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domingo, novembro 20, 2016

As origens remotas da Geringonça

Em 1968 o jornal Diário Popular, dirigido por Francisco Balsemão,  decidiu contratar jornalistas jovens. Duas dúzias concorreram, entre os quais três mulheres. Uma delas era Maria Antónia Palla, mãe do actual primeiro ministro. É ela quem conta a história, aqui , e como ganhou um prémio por relatar casos avulsos de mulheres de alcoólicos.

Nesse ano, Salazar adoeceu e Marcello Caetano sucedeu-lhe, em Setembro. Antes tinha acontecido em França o Maio de 1968,  cujos ecos por cá conduziram a novel jornalista a fazer uma reportagem em Paris, um ano depois.
Os apontamentos de tal reportagem foram publicados em parte no Diário de Lisboa e depois num livrinho de 132 páginas, consistindo basicamente em pequenas entrevistas a diversos protagonistas dos acontecimentos, com citações avulsas de outros.
Tal livrinho foi proibido pela Censura da época ( "apreendido pela Pide" é o termo usual para definir a acção censória) eventualmente por causa do título de capa que pedia isso mesmo. Quem o lesse, agora como dantes, ficaria com uma pálida ideia do que foi o tal movimento mas ao mesmo tempo muito bem informado sobre os mitos que povoavam aquela cabecinha pensadora de jornalista.
Tais mitos começam no livrinho com uma entrevista ao cineasta Godard que inclui até uma pergunta sintomática: "acha que o socialismo será possível em França?" logo seguida de " "quando você ataca a burguesia pensa poder fazer filmes sem o seu concurso?" que denotam a matriz ideológica da autora e definem o mote esquerdista da revolução permanente.

 No fim da pequena entrevista citam-se os filmes em exibição em Paris nesse tempo de 1969. Três filmes! "A terra em transe" do brasileiro Glauber Rocha; "A quelques jours près" de Yves Ciampi e "Z" de Costa Gravas. Este último lembro-me de o ver em Portugal, logo a seguir ao 25 de Abril de 74. Versava a ditadura grega da época. O fascismo grego...em modo policial e trepidante de acção.

No intervalo dessa primeira entrevista a autora fora ver uma exposição sobre a Bauhaus, no museu de arte moderna ( Beaubourg). Acaba por citar os estudos correntes na Universidade livre de Vincennes, sobre Rosa Luxemburgo, a comunista alemã que fazia as delícias da nossa esquerda de compagnons de route de então.

A seguir Jacques Brel, o cantor belga que desfia ideias sobre  os temas das suas canções mais as de Leo Ferré e George Brassens que "valem como testemunhos de uma contestação cujo processo remonta anos atrás".  É preciso não esquecer que por cá foi nessa época que começaram os "baladeiros" com Manuel Freire e outros que já foram citados por aqui e apareciam todos na revistinha Mundo da Canção, comunista, lançada em Dezembro de 1969.

Depois de Brel um apontamento sobre a pílula...e como a autora confessou já ter abortado o tema só não apareceu porque seria demasiado chocante. Mas a realidade estava lá...

Siné, o caricaturista,  mais Françoise Giroud, da revista L´Express, que conversa sobre Cohn Bendit "um rapaz muito inteligente" que acabou expulso de França por ser alemão. Sauvageot, o outro jovem líder do movimento também acabou por falar à repórter intrépida com citações prévias de Herbert Marcuse para dizer que não falava à imprensa e a seguir o nosso António José Saraiva que estava em Paris, justamente.
Este teve direito a citações de Rosa Luxemburgo e Makhanovitsi: "camarada! Reflecte sobre com quem estás e contra quem combates. Nunca sejas escravo. Sê um homem"...

O trabalho intelectual de investigação de AJS era "feito em casa e na Biblioteca Nacional" e a entrevista passou-se quase toda nas esplanadas dos cafés do Quartier Latin, "a caminho do Luxemburgo" ou seja dos jardins do dito. Saraiva tinha acabado de publicar um livro sobre a Inquisição em Portugal que vendera já mais de dez mil exemplares e era um intelectual popular que tinha aparecido na capa da revista Vida Mundial.
Sobre Maio de 68 Saraiva sabia pouco - "olhe, o movimento de Maio é um acontecimento que ainda hoje desafia as explicações", mas a jornalista tinha lá ido, um ano depois precisamente para entender o que Saraiva que tinha lá estado o ano todo ainda não entendia.

Tal como agora, com esta história do Trump.







Quem não conhecer isto e o contexto em que foi gerado terá sempre alguma dificuldade em entender toda a natureza da Geringonça que  nos governa bem como o modo como apareceu.

Isto apareceu em 1968-69 e não foi certamente obra de Salazar. Ou antes, surgiu durante o salazarismo dos últimos anos por uma razão muito prosaica: a Censura e a Pide que esta gente invoca sempre como sinais do obscurantismo vivido, nunca os impediu de lerem o que bem quiseram, optarem pelo que bem entenderam e militarem como sempre o fizeram pelo "socialismo" e comunismo.

Faziam-no no meio intelectual português, com destaque na imprensa e que desde os anos 40, como afirmou um deles- Eduardo Lourenço- tinha um predomínio de esquerda.

O que aconteceu logo a seguir a 25 de Abril de 1974 foi apenas uma pequena revolução que germinava há décadas na clandestinidade que lhes era permitida e acalentada.

Os efeitos perversos dessa pequena revolução sentimo-los todos nós, portugueses, nos anos vindouros.
As nacionalizações de 1975 foram preparadas por eles e a mutação ideológica que publicamente assumiu contornos até na linguagem corrente é obra deles.

É esta a minha explicação para os nossos males presentes e passados.

14 comentários:

  1. Net

    « “Os juros da dívida estão a subir porque os credores não recebem as notícias apenas da boca da dupla Costa/Marcelo como acontece em Portugal. As coisas só estão bem para quem recebe as notícias por esta via. Aliás, agora passou de dupla a tripla porque o senhor Moscovici também ajuda à festa”, afirma Álvaro Santos Almeida.

    “Por exemplo, a suposta ‘brilhante’ aprovação do Orçamento do Estado pela Comissão Europeia se lido o documento - tenho a mania de ler os originais e não ligar aos títulos ou frases do primeiro-ministro - conclui-se que nada está aprovado. O relatório da Comissão assinado pelo sr. Moscovici diz explicitamente que o Orçamento não cumpre com o Pacto de Estabilidade e Crescimento”, diz o antigo quadro superior do FMI em Washingon.

    “Diz que a Comissão convida as autoridades portuguesas a tomar as medidas necessárias para que o OE 2017 cumpra com o PEC. Refere que a Comissão é da opinião que Portugal não fez progressos relativamente à parte estrutural e, no caso das recomendações específicas, até retrocedeu. Este é o documento divulgado pela Comissão Europeia na quarta-feira passada”, prossegue Álvaro Santos Almeida, numa análise situada nos antípodas do discurso do Comissário Pierre Moscovici, sexta-feira, em Lisboa.

    Álvaro Almeida: “Os mercados vão ler os originais”

    “O problema é que o diz o socialista Moscovici não é propriamente matéria de interesse para os mercados. Não nos esqueçamos que Moscovici foi ministro das finanças da França, não propriamente um grande exemplo europeu nesta área orçamental. Não sou só eu a ler os documentos originais. Os mercados também vão ler os documentos originais e aquilo que viram foi um Orçamento que não cumpre com os princípios do Tratado Orçamental”, observa.

    “Os mercados vão ler uma análise que refere o atraso das reformas estruturais. Portanto é um retrato que não é minimamente favorável a Portugal. Mesmo as notícias do crescimento são um atestado de incompetência ao governo de António Costa. O nosso governo assentou - e diz isso expressamente no OE 2016 - a sua estratégia no crescimento da procura interna através da reposição dos rendimentos. Essa era a estratégia”, sublinha Álvaro Santos Almeida.

    “O que aconteceu agora no terceiro trimestre de 2016? A procura interna baixou. O crescimento económico assentou, apenas e só, nas exportações de bens e serviços. É exactamente o contrário da estratégia do governo”, diz o professor de economia da Universidade do Porto.»

    o funeral, a cargo da gerigonça, sai do largo dos ratos vorazes

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  2. O fim dos exames, o fim do "mandarinato" (?!); o fim de se chegar a qualquer conclusão e sempre tudo "m grupo"- por último- o aumento dos salários

    eheheh Sempre a mesma cantiga e inventada por cartilha mesmo que nem tenha sido nada disto.

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  3. Engraçado, na 2.ª página a autora escreve "Os jovens revoltosos de Naterre". Terá sido gralha ou fala de outra localidade?

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  4. de dani, le rouge, dizia o pesspal da LCI estar ao serviço da CIA

    glauber rocha apresentou 'antónio das mortes
    o cangaceiro que virou revolucionário

    na América latina havia guerrilheiros urbanos e rurais
    montaneros
    marighela e dilma no Brasil
    li Jean Lartegui

    a invasão muçulmana da Europa central
    foi desejada e agora amaldiçoada pelos mesmos

    por cá todos os comunas publicaram
    redol, soeiro, abelaira, etc

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  5. Se a Palla agora fosse escrever outro livrinho haveria certamente um capítulo dedicado ao Mamadou Ba e da riqueza imensa que ele nos arranja...

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  6. os piratas usavam pala num olho

    o pala monhé anda desaparecido

    abriu a caixa de Pandora
    e não nomeou administração para a dita cuja

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  7. Lá em casa Costa terá tido uma formação de esquerda.
    Mas, como outros, cedo terá entendido que no PS a ascensão social (e os lugares públicos) seria sempre mais rápida e fácil.

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  8. E o irmão do Expresso que ostenta cabeça de catatua, idem.

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  9. Então não é? Um dia faço um desenho...ahahahaha. Copio um do Disney que o há muito parecido e lembro-me sempre quando o vejo.

    É um cretino, para mim, com a mania que é esperto.

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  10. 'o burro e o ferrari'

    tudo sobre rodas 'dentadas' como na carriszinha do contribuinte

    como na batalha naval
    mais um barco ao fundo

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  11. ao entregar a carris à cãibra
    o monhé estava no eléctrico chamado desejo

    sobre o terrorista de Aveiro a RTP1 confundiu eminente com iminente

    sua Iminência o SR Cardial

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  12. Esta Palla é uma oportunista e uma cretina e direi mesmo uma desavergonhada. O lugar cimeiro que o filho alcançou na política, foi o que ela sempre ambicionou e teve em perspectiva para poder vir a ser alcançado no tempo, com a sua preciosa ajuda.
    Esta criatura deplorável teve a ousadia e a desvergonha inauditas de logo após o 25/4, não me recordo exactamente em que data, transmitir em directo na televisão do Estado a criminosa prática de um aborto. Estava ali, perante todos os portugueses, um crime contra um ser humano em gestação, a ser perpetrado em directo. E qual o motivo por que a fulana não foi imediatamente detida pelas autoridades, por ser quem incentivou ao crime, porque de crime se tratou efectivamente? Ora, ora, primeiro, porque ela era na altura e continua a ser uma fervorosa militante comunista e portanto estava e continuará protegida pelo partido, além de que as autoridades por aquelas alturas já estavam completamente desautorizadas e actuando por conta e a mando dos comunistas Soares e Cunhal; segundo e terceiro, porque frequentou o Colégio Moderno (assim como o filho, naturalmente) e aí foi inoculada, ela e o filho, com o respectivo vírus padecendo para sempre da síndrome do marxismo adquirido; e quarto, na estranja por onde andou em peregrinação contra a Pátria, em Paris designadamemnte, era unha com carne com Soares, Cunhal e restantes camaradas e em que as reuniões conspirativas e subversivas sucediam-se umas atrás das outras - sendo aliás a Soares, pela paga de terem frequentado o seu Colégio e terem aderido ao partido comunista, que ela e o filho devem a ascenção social e política, além dos muitos milhões que têm vindo a acumular em contas provàvelmente em off-shores, mais os andares e moradias no país e quiçá no estrangeiro adquiridos com o dinheiro dos portugueses para neles se poder refugiar com o filho em caso de mudança de regime, desde então até hoje.

    De facto o ter estudado no Colégio Moderno e mais tarde ter feito parte do núcleo traidor e terrorista que se reunia secretamente em Paris, cidade em que ante-25/4 todos eles conspiravam para vir mais tarde destruir o País, o que veio tràgicamente a acontecer, além dela sempre se ter batido pela ideologia comunista, mesmo que sempre tenha vivido, ela e o filho querido (pois pudera!), como nababos e com carta branca para poder escrever nos mais importantes jornais (com o traidor e vendido Balsemão a ajudar à festa, como é evidente) e em revistas de referência e a aparecer a toda a hora na única televisão que havia e com o advento das novas televisões em todas elas sempre que lhe apetecesse, é a prova provada de que o seu passado de pseudo-revolucionária (mas a gostar de viver à grande, tal como o filho) tinha valido a pena e iria dar frutos mais tarde ou mais cedo e assim foi. Não tardou muito tempo até ter descoberto o El Dorado sonhado e tudo por ter feito parte do bando criminoso comunista-cunhalista-soarista-marxista-estalinista. El Dorado que lhe proporcionou ter enriquecido obscenamente - ela e o filho - e de ter trepado política e socialmente de forma meteórica num pobre e infeliz País que a desmereceu e sempre a há-de desmerecer, chamado Portugal.

    O carácter desta cínica e oportunista, Palla, é do mais baixo calibre e o seu percurso pessoal, sinuoso e deplorável, atesta-o sem margem para a mais pequena dúvida.

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