaire? Esperem um pouco, então, porque até vão ficar admirados como eu fiquei...
ResponderEliminarmuja:
ResponderEliminarNão atire ao lado porque a discussão é um modo de dizer. Basta colocar as questões em cima do teclado e no écran para que se possam fazer.
A questão do Império e do mito foi das mais pertinentes que me lembro que o José trouxe.
ResponderEliminarImportantíssima e ele intuiu praticamente tudo sem precisar de ser perito em História ou mitologia ou filosofia ou literatura.
É uma questão de ginástica. A agilidade mental ganha-se assim.
Não se ganha com facciosismos e palas
Então mostre, José
ResponderEliminareehhehe
E refiro-me à polémica que não chegou a existir com o Dragão por causa do modo como costuma insultar quem discorda do que escreve e lhe topa um pintelho para puxar até doer.
ResponderEliminarEstá a sintetizar o que mais ninguém sintetiza.
ResponderEliminarAté a palerma da Fátima Bonifácio nunca entendeu isto e fala de esquerda/direita com tipologias actuais e reportando-a a tudo e um par de botas pré-históricas.
Sim, claro. Por aí já deu para ver que não dá nem se pode contrariar.
ResponderEliminarPara perceber a questão do Mito e do Império, aliás interligadas, ajuda muito ter passado nos anos sessenta por uma escola primária salazarista.
ResponderEliminarE ajuda muito mais ter abertura de espírito para nos interrogarmos sobre o significado de tal entendimento, aliás muito curioso.
Eu adoro discutir com pessoas inteligentes e com sentido de humor verdadeiro.
ResponderEliminarSó inteligentes não chega.
E o Dragão não tem sentido de humor suficiente. Exaspera-se como um puto qualquer e não é. É pena.
ResponderEliminarQuando topo alguém inteligente e com sentido de humor real, fico encolhido na minha insignificância e dou-lhe logo todo o crédito.
ResponderEliminarFrequentemente engano-me o que significa que tenho apenas a inteligência suficiente para entender isto e nada mais.
ehehe
ResponderEliminarSomos dois.
muito me ri da
ResponderEliminar'bonifício que faz fogo de Artifácio'
José pode pedir a candeia emprestada
para descobrir pessoas inteligentes e com sentido de humor
já nascem com os dentes de fora e exibição de ódio
nascem igualmente ensinadas e sabem tudo de tudo
tipo anão politólogo
ontem enquanto o PM falava só debitavam comentários raivosos
somos um povo 'sus generis'
que passa o tempo a 'arrear a giga'
um velho como eu passa o tempo a ver cansativamente o mesmo filme
(película com pouco verniz muito estaladiço, actualmente crocante)
«PORRADA neles!«
Não sei se será isso se é o próprio saber que acarreta uma certa jactância.
ResponderEliminarAinda agora estive a recordar a questão por causa dos óculos e dos intelectuais e como eram vistos na Idade Média
http://www.cocanha.com/entre-um-snob-e-um-cagao-vai-o-passo-de-um-anao/
Está lá um comentário do timshel. Por onde andará o indivíduo?
ResponderEliminarEle desapareceu e ainda andou com outro nick- o sofrologista ou algo assim- mas depois nunca mais dei com ele.
ResponderEliminarAcho que percebeu que era mais ou menos incompatível a propaganda com a fulanização e ele lá sente que tem uma missão.
E eu disse que o Voltaire era um símbolo, e em vez de se discutir o símbolo, discutiu-se o muja leu o Voltaire. Quanto ao ser censurado, está lá a conversa para que todos vejam, como se disse. E portanto também o contexto em que eu disse isso.
ResponderEliminarDe resto, em relação ao império, mentenho e reitero o que eu disse: é o mero "nós não podíamos ter porque os outros não tinham".
É esta a verdadeira síntese, e nem sequer é nova nem original.
Até a mim me exaspera, por isso imagino a quem lá tenha andado. Falar em escolas salazaristas, ou sentidos de humor é irrelevante para esta questão: somos todos portugueses.
Eu censuro todos os meus ódios de estimação. Censuro o Saramago, p. ex.. Só ainda o não bani da estante porque não necessitei do espaço. Quem quiser que o leia.
ResponderEliminarOutros censuraram o modo português. Só o não fizeram por mesquinha inveja porque andam acobertados no divino manto da Moral.
Cumpts.
eheheheh
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