"O
BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata,
entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução
profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda
que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia
social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da
experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E
isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de
regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo
não tem equivalente semântico no ocidente e significa
colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas.
Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas
por um Estado . (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é
difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."
Esta autêntica declaração de princípios carece evidentemente de descodificação à luz das doutrinas políticas de sempre. A ideia que mais se aproxima desta noção é o chamado trotskismo que aliás não tem definição possível porque Trotski sempre repudiou o termo. No dizer de Gianfranco Pasquino, co-autor do Il Dizionario di Politica ( edição UTET libreria, Torino, 2004) "o trotskismo jamais constituiu uma doutrina codificada ou um movimento organizado". (...) "O trotskismo entendido como o corpus de reflexão teórica, da análise e e da produção científica de Trotski, é bem mais do que simples, mas fundamental, elaboração da teoria da revolução permanente. No trotskismo entendido em sentido lato, única acepção correcta e centrada para todo o estudante do comunismo como teoria e prática, podem distinguir-se pelo menos quatro temáticas centrais: a lei do desenvolvimento combinado e desigual, a crítica à degenerescência do Estado soviético e em particular à sua burocratização, a elaboração das características constitutivas da sociedade socialista, o internacionalismo. Sob muitos aspectos nenhuma destas temáticas é susceptível de recondução à teoria da revolução permanente que fornece o verdadeiro quadro interpretativo global do pensamento de Trotski, mas nenhuma desta temática, também, se desenvolveu ulteriormente até alcançar um status autónomo de modelo explicativo ( pense-se em particular à crítica da burocratização)".
Não oferece qualquer dúvida que o nome de Trotski e o trotskismo permanecerão para sempre identificados, para o bem ou para o mal, com a teoria da revolução permanente que, segundo alguns estudiosos, constitui, provavelmente, o contributo mais original do pensamento marxista após Marx e Engels."
Esta ideia originalmente terá nascido com outro teórico, um judeu russo, emigrado para a Alemanha: o Parvus e a teoria foi formulada pela primeira vez em 1905: " revolução permanente, no significado atribuído a Marx, é uma revolução que não transige com nenhuma forma de domínio de classe, que não se fica pela fase democrática, mas passa às medidas socialistas e à guerra aberta contra a relação externa, uma revolução na qual todas as fases se contêm em germe na fase precedente, uma revolução que termina apenas com a total liquidação da sociedade dividida em classes"- obra citada.
Assim, esta teoria deixava prever a combinação da fase democrática e socialista e a sociedade socialista que Trotski ambicionava, baseava-se na "produção racional e harmoniosa para a satisfação das necessidades humanas".
Uma utopia comunista, portanto e por consequência uma balela que é o que o BE propõe como programa político, sem o dizer expressamente.
O BE não se aceita como sendo comunista. sendo-o de facto. Aquelas declarações de princípios de Louçã assentam como luva nestes conceitos de revolução permanente.
Quem foi o maior expoente recente destas teorias e deste trotskismo? Um economista belga, Ernest Mandel, falecido em 1995 e que chegou a vir a Portugal, em Abril de 1975, na altura da revolução do PREC interrompida em Novembro de 1975 mas nunca abandonada em ideia utópica de um futuro amanhã a cantar. As galinhas já cacarejam de novo...
Em Fevereiro de 1976, na faculdade de Direito de Coimbra, leccionava Economia Política um professor- Aníbal de Almeida, já falecido- que aconselhava a leitura do "tratado de economia marxista" da autoria de Mandel. Comprei o primeiro volume, na colecção francesa 10/18, cuja introdução, de 1960, pretende demonstrar que o estudo do marxismo era muito actual e profícuo, se bem que deveria ser actualizado com melhores estudos de factos e circunstâncias dos tempos actuais. Para tal o seu tratado ambicioso percorria em abundância ( as obras citadas como referência bibliográfica ocupam 50 páginas...)outras obras de economistas, historiadores económicos, etnólogos, antropólogos, sociólogos, psicólogos, ou seja, uma autêntico iscte imaginário para tentar "demonstrar que, partindo de dados empíricos das ciências contemporâneas, se poderia reconstituir o conjunto do sistema de Karl Marx. Melhor: demonstrar que a única doutrina económica marxista permite esta síntese do conjunto das ciências humanas. e antes de tido a síntese da história económica e da teoria económica, ao mesmo tempo permitindo uma integração harmoniosa da análise micro-económica e macro-económica". Nem mais...e deve ser isto que os Ricardos Paes Mamede tomam ao pequeno almoço com bolachas de manteiga do iscte.
Combinando aqueles propósitos de Louçã, com a ideologia trotskista e de "revolução permanente", com estas ideias de economia marxista temos o retrato acabado do BE e do que propõe aos idiotas úteis e todos os inocentes que votaram nessa mistela ideológica, sem saber o que faziam. Perdoai-lhes...mas ainda é tempo de lembrar aos putativos adeptos da revolução permanente que tal excrescência fossilizada do marxismo mais atávico não tem lugar na Europa de hoje, por muito que prometam mundos e fundos que não têm e nunca terão. Contas, não é a sua especialidade. Trabalhar, suponho que também não. Tretas, teatro e farsas, ai isso sim!
ehehe Era preciso partir dos economistas, historiadores económicos, antropólogos, sociólogos, psicólgos para fazer a síntese o marxista. E devia acrescentar, funâmbulos, malabaristas, animadores de rua, vegas e gays em geral que é este o programa do BE
ResponderEliminar":O))))))
A parte engraçada, e que não me tinha dado conta ante,s é que o Rothbard com aquela cena da Praxeologia queria o mesmo em versão neotonta.
É a "interdisciplinaridade" do Boaventura, professor emérito de inanidades, um dos pais espirituais desta cambada.
ResponderEliminarMas este partia dos dados empíricos e o outros do apriorismo.
ResponderEliminartem mesmo piada porque é o trotskismo que está na base do neotontismo judaico.
Pulverizar e sabotar por internacionalismo. Sempre e Já!
Pois é. Completamente.
ResponderEliminarMas aquela mongalhada nem sabe disto. Aposto.
Então...o Parvus era judaico.
ResponderEliminarDe seu nome A. L. Helfand...
ResponderEliminarPois era. Foi deles que veio isso tudo em todas as versões.
ResponderEliminarA quem mais interessa o internacionalismo e a sabotagem geral?
ehehe gostei do acrescento.
ResponderEliminarGeorges Moustaki
ResponderEliminarJe voudrais, sans la nommer,
Vous parler d'elle
Comme d'une bien-aimée,
D'une infidèle,
Une fille bien vivante
Qui se réveille
A des lendemains qui chantent
Sous le soleil.....
Qui nous donne envie de vivre,
Qui donne envie de la suivre
Jusqu'au bout, jusqu'au bout. ...
Je voudrais, sans la nommer,
Lui rendre hommage,
Jolie fleur du mois de mai ....
Et si vous voulez
Que je vous la présente,
On l'appelle
Révolution Permanente !
leão fundou a 4ª internacional
contra a importância da nomenklatura
o problema colocou-o Milovan Djilas opositor de tito na 'nova classe'
são sociais-fascistas a quem só o poder interessa.
sem doutrina estabelecida é uma rebaldaria
se fosse PR indigitava imediatamente o monhé para pm
ResponderEliminare saía em ombros depois de cortar o rabo e a orelha
prefiro a morte rápida a morte lenta de 40 anos
e muitos mais pela frente
a ugt já sentiu a presença do cilindro
o patronato deve comprar fraldas descartáveis na Net
D. Maria da Glória (1/2 austríaca) terá dito
'triste herança deixou ao meu Pedro'
Estive mesmo para colocar essa canção em videoclip do youtube porque me lembro dela e acho que já a coloquei antes.
ResponderEliminarÉ mesmo sobre a tal revolução permanente.
Moustaki é um dos cantores franceses que gosto de ouvir e tenho vários discos do mesmo. Vi-o no Porto há uns anos, já estava um pouco velhinho mas ainda valeu a pena o espectáculo.
ResponderEliminarHá mais de meia dúzia de cançonetas que aprecio. E uma delas é precisamente a Révolution Permanente.
O mesmo exercício pode ser feito com todas as ideologias e seus apóstolos, mas para quê complicar? São Sapiens em frente de uma realidade não cristalizável, chamemos-lhe um frasco de biscoitos que em todos os momentos é diferente, sem deixar de ser sempre um frasco de biscoitos, e precisam de votos para conquistá-lo e adoptam a narrativa que mais os ajude a angariar os tais votos.
ResponderEliminarOs mais fraquinhos (só ultrapassados em fraqueza por quem ainda os escuta...) copiam ou adoptam narrativas com décadas (ou séculos) de existência que alguém mais sábio ou apenas mais original desenvolveu na altura para chegar ao seu frasco de biscoitos.
Os menos fraquinhos não tentam encaixar a realidade em narrativas bolorentas e pré-formatadas, antes olham de frente para o frasco (de que tamanho é, quantos biscoitos tem, a que distancia está, chega para todos?, de onde vieram os biscoitos, etc) e tentam explicar por A+B exactamente o que temos a ganhar com a escolha e sobretudo o que tencionam fazer: distribuir os biscoitos? comê-los todos e exigir mais à "europa"? multiplicar os biscoitos e exportá-los com lucro? como? e por aí fora...
Ah! Então vou tentar explicar com páginas do Mandel como é que os mesmos tentam perceber a receita básica dos biscoitos.
ResponderEliminarMuitas pessoas não sabem, mas trotski também foi um criminosos responsável pela morte de milhares de russos no sentido de impor a sua revolução. Louça não nega o trotskismo e como tal não repudia os crimes da sua ideologia. Tenta dar-lhe um aspecto mais poético/artístico (pseudo intelectual) ao parecer dizer que a arte continuará livre. Na realidade não o diz, porque não especifica até que ponto chega o controlo e a regulação pelo estado para que a arte ainda possa ser livre. Não o diz, e sabemos pela experiência trotskista (e pela revolução permanente) que acabará por ser imposta violentamente.
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