Franco Nogueira foi biógrafo de Salazar, com uma obra em seis volumes que é essencial para se conhecer o nosso grande estadista do sec. XX e um dos maiores portugueses de sempre, ao lado dos maiores da nossa História com mais de 800 anos. Figura grada do regime salazarista, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros no tempo da Guerra no Ultramar, nunca virou a casaca como outros o fizeram ou denotaram.
Quanto a Franco Nogueira, a justiça que a Direita defende é
a da igualdade perante a lei e a da igualdade de oportunidades:
"A partir dai pode haver desigualdades adquiridas pelos
diferentes méritos de cada um. Naturalmente, eu estou a exigir do Estado um
papel supletivo que garanta o acesso à saúde, à educação, aos bens básicos da
civilização. Nada mais, porque, caso contrário, a liberdade será posta em causa
e as tendências igualitárias provocarão a estagnação".
Ordem e autoridade
Realismo na concepção do homem, recusa do evolucionismo na
visão da História, Nação como valor primeiro, liberdade e iniciativa
individuais, defesa da diferença e da hierarquia contra a igualdade — eis as
referências comuns aos nossos interlocutores. Para além da justiça social,
cujos contornos são todavia bastante controversos.
E, finalmente, a autoridade. Nisso há acordo sobre a sua
exacta colocação, porque também não o houve na precisão da tradição libera!.
Mas Borges de Macedo, Franco Nogueira. Nogueira Pinto e Cunha Rego concordam
explicitamente em incluir a autoridade como valor da Direita.
Franco Nogueira tem sobre ela o discurso mais explícito:
"A Direita defende a autoridade na medida em que ela
resulta da hierarquia natural — e esta deve fundar-se nas capacidades
individuais. É liberal mas não é liberalista porque é rigorosa quanto a
certos valores fundamentais.
É a favor da ordem pública no sentido de que é
preciso fazer cumprir a lei. A Direita pode fazer restrições à liberdade, se a
tanto for obrigada, mas procurará fazê-las dentro das regras do jogo,
respeitando a legalidade. É mais tolerante do que a Esquerda porque esta é
mais messiânica e, por isso mais fanática.
"As direitas — conclui Franco Nogueira — são uma
pirâmide hierarquizada em que as classes se cruzam e não são fechadas. As
esquerdas são um grande plano com um ponto central".
É um pouco o que diz Cláudio Quarantotto, pensador da
Direita italiana, sobre a autoridade e a ordem como valores intrínsecos à
Direita. A ordem surge-lhe como "uma necessidade que pode ser dolorosa mas
que é sempre melhor que a desordem".
A Constituição de 1933 nesta perspectiva era uma Constituição de Direita. E assim é que estava certo, porque hoje, mais do que nunca precisamos dessa Direita que não existe enquanto tal.
E já agora fica a página toda porque vale a pena ler ( para quem não consegue ampliar a imagem e se dê ao cuidado de tal...):
E já agora fica a página toda porque vale a pena ler ( para quem não consegue ampliar a imagem e se dê ao cuidado de tal...):
"A dicotomia Esquerda/Direita não é hoje a clivagem
essencial, embora o tenha sido no século passado", diz-nos Adriano
Moreira, deslocando o eixo da polémica. "A trave-mestra da divisão entre
as famílias políticas é entre personalismo e totalitarismo.
O fenómeno totalitário é aquele em que o homem é uma
circunstância do Estado, em que a justiça não é uma dignidade do homem mas o
que o Estado decide conceder a cada um".
Para Adriano Moreira, o fenómeno totalitário e a revolta
contra ele opera a grande divisão do nosso tempo:
"O inimigo dos "novos filósofos', da geração de
Maio de 68, da dissidência é o Estado. Contra ele se agrupam hoje os
personalismos históricos que se agruparam durante a II Guerra.
"O totalitarismo não é de Esquerda nem de Direita, —
prossegue Adriano Moreira — abrange o nacíonal-socialismo de Hítler ou o
comunismo de Staline — eles não estiveram coligados? Na actualidade, abrange os
regimes de Leste, as ditaduras de capitalismo selvagem sul-americanas, muitos
regimes do Terceiro Mundo. O personalismo é hoje o herdeiro do legado político
do ocidente: o Estado de Direito que é supletivo e responsável pelas carências
dos mais desfavorecidos".
Adriano Moreira concede que se "ressuscite no seio do
bloco personalista — onde está também a social-democracia, à medida em que
deixa de ser marxista — uma distinção Esquerda/Direita num sentido
moderno".
E, aqui, o líder do CDS vai retomar a atitude perante o
indivíduo como principal charneira para a velha distinção em que faz incidir um
novo olhar: "Serão de Esquerda os que dão um papel predominante ao Estado
e de Direita os que dão papel predominante às pessoas e às instituições. Para a
Direita, cada homem é um fenómeno que não se repete; daí o seu valor único e a
importância do seu projecto individual. A Esquerda é mais inclinada a ver o
grupo e menos o fenómeno individual."
Socialismo e liberdade
A maioria dos nossos inquiridos concorda com a existência
desta faixa central moderadora do Estado de Direito (embora refiram menos o
Wel-fare State que lhe está associado).
Gomes de Pinho, tal como Adriano Moreira, julga que o Estado de Direito é património fundamental de uma Direita
moderna que ele distingue da Direita tradicional.
"A Direita tradicional opunha-se ao socialismo
ascendente. A moderna surge da constatação da falência do socialismo. Talvez
tenham de comum uma certa valoração do conceito de Estado, uma atitude
valorativa face à tradição, ao papel da iniciativa e da liberdade individual.
Mas pouco mais."
Marcelo Rebelo de Sousa considera que, em Portugal, o Estado
de Direito é uma vitória da Direita na medida em que "os socialistas
chegaram à conclusão de que, para preservar a democracia, tinham de abdicar do
socialismo.
"Quase dez anos depois do 25 de Abril, a Esquerda não
comunista não conseguiu compatibilizar socialismo e liberdade. Isto é
evidentemente uma vitória da Direita democrática" (no sentido amplo que
ele lhe dá e que abrange a social-democracia).
José Miguel Júdice, todavia, reconhece que o ambiente
cultural e ideológico do pós--guerra na Europa estava dominado pela Esquerda.
Jaime Nogueira Pinto é de opinião semelhante.
Cunha rego, no seu pessimismo inquietante, dá-nos uma
resposta . surpreendente: "A Direita incorporou o Estado de Direito por
dois grandes motivos: primeiro, porque o progresso técnico e o crescimento
económico do pós-Guerra acabou com as tentações revolucionárias; segundo,
porque, depois da derrota do nazi-fascismo, a Direita percebeu que o Estado
de Direito era uma defesa contra o comunismo".
Isto não parece muito lisongeiro para a Direita,
avisamo-lo.
"Não é —, responde Cunha Rego — embora a 'minha
Direita, que é nacional e romântica, não tenha que ver com a Direita do capital
financeiro. E muito menos com uns tantos traficantes de cocaína que exercem
ditaduras na América Latina. Não vejo que eles tenham a ver com um ideário de
Direita".
Justiça ou privilégios?
Sottomayor Cardia, num livro que paradoxalmente não foi
polémico ("Socialismo sem Dogma", Europa-América) diz que a grande
distinção entre Esquerda e Direita é que aquela é pela justiça e esta pelos
privilégios.
Os nossos inquiridos refutaram unanimamente a distinção de
Cardia e procuraram devolver-lhe a dicotomia mas, desta vez, entre
igualdade/desigualdade (ou diferença, como preferem Júdice, Nogueira Pinto e
Franco Nogueira).
"A Direita não é pelos privilégios mas pela realização
dos projectos individuais, por isso não pode reconhecer direitos sem méritos —
explica Adriano Moreira. — A Direita é elitista mas a elite tem que ter uma
justificação permanente e por isso deverá ser aberta, estar permanentemente
confrontada".
Jaime Nogueira Pinto diz que "a Direita é pela
diferença e a Esquerda pela igualdade.*
"A Direita acha que as desigualdades não são abolíveis
e que as tentativas para o conseguir levarão a novas e talvez maiores
desigualdades."
Gomes de Pinho acusa por seu lado a visão de Sottomayor
Cardia de simplista. Ele acha que há um nível mínimo que deve ser assegurado a
todos os cidadãos e sublinha que essa é a posição da doutrina social da Igreja.
Mas, a partir daí, pergunta:
"O que é a justiça? É dar a todos o mesmo, dar a i:ada
um o que precisa ou dar a cada um o que tem direito? Ê o Estado que determina o
nível de justiça ou deve limitar-se a intervir em áreas essenciais e deixar que
o resto funcione por mecanismos individuais?"
Mas, para os utopistas até o Franco Nogueira e o Jaime Nogueira Pinto não passam de neotontos capitulacionistas.
ResponderEliminarPorque eles são muito nacionalistas mas Portugal pode esperar porque democracias é que nunca defenderão.
ahahahahah É mesmo a Direita-Sentada.
São os tontos néon
ResponderEliminarVersus os tontos da estearina. A das velas...
ResponderEliminarPenso que é escusado continuar a chamar por ela.
ResponderEliminarNão adianta chamar por uma coisa no abstracto que depois se rejeita na prática.
Já sabe qual é a questão. E a questão é essa porque vai ao fundamental: a vida e a morte, o território, a independência, a cultura, em última análise, o ser. É bem a guerra do ser contra o anti-ser. E não terminou.
Mas não se pode ser pelo ser em princípio e pelo anti-ser na prática. Não se podem colher os benefícios de duas políticas contrárias.
Eu acho que o José está errado, e não está a ver bem a coisa. Deixa-se encerrar num plano inclinado. E tudo isto está ligado. Aliás, a busca de uma direita perdida é já limitar a questão e aceitar como inevitáveis certas coisas que nos querem impor.
É começar pelo fim, e devia começar-se pelo princípio. Aqui há uns tempos perguntei qual era a coisa que havia em comum entre Salazar e Caetano. O José respondeu.
Penso que devia pegar nessa resposta e examinar-lhe o significado e as consequências práticas.
Oiça lá- v. vive num país que já teve um PREC e que o destruiu.
ResponderEliminarEstá agora a assistir à repetição do mesmo. E ainda tem o desplante de dizer que é nacionalista, que só quer o bem de Portugal mas que se lixe porque tanto faz serem comunas como ser o PSD/CDS já que o que destroi Portugal é o facto de ter um regime de voto igual ao de todos os países europeus e não só.
Que merda é essa de nacionalismo que faz de v.s ETs a assistirem do alto da bancada e ainda com o desplante de se dizerem mais portugueses que os que se preocupam com a destruição pelos mesmos de sempre?
Já não me lembro. Pode recordar-me o que foi? Estou certo que não h+a contradição nos termos porque as ideias que tenho sobre o assunto estão estabilizadas.
ResponderEliminarMas se vai entrar por essa ideia feita e de lugar comum entre o ter e o ser, esqueça que não dou para essa quête.
ResponderEliminarO seu adorado Franco Nogueira, pelos vistos era igualzinho a nós e não disse que ia virar as costas ao país pelo facto de haver voto.
ResponderEliminarAo menos digam lá o que querem.
Já disseram, pronto. Querem um rei que pode nem ser o rei natural e até pode nem ser rei.
Querem um regime sem eleições porque quem passa a mandar é o tal rei que pode nem ser rei dinástico do nosso país e até pode ser republicano. E querem sair do euro e tornar a nacionalizar as boas das empresas que faziam a bandeira de Portugal.
Em que é que esta merda difere do desejo dos comunistas?
Perdi a pachorra e paço-me sempre quando uns idiotas aluadas ainda vêm com a treta que Portugueses são só eles e mais ninguém.
ResponderEliminarSão feitos de uma matéria diferente, como dizia o Estaline acerca dos comunistas. É a tal superioridade de auto-eleitos da parvoeira.
São os guerreiros do nosso apocalipse em cuecas.
ResponderEliminarOu em pijama para ser menos peremptório.
ResponderEliminarJosé,
ResponderEliminarfui à procura e acabei por não encontrar. Tinha ficado com a ideia que tinha respondido, mas se não se recorda e eu não encontro, se calhar não respondeu.
É pena porque acho que se podia fazer algum progresso por aí.
O mais anedótico é que isto até foi dito primeiro por outro aluado que deixou de ser neotonto: o Arroja.
ResponderEliminarAcho que a diferença é que esse quer rei mas respeita o dinástico. Não quer rei inventado caído do céu ou republicano.
De resto é igual- querem sair do Euro para Portugal passar a ter as riquezas naturais que tem a Islândia.
Se calhar para depois repensarem um novo Império Viking.
Quanto a Franco Nogueira aconselho que leia, se o não fez já, o "Juízo Final".
ResponderEliminarEm pijama com ursinhos e coraçõezinhos porque a coisa também já ficou senil da parte brejeira
ResponderEliminar":O)))))))))
Oiça lá- v. escreveu por aí que não defende uma Democracia e que só gente parva ainda pode esperar que uma Direita não democrática vá defender uma democracia.
ResponderEliminarEu só lhe pergunto onde é que o Franco Nogueira disse isso e em que lugar fica então Portugal.
Mas nem merece a pena. V. vem logo com a demagogia escolástica à João Miranda e eu não tenho pachorra para isso.
Agarra-se a merdas de detalhe ínfimo para se escapar sempre ao essêncial.
Depois até mente e foge com a mentira, dizendo que sempre defendeu um prolongamento de Portugal com ligação aos PALOPS- e isto porque a Maria inventou que disse e eu perguntei-lhe a ela onde estava escrito.
Portugal com o escudo pode ter uma Bolsa mais catita e o prof. Arroja aprecia isso...
ResponderEliminar"Em pijama com ursinhos e coraçõezinhos porque a coisa também já ficou senil da parte brejeira"
ResponderEliminarCuidado que essa é lesa-majestática e assim vai levar com o giga toda arriada...ahahahaha
Ah pois. Ao menos esse é um aluado que sabe cuidar primeiro de si. Também não menospreza os PALOP em troca dos vikings pelo mesmíssimo motivo.
ResponderEliminarQue se lixe. A coisa ficou mesmo imbecilizada e de triste figura.
ResponderEliminarNão escrevi "por aí". Escrevi no Dragoscópio. Nada tenho a esconder e sei bem o que faço. Esta querela não me diz respeito, na medida em que é pessoal; e é. Na medida que o não é, o que eu defendo já o defendia antes de começar esta historieta.
ResponderEliminarE não lhe dou mais trela, nem respondo mais às suas provocações da tanga porque V. é parva e não estou para ser arrastado para quezílias.
Se o José quiser continuar a discutir, cá estou, evitando adjectivar como me foi, e bem, recomendado pelo próprio quando já se discutia isto antes de haver querela.
Esta discussão tem sempre interesse e por isso é que posso retomar a ideia que afinal posso nem ter abordado inicialmente.
ResponderEliminarPortanto, o que acha que haveria em comum entre Salazar e Caetano que vale a pena mencionar?
Eu sei o que pode haver e acho que é o essencial: Portugal como Nação de qualidade, princípios e valores.
Quanto aos métodos a divergência é de fundo, em alguns deles mas o tempo talvez dê razão a Marcello e é isso que digo sempre.
ò cretino- Portugal está à beira do abismo- esta merda pode dar numa segunda Venezuela.
ResponderEliminarE v. ainda diz que quem combate os comunas é utópico porque é tudo igual e v. não defende democracias porque é mais português que todos os portugueses.
Vá dar banho ao cão que para imbecilidades deste calibre nem resposta existe.
O que não me parece sensato é atacar Marcello Caetano como um inimigo figadal só porque não seguiu caninamente as pisadas de Salazar.
ResponderEliminarIsso desemboca no catarismo porque os cátaros também defendiam o Evangelho e acreditavam nas mesmas coisas essenciais.
Parecem as maluk@s do PAN- só se lembram de imbecilidades quando têm o abismo à frente.
ResponderEliminarPorque, se alguém fosse levar a sério a poesia que brotam, então só se podia concluir que até fazem figas para que os comunas abram caminho e destruam tudo, para depois voltar o Rei e o Império e tudo restaurado sem partidos nem votos.
ResponderEliminarEu em 1975 tinha 18 anos. Faria 19 em Agosto desse ano, em pleno Verão quente.
ResponderEliminarNessa altura lembro-me o que aconteceu. Lembro-me de tudo vividamente, com acento e sem acento.
Quando lia nas revistas estrangeiras como a Time ou o L´Express que Portugal caminhava para o comunismo não me parecia assim tanto e achava um exagero.
Agora percebo que quem tinha razão eram mesmo eles, os tais alarmistas.
Por cá, o alarme só existia da parte da Igreja Católica e alguns círculos de pessoas que vinham do antigamente e eram ainda adeptos do regime anterior.
Este discurso da Igreja era entendido como reaccionário e combatido pela Censura do PREC. O discurso das bombas do ELP era ouvido nos sítios onde ocorria...
Nos media em geral, seja nos jornais, rádios ou televisão o que acontecia no dia a dia de 1975 era encarado como agora os media encaram este mini-prec da Esquerda Unida: normalissimo e sem consequências de maior. Aliás, até aplaudiam e deram logo a comemorar o "dia de trabalho para a nação"...a um Domingo.
Actualmente, o panorama não é semelhante mas apenas porque o tempo é de farsa que pode descambar em tragédia.
Desemboca sempre nos eleitos armados em anti-cristo com promessas de retorno à Idade do Ouro.
ResponderEliminarAcreditavam nisto os cátaros, os pauperes, os do Rei Tafur; os do Livre-Espírito; os taboritas da Boémia e os loucos das revoltas de camponeses no tempo da Reforma. O tarado do Muntzer inspirou o Marx para teorizar o comunismo.
Foram sempre chacinas e mais chacinas e o inverso do que pregavam porque se consideravam divinos e portanto, até podiam pôr à prova todo o luxo e pecados, pois já estavam para lá do Bem e do Mal.
Esta treta nem nasceu da Igreja mas do paganismo helénico com o mito da Idade de Ouro. E os comunas são continuação do mesmo. Aquela facilidade com que esquentam a cabeça e pregam a igualdade sem dinheiro é sempre a mesma.
Os meus pais assinavam ( e a minha mãe ainda o faz) um jornal da arquidiocese de Braga chamado Luz e Vida. Era um jornal que em 1975 era abertamente anti-comunista e escrevia claro e preto no branco.
ResponderEliminarO arcebispo de então era D. Francisco Maria da Silva um dos maiores lutadores contra o comunismo, a par do cónego Melo.
Quando lia esse jornal mensal ou quinzenal, já nem me lembro, achava sempre tudo aquilo um bocado exagerado. Agora não acho nada e penso que tinham razão.
Se vier bancarrota a farsa torna-se tragédia. Não tenho dúvidas e há mais quem não tenha. Os que fazem contas apercebem-se logo.
ResponderEliminarConviria então aprofundar melhor esses princípios e valores que fariam de Portugal uma nação de qualidade.
ResponderEliminarPorque será daí que se deve partir, não? Dos princípios.
Em relação aos métodos, não sei se a divergência é assim tão de fundo. Mas creio que se não examinarmos os princípios, é estéril a discussão sobre os métodos - pois estes visam atingir um fim. E não podemos ter fins sem saber os princípios, certo?
De resto, não me parece questão de atacar Caetano como inimigo fidagal, nem eu o faço. Estou convencido de que cometeu erros, eventualmente de importância grave. Mas não creio - e acho que ninguém crê - que os tivesse cometido por malícia.
Mas será talvez mais fácil entender primeiro e assentar nos princípios dos quais ele partia, para depois se ver se errou ou não, em que medida, e se foi por se ter desviado deles.
Estão neste blog todos os textos que é preciso para saber o que Caetano pensava.
ResponderEliminarComo presumo que quem o critica os conhecerá, não percebo a crítica...
Está aqui tudo o que Caetano pensava sobre a Nação, o Comunismo, o esquerdismo revolucionário, a Censura, a Guerra no Ultramar, a Opinião e o que a constitui, a moderna organização do Estado de Direito, a noção de Elites, etc etc. Até a escolha dos governantes.
ResponderEliminarHá uma sintonia com o pensamento de Salazar mas com outra "evolução na continuidade".
ResponderEliminarEssa evolução é que se torna insuportável para os salazaristas de agora.
É essa a razão da discordância e do surgimento do catarismo.
Por outro lado, os cátaros actuais queimam pontes e remetem-se ao reduto inexpugnável da importância do esguicho insultuoso. E para isso não tenho pachorra.
ResponderEliminarNão se trata de questão pessoal mas de educação pura e simples.
Por outro lado quem se julga superior não deve arriar as defesas e manter-se inexpugnável neste neo-catarismo. Assim é que morrerá cercado pelas evidências e num cucuruto de águia depenada.
ResponderEliminarÉ um catarismo com catarro.
ResponderEliminarNão foi crítica.
ResponderEliminarDe facto há muitos textos aqui, mas não deveríamos nós dizer explicitamente os tais princípios, para ver se ainda fazem sentido, e de que maneira o fazem, hoje em dia?
Como o José diz noutro postal, e deve ser óbvio para quem tem olhos de ver, há a tal hegemonia cultural esquerdista. O que significa que esses princípios, se eram dantes evidentes, podem, na prática, não o ser já.
E não me parece que os salazaristas achassem insuportável a tal evolução na continuidade. Penso que o insuportável veio com a percepção de que se sacrificava demasiado o permanente, ou a continuidade, em nome de uma evolução pela evolução em si. Ou seja, evoluía-se não porque a evolução fosse natural, mas porque era exigida de fora, através de uma minoria que, apesar de tudo, no plano cultural era já uma maioria.
ResponderEliminarPor exemplo, as eleições de 69 foram, tanto quanto se pode apurar objectivamente, livres. A oposição fiscalizou o acto. As pessoas votaram em massa. Não estou ao corrente de que os salazaristas achassem tal coisa insuportável. E Salazar também o não consideraria, creio - quanto muito diria que era imprudente.
Foi uma evolução no método e, até certo ponto, mesmo nos princípios que se não quebraram nem dobraram. Havia um Presidente do Conselho novo, havia que o legitimar politicamente perante a Nação, e havia que legitimar igualmente a política de continuidade que se propunha seguir. Atribui-se a priori esse significado político ao acto, e bem. Ninguém foi contra isso, penso eu, embora Salazar, se calhar, procurasse obter o mesmo fim por outros meios ou actos que eventualmente achasse mais prudentes.
Já a evolução da política relação à guerra, que foi uma tentativa no sentido de contemporizar - para mim, anacronicamente porque a dificuldade maior estava já vencida - nos planos interno e externo (embora, na realidade, se tratasse do mesmo porque a oposição à guerra no plano interno era na esmagadora maioria instrumento do exterior), já é uma evolução questionável porque não foi a natural.
Nesse respeito a evolução natural seria uma afirmação dos direitos e da soberania portuguesa que aliás estava confirmada pela realidade nos territórios em causa e da nossa capacidade evidente de assim os manter. Ou seja, a eliminação de qualquer dúvida acerca de que a determinação portuguesa quanto à defesa da sua soberania não era fruto da circunstância política - e portanto fundamentalmente frágil e sujeita a mudança - mas antes uma orientação que emanava directamente da sua realidade orgânica e específica que não admitia alteração fundamental.
Eu creio que era possível fazer isso. E era, parece-me, a estratégia acertada porque permitiria dissociar a questão da guerra da do regime político, que a oposição bota-abaixista associava com fins evidentes.
*onde diz "atribui-se", devia ser "atribuiu-se".
ResponderEliminarE ao contemporizar com essas concepções do exterior, acabou por inquinar a única base sólida que unia a maior parte das pessoas, de vários matizes e orientações políticas, excepto os comunistas e os democratas progressistas cata-ventistas compagnons de route.
ResponderEliminarPorque a esmagadora maioria das pessoas era pela defesa, como o confirmou a eleição de 69, a que se deu desde logo esse significado político específico e explícito e que as pessoas compreenderam. Ao corroer essa base de união nacional, Caetano cometeu um erro que viria a revelar-se fatal. A pessoas votaram nessa continuidade específica. Ele só tinha que a manter e reforçar, e teria, como teve, espaço para reformar no resto.
Há um detalhe- quem fez o 25 de Abril foram os militares e os militares, incluindo altas patentes, incluindo o Spínola em livro, não achavam nada que era evidente a capacidade para manter.
ResponderEliminarNão foi nenhuma oposição de civis que mudou o rumo, e até as manifestações e rebeliões de milicianos, incluindo em Moçambique, anteciparam o que depois do golpe se fez na metrópole.
Portanto, se os militares capitulam, não sei de onde vem a certeza triunfal e, muito menos, como poderia ser diferente e quem ia fazer a vez dos que tinham por missão defender e combater.
ResponderEliminarJá sei que a resposta é que o moral da tropa estava em baixo por causa de querelas internas. E quem deitou o moral abaixo foi....
Foi o responsável por promoções e tal e coisa dos milicianos e a moral foi abaixo, apesar da guerra estar ganha e só se perdia por causa dos americanos.
ResponderEliminarBom, já que V. se me dirige em termos de gente, arrisco responder:
ResponderEliminarOs militares decidiram agir contra Caetano porque o encontraram fraco e sem apoio. Os militares em causa eram oportunistas e viram uma oportunidade. E o que o Spínola escreveu não se devia escrever porque o que ele escreveu foi politicamente motivado. Se ele fosse assim tão descrente não teria tido o sucesso que teve na Guiné e pelo qual granjeou todo o respeito que depois desbaratou.
Quando o Botelho Moniz tentou a Abrilada, não teve chance porque Salazar não estava sozinho e tinha apoio firme e concreto.
eehhe como gente
ResponderEliminar":O))))
Eu estou a falar antes do 25 de Abril e em África. A desmoralização não foi no dia do golpe. Era anterior e numa guerra ganha, como garantem.
Não se entende.
E eu estou a falar de 69 - Marcello aí ainda tinha toda a liberdade e então depois das eleições dispunha de um apoio político tal como se calhar Salazar nunca teve. Ele quis predicar a política de defesa no resultado das eleições e jogou bem.
ResponderEliminarMas depois começou a deixar entender que estava aberto a uma alteração dessa mesma política. E por isso se diz e dizia que ele era "hesitante". Era uma maneira de dizer que ele não era nesse ponto tão claro como se tinha sido dantes. E nestas coisas a mínima sombra é imediatamente amplificada em escuridão. São os tais planos inclinados...
E isso não caiu bem entre as forças que o apoiavam pela continuidade, deu alento aos nossos inimigos externos e aos seus agentes internos, e excitou a cobiça dos francisquinhos, freitas e quejandos que entreviram uma possibilidade de alijar a carga incómoda do ultramar para abrir caminho aos filões dos subsídios europeus.
Não aconteceu de um dia para o outro, demorou quatro anos. E ele lá foi rolando pelo plano abaixo sem ter capacidade para travar as coisas porque, por um lado tinha cada vez menos apoio dos sectores nacionalistas que o encaravam com desconfiança crescente, e, por outro, et pour cause, cada vez mais se deixou enredar pelos do sector mais esquerdista e pelos militares oportunistas buscando neles um apoio que aqueles se prestavam pressurosamente a dar até ao dia em que já não precisaram dele.
E os militares no terreno. O desalento.
ResponderEliminarNão sei se esse desalento era tão grande quanto isso.
ResponderEliminarDe qualquer maneira, a dado ponto, essa questão meramente corporativa estava já empolada em questão política, e ele estava encurralado: era impotente para se lhe opor, e não tinha o apoio necessário para lhe dar resolução e sobretudo fazê-la acatar.
Quando os dois artistas de uniforme o encostaram à parede, em Março, já ele não tinha forças. Deu a resistência simbólica de lhes dizer que se eles quisessem o poder que o tomassem, e que ele não alinharia no esquema deles.
Compare-se ao que fez Salazar em situação parecida: despediu cortesmente o Botelho, que era ministro da Defesa (e de quem Costa Gomes era subsecretário) e foi tentar manobra parecida, e foi confrontar o PR: se já não reunia confiança política nem tinha apoio dos militares, então punha imediatamente o lugar à disposição. Caso contrário, era altura dessa confiança se materializar. E materializou porque ele tinha o apoio em que ela havia de assentar. E quando os conspiradores se reuniram para dar início à golpada, foram informados por um deles que já não eram sequer o que pensavam ser.
A diferença entre os dois, a este ponto, era somente a de um que sabia ter o apoio de que precisava e outro que sabia não o ter.
Agora, porque é que um o tinha e o outro não? Essa é a questão. E não creio que fosse porque os salazaristas achavam insuportável qualquer evolução na continuidade porque então ter-se-iam logo oposto a que fosse nomeado presidente do Conselho e tê-lo-iam largado logo nas eleições.
Se ele não tivesse tocado na política externa, estou convencido de que as coisas se teriam passado de maneira muito diferente.
"Por exemplo, as eleições de 69 foram, tanto quanto se pode apurar objectivamente, livres"
ResponderEliminarNão foram nos termos que hoje as concebemos. Mas foram no sentido de que se permitiu um arremedo de oposição socialista maçónica. Mas nunca comunista e muito menos de extrema-esquerda que foi o que sucedeu em 25 de Abril de 1975.
E se formos a ver, Marcello errou de algum modo ao julgar que a democratização, com abertura ao comunismo e propaganda inerente seriam prejudiciais.
Não seriam porque o povo português que votou e foi mais de 80% deu a vitória à moderação e rechaçou o aventureirismo esquerdista e até o comunismo do PCP.
Se Caetano soubesse que poderia ser assim, e estou em crer que acabaria por saber, teria feito a evolução que a Espanha fez.
Nós não seríamos diferentes e a esquerda comunista hoje seria apenas uma recordação sem consequências.
Assim é o que é.
Portanto, neste aspecto, para não entrarmos em querelas estéreis devemos pôr de lado uma coisa que a direita do antigamente e que se reciclou já pôs: o Ultramar. Acabou. Está fora de questão discutir isso e o melhor é discutir a Direita sem Ultramar.
ResponderEliminarÉ possível? Se for, temos discussão.
Como assim, não nos termos que hoje as concebemos? Qual era a diferença? A meu ver havia duas: não era dali que se escolheria o chefe do governo - mas, na teoria, também o não é assim hoje -, embora, na prática, se lhe tivesse dado o significado político de o legitimar e à política que se propunha seguir - tal como é regra hoje. E não participavam comunistas abertamente enquanto tal, embora sempre o tenham feito de forma encapotada.
ResponderEliminarSe as eleições foram livres, se cada um pôde votar livremente, e se até a oposição fiscalizou o acto onde e como quis, não vejo qual a grande diferença.
muja: a diferença é muito grande. Não havia sequer possibilidade de o PCP se reunir porque era proibido e os seus militantes seriam presos, tal como os da extrema-esquerda.
ResponderEliminarPor que acha que Álvaro Cunhal estava ausente na RDA, URSS ou Paris, sem se saber exactamente onde? O indivíduo vivia na clandestinidade e até chegar a Portugal à Portela, em Abril de 1974 era um bicho do mato.
O PCP e a LUAR e outros revolucionários seriam presos se estivessem à vista. Palma Inácio estava preso em 25 de Abril de 1974.
As eleições de 73 decorreram em ambiente controlado pelo regime que não admitia o comunismo-e muito bem, acho, porque o PCP era e continua a ser um partido radical e estalinista na acepção da palavra com o significado corrente.
Se puder amordaça a Liberdade num instante de poder que tenha.
"O Castigo para aquele que não se envolve em política é de ser governado por seus inferiores"
ResponderEliminarAtribuída a Platão, acho que esta frase resume grande parte dos dramas que estamos a passar e que poderemos vir a enfrentar ainda em maior grau.
De vez em quando venho aqui incitar a quem tem as ideias mais arrumadas, a quem tem um pensamento mais consistente e a quem tem valores que merecem ser propagados, se chegue à frente. Como? Acho que a via permitida no actual quadro legal é mesmo a criação dum Partido.
Não tenho talento para tal mas há aqui quem tenha... nomeadamente o autor do blogue de vários dos comentadores mais assíduos e profícuos do blogue.
É só porque acho que andam a perder tempo para a Acção...
Cumprimentos
Eu nem me quero meter mas desculpe lá. Quando escreve «Como assim, não nos termos que hoje as concebemos? Qual era a diferença? »
ResponderEliminarIsto é o quê? está a fazer alguma pergunta ou a tergiversar?
Não sabe a diferença? há alguém com mais de 10 anos incapaz de saber a diferença?
Não devemos tapar o sol com uma peneira para dizer que o regime anterior a 25 de Abril era parecido com o que temos. Não era e a diferença pode e deve discutir-se. Mas não tinha semelhanças com o actual ou o que surgiu depois desse golpe.
ResponderEliminarNada a ver em quase tudo. Costume dizer que a maior diferença visível e simbólica foi o facto de os apresentadores da RTP aparecerem sem gravata e fazerem gala disso.
Fialho Gouveia, lembro-me bem de o ver assim e outros.
Eu acho que não é possível por uma razão, que é a que tenho tentado esclarecer: essa questão é fundamental porque é uma instância concreta da oposição entre aquilo que é são as linhas permanentes do interesse nacional, o interesse de Portugal, e aquilo que são os interesses encapotados dos estrangeiros sob disfarce e a pretexto de grandes causas, grandes ideais e ideias novas, mundos novos, sempre apresentados como definitivos mas que, na prática, são sempre e cada altura favoráveis a eles e nunca a nós.
ResponderEliminarE repare no que o José diz e me parece contraditório: por um lado diz que a Direita se reciclou e pôs de lado o Ultramar; mas por outro diz que essa direita já não existe. Parece-me óbvio que estão as duas coisas relacionadas.
Se o ultramar foi uma realidade permanente e específica da nação portuguesa durante séculos e séculos, e se a direita é, de uma forma geral, a defesa política de princípios que, no concreto da realidade das coisas, são indissociáveis da ideia e do conceito de nação porquanto esta permanece a realidade objectiva em que vivemos e que se enquadra a sociedade, então não poderemos abandonar a questão do Ultramar.
Ou melhor, poderemos fazê-lo, e até com proveito, se daí partirmos para discutir o fundamental que lhe está subjacente, e que é saber quais são as linhas permanentes do nosso interesse como nação e país, e como melhor as preservar e defender.
E nesse sentido, também o assunto do comunismo é mera instância dessa questão mais fundamental. Portanto não é sem importância, antes pelo contrário. Mas também o comunismo há-de passar, mal ou bem, tarde ou cedo. Mas novos desafios, novos obstáculos virão. Mais ventos soprarão. E de uma coisa podemos estar certos: apresentar-se-ão como "novos", "definitivos", "representantes das grandes causas", e serão indubitavelmente contra nós e a favor de terceiros. E nós teremos que os saber enfrentar.
Ou seremos reduzidos a nada.
"por um lado diz que a Direita se reciclou e pôs de lado o Ultramar; mas por outro diz que essa direita já não existe."
ResponderEliminarA Direita existia em 1983 como se pode ler. Mas não existia enquanto partido ou movimento ou sequer com muitos seguidores.
Por isso não há contradição. E também não há quando digo que se reciclou. Veja o caso do Nogueira Pinto ou do Júdice ou do próprio Adriano Moreira.
Consegue reciclar estas cambalhotas destas pessoas? Eu não consigo e por isso digo que a Direita actualmente nem existe mas pode vir a existir e com uma dignidade que nunca teve.
Caramba, expliquei porque não vejo a diferença ou não expliquei? Se vai começar, então mais vale acabarmos já...
ResponderEliminarJosé,
Fazia assim tanta diferença o PCP não poder participar enquanto tal? Também hoje, bem vistas as coisas, não pode. E por isso o que dizem nos media não corresponde ao que dizem internamente para os militantes. Porque se dissessem publicamente o que dizem internamente se calhar também já não podiam participar, não?
E também não disse que o regime era parecido, bolas! Disse que houve eleições livres, ou pelo menos fiscalizadas pela oposição, que legitimaram certa política e a pessoa que se propunha desempenhar-se dela. E que essa pessoa cometeu erro político grave porque deixou entender que se calhar ia levar a cabo uma diferente e que isso lhe custou o apoio que depois lhe fez falta.
A única forma de ressuscitar essa Direita que entrou em letargia é ravivar os valores que defendia.
ResponderEliminarE não são difíceis de elencar porque Franco Nogueira os mencionou. COm acrescentos que Salazar e Caetano puseram em prática e representavam.
Esse Portugal interessa-me.
Lá está, mas F. Nogueira não se "reciclou". E devia ler mesmo o Juízo Final.
ResponderEliminarPorque essa ideia da utopia não tem fundamento. Ele lá é concreto no caminho que aponta. E não tem que ver com utopia nenhuma, nem com reis, nem com conquistar o império. Mas tem que ver com o ultramar, porque isso é uma coisa que releva da nossa situação permanente e específica, quer queiramos quer não.
A questão é que não adianta discutir o caminho se não se compreende a razão pela qual é o caminho certo.
Porém, se o reduzir a Salazar é caso de Inés é morta, ou seja, fora do tempo. Não tem hipótese nenhuma de produzir vinho da Quinta das Ladeiras, em 2016 do mesmo modo que o produziria em 1970 e efectivamente produziu. É uma questão de impossibilidade ontológica quase. Não é possível remontar o tempo nem sequer o espaço. O lugar onde foi produzido está lá. Porém, é impossível replicar o ambiente.
ResponderEliminarO que é possível é replicar o espírito adaptando-o aos tempos actuais.
Hoje em dia o Chevrolet ( americano...) que Salazar usava não precisa de ser dessa marca e modelo. Poderia bem ser um Mercedes classe c. Ou mesmo E.
E a quinta das Ladeiras que é linda poderia ser reaproveitada de outro modo mais actual, como se fazem às casas antigas remodeladas.
Ora o que não é mesmo possível é encontrar um canteiro Ilídio porque os canteiros desapareceram e deram lugar aos escultores e arquitectos. E as pedras de granito continuam a existir e poderia ser perfeitamente possível refazer uma pedra tumular ainda melhor que a que foi então feita, se forem usadas as técnicas ajustadas.
O que não é mais possível é fazê-lo exactamente no contexto em que tal se fez, na época.
Está a ver onde quero chegar?
Franco Nogueira não se reciclou porque continuou a acreditar que o nosso destino era africano. Acho que acreditava no Mito do V Império à maneira dele.
ResponderEliminarMas por isso mesmo é que deixo de lado essa discussão por uma razão prática: acabou e não há volta a dar-lhe. O resto há volta a dar.
Franco Nogueira estava errado no meu entender, quanto a essa questão. Mas tinha recta intenção que aprecio muitíssimo e respeito.
ResponderEliminarPor isso é que Franco Nogueira e o que escreveu deve continuar a ser um dos teóricos de uma Direita que não existe.
ResponderEliminarFreitas do Amaral dizia em 1976 à Opção ( tenho aí publicada) que em Portugal a maioria das pessoas era...CDS.
ResponderEliminarPercebo que ele quis dizer e acho que se houvesse uma Direita que conseguisse mostrar os valores e ideiais que entendo válidos e próprios da Direita seria maioritária em termos eleitorais.
O povo português que vota, parece-me muito conservador. O problema é que só lhes dão a escolher partidos de alternativa a esse bom senso.
Ou acha que a Paf teve uma boa votação, porquê? Precisamente por causa disso.
A Paf não é o ideal nem pouco mais ou menos, mas é o menos mau, neste momento.
Por isso é que não me seduzem as opções utópicas que vejo enunciadas no Dragão e por aí. Não funcionam.
ResponderEliminarPor exemplo, Caetano disse até que estávamos a caminho de ser uma Suíça.
ResponderEliminarPois bem. Não o poderemos ser se a nossa acção se confinar ao continente europeu. A nossa situação geográfica não no-lo permite. A Suíça é um país neutro e disso retira as maiores vantagens. Mas é a sua geografia que lhes facilita isso. Embora sejam pequenos, têm um território de fácil defesa, conquanto estejam preparados para o fazer, e são vizinhos das maiores potências continentais. Essa vizinhança e o tamanho dos vizinhos assegura-lhes a estabilidade de que necessitam porque se um lá tentar interferir, os outros agirão em contrário, equilibrando-se, e ao fim de contas, a todos interessa que a Suíça não seja de ninguém. De igual forma com a Flandres, que é um tampão entre a França e a Alemanha.
O nosso caso é diferente e, tirando a Inglaterra, a ninguém lhe importaria que fizéssemos parte da Espanha, a não ser quando ocorre um caso de conflito concreto em que aquela está envolvida.
Ou seja, perante a Europa, estamos em desvantagem. Não somos fulcro de nenhum equilíbrio, e nesta só subsistem os pequenos que o forem. Na Europa apenas, portanto, não subsistiremos.
Quer isto dizer que devemos ir de armas e bagagens para África, à procura de erguer um novo império e conquistar território? Claro que não. Nem foi isso que se fez, bem vistas as coisas.
Nem só de território vivem as nações, e antes de nos forçarem a isso, nem a gente precisava de muito por esse mundo fora. Precisávamos de pontos de apoio, não de impérios. Mas entre escolher não ter nada e ter impérios, houve de se fazer um. Foi um dos tais ventos da história, e na altura era apresentado como definitivo...
Mas podemos ter e temos vantagens lá comparativamente aos outros países. E na América do Sul e na Ásia e na Oceania. Podemos lá desenvolver actividades e cultivar uma presença que nos garanta o equilíbrio que a nossa posição europeia por si só não garante.
Podemos obter novos pontos. Poderemos quiçá, recuperar alguns dos antigos, sem que por isso hajamos de guerrear com quem lá está. Pontos que nos abram o acesso a novos mercados, a novos meios, que nos remedeie a dependência que a periferia nos causa em relação ao centro da Europa, que não quer saber de nós para nada, e a transforme numa vantagem.
Mas uma coisa é certa: hão-de opor-se a nós, e hão-de invocar tudo e mais alguma coisa para obstar a isso. Hão-de apelar aos ventos, aos ideais, ao diabo e sabe-se lá ao quê. E ou nós resistimos obstinadamente ou levam-nos quanto tenhamos.
Por isso é que a questão do ultramar é importante. Porque é fundamentalmente acerca disso: de nos defendermos. Salazar disse que estávamos orgulhosamente sós. Pois não se duvide: a opção é somente entre estarmos orgulhosamente e com o que é nosso, ou humilhados e sem nada. Porque sós, sós sempre estivemos e haveremos de estar.
muja: não vale a pena centrar a discussão no Ultramar porque dificilmente estaremos de acordo.
ResponderEliminarÉ capaz de ultrapassar essa questão?
Repare José: o ultramar é o meio de transformar o periférico em central. É só isso. E tal continua tão actual como sempre foi.
ResponderEliminarOs métodos, esses, sim, hão-de se ajustar aos tempos. Mas nem por isso se altera o fundamental. Voltámos a ser periféricos. Se continuarmos a sê-lo, estamos condenados.
F. Nogueira não se enganou.
E portanto, a direcção ultramarina, o além-mar, seja ele onde for, tem de ser um ponto central em qualquer direita portuguesa, pois é um aspecto fundamental da nossa realidade nacional. É assim porque é assim. Porque a gente não pode zarpar com o rectângulo daqui e ir aportar à Flandres ou à Sicília ou a Nova Iorque. Então há que buscar outros pontos, de forma a que no conjunto, possamos estar periféricos em relação à Europa, mas centrais em relação ao mundo. Transformar o que a outros separa, naquilo que nos una.
Não. Não sou.
ResponderEliminarO resto não leva a lado nenhum.
Portanto, se quiser encerrar ficaremos então por aqui.
ehehehe
ResponderEliminarPortanto é como se diz. V. quer falar de Portugal com uma coisa que já não existe.
E quer uma Direita com essa coisa que não existe.
Depois maluquinhos são os outros.
Pois se não conseguir falar de Portugal sem integrar o que foi nosso outrora, não conseguirá sair do gueto, porque jamais voltará a ser como era.
ResponderEliminarPortanto o que nos resta e nisso é que vale a pena investir intelectualmente, é pensar como deveria ser Portugal com as ideias de Salazar e Caetano adaptadas aos dias de hoje.
Isso é que seria empolgante pensar e dava um programa de um partido ou movimento.
Faço as minhas alegações finais :)
ResponderEliminarA nossa situação é simples, e é que sempre foi e há-de ser enquanto formos o que somos. Estamos entre o mar e a terra. Não subsistiremos separados dos dois.
A terra é, para todos os efeitos, Espanha. Qualquer ligação pela terra haverá de se lhe subordinar, de uma ou outra forma, seja qual for o pretexto sob o qual se apresentar. O mar, é o que estiver para além dele e onde conseguirmos chegar.
Portanto, em traços largos, as opções que temos são duas: ou o ultramarinismo ou o iberismo. Não há mais nada e uma delas forçosamente será.
Cabe-nos a nós escolher qual.
Para fazer um paralelo:
ResponderEliminarEu gosto muito de música, de todos os géneros. É o meu maior gosto porque concita o intelectual e o sensorial que entra pelo pavilhão auditivo.
A música que verdadeiramente gosto tem dezenas ou até centenas de anos e as gravações da mesma têm dezenas de anos.
Actualmente tenho duas formas de usufruir desse gosto particular: ouvindo as gravações originais através de meios da época o que é possível porque ainda os tenho ( gira-discos, gravador, colunas, amplificador, etc) ou ouvir usando os apetrechos modernos que o tempo trouxe: gravações digitais em altíssima fidelidade e que não sendo idênticas aos originais bit pot bit ou sulco a sulco são indistinguiveis dos originais e até por vezes dá a ilusão que são melhores por causa do ambiente de escuta ( auscultadores ou colunas e melhor aparelhagem que a que tinha então).
O que quero dizer com isto é que o prazer da audição pode repetir-se mas numa dimensão que nunca é a mesma mas se aproxima com grande rigor do que era dantes e que é sempre a referência da memória auditiva.
Com isto posso estabelecer o paralelo: a política de hoje poderia ser aproximada em termos de qualidade e eficácia ao que era dantes e com os valores aproximados ou mesmo absolutos relativamente a alguns deles, sem perda de qualidade.
Bastaria que as pessoas acreditassem nesses valores e tivessem pessoas que os transmitissem em modo credível e convincente.
O substracto é ganhador, muito mais que o esquerdismo comunista ou socialista. Logo o que é preciso é obter o meio de difusão e o material com a maior aproximação à origem.
Bem se não acredita no futuro do país sem as possessões ultramarinas então o melhor é desistir de esperar seja o que for.
ResponderEliminarSerá sempre uma frustração para si, o que resultar de discussão política actual.
Ainda assim continua a valer a pena discutir as razões por que as perdemos e quem foi responsável por isso.
ResponderEliminarou seja, o comunismo continua a ser tema actual...ahaha.
Não desisto por três razões: primeiro, simplesmente porque não. Porque me recuso a não o fazer.
ResponderEliminarSegundo, porque muitas vezes estivemos apertados e outras tantas se soube sair do aperto.
Terceiro, porque acho que esse é o único caminho bom.
No mais, não seria grande coisa se me deixasse determinar pelas minhas frustrações. É um defeito que nós temos, procuramos evitá-las a todo o custo em vez de as ultrapassar. Mas mesmo que passe a minha vida frustrado, há sempre quem venha depois de nós. A uns toca a frustração, a outros o futuro permite-lhes por vezes a alegria de as ver vencidas, sem haverem de abandonar os princípios.
E o futuro passa pelo mar ou por Espanha. Não há mais nada e quem não vê isso, então melhor fora que fosse cego.
E sempre direi mais uma coisa: não me parece que seja eu quem está no gueto. Eu vejo um caminho. Até vejo dois, mas um não me agrada porque acaba logo ali.
ResponderEliminarVós é que não vedes nenhum.
Olhe que os cátaros também viam um caminho de Luz: no cimo da montanha de Montségur, na Provença.
ResponderEliminarAinda lá estão as ruínas que conto visitar um dia destes.
Um sítio esplendoroso...
É no que dá ler demasiados romances de cavalaria
ResponderEliminar":O))))
Vem-lhes o furor como no D. Quixote e que pode descer à algália ocidental, como diria o Swift
ResponderEliminar":O)))))
Não faz mal. No que eu vejo não há Luz. Há obstáculos, dificuldades e sacrifícios.
ResponderEliminarMas não é desconhecido, por isso podem vencer-se estes. Está onde sempre esteve, e estará enquanto nós estivermos.
Entretanto, se encontrar a direita perdida, avise!
Gostei muito do que escreveu, Muja.
ResponderEliminarMiguel D
Mais um utópico! Estamos bem arranjados...
ResponderEliminarmonarca utópico, se for o caso! Não confundir com os utópicos da esquerda unida...que ainda acreditam nos amanhãs a cantar. Ou será que as semelhanças os aproximam?
ResponderEliminarPois é, pois é, pois é...
ResponderEliminarUns alegres; outros melancólicos, a luz que atrai é a mesma.
Estupidamente também já devia ter dado por isso há mais tempo. Sempre tive as Idades de Ouro e milenarismos à frente e nunca me deu para cruzar Impérios, sem ser nas judengas das salvas manuelinas
ResponderEliminar":O))))))
A utopia dá cabo da racionalidade e razoabilidade porque ofusca o senso.
ResponderEliminarSalazar foi sempre um anti-utópico, como o são as pessoas do campo.
É o furor da fantasia. Já o Aristóteles dizia que pode dar muito engenho mas da loucura também não se livram.
ResponderEliminarNão diria propriamente assim mas foi assim popularizada pelo Tesaurus. São os vapores poéticos.
Foi foi, por isso é que morreu obcecado com a utopia e a respectiva defesa... eheh
ResponderEliminarAté ficou maluco e tudo!
É evidente que era um utópico. Não creio que se possa ilibar.
Muito bom este e os últimos posts que o José partilhou e que deixam espaço para uma grande reflexão.
ResponderEliminarA minha reflexão é simples:
Se nós não temos um exemplo de direita digna em Portugal vamos procurar então pela Europa, onde ela está? Tirando alguns pequenos bons exemplos não existe nada de relevante vindo de países com poder de influenciar a nossa cultura.
Somos uma direita adormecida e escondida de difícil acesso ao grande público.
Somos uma direita em que as elites preferiram arrumar na prateleira
porque estavam mais preocupadas em ganhar a vida nas negociatas mas que acabaram contra a parede.
Somos uma direita em que nem o suposto pretendente a Rei quer saber.
Resta-nos saber conservar o melhor da cultura de Portugal até que chegue o tempo certo com as pessoas certas.
Da revolução liberal a Salazar foram mais de 100 anos à deriva.
"Somos uma direita em que nem o suposto pretendente a Rei quer saber.
ResponderEliminarResta-nos saber conservar o melhor da cultura de Portugal até que chegue o tempo certo com as pessoas certas.
Da revolução liberal a Salazar foram mais de 100 anos à deriva. "
O suposto Rei é aquilo que julgo ser o perigo da monarquia...e tem um irmão que é mesmo a tragédia que poderia suceder pelas leis dinásticas.
Por outro lado, o que se passa na Europa não é o mesmo que em Portugal.
Na Europa a Direita está representada em partidos políticos. Em Portugal nada de nada.
E a culpa disse é do facto de termos deixado a Esquerda andar de rédea solta estes anos todos.
Daí o meu esforço em tentar fazer aquilo que a Direita nunca fez devidamente e de modo profícuo: denunciar a estratégia da Esquerda comunista e mostrar quem verdadeiramente é.
Também é um trabalho quixotesco, disso não tenho dúvidas. Mas diverte-me e ao mesmo tempo é instrutivo .
Claro que há representação da Direita no resto da Europa. Em Inglaterra, por exemplo e até entre os conservadores. Não é preciso ir para o UKIP
ResponderEliminarCá não existe e cresceu tudo para a esquerda.
Quanto ao trabalho do José, vou dizer-lhe um coisa ainda que saiba antecipadamente a resposta e pense o mesmo.
ResponderEliminarIsto tudo que aqui escreve e deixa como fontes históricas é excelente mas chega a menos gente que se o fizesse no facebook.
Eu sei que nunca o faria e entendo porque também detesto aquilo mas é uma realidade. Aquela treta tem um poder de difusão enorme.
É claro que mesmo que fosse deixado lá, acontecia como suponho que deve acontecer aqui- pouca gente se dá ao trabalho de ler mais que as paragonas e ler os recortes de jornal é muito.
ResponderEliminarOlhem só o que os aluados andam a espalhar
ResponderEliminarhttp://3.bp.blogspot.com/-a2hakZKtgEg/VfTn_OiBQKI/AAAAAAAALos/0n1fJvcDKmk/s1600/frase-bertolt-fascismo.jpg
Neste caso o aluado é meu colega, dos mais riquinhos e aluados e já levou com a explicação de quem são os riquinhos assustados do presente.
A estes mais velhos junta-se o aluamento às saudades de quando eram jovens e a coisa fica ainda mais caricata. Revêem-se sempre em grandes papeis nostálgicos.
Assim que se fizer equivaler, em modo semântico, a palavra fascista a comunista, o comunismo acaba de vez.
ResponderEliminarPode crer. Ontem respondi mais ou menos assim. Mostrei a imbecilidade da comparação.
ResponderEliminarCalaram-se. Enfiaram a viola no saco. Ninguém bufou.
E antes disso já andavam por lá uns que até jogam golf na Quinta da Marinha mas também são muito comunistas, a fazer coro porque agora é que ia ser, os fascistas amedrontados.
Possivelmente amedrontados por poderem assistir aos camaradas a ocuparem os respectivos montes e propriedades.
E nunca tinha feito isto. Fingia sempre que não via nem ouvia e ainda me davam cotoveladas no braço para eu fazer coro com as cretinices besta deles.
Acabou. Não só não faço coro, como também nem faço militância. Mas sempre que me atirarem com a imbecilidade da militância rançosa para cima levam troco por caricatura do que dizem. Porque comunas burguesoides e fascistas são eles.
Tirando-lhes o fascismo na boca eles não sabem como atacar. Porque o fascismo é o racismo é tudo o resto e eles em acusando os outros disso escapam-se de ser o mesmo ou pior.
ResponderEliminarAgora uso os mesmos termos deles e traduzo-lhes por exemplo onde encaixam eles e os que idolatram.
eehhehe