Artigo de Maria João Avillez no Observador, sobre a nova Censura:
Desde 1974 que a “media” ignora, despreza ou suporta mal a “ideia” de
direita ou mesmo de centro-direita, troçando ou destruindo os seus
líderes e ajudando a acabar com eles, mesmo que o voto os legitime. Ao
contrário da Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Holanda, e etc., em
Portugal nunca se impôs, com substância e carácter definitivo, um jornal
ou algo de parecido com um órgão de comunicação social de
centro-direita, conservador ou menos conservador. O qual, como sucede
nos países citados, funcionaria também como catalizador/produtor de
opiniões, ideias, movimentos, debates ideológicos, pensamento político.
Mas nem isso: o espaço continua semi-orfão, inorgânico, mal-amado. É um
mistério.
A sociedade civil é tão débil quanto isso? As elites tão frágeis? A
dependência do Estado tão avassaladora? Há metade do país sem voz nem
vontade? O comprometimento deixou de ter significado e perdeu poder de
convocatória? Não sei mas a fractura é grande. Do outro lado da guerra
cultural em curso há quase só anestesia, mutismo, distracção,
indiferença. E simpatia até, quem sabe?
Comentário:
Torna-se algo notável que alguém como a articulista, representante de topo da intelligentsia que deixou chegar isto onde chegou, venha agora com estas lágrimas que nem são de crocodilo mas de alguém que se distraiu muito no tempo do Semanário e do Expresso daqueles que agora estão falidos, precisamente por causa de terem dado voz a esta canhalha.
Um dos primeiros sintomas dessa distracção é a escrita segundo as regras do execrável Acordo Ortográfico. Ninguém obriga ninguém a escrever assim, mas ela escreve...para se lamentar acerca da inexistência de uma "direita" em Portugal.
A direita em Portugal, Maria João Avillez, não pode passar sem o regresso ao passado nem sequer muito distante. Carece de retomar o fio do tempo e mostrar a esta canalha que os valores que então eram os correntes ainda são aproveitáveis. Os do tempo de Salazar e Caetano.
A democracia não trouxe valores melhores, antes pelo contrário. O que trouxe, isso sim, foi a liberdade para os mesmos serem destruídos paulatinanamente, como foram. Com a alegre colaboração dos compagnons de route de que aquela faz parte, os quais poderiam ter lutado pelos mesmos quando era preciso. Agora, se calhar será um pouco tarde.
Porém, se tem consciência disso é bom sinal. Ainda não estará tudo perdido.
Canalha é a melhor expressão para designar esta gente que quer impor um modo de pensar que substitui a Realidade. Canalha, no sentido de pequenos, de putos.