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quinta-feira, julho 30, 2015

A antifilosofia em contra-luz

A mesma revista que publicou o estudo sobre o Iluminismo dá conta dos anti-iluministas que apareceram depois, para vituperarem a fé excessiva na Razão e o abandono precipitado da Fé cristã.

Declaravam-se anti-filósofos e apontavam aos iluministas, pretensos tolerantes, a contradição de afinal serem intolerantes com eles e não os respeitarem. O principal alvo da crítica anti-filosófica era a Enciclopédia de Diderot e d´Alembert ( aparecido por inspiração da Chambers inglesa).
Segundo a revista, com a Revolução francesa apareceu também a corrente anti-luzes, em defesa da religião e também do Antigo Regime monárquico. Na sequência desta luta de ideias aparece Edmond Burke a clamar por escrito contra a igualdade ( falsa) uma vez que se torna evidente a necessidade de existência de uma hierarquia entre os homens. Contra o Contrato Social de Rousseau.

Estará aqui a linha divisória entre a Esquerda e a Direita? Talvez.
Maurras aparece depois a defender o "nacionalismo integral" : " a nação é o mais vasto dos círculos comunitários que existem, sólido e completo. Quebrando-a, despe-se o indivíduoa " Ou  seja, uma apelo a uma razão colectiva.
A Primeira Guerra Mundial dá azo a contestar a ideia do "progresso humano" em que se destaca Oswald Spengler que recusa a democracia, a igualdade e a racionalidade. Heidegger contesta as virtudes da Técnica e das Ciências...porque "a Ciência não pensa" e é apenas um elemento de alienação humana.
Após a Segunda Guerra Mundial estas correntes anti-luzes perdem influência por terem contribuído para armar ideologicamente o nazismo, mas são retomadas pela associação das Luzes ao comunismo estalinista totalitário, com a ideia de "homem novo" em causa.
Há um teórico- Sternhell que vai mais longe e atribui às Luzes todos os males presentes...
Mas...haverá muito mais a dizer e pensar sobre o assunto. " As luzes são constantemente reinterpretadas em função da conjuntura política na qual se inscreve aquele que as procura definir, erigindo-as em objecto de estudo"- Didier Masseau..


E com isto se mostra que é possível discutir estas coisas sem chamar nomes feios seja a quem for e sem nos situarmos numa pocilga imaginária onde só vemos suínos à volta...