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quinta-feira, dezembro 15, 2016

Louçã, o anacronismo persistente

João Miguel Tavares anda há dias a tentar desmontar alguns ditos de Francisco Louçã a propósito de Cuba e do seu "líder máximo" desaparecido há pouco.

A questão de fundo é saber se Louçã considera Fidel um ditador e por arrastão declarar expressamente se Cuba é uma ditadura.  Louçã não dá braço a torcer e tergiversa,  o que dá alimento a estas crónicas dos últimos dois dias.



Tal como no caso antigo de Cunhal, estas discussões na imprensa politicamente corrigida partem do pressuposto que  os antagonistas estão no mesmo plano de entendimento da realidade política circundante e ideológica. Ora não é o caso.
Louçã é um comunista velho que assumiu roupagem trotskista e que pretende o que sempre almejou: abater a sociedade capitalista, incluindo os seus avatares ideológicos, usos e até costumes. Louçã é um revolucionário de pacotilha escrita, como muitos que pululam por aí disfarçados de democratas com pele da burguesia.

Em 2009, Louçã foi entrevistado por Nuno Rogeiro para a revista Sábado e confessou coisas extraordinárias que merecem sempre ser revisitadas para se conhecer o bicho ideológico que o domina.

Essencialmente disse isto que importa repetir sempre para que as discussões terminem de vez até que Louçã seja desmascarado pelo que é, pelo que representa e pelo que pretende esconder.
 
"Numa esquerda socialista. (...) Para nós o socialismo é a rejeição de um modelo assente na desigualdade social e na exploração, e é ao mesmo tempo uma rejeição do que foi o modelo da União Soviética ou é o modelo da China. Não podemos aceitar que um projecto socialista seja menos democrático que a "democracia burguesa" ou rejeite o sistema pluripartidário. Não pode haver socialismo com um partido político único, não pode haver socialismo com uma polícia política, não pode haver socialismo com censura. O que se passa na China, desse ponto de vista, é assustador para a esquerda. (...) Agora, a "esquerda socialista" refere-se mais à história da confrontação, ou de alternativa ao capitalismo existente. Por isso o socialismo é, para nós, uma contra-afirmação de um projecto distinto. Mas, nesse sentido, só pode ser uma estrutura democrática."


O que dizia Louçã em 2005 a este propósito? Isto:


"O BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata, entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo não tem equivalente semântico no ocidente e significa colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas. Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."


Esperar que Louçã abandone este ideal e defina Cuba e Fidel como símbolos de ditadura é por isso um exercício pueril. Louçã é um adepto de ditadores, dos ferozes e eficazes  porque apenas desse modo conseguiria impôr a sua ideologia e praxis coerente. Não há qualquer exemplo no mundo onde tal não tenha acontecido e pensar o contrário é condescender no essencial, o que sucede em Portugal, há várias décadas.

Não obstante,  a discussão põe a lume outro fenómeno relacionado: essa condescendência geral que é concedida a estes mostrengos ideológicos que perduram por cá como fósseis de estimação.

Hoje na Sábado aparece uma entrevista com um notável do jornalismo caseiro chamado José Paulo Fafe que sendo filho de embaixador esteve em Cuba no tempo do PREC.

O que diz sobre algumas coisas da vida acaba por explicar aquele fenómeno da condescendência de esquerda que nos afecta de modo severo há dezenas de anos.





 
Repare-se na congruência exemplar do discurso: o 25 de Abril foi fantástico porque gritou "viva a liberdade!" e esse foi um dia para o qual "foi educado a viver com expectativa"...
Para continuar a usufruir dessa liberdade recuperada cá, foi para Cuba, terra de liberdade lendária sob o regime comunista, em 1975. Segundo o indivíduo que nem atenta na contradição, tal continuou a ser fantástico porque...conheceu um "homem extraordinário, no sentido de diferente". Fidel, claro.

 A seguir diz a propósito do sítio onde estava colocado por via paterna: " uma sociedade com regras rígidas, algumas incompreensíveis, para um país fantástico". Está a falar do Portugal de Salazar e Caetano que tanto o incomodava por falta de "Liberdade"? Não, está a falar de...Cuba.

Este indivíduo é um palerma, porque só assim se entende esta incongruência. Por outro lado, foi do PS soarista, mudou entretanto para o PSD e agora sente de vez em quando umas náuseas. Imagino...

Outro que tal é o coleccionador de papel velho, Pacheco Pereira. Hoje na Sábado, também se refere a Cuba, para escrever este género de incongruências patetas que alimentam aquela condescendência permanente.
Cuba, para o Pacheco que chegou a acreditar piamente no modelo ideológico, é o lugar onde havia um Fidel ditador, onde havia "uma polícia política, prisões e execuções, praticamente até à véspera da sua retirada por doença, com o processo do general Ochoa como estertor final".

Não obstante, Salazar era parecido...o que é sempre o objectivo destes objectores da consciência marxista. Salazar é sempre um termo de comparação com horrores que não deveriam merecer tal e relativamente a estes a contextualização histórica e a condescendência é permanente e estúpida.

Percebe-se a ideia: não querem admitir que em idade adulta pretendiam para cá um regime ainda mais odioso que aquele que julgavam ter e contra o qual combatiam e ainda continuam a combater ideologicamente...arre!


Que remédio haverá para estas palermices?

29 comentários:

  1. Eu tinha vontade de dizer qual era o remédio, mas ia preso.

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  2. Remédio para a imbecilidade?
    Ainda não há. Talvez a Octafarma o descubra :)
    Dava uma ajuda se a imprensa não padecesse do mesmo mal e o alimentasse.
    Mas, os indivíduos que se afirmam portadores de uma ideologia de direita (ahaha!), quando debatem na TV, não têm tomates para confrontar os ditos com os crimes desses regimes e até os assassinatos perpetrados pelo PCP. Ajudava.
    Também ajudava se algum indivíduo portador de um curso de História rompesse com as mentiras que vêm dominando os últimos 40 anos.
    Isto é um pântano de aldrabices.

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  3. Como se ninguém os convida e os que lá vão são émulos daqueles tartufos que na antiga URSS ousavam dizer que os "crocodilos voavam baixinho..."?

    O Mexia mexe um dedo sequer, para repor a verdade, agora como assessor do PR? E os outros?

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  4. O PR foi à inauguração da nova sede da GlobalMedia:

    Marcelo pede a jornalistas para serem "implacáveis no escrutínio de todos"

    http://www.dn.pt/portugal/interior/marcelo-pede-a-jornalistas-para-serem-implacaveis-no-escrutinio-de-todos-5554651.html

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  5. Grande palermo o tal Fafe. Mas todo bem-relacionado. isto é assim- fica sempre tudo entre primos e choças.

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  6. O gajo foi preparado toda a sua vida de criança para o dia santo da liberdade que aconteceu en 25 de Abril.

    Um ano depois estava na terra da liberdade- Cuba!- e dava loas ao herói e líder máximo!

    Maior palermice que esta é difícil de encontrar...

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  7. José
    Não há remédio nenhum
    A extrema esquerda é uma espécie de seita da qual ninguém se liberta nem com drogas duras, causa comportamentos aditivos severos.
    Não há solução, é tê-los como quem tem agarrados de heroína na família.
    Envergonham mas enquanto forem poucos dá para sobreviver.

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  8. "Um ano depois estava na terra da liberdade- Cuba!- e dava loas ao herói e líder máximo!" Hehehe… é anedótico. Mas eu dessa tropa já não espero nada desde os meus 20 anos pelo menos. Felizmente nunca me enganaram. Hipócritas não há outros e burgueses, é só olhar para eles…
    Mas o que me desgosta e nem queria ser injusto, mas se calhar vou ser…: É que perto de Louçãs e Fafes, o João Miguel Tavares parece um gigante intelectual. quando não passa de um tipo vagamente apalermado. É o representante da "direita" no Público e num programa de tv. A esperança, é existir, é zero! -- JRF

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  9. Outra vez o Mexia caro José? Que fez o Mexia? Já me estragou o Pacheco (esse enganou-me) e agora quer estragar-me o Mexia? Touche pas à mon Mexia. -- JRF

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  10. Mais que ideologias, estas coisas é que definem um sacripanta.

    O sonso do fariseu que não é capaz de responder claramente a nada.
    Phónix, só por isto podia ser tudo, que não é boa rês.

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  11. Também curto muito o Mexia mas ele não mexe em nada. Convive, como dizia o outro

    ehehehe

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  12. Jesus Zazie… O Louçã conseguiu descer mais uns pontinhos na minha escala da abjecção. O indivíduo é uma aberração e um desperdício dos escassos recursos do planeta.
    Que sacana inacreditável. Este tipo, sempre com jornais, câmaras e microfones à disposição e até subservientes, é tão só e apenas um tremendo mau carácter, uma pessoa mal formada. Eu acho que estas aberrações utilizam as ideologias das utopias e dos amanhãs que cantam para esconder a profundidade da sua própria maldade. Este sacanita é maldoso. -- JRF

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  13. Pode crer.

    Nem eu sabia que o tipo era assim. Aquilo é um nojo. Um cobardolas sonso e demagogo que nem atacar é capaz. Só golpes de frouxo à retranca.

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  14. C'a nojo!

    Ainda estou parva. Não sabia mesmo que era assim um verme sonso e estúpido.

    Aquela cambada bloquista tem o que merece. Um nojo destes só engana quem é falso por igual.

    E estúpido- mil vezes estúpido.

    Até estou parva como uma coisa daquelas enganou tanta gente que há-de saber que ele é assim por o conhecer de perto.

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  15. C'a nojo que dá a volta às tripas.

    Nem fisicamente se consegue imaginar proximidade com um homenzinho tão rasquinha, tão mesquinho, tão frouxinho como aquilo a responder.

    (Nem sei onde foi. Mas foi. Não é montagem. Devia dar direito a colagem nas paredes como se fazia no Texas com os bandidos.
    Para que se saiba. Para que esfreguem as fuças na nojeira do grande teórico que têm por líder.

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  16. E andou ele a criticar o 44!

    Aquilo fede a Inquisção. Sempre com o dedo moralista pronto para acusar meio mundo e depois é assim, quando lhe perguntam directamente.

    Os imbecis dos jornalistas nunca perguntam directamente nada. Apaparicam. Dão tempo de antena.

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  17. Se lhe dissessem que era um filho da puta, o Louçã teria respondido que o presidente Marcelo um dia destes vai condecorá-lo. E é muito provável...

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  18. ehehehe

    Pois é.

    Que coisa. Aquilo passou-se onde? foi por escrito ou foi com jornalistas?

    Não percebi. Parece que está a falar para ficar no retrato. Para as câmaras.

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  19. Deve ser nas "redes sociais". Facebook ou assim. Língua de pau para um cara de pau.

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  20. O Louçã não é adepto de ditadores.

    É adepto dos seus ditadores.

    E por isso consegue sempre comer as papas e bolos na testa dos democratas. Porque os seus ditadores, quando ele quer, são do mais democrata que há. Porquê? Ora, porque não são nazis.

    Fácil, barato e, com alguma sorte e pouco azar, dá milhões. Ou milhares.

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  21. A farda do ditador democrata, na fotografia do motorato de fafe, é bem lustrosa...

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  22. O remédio é levá-los o diabo... que mais havia de ser?

    Não sei porque continuam a cair na esparrela de invocar os ditadores comunistas e todo esse rasto de trampa pela História fora.

    Como se alguém quisesse saber de Cuba ou da democracia, ou falta dela, cubana para alguma coisa...

    Se isso levasse a algum lado de jeito já tinha levado...

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  23. Gastava menos tinta e fazia mais mossa se perguntasse ao indivíduo porque é que o partido dele defende, na prática, a mesma posição que a Frente Nacional francesa...

    E no que não alinha com a FN, porque é que abandonou a classe trabalhadora, maioritariamente constituída por homens heterossexuais, em favor das lutas de cariz sexual disfarçadas de posições políticas...

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  24. E se considera que as preferências sexuais e o sexo biológico constituem posições políticas, em contrapartida ao combate da classe trabalhadora frente ao anarco-capitalismo financeiro?

    Não, têm paleio de queques:

    - Ó pra mim, que democrata eu sou! Olhem que bem distingo a boa da democracia da má da ditadura! E olhem como este tipo não o sabe fazer como eu! Olhem, olhem!

    O padreca dos amanhãs só tem de lhe perguntar: "olha, se tivesses de escolher entre o Fidel e os nazis, qual escolhias?"

    Já "fostes"...

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  25. "O padreca dos amanhãs só tem de lhe perguntar: "olha, se tivesses de escolher entre o Fidel e os nazis, qual escolhias?"

    Essa era fácil porque a escolha é óbvia para quem considera o Fidel um herói...

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  26. Essa é sempre fácil José. O reductio ad hitlerum é o trunfo imbatível deles. A derradeira arma invencível.

    Insistir nessa táctica é perder à partida. Sobretudo quando não se está disposto a pôr os pontos nos "is" e ir às derradeiras consequências: se Salazar era um ditador era um ditador muito melhor que Castro alguma foi, mesmo na imaginação de quem o idolatra porque qualquer ditadura comunista é o oposto de um estado autoritário nacional e nacionalista.

    Agora, dizer que se é muito democrata e depois chorar porque os outros também fizeram mas não tiveram castigo... Essas pieguices denotam fraqueza e a fraqueza não convence ninguém.

    As contradições deles não se esgotam no passado, bem pelo contrário. Mas no presente também é preciso ter coragem para fazer as perguntas certas e explorar sem complacência essas contradições.



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  27. Será preciso discutir o conceito de "ditador" aplicando-o aos casos concretos.

    Salazar, numa perspectiva de legalidade estrita nem era um ditador. E o regime também não era uma ditadura idêntica à que vigorava em regimes totalitários.

    Estes regimes são relativamente fáceis de designar: os que supunham um controlo sobre a sociedade em modo muito alargado e com recurso a meios sofisticados de monitorização dos cidadãos: polícia política, informadores, fichas de cidadãos, análise de subversivos, prisão dos mesmos. Censura apertada, controlo directos dos meios de informação, todos do Estado; redução drásticad as opções políticas em caso de escolha eleitoral quando o rei fazia anos, etc etc.

    O regime do Estado Novo não foi isto, embora tivesse alguns laivos.

    No entanto a RDA e demais países do Leste europeu foram exactamente isto e muito mais: assassínios, com genocídio até no tempo de Estaline e Mao e dos Khmers vermelhos.

    Actualmente há a Coreia do Norte com todos aqueles tiques e que o PCP considera uma país decente e "democrático".

    E não há ninguém para dar com um pano encharcado em trampa ao Jerónimo quando profere estas enormidades...

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