Tudo se prepara para termos em Portugal uma reedição aggiornata do ambiente de PREC de 1975 com a patine do tempo que o transformou em farsa.
A URSS já não existe, o imperialismo só se declina a ocidente e a extrema-esquerda aglutinou-se em partidos ainda mais utópicos e com programas sem nexo à realidade mas com as palavras habituais e os conceitos de sempre, agora edulcorados e com as pílulas douradas que aparentam a mais suave democracia social. Mas como cantava um esquerdista extremo ( Sérgio Godinho), "pode alguém ser quem não é?"
A esquerda comunista, incluindo a extremada não mudaram nada de há quarenta anos a esta parte excepto com a introdução de uma componente trotskista que ainda é mais enganadora do que as antigas palavras de ordem que Pacheco Pereira espalhava pela calada da noite nas ombreiras do Porto sentido e de que tem evidentes saudades.
Os sinais já andam no ar e como habitualmente Vasco Pulido Valente já detectou alguns e na crónica de hoje no Público dá conta disso.
Em 1974-75 quem é que em Portugal avisava publicamente para o perigo que se aproximava e se concretizou em bancarrota dali a meses depois de termos crescido economicamente até então, no tempo do "fascismo", a taxas que hoje só na China se notam?
Pouca gente, muito pouca gente e sem acesso à televisão, rádio ou jornais, todos tomados pela esquerda comunista e socialista. Ferraz da Costa foi uma dessas pessoas que conseguiram em momentos raros, na televisão, avisar para o perigo comunista.
De resto, o perigo era desvalorizado e quem o anunciava ridicularizado. Como hoje o fazem os pajens da utopia que deambulam como espectros de um passado remoto que trazem como agasalho.
Para liderar a fronda, em cúmulo desta desgraça que se anuncia, temos um pobre Francisco de Assis. O que é que isto vai dar? Pobreza em catadupa.
A esquerda comunista e mesmo a socialista antes da desmarxização táctica pensaram sempre do mesmo modo e nada alteraram ao longo destes 40 anos.
Em 1973, essa esquerda socialista ainda marxizada pensava assim, em cartaz que não foi proibido pelo "fascismo" , tal como a reunião que ocorreu e que se pode ver na revista Observador de 19 de Outubro de 1973.
Estão lá, bem claras, as palavras de ordem da altura e que são as de hoje, com mais ou menos variantes: "contra os monopólios", "contra o colonialismo" e "pelas liberdades democráticas". O comunismo esquerdista é isto e sempre foi isto.
Os objectivos comunistas não se alteraram de uma década para a outra e muito menos de um dia para o outro como agora os pajens da utopia julgam ou fazem de conta.
Em 1975 no auge da contenda por estes objectivos programáticos, o comunismo esquerdista seguiu as tácticas que lhe pareceram mais eficazes. Não é por acaso que o PCP no dia 25 de Abril não estava assim tão preparado para o que sucedeu, porque não acreditava plenamente no sucesso do golpe e preferiu resguardar-se à espera de melhor oportunidade. Cunhal estava em Paris ou Moscovo ( para o caso tanto faz), Soares em Paris e a esquerda comunista tentou imediatamente o assalto ao poder, do modo que se conhece e tenho dado por aqui nota ilustrada. Em 25 de Novembro de 1975, fará agora 40 anos, o PCP resguardou-se de igual modo e veio anunciar que nada tinha a ver com a golpada...
Uma das melhores análises, no meu modesto entender, do que se passou nesse ano e meio ( Abril de 1974 a Novembro de 1975) de experiência revolucionária que nos destruiu economicamente e condicionou cultural e socialmente durante as últimas décadas, está aqui na edição de O Jornal de 12.12.1975, da autoria de Eduardo Prado Coelho, já falecido, um intelectual da Esquerda Livre avant la lettre.
Durante estas décadas que se passaram entretanto e que somam quarenta anos, o PCP e o esquerdismo comunista nunca desistiram da luta por aqueles ideais que são simples de enunciar e fáceis de compreender:
" Na sua luta nas empresas [ nacionalizadas e principalmente de transportes, hoje em dia, mas há muitos anos atrás eram muitas mais e situavam-se na cintura industrial de Lisboa] e na rua [ manifestações a eito] ou nas instituições democráticas [votos contra no Parlamento, sempre], os comunistas portugueses regem-se pelos mesmos princípios e praticam a mesma orientação [ o marxismo-leninismo serôdio e fossilizado e completamente desligado da realidade actual no mundo, com excepção da Venezuela sem rei nem roque, mas pobreza geral, Cuba e Coreia do Norte. Argumentar que este sistema só gera maior pobreza é inútil porque acreditam piamente no contrário, através do dom das palavras mágicas]. Desde a sua participação nos Governos Provisórios da Revolução de Abril aos dias de hoje esse sempre foi e continuará a ser o seu comportamento [ pelo método mais apropriado às circunstâncias lutar contra a burguesia capitalista, os "grandes monopólios" e tutti quanti se atravesse nesse caminho para o socialismo, incluindo o PS], na certeza de que, como sempre afirmámos e afirmamos, não há alternativa sem o PCP e muito menos contra o PCP ( tendencialmente um partido único porque é o PCP o líder natural da revolução socialista]- revista O Militante, do PCP, de Novembro/Dezembro de 1974, perdão, de 2015.
Estes são os princípios de actuação do PCP. Quem julgar que foram modificados de há quarenta anos a esta parte tenha o cuidado de ler isto que saiu igualmente de O Militante, desses anos de 1974-75, perdão, de 2015 ( Setembro/Outubro):
Ou de Novembro/Dezembro de 2014 em que o texto não poderia ser mais explícito e um alerta aos pajens que fazem a corte a este horror carnavalesco.
São milhares e milhares de páginas e textos, de discursos, de apontamentos de História escrita e revista que os comunistas publicaram de há 40 anos a esta parte nos seus órgãos de informação, como O Avante, o extinto o diário e agora a revista O Militante.
Um exemplo do logro habitual e que se anuncia: o PCP não suporta a "concertação social" por ser um "instrumento de recuperação capitalista".
É o que escreve Domingos Abrantes o criador do fassismo, com os dentinhos apartados, na O Militante de Novembro/Dezembro deste ano ( último número à venda):
Como é que os sindicatos da UGT vão reagir a este tipo de coisas? Vamos voltar à polémica da "unicidade sindical" e que originou a cisão entre o PCP e o PS em 1974-75?
Como é possível que este inenarrável PS de António Costa, com o pobre do Assis a dizer amén, vá lidar com isto?
Todos esses textos do PCP não deixam lugar à mais pequena dúvida sobre a natureza do Partido e da sua matriz anti-democrática conforme entendemos a democracia na Europa ocidental.
As pessoas dos media em geral, com destaque para todas as lourenças das televisões recusam-se a entender isto e a aceitar esta verdade clara como água e portentosa como punhos.
Só me pergunto porquê...o que aliás faço há 40 anos e não obtenho resposta satisfatória.
A natureza da farsa actual deste partido anti-democrático Continua. Este partido devia ser proibido ( na actual lógica constitucional) com a configuração política que apresenta, porque não é menos democrático que um hipotético partido nazi, mas continua em aplauso geral como ocorreu em 1975, com os media a defenderem a falta que o PCP fazia à democracia e que era tanta como a de uma viola num enterro.
Essa farsa traduz-se num pormenor que não parece importante mas VPV notou:
"O manifesto dos 115" ou seja dos pequenos e médios empresários ( os mesmos que o PCP diz defender porque não suporta os tais "monopólios" imaginários) e que são a actual força real da economia, já avisou para o desastre. O desastre é termos outra vez um programa de ajuda da troika, tal como os gregos tiveram.
Vamos ter, estou certo, com estas políticas que se anunciam.
Por outro lado, com as devidas distâncias e nisso é que se nota a natureza da farsa actual, no Verão de 1974, já o escrevi aqui repetidas vezes, outros empresários avisaram e tentaram inverter o curso dos acontecimentos prestando-se a ajudar economicamente garantindo um investimento de cerca de 120 milhões de contos ( 20 mil milhões de euros actuais, mais ou menos) na Economia, caso a mesma mantivesse a estrutura capitalista que tinha.
A diferença com o que se passa agora? É trágica, infelizmente: esses empresários de 1974 ainda tinham poder financeiro para investirem 20 mil milhões de euros na Economia e não ficariam desprovidos de capital. Com as nacionalizações promovidas pela "Esquerda Unida" perdemos não só esse capital como esses notáveis capitalistas que tinham sido quem nos colocou em crescimento económico na década precedente a taxas que hoje só na China.
Hoje em dia, os capitalistas que temos não têm dinheiro para mandar cantar um cego na PT na EDP ou na TAP, para só citar essas.
Têm supermercados e mercearias de circunstância e acham-se beneméritos e filantropos e até ajudam a que esta Esquerda Unida os derrube, como é o caso de Paulo e Belmiro, na SONAE, a subsidiar o Público, ou de um Américo Amorim que não presta comparado com aqueles. São uns pindéricos do nosso capitalismo e é isto que temos em consequência daquelas "políticas" da esquerda unida.
As pessoas não sabem disto? Não querem pensar nisto? Não querem ver isto e tirar conclusões?
Os poderes políticos de então, com destaque para o MFA comunizado e o PCP, PS e extrema-esquerda ( a esquerda unida) não quiseram, desprezaram e dali a meses estávamos na bancarrota.
A culpa? É perguntar aos comunistas que nunca assumirão tal responsabilidade. E se calhar têm razão. A culpa é de quem lhes dá o poder de mão beijada, como está a acontecer...
Um dos motivos porque estamos assim simboliza-se nesta imagem de 1975 e com uma personagem que mete um nojo metafórico porque é da mesma estirpe dos Azevedos. Tudo suportam menos uma coisa: perder o pecúlio que julgam seguro. E para tal aplaudirão a Esquerda Unida, se necessário, como aliás já o fizeram...
A diferença notória é que em vez da cintura industrial temos agora a cintura africana...e numa de todos iguais, todos diferentes em que uns pagam e outros recebem...porque uma União Soviética canta a internacional e divide irmãmente...só falta cair maná dos céus de que os sefarditas ainda não conseguiram convencer o seu Deus...
ResponderEliminarE há outra ainda:
ResponderEliminarNessa altura havia quem se opusesse activamente a esta tragédia. Hoje, os que se deviam opor acham isto uma comédia sem importância...
O chico foi sempre um ordinário. e protejeu as ordinárias; v.g. a lili a patroa de casa de meninas (putas) mais famosa de lourenço marques.
ResponderEliminarAinda não li melhor do que este artigo.
ResponderEliminarParabéns.
Abraço
JPA
Ainda não li melhor do que este artigo.
ResponderEliminarParabéns.
Abraço
JPA
É como se a URSS ainda existisse. O muro para eles não caiu.
ResponderEliminarÉ ver aqui:
http://www.odiario.info/
Quase todos os gerontes do PS foram comunistas. Quando o Costa diz que derrubou o muro, refere-se a uma frágil sebe em termos ideológicos. A que separa alguns sectores do PS, do PCP.
com dirigentes vazios do ps,
ResponderEliminarassis tem a vantagem de ser pomposo
a tragicomédia também vai sair cara a quem a sustenta
muitos estão resguardados com dinheiros colocados longe da costa
* o monhé apareceu ontem com aspecto de actor principal duma película de TERROR
pergunto-me:
quem estará sentado na cadeira de realizador?