Só uma única vez vi Francisco Sá Carneiro “triste” com o seu amigo: como é que o proprietário do Expresso consentia na “pouca vergonha” em que se encontrava naquela altura? Tudo “tinha limites”… Subentendido: trabalhar mediaticamente a política daquela forma enviesada mancharia de “indiferença” quem era suposto estar em posição de não consentir – nem apreciar – tal estado de coisas. Falava-me com um misto de espanto e pena. E tanto assim era, que ele, Sá Carneiro, decidira patrocinar um novo jornal (avisando-me de resto que eu iria ser contactada para a empreitada e cheguei a sê-lo por um dos seus secretários de Estado com quem, apercebi-me depois, muito o então chefe do governo já discutira e detalhara tal projecto).
Fica-se a saber, portanto, que se Sá Carneiro não tivesse morrido em Camarate, teria aparecido um jornal para concorrer com o Expresso. E provavelmente não se confundiria com um Semanário, surgido anos mais tarde.
Tal projecto jornalístico aparecia porque o Expresso não era o lugar ideal para se escrever sobre a mudança política e social que se impunha, após os anos de PREC e as bancarrotas em sucessão.
Sá Carneiro tinha essa noção e provavelmente tudo teria sido diferente nos anos a seguir, na década de oitenta, do modo como foram.
Tal como Jaime Nogueira Pinto escreve no DN de hoje, há uma direita que há quarenta anos desertou em combate e o lugar foi tomado pela esquerda que ainda predomina. No entanto, os valores daquela direita continuam vagos nessa herança que ninguém quer assumir, para já.
O tal príncipe a quem o actual presidente da República, em 1978 chamou lelé da cuca, num arroubo irreverente ou mesmo num retrato impiedoso, foi um dos protagonistas da derrocada da direita que repudiou toda a herança do que vinha de antes de 25 de Abril de 1974.
Balsemão foi do grupo "liberal" na Assembleia Nacional e em 1973,como o mostra o Observador original, em 8 de Agosto de 1973 participava numa reunião desse grupo de liberais que se posicionavam como futuros políticos social-democratas .
Como "militante nº1" acompanhou a fundação do PPD/PSD e foi jornalista antes e depois disso. A hora de maior glória política de Balsemão surgiu logo após a morte de Sá Carneiro, sucedendo-lhe no cargo de primeiro-ministro, em nome de uma AD que não duraria muito mais.
O Jornal de 19 de Dezembro de 1980 mostrava um retrato em foto-maton, acompanhado de uma vinheta do jornalista Baptista-Bastos, amigo do dito.
Esses meses de AD, que se seguiu a um PREC de efeitos devastadores e a uma bancarrota logo consequente, são um dos períodos menos esclarecidos sobre os efeitos económicos que se procuraram reverter e com medidas assinadas pelo ministro das Finanças de Sá Carneiro, de seu nome Cavaco Silva.
Em 8 de Fevereiro de 1980 o economista Silva Lopes fez uma análise no O Jornal desses anos pós-PREC:
Estávamos condicionados por um regime político e económico esquerdista, sem perspectivas de mudança a curto prazo.
O clima era este no primeiro trimestre de 1980, com a AD no poder: obstáculos da esquerda a uma mudança na estrutura económica do país. Não queriam mexer nas nacionalizações e não queriam altera a Constituição. E a AD sózinha não conseguiria tal desiderato e o PS não queria.
Para Almeida Santos a lei das privatizações era inconstitucional porque não lhe interessava mexer no assunto.
E que fez então Cavaco Silva entre outras coisas? Isto:
Provavelmente para dar uma ideia de evolução e de maior desenvolvimento económico, algo fictício mas bom para a "confiança", diminuiu o ritmo da desvalorização do escudo, afectando irremediavelmente a indústria exportadora e contando que a inflação desse ano se situaria na casa dos 15% e não nos 20% inicialmente ponderados. Isto aconteceu em Junho de 1980. Dali a três anos estávamos outra vez no limiar da bancarrota. E a revisão Constitucional de 1982 só acabou com o Conselho da Revolução porque economicamente deixou tudo na mesma. Seria preciso chegar a 1989 para se conseguir algo mais e ainda assim tirado a ferros à Esquerda que temos, incluindo um PS que é o que é.
Entretanto, durante esse ano e para alterar a propaganda esquerdista, nomearam para a televisão do Estado, a única existente, um figurão que ainda hoje anda por aí: o grande democrata Proença de Carvalho. No fim do ano foi corrido. A diferença destes dois recortes é de seis meses, entre Junho e Dezembro de 1980.
Culturalmente, no país, tínhamos isto que o mesmo O Jornal mostrava em Dezembro de 1980:
Proença usou o poder de informação na tv apenas como modo de exercício de propaganda partidária. Nada mais. A mudança cultural era impossível e ainda hoje é assim.
E é esse o nosso problema, em Portugal, tal como Jaime Nogueira Pinto o expôs acima.
Entretanto, sobre essa mesma direita desaparecida em combate de que desertou e que repudiou a herança jacente, em 6 de Junho de 1981, o actual presidente da República que ainda era jornalista-director no Expresso, retratava assim um expoente dessa direita e do jornal que lhe deu corpo durante um par de anos.
Quanto a Balsemão anda por aí a ganhar dinheiro com os media. É o príncipe desse reino, de facto.
O PS FOI UM DEPÓTICO DE FASCISTAS
ResponderEliminarbalsemão é um negociante,
1ºministro por acidente
a direita cresce em França e a partir de hoje na Alemanha
o bce e os refugiados go centro da Europa
vão liquidar a frágil economia que o monhé anda a ordenhar até à última gota
resta o turismo do tabuleiro na mão