No debate que ocorreu há dias, entre os candidatos eleitorais Costa e Passos Coelho, suscitou-se a questão bizantina sobre quem realmente tinha chamado as instâncias internacionais do costume a intervirem no nosso país, na situação de bancarrota.
Estávamos em 2011, antes de eleições e governava o PS. Todos se lembram desta foto célebre em que o então ministro das Finanças, mudo e amuado, ouvia o que o então primeiro-ministro dizia ao país, a pedir publicamente ajuda ao exterior:
A foto tem um contexto e também este contexto, ainda mais claro:
O ministro das Finanças que liderou o pedido de ajuda financeira a 6 de abril de 2011 voltou esta segunda-feira a abordar o pedido de resgate de Portugal, numa entrevista à TVI. "A minha preocupação era convencer o primeiro-ministro da necessidade deste pedido de intervenção externa. Estou convencido de que o primeiro-ministro já tinha percebido que o país não podia evitar o pedido de ajuda, mas penso que achava que o país talvez ainda pudesse manter-se algum tempo e evitar o pedido de ajuda, dentro do período de governação que iria acabar em junho com as eleições. Estou convencido que seria essa a sua intenção. Não faria sentido que um governo que tudo fez para evitar um pedido de resgate fosse o governo que afinal o iria fazer", afirmou Fernando Teixeira dos Santos.
Tudo isto deveria servir o pudor do jornalismo, particularmente do Público. Pois bem: desencantou ( é um modo de dizer porque foram as fontes do PS que lha deram...) uma carta em que este jornalismo de pacotilha e política partidária à ilharga, procura convencer o passante dos quiosques ( o Público vende cada vez menos e o capitalista Belmiro faz de mecenas) que afinal a "narrativa" do PS é que está certa...
A carta ( confidencial e que deixou de o ser) é esta:
Confidencial
Gabinete do presidente
Senhor primeiro ministro
Recebi hoje informação, da parte do senhor Governador do Banco de
Portugal, de que o nosso sistema financeiro não se encontra, por si só,
em condições de garantir o apoio necessário para que o Estado português
assegure as suas responsabilidades externas em matéria de pagamentos
durante os meses mais imediatos. Ainda esta manhã o senhor Presidente da
Associação Portuguesa de Bancos transmitiu-me idêntica informação.
Estes factos não podem deixar de motivar a minha profunda preocupação.
Não desconheço que o Governo tem repetidamente afirmado que
Portugal não necessitará de recorrer a qualquer mecanismo de ajuda
externa e é certo que a competência pela gestão das responsabilidades
financeiras do país cabe por inteiro ao Governo.
Não disponho de informação sobre as acções e diligências que o
Executivo estará a desenvolver para assegurar o cumprimento dessas
obrigações. Porém, é do conhecimento público a situação do mercado que a
República vem defrontando, desde há vários meses a esta parte, bem como
o facto de o sistema bancário se encontrar sem acesso ao mercado desde
há mais de um ano.
Atenta a especial sensibilidade desta matéria e as gravíssimas
consequências que decorriam para o nosso país de qualquer eventual risco
de incumprimento, é essencial que o Governo garanta, com toda a
segurança e atempadamente, adopção das medidas indispensáveis para
evitar tal risco.
Nestas circunstâncias, entendo ser meu dever levar ao seu conhecimento que, se essa vier a ser a decisão do Governo,
o Partido Social Democrata não deixará de apoiar o recurso aos
mecanismos financeiros externos, nomeadamente em matéria de facilidade
de crédito para apoio à balança de pagamentos.
Considerando a extrema relevância desta matéria, informo ainda
que darei conhecimento desta carta confidencial ao senhor Presidente da
República.
Com os cumprimentos,
[assinatura]
Pedro Passos Coelho
Lisboa, 31 de Março de 2011
A capa do Público é esta. Diz que o então líder do PSD exigiu que o então PM pedisse ajuda externa...:
Esta gente que está sempre a pedir demissões deste e daquele não se enxerga no jornalismo que faz ou então é à Camões...
'num' percebo porque há tanto receio de os xuxas não chegarem ao 'puder'
ResponderEliminara errossondagens não dá palpites
'há monhé na costa'
Realmente é muito reles.
ResponderEliminarEsta não conhecia, e ainda é pior.
.
Mas para além disto, na notícia em linha - que não contem essa mentira - fazem alarde à volta das palavras "irrefutáveis" de P. Coelho, como se fosse coisa secreta, e acabam dizendo que P.Coelho declarava à Lusa, um dia depois, afinal, exactamente o que dizia na carta!
As palavras escritas pelo líder do PSD são irrefutáveis e davam a sua aprovação expressa e o apoio a que o Governo avançasse com o pedido de empréstimo externo de 78 mil milhões de euros à Comissão Europeia
e mais abaixo
O resto da história é conhecido. No dia seguinte, 1 de Abril, Passos declarava à Lusa que “se o Governo achar que por qualquer razão, é preciso contrair um empréstimo especial para evitar incumprimento de Portugal no exterior, o Governo tem todas as condições para o poder fazer, e não é o PSD que vai pôr isso em causa. O PSD apoiará isso”.
http://www.publico.pt/politica/noticia/o-psd-nao-deixara-de-apoiar-o-recurso-aos-mecanismos-financeiros-externos-escrevia-passos-1707876
A Democracia é mesmo uma chatice!
ResponderEliminarViva o rei