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sexta-feira, março 11, 2016

Octávio Ribeiro e o jornalismo do Correio da Manhã

No jornal i de hoje aparece uma grande entrevista a Octávio Ribeiro, o responsável pelas edições do Correio da Manhã e da televisão correspondente.

Vale a pena ler as três primeiras páginas porque as outras estão a mais.


Octávio Ribeiro explica que o director da TVI, Sérgio Figueiredo não é jornalista mas apenas comissionista de certos interesses e ainda vai mais longe: é um abcesso na democracia e como carácter recortou o facto de ter dito que iria visitar Sócrates na cadeia e nunca lá ter ido...

Não obstante, o que OR diz sobre o jornalismo do CM merece reflexão. A melhor que se pode fazer será esta publicada num pequeno jornal francês que todos os verdadeiros jornalistas portugueses deviam ler: Le Un, desta semana e que já vai na 97ª semana de publicação, num formato único, desdobrável até superar o "broadsheet" e versando um tema específico em cada número. Não há nada assim na internet e não há nada assim que eu conheça no mundo ocidental. É francês e recomenda-se pela excelência e pelo exemplo de que é possível fazer coisas novas nos media. Custa em Portugal €2,90 e é difícil de encontrar. Não se vê nas Fnacs, nos quiosques habituais ou em lojas especializadas, mas anda por aí.



O artigo mais interessante é de Soljenitsine e refere-se a um discurso proferido em Harvard, em Junho de 1978, mais ou menos na mesma altura em que o actual presidente da República chamava ao director e proprietário do Expresso, "lelé da cuca". Amanhã, se Deus quiser, lembrar-se-á o assunto...

Esse discurso de Soljenitsine, proferido na América, escassos anos após o seu exílio da Rússia,  numa altura em que as televisões privadas e jornais sensacionalistas ainda não existiam por cá, mostra uma reflexão que é necessário fazer sobre um fenómeno que Umberto Eco já enunciou também no seu último romance, Número Zero: " não são as informações que fazem um jornal, mas o jornal que faz a informação"...

 Soljenitsine perguntava então uma coisa essencial: em contraposição ao slogan em voga sobre "toda a gente tem o direito de saber", se não seria preferível adoptar outro direito que é o de não saber, de não ensombrar a  nossa alma criada por Deus com mexericos, ninharias, futilidades. E mais importante ainda: o jornalista que escreve informações  falsas ou tira conclusões erróneas, induzindo em erro a opinião pública, não tem necessidade de se retratar, passando logo a escreve o contrário do que disse ou informou, com a mesma desenvoltura e sem prestar contas do que fez. O jornalista tem essa liberdade que não é conferida a mais ninguém na esfera pública.

Noutro artigo escreve-se sobre as metáforas jornalísticas e sobre este uso da linguagem muito se poderia dizer do jornalismo português que se pratica actualmente e do uso de tais metáforas como significantes de um léxico esquerdista enraizado no tempo que passa.


5 comentários:

  1. ontem aconselhei a prof a leitura de 'os novos cães de guarda' de Serge Halimi do Le Monde Diplomatique

    oculta-se:

    o plano B de bestas quadradas

    que Angola não foi convidada para a entronização do entretainer

    'a luta continua!'

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  2. não tive oportunidade de mencionar as noções do novo director do El Pais sobre o futuro da informação
    em papel e no sistema virtual

    por cá continua a desinformação
    aos serviço dos socialismos

    noticias sobre acontecimentos
    não indicavam local, data e hora

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  3. ... não tem necessidade de se retractar

    A infecção alastra.

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  4. Angola não foi convidada para a entronização do «entretainer»?

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  5. O retrato sobrepôs-se, sorrateiro. Ainda bem que há correctores.

    E "entertainer"...de facto, pode ser um dos tais sintomas de infecção.

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