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sexta-feira, julho 07, 2017

A informação que não temos

Ontem, o primeiro-ministro a banhos nas ilhas baleares espanholas deu respostas a perguntas dos parlamentares portugueses sobre o incêndio de Pedrógão.
Fê-lo através da sua chefe de gabinete e após ter recebido as respostas das entidades oficiais -GNR e Protecção Civil- que endereçou ao Parlamento, na sequência de 25 perguntas colocadas por um dos partidos ( CDS).

Hoje, dois jornais "de referência"- Público e Correio da Manhã- publicam a notícia sobre tais respostas e informam um pouco mais sobre os factos que foram agora dados a conhecer oficiosamente.

O modo como os dois jornais noticiam o assunto é curioso mas denotam ambos o mesmo problema: não conseguem explicar devidamente o que seria simples de entender se o jornalismo já tivesse feito o trabalho que lhe compete e que é o de saber como morreram 47 pessoas numa estrada nacional, durante um incêndio. Os jornalistas ( Liliana Valente do Público e Diana Ramos/João Rodrigues do CM) não sabem pensar?
Se um dos seus familiares morresse nessa estrada o que gostariam de saber? Em primeiro lugar como é que foram lá parar, a que horas, de onde vinham e presumivelmente onde queriam chegar. Depois, como é que saíram de onde estavam, quem falou com as mesmas para tal ou como combinaram e com quem sair do lugar para uma morte ainda sem explicação cabal.
Estavam entregues à sua sorte durante a tarde de Sábado, quando o incêndio começou a lavrar com intensidade? Telefonaram certamente para alguém, eventualmente para os bombeiros. Se sim, o que lhes disseram? Para ficarem ou para fugirem? E quem lhes disso tal coisa?
Na IC8, logo que cortaram o trânsito, perto das 7 da tarde, ainda dia, os que escolheram a EN236-1 ( e note-se que há cerca de 30 vítimas poucos quilómetros, meia dúzia se tanto, logo após o desvio da IC8) fizeram-no convencidos que poderiam escapar por aí. É preciso saber em concreto quem teria informação  a essa hora ( logo depois das 19:00 e não apenas às 20:00 ou 21:00 de Sábado dia 17 de Junho) sobre as condições em que o incêndio lavrava. E quem tinha a informação era a Protecção Civil e os Bombeiros. A GNR tinha em diferido ou em directo, no nó do IC8 em que fizeram o corte de estrada. Porém, foi referido ontem que ninguém deu ordem para cortar essa via principal mas o Público refere que "as autoridades consideraram importante encerrar o IC8 às 18:50). Que autoridades foram essas? A GNR no local? O cabo da patrulha? Quem era? Alguém já o identificou para falar e saber coisas de viva voz com o indivíduo ( que não falará certamente, mas pode ser inquirido pelos media...)?
A cronologia dos acontecimentos é fulcral neste caso mas os jornais confundem-se, baralham-se e desinformam. Basta ler os dois relatos:

Informa o CM que os bombeiros e a Protecção Civil continuaram a ter redes redundantes de comunicações quando o SIRESP falhou ( pontualmente, ou seja, havia comunicação na rede local). A GNR não teria tal comunicação a não ser através de telemóveis. Então quem e como lhes foi dada indicação para cortar a EN350 ( de Pedrógão para a Graça) às 20:11, solicitada pela Protecção Civil ( CADIS Pedro Nunes)  e efectuada? Este CADIS não tinha informação para as demais vias?  Como isso se o incêndio a essa hora estava incontrolável?
Mais: perante esta informação nova que fazem os jornais? O Público nem a menciona. O CM deixa-a ficar sossegadinha na "linha do tempo", na cronologia do dia da tragédia ( vá lá...).

Basta ir ao Google Maps para perceber que a EN350 de Pedrógão para a Graça fica a Sul de Pedrógão. O IC8 fica a oeste. O incêndio, por essa hora ( 19:00 e antes porque o corte foi em resultado dessa progressão) lavrava em direcção à EN236-1 e a todas as vias que lá conduziam. Porque razão a GNR não teve esse informação ( se é que não teve) e quem é que teria podido dar?  


As explicações são: o incêndio era demasiado grande, várias frentes, imprevisível a sua evolução e incontrolável. Logo, nada havia a fazer. É este o discurso oficial e o dos papagaios que são mais papistas que o papa laico que governa a rir-se sempre de nós ( não foi eleito...). Convém-lhes e percebe-se, mas não se aceita de ânimo leve porque, para além do mais morreram pelo menos 64 poessoas, embora haja quem fale em mais de cem, o que é outro facto que não se apura nos media. Não será notícia?!
Aos papagaios, disseminados pelos media e redes sociais,  é-lhes indiferente o conhecimento da verdade a não ser que os favoreça politica ou ideologicamente. São esses os únicos critérios de aferição da verdade. Portanto, no caso, todos os indícios e provas recolhidas apontam para a negligência grave do Estado-Administração ( Governo). Logo, defendem sempre a posição deste, contra tudo e contra todas as evidências, se preciso for.  Nem se dão conta do papel de paspalhos, a defender à outrance o que ofende a inteligência mínima.

O que há a inquirir sem descanso até se obterem respostas são os factos concretos a que as pessoas certas devem responder, segundo as suas responsabilidades.
Houve decisões tomadas nessas horas ( o corte da EN350, às 20:11 é uma delas) e que foram tomadas segundo critérios seguidos não se sabe exactamente por quem e porquê. O jornalismo português não se interessa por isto?

É indubitável e indesmentível que o Estado ( o Governo, como seu órgão máximo, neste caso) falhou redondamente na protecção a pessoas e bens. Falhou de modo gravíssimo. Não havendo consequências em termos de responsabilidades objectivas e imediatas ( o primeiro-ministro sustém, por razões aparentemente inconfessáveis uma ministra pateta) tem que haver respostas concretas a perguntas precisas que expliquem o que sucedeu e por obra de quem.

As perguntas cruciais:

As pessoas que morreram deviam ter sido avisadas a tempo e horas para não se dirigirem a estradas que estavam ameaçadas pelo fogo ou não? Se a resposta for "deviam" é preciso sabem quem não avisou e porquê.
Se a resposta for equívoca, como é o caso que os papagaios repetem ad nauseam, então será preciso saber para que serve a Protecção Civil em Pedrógão Grande, Leiria, ou noutro sítio qualquer do território nacional. Se as pessoas, em emergências destas,  ficam entregues aos seus destinos e decisões pessoais, então estamos conversados sobre as funções primordiais do Estado.
Evidentemente que esta resposta não pode colher uma vez que a Protecção Civil e os Bombeiros e demais autoridades de Segurança têm deveres estritos para cumprir. E por isso é preciso saber se os cumpriram ou não e porquê.


Nas circunstâncias concretas, entre as 16:00 e as 21:00 de Sábado, 17 de Junho havia conhecimento preciso das "autoridades" ( Protecção Civil, Bombeiros, pessoal da Câmara municipal local, GNR, etc) que era preciso tomar medidas relativamente às pessoas que circulassem em estradas ou não?  Se sim, é preciso saber quem foram as pessoas que falharam nesse dever. Se não, é preciso saber que raio de formação têm estas pessoas que afinal servem para nada em casos destes.

Se sim, ainda é preciso saber se o falhanço se deveu a motivos de "força maior" como incompetência grave, negligência criminosa ou ignorância atávica e adopção do método "deixa arder" ou ainda do método "seja o que Deus quiser" ou se se deveu a impossibilidade de comunicação tempestiva com as pessoas em perigo. Que havia pessoas em perigo é uma evidência. Portanto, o que fizeram para esconjurar tal perigo? Podiam e deviam fazer mais?

Há quem responda já que não e portanto o assunto está arrumado. Convém-lhes politica e estupidamente. Mas não é palha que todos devam mastigar...

13 comentários:

  1. Cada vez se aproxima mais do que eu disse de início.

    Já falam em "manobras" na IC8. Depois cortam mas ninguém mandou cortar...

    Portanto, as manobras e corte foram instrumentais e não tiveram a ver com perigo de vida para as pessoas que lá passassem.

    As outras 30 morreram a quantos kms daí?

    Já li que foi apenas a 2km!
    Não sei e sempre pensei que ainda eram 7 kms. De todo o modo qual a diferença se quem estava nessas aldeias precisava de socorro?

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  2. Quando as BT cortam uma estrada ou rua para poderem deixar passar comitivas ou muitos tanques de bombeiros tal não precisa de ser decretado pela Protecção Civil nem por bombeiros.
    São manobras de trânsito.

    Posso estar redondamente enganada mas continuo a pensar que o corte cedo do IC8 foi feito por esse motivo.

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  3. o antónio das mortes
    e do assalto a tanços
    não tem culpa das causas naturais

    o ceme já o desculpou

    um nojo de rectângulo

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  4. José
    as suas crónicas deviam ter um titulo tão do agrado da esquerda
    PORTUGAL AMORDAÇADO

    todos os dias vejo passar a burricada

    incluindo os infra-ministros , deputados, militares. presidentes de câmara

    'quando receberes uma esmola ou ajuda, não deixes tua mão esquerda saber o que faz a direita'

    'é triste, nascer, viver e morrer entre brutos'

    'é a vida'

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  5. «Há quem responda já que não e portanto o assunto está arrumado. Convém-lhes politica e estupidamente. Mas não é palha que todos devam mastigar... »

    Esses são os cínicos. Esses é que são os hipócritas oportunistas que usam os mortos para fins partidários.

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  6. Isto não é Portugal Amordaçado. É mais Portugal ludibriado. Alguns até gostam de ser ludibriados...e repetem as aldrabices por gosto.

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  7. O incêndio de Pedrógão coloca a qualquer cidadão esta questão: como é possível que um fogo comece pelas 14.30 e vá matar 47 pessoas, 5 horas mais tarde, numa estrada situada a alguns quilómetros de distância?
    A dúvida é a seguinte:
    Entre o local onde se iniciou o incêndio e o local onde as pessoas morreram existe uma distância considerável, pois o fogo demorou umas 5 horas a lá chegar e é voz corrente que nesse dia os ventos eram fortes.
    Pergunta-se:
    Durante esse tempo não havia uma avioneta, um helicóptero, ou um drone no ar que captasse imagens do fogo e as transmitisse para terra de modo a visualizar-se constantemente a frente ou frentes do incêndio?
    Ou informasse de 15 em 15 minutos onde estava a frente ou frentes do fogo se não fosse possível enviar imagens?
    E não havia quem medisse a velocidade e direcção do vento?
    E tivesse um mapa à sua frente?
    Ou seja, se não se conseguia apagar o fogo, seria assim tão difícil prever onde o fogo poderia chegar passada uma hora e avisar quem estava em vias se ser apanhado pelo fogo, cortar estradas e desviar trânsito?
    Isto tem de ser explicado.
    Alberto Ruço

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  8. Pois é essa a questão. Como o Alberto Gonçalves disse, em tom de gozo, os helicópteros são outros que não podem ser culpados porque nem chegaram a levantar voo.

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  9. "Durante esse tempo não havia uma avioneta, um helicóptero, ou um drone no ar que captasse imagens do fogo e as transmitisse para terra de modo a visualizar-se constantemente a frente ou frentes do incêndio?
    Ou informasse de 15 em 15 minutos onde estava a frente ou frentes do fogo se não fosse possível enviar imagens?
    E não havia quem medisse a velocidade e direcção do vento?
    E tivesse um mapa à sua frente?
    Ou seja, se não se conseguia apagar o fogo, seria assim tão difícil prever onde o fogo poderia chegar passada uma hora e avisar quem estava em vias se ser apanhado pelo fogo, cortar estradas e desviar trânsito?
    Isto tem de ser explicado.
    Alberto Ruço"

    É isso que tenho dito desde as primeiras horas. E vai ser preciso responder a essas questões porque além de não me calar enquanto as não ver respondidas vou indagar ainda mais factos, à medida que apareçam.

    Pode ser que alguém ligue, embora duvide.

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  10. Comigo, aqui, esta questão não fica em águas de bacalhau, como não ficaram as questões do Júdice e dos 2 milhões de dólares quinzenais ou para aí para lidar com o caso da privatização da GALP ( um tal António Galamba levantou a questão no Parlamento, o Público deu-lhe destaque e depois esmoreceram todos. Não aqui); ou como o caso do bijan que ninguém continua a ligar mas eu ligo, ou como a questão da violação de segredo de justiça em 23 para 24 de Julho de 2009 que ninguém quis saber como é que o departamento então liderado pela Maria José Morgado ( que parece estar na linha para PGR) arquivou e ninguém foi ver como é que arquivou, que diligências fez, etc etc.

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  11. Ou ainda como a questão do arquivamente do processo administrativo no Tribunal Administrativo de Lisboa, relativo à anulação da pretensa licenciatura do sinhor inginheiro que agora anda entalado até às orelhas e que foi arquivado sem explicação plausível por alguém relacionado com o PS.

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  12. "23 para 24 de Julho de 2009" quero dizer 23 para 24 de Junho de 2009, no processo Face Oculta aquando da apresentação ao então PGR da "extensão procedimental" que nem sequer na altura era um "molho de papéis" segundo o entendimento raro e rarefeito de Noronha Nascimento.

    Essa questão da violação de segredo de justiça foi abafada e foi a mais importante violação de segredo de justiça de que há memória em processos mediáticos, em Portugal. Por quem?

    Por mim isso merecia um inquérito ao inquérito.

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  13. Portugal está ao Deus dará. Esta gentalha dos pulhiticos, além de só saberem vender banha da cobra e tratar da vidinha deles, não sabem fazer nada, por isso anda tudo á toa e não vejo melhoras, com a agravante de ter um pastel de belém, que nem sim nem não, antes pelo contrário.
    Agora, começo a ter medo, quando o José fala que Maria José Morgado, estar na linha para PGR, a mesma dos casos acima mais a história muito mal contada das fp25, concerteza depois assistida pela Cândida Almeida e Candida Vilar.
    Sendo a justiça, supostamente cega, vai ser uma nova inquisição, na perspectiva do olho esquerdo.
    Aguardemos.

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