No i de hoje o advogado Godinho de Matos confessa algumas coisas interessantes sobre a sua vida profissional e alguns assuntos de momento, por exemplo o caso Sócrates.
Godinho de Matos é advogado desde 1973 e foi fundador do PS. Até 1978 diz que andou a "brincar á política", o que não deixa de ser interessante porque foi nessa altura que o falecido Almeida Santos gizou o sistema judiciário que temos e ao mesmo tempo era a altura em que ocorreu a primeira bancarrota logo a seguir ao 25 de Abril.
Em 1978, agora confessadamente, Godinho de Matos pediu ajuda a Proença de Carvalho e começou a trabalhar com o mesmo na advocacia.
É preciso dizer que Proença de Carvalho durante os anos que se seguiram a 78, depois de se inscrever no PS ( e na Maçonaria, tal como Godinho?) andou pela AD e pela política activa também, como se escrevia neste recorte de O Jornal de 7.2.1986, vai fazer agora trinta anos. Proença filho de pobres, fora delegado no Ministério Público e inspector da polícia Judiciária, antes de 25 de Abril de 1974 e foi com o processo relativo á herança Sommer, onde já pontificava o advogado Salgado Zenha, referência de ambos, que Proença saltou para a ribalta.
Em 1986 Proença era um dos principais responsáveis pela candidatura de Freitas do Amaral à presidência da República e se este tivesse ganho a Mário Soares, Macau teria sido outra coisa para quem para lá foi depois. Porém, não teria sido muito diferente quanto às patacas que continuariam a ser a moeda corrente de de troca.
Godinho Lopes fez parte do escritório de Proença até 2013, onde prosperou mais do que se tivesse ido para Macau. Sendo advogado "do crime", área pouco prestigiada na advocacia de negócios, por lá ficou a defender os seus clientes famosos e mediáticos até essa altura.
Por que saiu então? Diz que foi por causa de transformação dos velhos escritórios de advocacia em empresas de prestação de serviços jurídicos e nesse ambiente deixou de haver trabalho empresarial na área do crime e por isso saiu, indo para Portimão. Com os bolsos cheios, por supuesto...
Critica essa mudança que acaba por tornar os advogados em assalariados precários sempre com receio de perderem o lugar. Sobre a essência dessa advocacia é claro: " as dez principais sociedades de advogados são autênticos centros de poder silencioso".
Godinho de Matos lá saberá do que fala e é pena que não explique melhor que "poder silencioso" é esse e quem servem, no fim de contas. E acrescenta: "esse poder grande e difuso é muito sedutor, muito tentador e com facilidade gera apetência pelo mesmo".
Ó se gera! Proença de Carvalho, para além de advogado, exerce cargos sociais em empresas da mais variada espécie: só em 2013 a Cimpor ( Camargo Corrêa, no Brasil e envolvida no escândalo Lava Jato) pagou-lhe 283 mil euros e com a Zon, Bes e Galp arrecadou quase 500 mil euros. Fora as outras...
Claro que tudo isto anda longe dos milhões de que dispõe José Sócrates e nem sequer Godinho Matos teve direito às migalhas do prato grande, pelos vistos.
E a propósito, como é que o advogado penalista Godinho de Matos olha para o caso do Marquês?
Ora, pelos olhos de sempre: " se o cidadão que é acusado diz que o dinheiro é seu e não de Sócrates como é que os juízes o vão contrariar? Os juizes não têm poderes divinos. E é por isso que a investigação precisa, como pão para a boca, de alguém que venha dizer que deu dinheiro a Santos Silva que na prática era de Sócrates."
Pois, para além das falhas de raciocínio lógico que não interessa agora rebater em pormenor, a questão, para este advogado resume-se a isto: José Sócrates é um perseguido e por isso acha muito bem que se cale um jornal que queira vender mais à custa da desgraça do dito. Por outro lado, o cinismo deste género de advogados nunca tem limites porque o que lhes interessa não é saber se um indivíduo tem culpa ou não. O que lhes interessa é saber se há provas para assentar essa culpa que podem muito bem saber existente e indiscutível no plano moral e jurídico.
Estes advogados estão carecas de saber como tudo acontece e como tudo se faz, na sombra do tal "poder silencioso" mas isso é nada porque o que conta é a verdade formal das provas que terão sempre que resultar das regras que eles mesmos gizaram nas leis que ajudaram a compor.
Infelizmente para eles tais regras também comportam outras que as complementam, para evitar que se torne chocante a absolvição de evidentes culpados e assim se reponha alguma Justiça que para esses advogados é um simples verbo de encher declarações pomposas, após conferirem o extracto das suas contas bancárias, eventualmente em offshores.
Uma dessas regras que agora se torna importante é a da relevância da prova indirecta para estes casos. È o horror para estes advogados habituados àqueles raciocínios simplistas do género "o dinheiro não fala"...
Fala. E muito, no tempo actual. Mais alto que os princípios e quando aparece em quantidades suficientes, estes calam-se.
Será o caso do advogado Godinho de Matos que em tempos sugeriu ao juiz Carlos Alexandre que a pronúncia de um seu cliente seria comparável a beber cicuta?!
do meu longo convívio com o Nuno, nasceu uma amizade por o considerar pessoa séria
ResponderEliminarindependentemente de termos sido Irmãos da mesma chafarica
podia ter-se aproveitado das ligações politicas e não o fez
creio que foi ele quem ajudou o PC, filho do Carvalho que tinha um depósito de dinamite na Soalheira
Cicuta ou cituca?
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ResponderEliminarSe foi ele quem ajudou o PC, a verdade é que disse ter pedido ajuda ao mesmo quando quis advogar em escritório conveniente.
ResponderEliminarAté 2013, portanto durante todo o consulado de José Sócrates acompanhou tudo e por isso sabe de tudo.
Vir defender o inenarrável é inadmissível.
A cituca ficou umas horas porque não vi antes...
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