Páginas

domingo, setembro 24, 2017

Salazar por José Rodrigues dos Santos

José Rodrigues dos Santos, jornalista e escritor de grande sucesso (O CM chama-lhe "o senhor 100 milhões", de livros que lhe terão rendido já mais de uma dúzia de milhões de euros) publicou agora um terceiro tomo de uma trilogia, O Reino do Meio.

Como o assunto é Salazar aqui fica o capítulo que foi distribuído gratuitamente com a revista Sábado desta semana. O retrato de Humberto Delgado é demolidor. Um fascista, afinal. Puro e duro e mais papista que papa:












A mesma revista fez uma análise crítica da prosa de José Rodrigues dos Santos que merece atenção pelas considerações judiciosas: 



Em resumo: não é Umberto Eco quem quer. Ou até Michael Crichton. Mas vou folhear o livro...por causa do tema.

Mais sobre o Delgado, segundo José Rodrigues dos Santos que lhe bate forte e feito, com ditos do próprio...segundo o autor assegura  ( "houve a preocupação de, nas partes em que estas personagens histórias aparecem. decalcar as palavras ipsis verbis do seu verdadeiro discurso político", escreve no fim do livro em Nota Final) .

Sobre o livro que já folheei: não será uma obra-prima. Mas para quem já leu com proveito e gosto livritos de Frederick Forsyth, Tom Clancy, Michael Crichton e Ken Follet in illo tempore, este não fica atrás.

E sobre a dor de cotovelo de alguns editores portugueses, como Francisco Vale da Relógio d´Água fica tudo dito: inveja, somente.








 Como bónus ficam aqui algumas páginas de um livro antigo de Humberto Delgado, antes de o mesmo ser herói nacional da Democracia e defendia a Ditadura de Salzar contra "o Reviralho". O livro está publicado aqui, integralmente. 271 páginas de 1933 e foi disponibilizado deste modo pelo comentador  bic laranja.

Estas são suficientes para entender o tom:





Nas considerações finais escrevia Delgado:



 De resto, Delgado previu então o seu próprio futuro: escreveu que "o mais contra Salazar não tem resposta. Só a tiro". Exactamente o que lhe aconteceu.

Quanto à actualidade do escrito e da posterior reviravolta do então tenente aviador tornado general, bastará dizer que o PCP, desde esse tempo que tem o mesmo discurso. Até o jornalzinho que tinham- O Militante- é o mesmo. A linguagem, tirando a relatividade dos acontecimentos, é igualzinha também.
Portanto...

26 comentários:

  1. Sobre Delgado a "verdade" oficial está estabelecida, desde logo em nome de aeroporto, e há-de ser diária e metodicamente ministrada às criancinhas de escola. A verdade sobre ele e sobre certo pai da democracia; e outros dessa elite - viva e póstuma - que isto que saiu de 74 criou e que nós sustentamos, incansáveis e submissos, na sua insaciável existência e presunção.

    Isto está nas mãos deles, e firmemente, e o povo - e "povo" nunca foi necessariamente sinónimo de lucidez gosta que assim seja.

    O livro nem folheado merecerá ser, escrito nessa perversão criminosa consagrada em "acordo" e imposto à revelia até do pouco de direito que um aluno sabe - saberia, há uns anos - no final do primeiro ano de faculdade.

    Costa

    ResponderEliminar
  2. ....Então, não editaria estes autores?

    Darei um exemplo com um dos nomes citados: por exemplo, a Gradiva tem um excelente trabalho na área da ciência mas atualmente é mais conhecida como editora do José Rodrigues dos Santos. Eu nunca editaria o José Rodrigues dos Santos, mesmo sabendo que é o autor português que mais vende. Até percebo que isso aconteça, mas se ele desejasse propor-se para publicar na Relógio D"Água iria recusá-lo porque não queria que a editora fosse conhecida como a editora dele. A Gradiva tinha o direito de ser conhecida como editora do Stephen Hawking, do Carl Sagan e de outros autores na área da ciência, mas o que acontece é ser, de facto, conhecida digamos como editora de um best-seller de muito duvidosa qualidade. Que nem acho que seja literatura, é paraliteratura aquilo que Rodrigues dos Santos publica....

    Francisco Vale

    ResponderEliminar
  3. Pois... o das orelhas é fraca escrita mas o Marco Alves (quem quer que seja) parece que se encanitou demais por lhe terem ido ao Delgaado e ao Marx. E citou o Araújo para justificar fazer em cacos o colega.

    ResponderEliminar
  4. Mas, afinal, o que é um editor? A avaliar pela amostra, um presunçoso!

    ResponderEliminar
  5. Secundo o primeiro comentário. Do grande demitidor oficial à tortografia orelhuda, oficialíssima.
    País da palhaçada!

    ResponderEliminar
  6. Ah, colocou um acrescento.

    Pois. Uns inveja e outros mais que isso.

    ResponderEliminar
  7. Pois é. Foi ao Delgado e já tinha ido ao Marx.

    E isso por cá é heresia que leva logo a virem todos os imbecis de esquerda a terreiro atacarem o desgraçado.

    O Daniel Oliveira resumiu o grande problema no Expresso "Desdecer a Rodrigues dos Santos:

    "Tenho uma formação marxista, dediquei uma parte considerável da minha vida a uma militância ideológica que, pelo menos no meu caso, implicou estudo e debate de vários autores marxistas e suspeito que li mais de e sobre Marx na minha juventude do que José Rodrigues dos Santos na sua vida toda. E, no entanto, não me sentiria preparado para um debate intelectual deste calibre. "

    ResponderEliminar
  8. Obrigado. 271 páginas de 1933...vale a pena divulgar.

    ResponderEliminar
  9. o general coca-cola era uma versão secundária

    do gajo do assalto ao Santa Maria

    espectáculo
    de ressentidos

    não leio JRS, o escritor que ofuscou Eça,
    porque o meu tempo não chega para os assuntos sérios que me preocupam

    ResponderEliminar
  10. Li uma vez um livro do JRS, por curiosidade. Dentro do género, é bom. É a tal coisa, de vez em quando sabe bem comer caracóis. E se a Gradiva faz bom dinheiro com ele e isso lhes permite editar outras coisa, óptimo. Não é só na ciência. A Filosofia Aberta, por exemplo, é uma das boas colecções que aí andam, apesar de ter um excesso de Peter Singer.
    Quanto ao Delgado, a imagem está feita e continuará a estar. Na sexta-feira estava eu na sala dos professores, como o livro da Revolução Russa que saiu há pouco na Tinta-da-China, e uma fulana comentou comigo que é pena os princípios da revolução terem sido esquecidas. Nem lhe respondi, estava na hora de sair e não me apeteceu perder tempo. A dita cuja é professora de história. É esta gente que anda a "ensinar" os miúdos.

    ResponderEliminar
  11. Essa "fulana" que é professora, será de esquerda e não tem nada de mal. O que tem de mal é não haver possibilidade de discussão em que haja equilíbrio de posições. A Esquerda domina sempre...

    ResponderEliminar
  12. Pode ser escritor, músico, realizador de cinema, contorcionista, Prémio Nobel e sei lá mais o quê. Se pensam que o mundo pode ser mais justo, logo os imbecis de direita choram baba e ranho e gritam: Darwinismo social,Darwinismo social

    ResponderEliminar
  13. Delgado veio da América deslumbrado. Cuido que lhe puseram o avental por lá e encheram-lhe a cabeça oca de não sei o quê. Daí em diante tornou-se um joguete: das manias que tinha, das que lhe puseram na Coca-Cola, do embaixador do Brasil em Lisboa e, por fim da Malta de Argel. Foi como joguete que acabou nas mãos da P.I.D.E., bem creio.
    Cumpts.

    ResponderEliminar
  14. Continuam a usá-lo, como se bem vê.

    ResponderEliminar
  15. praticamente, todos sabemos do invertebrado HD....
    sem ideias, projetos, caluniador..ao sabor de vento

    se o JRS tem essas frases originais.......................vou comprar um livro dele pela 1ª vez.

    insulto aos portugueses foi dar o nome de HD ao aeroporto.de lisboa

    ResponderEliminar
  16. desculpem a publicidade:
    sobre as eleições na Alemanha:

    http://mentesdespertas.blogspot.pt/2017/09/merkel-semi-vitoria-e-crise-politica.html

    ResponderEliminar
  17. No wikipedia diz-se que Delgado elogiou Hitler. Que belo nome deram ao Aeroporto de Lisboa.

    ResponderEliminar
  18. Não comprei nenhum livro deste rapaz e não penso comprar, os assuntos que ele aborda não me interessam e o que ele escreve sei-o através das críticas que vou lendo muito por alto sobre os mesmos e também retenho, concordando, a opinião de um ou outro leitor/comentador abalizado que as tem expressado de modo inteligente. Sobre as páginas que o José publicou, extraídas do seu último livro, que também li, contêm frases bem construídas e lexicalmente está bastante bem. Há uma ou outra falta de acentuação e de pontuação e de concordância, mas estes são pormenores de somenos. E valha-nos o facto dele não escrever segundo o A090 o que já é um bem inestimável e mais que não fosse só por isso merece duplos parabéns.

    Li o resumo da crítica dos seus livros feita pelo jornal e na minha modesta opinião há ali citações que se contradizem, o seu autor ora critica o género de literatura do escritor, ora o elogia o seu estilo de escrita, o que no mínimo é paradoxal!... O autor do artigo critica inclusivamente demasiadas frases e diálogos da autoria das personagens políticas que o escritor cita e transcreve tal e qual. O autor do artigo não foi suficientemente objectivo na análise deste e dos restantes livros do José R. dos Santos e pessoalmente acho que ele se contradiz várias vezes no decorrer da mesma.

    Li ainda a entrevista que lhe foi feita e as suas respostas não estão mal de todo, até são coerentes com a sua personalidade, porém uma coisa é o seu pensamento analítico e outra diferente são os temas que ele escolhe para os seus livros e o modo como os desenvolve e quer-me parecer que ele segue o processo descritivo de outros escritores, porventura aqueles que ele mais aprecia e a verdade é que recorrendo a este método (que me desculpe mas é plagiato ou então parece, embora adoptando outros contornos e valendo-se de subterfúgios que o pretendem dissimular) retira-lhe a importância e o valor que doutro modo talvez lhe pudessem pertencer.

    Mas esta é só a minha opinião e portanto sujeita a equívocos.
    (cont.)

    ResponderEliminar

  19. Segundo alguém já disse e eu corroboro, o que ele quer é publicidade e vender livros. E é o que parece ter estado a acontecer com os seus últimos 16(?!!?) livros. E será que o seu suposto sucesso editorial é verídico? Sabemos que a publicidade, mesmo a enganosa e sobretudo esta, vende que se farta (não precisamos de ir mais longe do que olhar para a politicagem que tem passado pelo poder nestes últimos quarenta anos para o confirmar) e o que ele mais tem tido é montes de publicidade (será que paga por ele, incluíndo a compra dos seus próprios livros, como fez o outro? Diz-se por aí que ele vende os seus livros às toneladas, sendo o escritor de maior sucesso em Portugal e parece que também além fronteiras... Hummm há nesta história qualquer coisa que não bate certo.

    Quanto à sua prestação como jornalista (dos telejornais) é péssima. Já o escrevi mais do que uma vez. Ele faz caretas ridículas ao articular as frases o que é inadmissível num jornalista que se quer sério e competente nas notícias que transmite para milhões de pessoas, também se requere dos mesmos ausência total de gestos despropositados ou maneirismos, pede-se um modo de falar pausado e uma dicção perfeita (ele fala a mil à hora e come as últimas sílabas de quase todas as palavras que profere, o que é insuportável para quem quer ouvir frases bem pronunciadas e sobretudo perceber o que se ouve) e parece, repito, parece que deixou de piscar os olhos à parvinho quando se despedia dos telespectadores, mas passou a fazer uma espécie de sorrizinho cretininho - a merecer um estalinho bem aplicadinho - com os lábios fortemente cerrados como que a demonstrar que acabou de transmitir o telejornal de um modo brilhante a merecer aplausos com ambas as mãos...

    Ele empertiga-se todo ao anunciar cada tema que apresenta e tem uma maneira irritante de dizer as frases e o seu timbre de voz, que além de soar a falsete, é feio. Numa palavra, não tem o perfil exigível a um jornalista que apresenta as notícias nem o mínimo jeito para o desempenho do cargo... Deduzo que está onde está (há tempo demasiado) porque terá sido através de uma bruta cunha metida pelo pai, que ouvi dizer ser alguém socialmente muito conhecido e amigo dos políticos mais influentes cá da terrinha ou, se não, sê-lo-á por influência, sabe-se lá a que pretexto, dos directores de informação do Canal onde pontifica. Só pode ser.

    Atenção que eu não digo só mal da criatura..., vá lá que ele tem uma coisa a seu favor. Nas entrevistas que em tempos fez a alguns escritores estrangeiros curiosamente saía-se bastante benzinho, o que já não é nada mau para um mau jornalista e um vaidosão do seu calibre. Nessas entrevistas não fazia caretas, não se empertigava, não falava com voz de falsete e não era ridículo nas perguntas que fazia aos entrevistados nem nas observações aos ditos. Se ele se ficasse pelas entrevistas a escritores é que fazia bem.

    ResponderEliminar
  20. Não é demais repetir:

    Escritor que se preze, não escreve em letra mutilada.

    ResponderEliminar
  21. Explique-se melhor Muja, que esse ponto interessa-me, é que eu sou de compreensão lenta:)

    ResponderEliminar
  22. Vamos a ver todos os heróis dos democratas internacionalistas têm pés de barro.Alguns com processos desaparecidos da gaveta.Por mim podem e devem derrocar à vontade.Será um alívio...

    ResponderEliminar
  23. De José Rodrigues dos Santos li O Codex 632” e “A fórmula de Deus”. Não considero que JRS pertença à elite dos escritores nacionais, mas é capaz de ser o melhor escritor português vivo, pelo menos se considerarmos a capacidade de ficcionar, a razoabilidade da escrita e o facto de os romances (apesar de longos) prenderem o leitor.
    O seu estilo, não sendo totalmente original, é uma fórmula de sucesso. JRS é jornalista (além de escritor) mas podia ser cientista. Escolhe meia-dúzia de figuras públicas reais e uma ou duas dúzias de afirmações das ditas figuras (por vezes separadas por vários anos) e constrói uma história ficcionada mas que (porque suportada por afirmações reais) podia ser real. Transpõe para a escrita a ciência moderna: alguns factos (ainda que por vezes distorcidos) vários “pseudo-factos”, alguma especulação, alguma ficção e indução de conclusões irreais. “O sétimo selo”, que não li na integra, por abordar o “aquecimento global” (agora “alterações climáticas”) é um bom fruto deste casamento entre realidade e ficção (tanto no romance de JRS como na charlatanice climática).
    Comparando dois autores de ficção editados pela Gradiva: entre JRS e Stephen Hawking prefiro, sem dúvida, o primeiro; a escrita é mais acessível e a ficção está mais fundeada no real. Sem grande probabilidade de encontar novidades em relação ao "cromo" que era Humberto Delgado, ainda assim, considerando o autor, talvez compre o livro.

    ResponderEliminar
  24. Caro José.

    Sobre Humberto Delgado e muitas figuras sinistras de Argel, tem aqui algum material para aprofundar alguma investigação.

    https://sites.google.com/site/lancapatricia/home

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.