Começando pelo atentado terrorista de 21 de Maio de 1976, uma Sexta-Feira fatal para um dos antigos empregados do comendador Abílio de Oliveira, porque lhe destruiu a casa de habitação, matou a mulher e o feriu gravemente.
A notícia desse atentado foi assim dada no semanário O Jornal do dia 28 de Maio de 1976, uma semana depois ( o jornal saía à Sexta-Feira): uma pequena "local" sem nomes ou algo mais que "atentado bombista em S. Martinho do Campo, contra um militante do MDP".
O contexto político e social desse tempo pode ser mostrado em resumo, assim:
Otelo era a grande figura da esquerda como candidato presidencial e acreditavam que tinha hipóteses se fazer um bom resultado.
Afinal, a direita nem tinha candidato...
Em 23.12.1976 o histórico do PS, António Reis, de Mação e da maçonaria, dizia numa entrevista que o tempo da geringonça ainda não tinha chegado. Demorou 40 anos...
Nem se sabia muito bem o que era a tal "direita", como António Reis, o mação de Mação dizia na entrevista de 23.12.1976, que era necessário definir essa direita, "no plano social, no contexto concreto do Portugal de hoje, e a partir daí, identificar as diversas expressões políticas dessa direita. No plano social, a direita agente, actuante, é constituída por camadas de proprietários agrários abastados, de negociantes e intermediários especuladores, de profissões liberais com rendimentos próprios existente em largas zonas da província, de médios empresários que se sentem ameaçados nos seus direitos e contestados pelos trabalhadores- para além, evidentemente de toda uma direita ligada à grande burguesia ausente do país, mas que não perde as esperanças de regressar. e que tem cá dentro dos seus agentes junto dessas camadas sociais que referi há pouco. É uma direita que ao mesmo tempo conta com agentes ideológicos eficazes, nomeadamente nas zonas mais atrasadas do P. País, nas zonas rurais. Politicamente consegue estender um pouco a sua influência a outras camadas sociais, nomeadamente pequenos e médios agricultores, pequenos industriais e comerciantes que se são ganháveis para a causa socialista são também influenciáveis facilmente por esta direita, sobretudo graças à situação de crise actual.
Politicamente expressa-se através de determinados aparelhos partidários, legais e clandestinos. No plano clandestino tem o ELP e o MDLP. No plano legal, tem um aparelho partidário como o CDS dirigido por uma classe política moderada, democrática, inteligente, esclarecida, com um programa neocapitalista ambicioso. (...) Mas tem igualmente neste plano legal um PPD cuja classe política é pouco homogénea, nela coexistindo elementos de vocação de centro-esquerda e elementos de vocação mais direitista."
Quanto a acções concretas contra essa direita da alta-burguesia, veja-se esta noticiada em 25.6.1976, relativa a um processo crime instaurado contra um banqueiro pela prática de crimes de "transacção ilícita de capitais para o estrangeiro"...
O "direita" foi assim definida por aquele mação de Mação que mostrava assim a suprema inteligência política feita de uma grande formação intelectual que era nada mais nada menos que a cartilha comunista da luta de classes.
A esquerda estava assim über alles...e até se discutia a oportunidade de uma geringonça avant la lettre, com um PS que ainda se opunha firmemente a tal desiderato. A Constituição aprovada cerca de um mês antes era a garantia do caminho para a "sociedade sem classes".
Em 23.12.1976 o histórico do PS, António Reis, de Mação, maçonaria, dizia numa entrevista que o tempo da geringonça ainda não tinha chegado. Demorou 40 anos...
Porém, quanto a candidatos presidenciais até o famigerado Arnaldo Matos, esse louco político ainda à solta, iria votar...Eanes.
Este ambiente político, aliás, permaneceu deletério e em 23 de Julho de 1976 o mesmo O Jornal mostrava o que pensava certa populaça acerca dos acontecimentos de Novembro de 1975: um benefício para a "reacção".
Nessa altura já se sabia um pouco mais sobre "os atentados bombistas" e o Jornal publicou estas duas páginas sobre o assunto. Referia-se o nome de um marginal de Braga, o "Corrécio" e ainda o dos vários atentados à bomba, desde Janeiro desse ano, cerca de 90 e atribuídos à "direita e extrema-direita":
Em Julho de 1976 a investigação policial da PJ a estes factos andava já sobre rodas, no Porto. O director da PJ local, desde Junho de 1975 era Álvaro Guimarães Dias, um magistrado de esquerda, naturalmente e que tomou conta da casa da polícia no Porto, numa altura em que se suspeitava que alguns dos seus elementos, com destaque para o inspector Regadas, andavam "feitos" com os bombistas, particularmente Ramiro Moreira.
A investigação terá começado aí por altura de Fevereiro de 1976. O dito magistrado-director, pouco experiente de coisas de polícia, mas confiado nos seus inspectores ( um tal Lopes Duarte é considerado por ele como "de longe o melhor elemento da PJ dos últimos 50 anos") fez algo interessante: redigiu um memorando, secreto, nessa altura e que foi discutido em reunião na PGR, chefiada então por Manuel João da Palma Carlos, um antifassista militante vindo de antes do 25 de Abril e eventual mação, como o irmão que foi primeiro-ministro, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974.
Esse memorando em que se descreviam factos e nomes foi distribuído profusamente pelos presentes. Em 2 de Julho de 1976 foi elaborado outro memorando secreto sobre o assunto, discutido no Quartel-General da Região Militar do Norte, onde se mencionavam os atentados, em número e espécie, atribuídos à tal "direita e extrema-direita".
Em 27 de Julho O Jornal publicou a informação, muito contida mas muito precisa...coincidências, claro. O magistrado jubilado poderia ter desenvolvido um pouco mais, mas se calhar não lhe foi perguntado mais nada, pelo jornalista Miguel Carvalho. É pena...
O autor daquele livro entrevistou então o antigo magistrado, agora jubilado ( tem 81 anos) do STJ, onde foi juíz de uma secção criminal e o que diz merece ser lido.
Ficam estas seis páginas onde se mostra o que foi o início da investigação à "rede bombista".
Comunista, Guimarães Dias? Nem pensar. Simpatizante de esquerda...e ainda hoje será, o que nada tem de mal. A única coisa é que ser de direita, então, era anátema. Já o ser de esquerda era de bom tom. Simplesmente.
Quem não entende isto não perceberá o que se passou nessa altura.
o biltre devia ser obrigado a ler os seus postes desde o início até ao fim dos seus (dele) dias
ResponderEliminarjá tínhamos o gelatinoso rosas murchas
Vamos lá ajudar a "caixa"
ResponderEliminar"A única coisa é que ser de direita, então, era anátema. Já o ser de esquerda era de bom tom. Simplesmente."
Quem não entende isto não perceberá o que se passou nessa altura".
Direita? Havia direita naquele tempo? Huumm
havia a "direita" que o mação Reis identificava do modo indicado...
ResponderEliminarNo fundo quem trabalhava e tinha alguma coisa de seu e quem herdara da família.
Toda essa gente era de "direita". Os patrões todos eram de direita ou próximos dela.
A esquerda era a proletária, a que nada tinha de seu a não ser a força do trabalho, para vender ao patrão, de direita.
este simplismo de análise não difere muito do que os comunistas hoje em dia consideram de direita ou esquerda.
A "burguesia" por um lado; os "trabalhadores" por outro.
Era e é esta a noção básica da luta de classes.
A falta de comparência da Direita 'e dos fenomenos mais deprimentes da vida portuguesa desde 1834, com a excepção do Estado Novo.
ResponderEliminarE mesmo nesse período deixou-se adormecer 'a sombra da bananeira, o Salazar que carregasse o fardo...
Miguel D
PS: desculpas pela falta de acentos
O problema é que no Estado como era considerado quase tudo de direita sanearam que se fartaram.E substituíram por gajos altamente preparados...como se pode ver pela actual situação de bancarrota ambulante...
ResponderEliminarE sim a malta é bastante cobarde...e ainda hoje o é claro...
aos 86 nunca pensei assistir a tanta censura da CS
ResponderEliminarAOS erra um menino de coro
comparado com a geringonça
vivo num gulag
José,
ResponderEliminarporventura não terá aí o exemplar de 2 de Julho d"O Jornal", a que se refere o Cor. Francisco Repas na carta ao jornal sobre Kaúlza de Arriaga e a Abrilada?
A entrevista de hoje no jornal i, do Miguel Carvalho é um "monumento"
ResponderEliminarEu não li o livro nem vou lê-lo porque pelo que tenho ouvido parece-me que é mais uma "investigação" à lá esquerda. Há que manter o comunismo em alta porque essa ideologia é que está a dar. Eu vivi esse tempo e não acredito que a tal rede bombista fosse da autoria da facção direitista. Podia ter havido uma ou outra reacção violenta face aos roubos e mal-tratos de que muitos cidadãos foram vitimas por serem apelidados de fascistas que era o mote para a perseguição. O ELP e o MDLP foram movimentos que se formaram de combate à ditadura de esquerda que estava prestes a se instalar no país quando os grupos progressistas UDP, MES, LUAR, MRPP e outros estavam na maior força e eram eles que dominavam tudo e espalhavam o terror. Quem eram os FP25 e o que fizeram? Querem branquear esse tem atirando as culpas para os direitista. Como é que tivemos à beira de uma ditadura da extrema direita se os direitistas estavam todos presos e outros fugiram para o estrangeiro. Os únicos que ainda terão resistido e que terão utilizados alguns engenhos explosivos foram os militares do grupo do Spinola, esse anjinho, que atraiçoou o regime que defendeu aquém e além-mar. Eu não acredito nesse livro. Mas é essa mensagem que vai passar e mais tarde ou mais cedo vai integrar o plano de leitura nas escolas. Vão ver!
ResponderEliminarJosé, excelentes excertos de notícias que tem vindo a publicar. Parabéns.
ResponderEliminarAdelino, claro que havia direita nesses tempos, provàvelmente 95% do povo o era, só que a maioria tinha receio de o afirmar. Os comunas andavam de olho em todos os ricos e bem nascidos para os apontar a dedo, difamando-os e rebaixando-os. As humilhações foram mais que muitas e a sua simples existência estava interdita pela esquerda que se auto-classificou dona do regime e do país com o beneplácito de um povo, parte dele amedrontado e o restante a ser-lhe administrada uma permanente e sequencial lavagem cerebral. Não me recordo exactamente em que ano isto se passou (o José sabe-o de certeza), mas alguns partidos da direita nacionalista quiseram fundar partidos e alguns conseguiram-no, só que a esquerda comunista, temendo desaparecer num ápice da cena política e ela sabia de ciência certa que isso iria acontecer, uniu-se como um todo para destruir esses partidos logo à nascença. E foi o que fizeram. Todos foram sendo neutralizados um após outro. O PDR(?) de Kaúlza foi um dos primeiros e foi-o à custa de epítetos, difamações e mentiras em relação à sua pessoa por ser quem foi e principalmente por negar-se a virar de casaca. Este grande português e nobre militar e inexcedível patriota, até chegou a estar preso, imagine-se!, a mando dos desavergonhados e falsos libertadores do povo. Claro que a esquerda tinha um medo atroz que os partidos da direita pudessem formar-se e serem apoiados por milhões de portugueses. Ela, esquerda comunista e socialista, sabia perfeitamente que seria ràpidamente pulverizada em todas as futuras eleições a partir do dia em que os partidos de direita pudessem concorrer em pé d'igualdade. O medo da direita sempre existiu nas cabeças dos falsos democratas e tanto assim foi que movidos por um maquiavelismo digno de seres abjectos, os mesmos elaboraram uma Constituição na qual se estabelecia ab initio que a direita nacionalista e patriótica dela estaria definitivamente excluída, afinal aquela que cínica e intencionalmente era apelidada de "extrema" por uma esquerda fingida que, esta sim, é que era e sempre havia sido efectivamente "extrema". Se esta manobra suja - verdadeiramente inaceitável num regime cujos mentores tinham prometido aos portugueses ter vindo introduzir o direito à liberdade de expressão e de reunião e a diversidade de partidos - forjada nas ante-câmaras do poder e nas costas do povo, não foi a maior sacanice perpetrada alguma vez por esta esquerda falsa e mentirosa, então não sei o que lhe chamar.
Os pulhas sabem-na toda. Sabiam principalmente como desviar as atenções para/e da preferência política dos portugueses atravez de golpes baixos, promessas falsas, propaganda desvirtuada e movimentações secretas - crimes incluídos. E foi o que fizeram. O maçon António Arnaut, numa entrevista dada não há muitos anos - depois de todo o mal ter sido feito e de já nada poder ser alterado - referindo-se ao apoio massivo dado pelos portugueses à A.D. nas eleições de 1979, disse que a maçonaria estava a ver o regime a encaminhar-se demasiadamente para a direita e portanto a percorrer um caminho que não lhes agradava nada e sendo assim algo teria que ser feito para a 'democracia' voltar a entrar nos eixos... Ou seja, como a esquerda-maçónica queria que acontecesse, o que de facto e quase logo a seguir se veio a verificar, com ela a puxar os cordelinhos como é bom de ver. E ele fez aquelas afirmações a sorrir... Essas manobras de bastidores passaram-se pouco antes de Sá Carneiro ter sido assassinado. Perante tão graves revelações será quem ainda duvide da maldade intrínseca que habita o espírito malsão da máfia que nos tem vindo a governar desde Abril de 74?
ResponderEliminarA partir daquela data funesta a vontade legítima dos portugueses, no que a partidos político e regime diziam respeito, seria definitivamente enterrada.
O motivo de não haver partidos da direita civilizada em Portugal é consequência directa da estratégia criminosa arquitectada e posta em prática pela esquerda comunista/socialista com o único objectivo de açambarcar o poder para nunca mais o largar. E passados que são quarenta e dois anos esta ditadura democrática já leva quase tanto tempo quanto o regime autoritário do Estado Novo. Regime que não era ditadura fascista coisíssima nenhuma, apesar dos democratas, estes sim, autenticamente fascistas, terem propalado incessantemente o contrário enquanto estiveram na oposição e continuando a fazê-lo já depois de terem chamado um figo à governança do País, facto que tem perdurado até aos dias de hoje. Regime esse que tanto foi denegrido pelos democratas d'algibeira devido aos anos que levava no poder e agora que esta pseudo-democracia está quase a ultrapassá-lo em décadas (o Soares, invejoso da sombra que Salazar lhe fazia e vingativo ao máximo, deve ter jurado ao deus dele que num futuro regime por si dirigido, como 'grande democrata' que se considerava, haveria de ultrapassar em anos o do 'tenebroso ditador fascista', pessoa que ele odiava mas a quem tanto ficou a dever não só pela fortuna fabulosa que acumulou surripiada sucessiva e contìnuamente aos portugueses, como os milhares de milhões que ele foi desviando do Banco de Portugal, tesouro lá conservado religiosamente por quem ele nutria tanto despeito e que muito jeito lhe deu e neste caso não lhe importando nadinha ter sido o seu odiado Salazar quem havia estado na sua origem, mas também pelas honras e mordomias recebidas enquanto viveu e jamais merecidas pelo mal que fez ao País sem nunca ter prestado as devidas contas) os seus mentores já nem se dignam negá-lo. Pois pudera!, mais do que cheio eles já têm o papo a abarrotar.
Haverá quem ainda duvide da malignidade de que estão possuídos todos estes pulhas que sempre se auto-intitularam democratas, aqueles que já cá não estão e os que ainda se arrastam por aí? Só se forem os ingénuos ou os que sofram de uma qualquer patologia que lhes afecte gravemente o raciocínio ou os santos, se os houver.
O Jornal de 2.7.1976 não encontro no sítio habitual, nos caixotes de papelão que guardam os jornais desse ano. Pode ser que esteja descasado. Se encontrar publico.
ResponderEliminarLeia-se "... por quem ele sentia enorme despeito e nutria tanto desprezo".
ResponderEliminarE "... não lhe importando nadinha - interesseirão e oportunista que sempre fôra e o maior traidor que Portugal já concebeu e com uma ganância insaciável por poder um dia apoderar-se das toneladas de ouro conservadas no B.P., às quais sabia ser impossível aceder enquanto Salazar existisse - ter sido quem ele tanto odiava quem havia estado na origem do acumular de tão enorme riqueza, a mesma que ele, pela insuperável cobiça que o habitava, mal podia esperar pelo dia em que lhe pudesse deitar os gadanhos para seu exclusivo usufruto.
Afinal aquele que deu origem a tão extraordinária riqueza, foi ele próprio um humilde servidor do povo nunca ambicionando mais do que aquilo que lhe cabia. Não ambicionou fortunas nem as teve e por sua determinação a riqueza acumulada no B.deP. era pertença do País e estava consignada aos portugueses. A causa da sua existência resumiu-se a governar bem e a defender a Pátria e o Povo. E foi o que fez.
Não pode existir comparação possível, por ínfima que seja, entre o traidor e ganancioso por dinheiro e fama, Soares e o humilde, extraordinário governante e enorme patriota que foi Salazar. Tratar-se-ía de um ultraje à memória do Estadista pensar sequer em fazê-lo.
Obrigado, José.
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