Há mais de oito dias o Correio da Manhã noticiou na primeira página que o juiz Rui Rangel era suspeito de receber "luvas" pela "porta do cavalo" relativamente à elaboração de livros jurídicos para Angola, a través de uma empresa.
A notícia advinha de elementos que constarão de escutas no processo dos "vistos gold". O jornal, sem mais aquelas colocou tal "notícia" na primeira página e aparentemente nem sequer procurou saber mais. O visado não terá atendido telefonemas e pronto, ala que se faz tarde para a notícia do dia seguinte. Isto é jornalismo à la Tânia Laranjo e não presta. No caso, cheira mal. O jornalismo, entenda-se que em relação a cheiros o advogado Araújo parece que terá de explicar melhor na sede própria.
A notícia que visava Rui Rangel deveria ter sido melhor investigada uma vez que podendo ser verdadeira também poderia ser falsa, como no paradoxo quântico do gato de Shroedinger.
Hoje, no jornal aparece a explicação de Rui Rangel, com a indicação de que vai accionar o jornal por ofensa ao bom nome. Não sei, mas na contestação deveria o jornal indicar que deu oportunidade ao juiz de se explicar e o mesmo não quis. Ora vir agora com a explicação pode muito bem veicular má-fé.
Claro que uma decisão favorável ao juiz, dar-lhe-à importância superior à que a notícia referia sobre os tais pagamentos pela "porta do cavalo"...o que não deixa de ser irónico e ao juiz delicioso, até, uma vez que junta o útil ao agradável, perante a estupidez de um jornal que deveria saber melhor o que estas casas gastam...
Por outro lado parece que existe uma averiguação disciplinar relativamente ao comportamento do juiz. Ora tal não basta uma vez que a notícia, se for verdadeira vai muito para além do mero ilícito disciplinar e entra pelo campo criminal. Nesse caso, deveria o jornal accionar a respectiva denúncia, se é que não existe já e constituir-se assistente, ajudando o MºPº do STJ que não tem grande vocação para investigador criminal, a descobrir a verdade material. Lembra-se a propósito que nos casos singulares de dois desembargadores do SIS os processos foram arquivados e talvez sejam públicos, agora. Por outro lado ainda, o juiz Carlos Alexandre só porque foi visado por denúncias anónimas altamente suspeitas teve que fazer strip da sua vida pessoal se quis mostrar que não devia e não temia. Mas o caso de Carlos Alexandre é único e não estou a ver outros a seguirem-lhe o exemplo. "Era o que mais faltava"!", dirão adejando frases pomposas sobre a dignidade pessoal.
Porém, se assim foi nesse caso particular e exemplar, não parece demasiado pedir que nessas investigações a juízes se siga o mesmo princípio de investigação aprofundada e não pela rama como costuma ser, com a audição de algumas pessoas para tranquilizar o costume.
O que está em causa merece esse esforço e compete ao MºPº na mais alta instância velar para que tal aconteça. É a imagem da Justiça que está em causa, precisamente, por antonomásia.Quem não deve não deve temer e quem deve, não se deve meter nelas. Ou então pagar o preço.
assiste-se a um novo dilúvio
ResponderEliminarrebentou o cano de esgoto
em França FN
na Venezuela o socialismo cai de maduro
por cá
a 'Luz vem do Oriente'
mas anda tudo desorientado
'há 2 coisas no mundo
a que um biltre nunca fóje
um amor forte e profundo
e ainda não comi nada ÓGE'
o OGE sai no próximo milenium
A Direita está morta e enterrada em Portugal.
ResponderEliminarE isto merece séria reflexão. Em primeiro lugar, o que é a Direita? E o que é a Esquerda? Começou esta divisão na revolução francesa, como se ensina nas escolas? Não. É tão antiga quanto a Humanidade.
Portugal, como entidade, na sua essência, é de que lado? Ora na nossa essência somos cristão e monárquicos. Temos uma tradição comercial milenar. Cerca de 80% do povo é proprietário. Se considerarmos que é a Direita conservadora que salvaguarda os valores cristãos do povo; se considerarmos que é a Direita que salvaguarda a propriedade privada e a liberdade comercial nas suas diversas vertentes; se considerarmos tudo isto, concluímos sem grande reflexão que Portugal é de Direita.
Mas importa nova reflexão. Cola-se à Direita o ultramontanismo católico, a beatitude doentia da Inquisição, a carência de liberdade comercial decretada por elites da dapital. Mas como referia Jorge de Sena, existe um Portugal que ele chama de democrático. O Portugal que representa o povo que emigrou, que esteve contra o domínio castelhano, que tem expressões cristãs mas não católicas da sua fé (culto do Espírito Santo), que teve génios literários ou científicos perseguidos pela mesquinhez dos medíocres. Esse Portugal é de Esquerda? Na minha opinião, não. Pois era cristão, monárquico, lutou pelas liberdades individuais e comercial.
Então, por que carga de água temos uma Constituição socialista, dois partidos comunistas que congregam quase 20% dos votos, um PS que se julga dono e senhor do Regime? Por que motivo não temos nenhum partido de Direita pura e dura com traços de Frente Nacional francesa no Parlamento, com um eleitorado cristalizado, como o PC?
"Por que motivo não temos nenhum partido de Direita pura e dura com traços de Frente Nacional francesa no Parlamento, com um eleitorado cristalizado, como o PC?"
ResponderEliminarSe eu bem percebi parece que V. mm respondeu a esta pergunta no início do seu comentário:
"A Direita está morta e enterrada em Portugal."
Com base em que é que se baseia para fazer esta afirmação já é outra questão...
«Com base em que é que se baseia para fazer esta afirmação já é outra questão...»
ResponderEliminarNo panorama político está. Há pessoas de Direita em Portugal? Há. Até parte do eleitorado da Esquerda é de Direita...
Mas olhemos para o panorama político. O PSD é de Direita? Este PSD é de Direita? Tem líderes fortes e respeitados? Não tem. Passos, com pouco currículo, meteu na algibeira muitos doutores do seu partido. O CDS é de Direita? Este CDS tem um líder respeitado? Não tem. Marcelo é um candidato de Direita? Quem é Marcelo? Rui Rio tem mais perfil para a coisa, penso...
Eu sou de Direita. Conservador nos costumes, liberal no plano económico. Acredito que em alguns sectores a presença do Estado pode ser importante, sempre ou em determinados momentos. Um exemplo? O Ordenamento do Território, o urbanismo. Quem me representa? Marcelo teve um modelo económico e social que vai de encontro àquilo que julgo ser o melhor para o país, mas com erros em algumas áreas como o Ordenamento urbano que a seu tempo teria sido corrigidas, caso o Regime aguentasse mais uns anos. Repito, quem me representa? Como eu há dezenas ou centenas de milhar de portugueses. Quem os representa? Ninguém.
Onde estão as pessoas que apoiavam fervorosamente o Estado Novo? Na minha vila conheço vários. Pelo país todo deve haver imensas. Há na Igreja, nas instituições militares, na Universidade. Quem os congrega? Nenhum partido nem nenhuma força social.
ResponderEliminarHá meses tentaram vender-me umas revistas do Marcelo Caetano da Primeira República. Naquele momento não tinha 500 euros para gastar. Arrependi-me.
ResponderEliminarNa Primeira República houve um forte movimento conservador de oposição. Marcelo Caetano participou nesse movimento. Dizia-se anti-capitalista, anti-comunista, anti-socialista. Não temos nada assim hoje e no entanto diz-se que vivemos em liberdade.
"Há pessoas de Direita em Portugal? Há."
ResponderEliminarEra aí que eu queria chegar:)
Por isso, talvez a questão se coloque assim:
- Há pessoas de Direita Nacional em Portugal;Sim
- Não estão organizadas porque:
i) não sabem;
ii) não querem;
iii) Têm mais que fazer.
Riscar o que não interessa ou acrescentar mais n razões.
E claro que, no actual panorama político, não há gente de Direita.
A "direitinha" que temos é a que a Esquerda deixa para dar uns ares de "democracia"
Seria injusto não referir o PNR como partido de Direita.
ResponderEliminarInfelizmente, como já aqui foi dito e comentado , não tem conseguido descolar nem afirmar-se pelas mais diversas razões.
A Frente Nacional em França também demorou muitos anos a ter visibilidade (mais de 30 anos, creio) e é, como o nome indica, uma Frente por isso aí convivem monárquicos, identitários, Tradicionalistas, associações da Caça e da Pesca, enfim uma serie de “famílias” de Direita que têm um (mínimo, às vezes) denominador comum e um pólo agregador neste momento personificado em Marine Le Pen.
E depois, isto também tem a ver com a nossa dimensão e a de França em termos demográficos, se não me engano são 6 vezes mais do que nós.
Um partido para ser de Direita, em Portugal, por todos os motivos e mais alguns precisava de 2 características:
ResponderEliminar1- Uma liderança carismática
2- Gente com bom background teórico.
Por menos que isso é feito em cacos.
O PNR não tem nada disto.
ResponderEliminarO Martinez até teria mas era preciso gente mais nova.
Parabéns Zephyrus. Excelente depoimento, à laia de comentário opinativo. Perguntas oportunas e prementes a exigir respostas consequentes, que se esperam e desejam, por se tornarem cada vez mais necessárias e urgentes. Isto, para que um debate construtivo, aguardado há tempo demasiado, possa finalmente ser iniciado para bem da imensa maioria dos portugueses que não se revê neste regime/sistema tal como ele foi gizado e implementado, amputado desde o início de uma diversidade e pluralidade políticas imprescindíveis em qualquer regime democrático que se preze, de que este, respaldado por uma Constituição que não passa de um arremedo, despudorada e cìnicamente se arroga. Debate a ser feito nesta Casa com a elevação exigida, justamente por ser talvez este o espaço internáutico mais apropriado para uma troca de opiniões civilizadas desta natureza, apanágio do seu ilustre administrador. Atributo este que òbviamente se estende aos seus não menos ilustres leitores/comentadores.
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