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sábado, novembro 11, 2017

A komentadoria filo-comunista e o PCP

O jornal Público de hoje tem duas páginas dos komentadores habituais que são um must.

A primeira é do fatal Pacheco Pereira que leva a vida nisto, a komentar algo que redunda sempre num exercício de circunlóquio para manter a coluna activa nos jornais e poder coleccionar papel velho na Marmeleira.
O artigo de hoje é exemplar. A propósito do que se disse acerca da efeméride da Revolução Russa de 1917,  arranjou modo de dizer mal dos do costume ( a direita, Passos Coelho e tutti quanti de uma mítica alt-right) e ao mesmo tempo balançar a ideia de que o PCP é um partido com o futuro bem lá terás no tempo, mas digno de projecção mediática no futuro do Pacheco, por causa da tal "alt-right".  O comunismo precisa da Revolução como de dinheiro na caixa mas o PCP não a pode fazer. E que fazer, então? Escrever artigos à la Pacheco Pereira, afirmando coisas óbvias para preencher páginas inteiras...



E uma São José de Almeida mai-lo um Louçã, fradeca de conselho de estado que temos?

Quase a mesma coisa mas com nuances: o PCP não presta quando reafirma os ideais da Revolução de Outubro, mas como sempre os afirmou fica assim porque é mais democrático.  Se  alguém afirmasse a bondade da solução final do nazismo, seria detido para interrogatório, pela vigilância politicamente correcta. Assim, o Jerónimo pode dizer as maiores barbaridades que todos acham que é "boa pessoa" e o partido que publicamente sempre defendeu tais barbaridades, essencial à democracia...e aqueles até chegaram a fazer parte da organização, no tempo da luta contra o fassismo, esse leviatã do esquerdismo militante.

Loução vai ainda mais longe, na análise esquerdista: o poder aparece por força do colectivo e não das façanhas individuais, como é de bom tom na teoria esquerdista. "O capitalismo foi fascista sempre que precisou de o ser", escreve. Loução será estalinista se tal for necessário...e já o foi, mantendo adormecido o traço de carácter. Agora está em pousio democrático no tal conselho do estado que temos. Louçã é das criaturas mais nocivas no Estado que temos, um perigo nunca esconjurado e que tem assento na tribuna da SIC, sempre que queira. Balsemão deixa e a Lourença titila.



Portanto, sobre o PCP e a loucura comunista ambiente, todos fazem de conta que não presta mas é bom para a democracia, num exercício esquizofrénico que não deixa grandes dúvidas acerca do acerto de bestunto dos escribas em causa.

Ninguém se atreve a chegar ao ponto em que aqui se escreve ( Alberto Gonçalves), com toda a lógica:

"De resto, o sr. Jerónimo não é um maluquinho, ou pelo menos um maluquinho comum. É o chefe do terceiro ou quarto partido nacional, o qual rivaliza com outro (?) partido leninista nos votos, nos deputados, na demência e na ascendência sobre o bando que, descarada e oficialmente, finge governar-nos. Se se tratasse de um lunático com bombo às voltas ao coreto – e fosse tratado em conformidade –, a deplorável figura a que o sr. Jerónimo se presta podia esgotar-se em si mesma, sem que daí viesse qualquer mal ao mundo. Por azar, a misteriosa respeitabilidade de que o sr. Jerónimo desfruta compromete o país, ridiculariza o país e torna o país cúmplice de uma vasta parte do mal que, durante o último século, o mundo suportou de facto."

Mas isto vem no Observador e como tal é da "alt-right" que o Pacheco execra e por isso desvaloriza porque não se situa na margem politicamente correcta, de certa maneira. 


Para se perceber que Lenine poderia nunca ter existido, basta ler este pequeno artigo da revista Valeurs Actuelles HS nº 12, recente, sobre Stolypine, um aristocrata russo que foi primeiro-ministro do czar e poderia ter impedido o advento do leninismo e do comunismo na Rússia czarista e portanto evitado que o ciclo dos Romanov, com três séculos de Rússia Imperial,  fosse massacrado pela revolução:



É verdade e não sabia: o "eléctrico" foi inventado por um ucraniano, em S. Petersburgo. Fiodor Pirotsky. O video, magnetoscópio, também é obra de um russo: Alexander Poniatoff.


12 comentários:

  1. "Alt right que nos observa"?! A sério? Esta foi rasca.

    "O pacífico António Costa, a expedita Catarina Martins ou o bondoso Jerónimo de Sousa"???

    Quando pensamos que Pacheco já bateu no fundo ele arranja uma pá e cava mais um pouco.

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  2. Ando à procura de um adjectivo para o Pacheco. Hesito entre alguns que me soam mal, como sejam imbecil ou afins.

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  3. Pois o tal a quem os democratas liberais fizeram o que podiam para estorvar.

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  4. «Bref, c'est ainsi que ni la deuxième, ni la troisième, ni la quatrième Doumas ne prirent sur elles de faire passer la loi sur l'égalité intégrale des droits pour les Juifs. Et à chaque fois qu'il fallut entériner la loi sur l'égalité des droits pour les paysans (promulguée par Stolypine dès le 5 octobre 1906), celle-ci fut bloquée par les mêmes Doumas, sous la pression de la gauche, au motif qu'on ne pouvait accorder l'égalité des droits aux paysans avant de l'accorder aus Juifs (et aux Polonais)!

    Et c'est ainsi que la pression exercée sur ce gouvernement tsariste exécré ne se relâcha pas, mais redoublera, quintuplera. Et non seulement cette pression exercée sur le gouvernement ne se relâcha pas, non seulement ces lois ne furent pas votées par la Douma, mais cella allait durer jusqu'à la révolution de Février.

    (...)

    Stolypine, qui à imprimé son orientation, donné sa lumiére et son nom à la décennie qui précéda la Première Guerre mondiale, - alors qu'il était l'objet de furieuses attaques aussi bien de la part de Cadets que de l'extrême droite, alors que les députés de tous bords le traînaient dans la boue à cause de la loi sur la réforme du zemstvo dans les provinces de l'Ouest -, fut assassiné en septembre 1911.

    Le premier chef du gouvernement russe à avoir honnêtement posé et tenté de résoudre, malgré les résistances de l'Empereur, la question de l'égalité pour les Juifs, tomba - ironie de l'Historie! - sous les coups d'un Juif.

    Tel est le destin de la voie médiane...»

    Soljénitsyne - Deux Siécles Ensemble, Vol I, Ed. Fayard

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  5. Esqueci-me disto:

    «Cette levée de boucliers des partis de gauche contre une politique de mesures progressives, ce refus tactique d'une évolution en douceur vers l'égalité des droits, furent puissament épaulés par la presse russe. Depuis la fin de l'année 1905, celle-ci n'était plus assujettie à la censure préalable.»

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  6. Não devemos menosprezar a necessidade de justificação desta mole de ex-revolucionários. Tal como empenhados fiéis que pulam de seita em seita mas sempre a propalar terem o dom de ver mais e melhor, também esta gentalha carece de auto-justificação. No final das contas foram esses mesmos, em maior ou menor grau, que agora ex-marxistas outrora juravam ser esse o melhor dos mundos, e entre a assumpção de que já foram tolos ou a deriva revisionista do "este não é o comunismo com que sonhei" optam pela segunda. Deste modo nunca estiveram errados ou do lado errado da história mesmo que até mais de uma década após a Primavera de Praga persistissem em não ver o que outros juravam sentir até aos ossos.

    Porque sente esta gente tanta necessidade de sublimar esse malfadado Outubro como se a tragédia que iniciou não fosse inevitável e doutrinal? Porque nunca reconhecerão que, apesar se entenderem intelectuais e intelectualóides, foram meros cordeiros de um rebanho acéfalo e acrítico e foram-no durante demasiado tempo e até tarde demais.

    Como melhor disfarçar o inevitável acto de contrição do que pelas delongas do "tão bom que é, podia ter sido, jamais o sonhei".

    Prefiro um cavador humilde e ciente dos seus limites e limitações do que estes pulhas feitos doutores sem a dignidade da coerência a que se obrigariam pela assumpção do erro.

    Qual o adjectivo, pergunta o josé: deixe os adjectivos que quanto mais apropriados forem maior a redenção que esses imbecis neles encontram. É lodo substantivo e o lodo continua a agarrar Portugal evitando que este se erga do pântano em que está, e em boa parte lá caiu devido a esse lodo intelectualóide.

    Enquanto tivermos academias que consentem com os CES, OCA's e outros que tais, nunca teremos rigor e seriedade, menos ainda auto-crítica, sobram os malabaristas da auto-legitimação retroactiva.

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  7. Os partidos são o cancro das nações.

    Sempre foram, sempre hão-de ser. Sejam revolucionários ou "conservadores".

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  8. Aos pares torna-se mais simples

    Leio, a espaços, as prosas de Henrique Raposo e de Alberto Gonçalves, para além de outros que se assumem como agitadores de águas, pensadores que se presumem de espírito fino, porta-estandartes de causas, ou simplesmente exibicionistas, na ilusão de que posso ter alguma coisa ainda a aprender com eles ou, de forma menos clemente para mim próprio, pelo mesmo tipo de prazer de assistir a um filme burlesco de terceira categoria. E depois, vejo também a espaços, gente que respeito intelectualmente, a catalogar, a rebater, a tentar, até, enquadrar as prosas dos outros numa qualquer moldura de referência, como se obedecessem a uma linha estruturada, fossem reflexo, lá está, de uma capacidade de reflexão, de uma base sólida, de uma exigência factual. Não obedecem, não são, não têm. Henrique Raposo, Alberto Gonçalves, e os outros que ainda mantêm o espaço para opinar a troco de dinheiro nos poucos orgãos que sobrevivem na imprensa portuguesa, têm que obedecer ao ditame do ‘deadline,’ esse filtro implacável do talento. Evidentemente impreparados e procrastinadores, escrevem as crónicas, de que dependem a continuidade dos contratos e dos pagamentos, no limite do cutelo do editor implacável que tem uma edição para fechar. E há que sair alguma coisa, qualquer coisa, dentro do número de caracteres acordado, de preferência que gere cliques nos sítios online, que gere republicações nas redes sociais, que gere referências, numa paupérrima imitação da contagem académica do número de citações, mas ajudando a maximizar o CPM. ‘Pour épater le burgeois.’ Longe estamos de tradição de um Rúben Braga, também ele procrastinador, que terminava a crónica minutos antes da chegada do ‘boy’ do jornal à cobertura em Ipanema. E desse afã de última hora saía obra-prima, dia após dia, basta reler. Longe estamos, ainda que na mesma matriz ideológica, da escrita primorosa de William F. Buckley, Jr., que acredito, ou quero acreditar, que ambos leram, ou deviam ter lido, para entenderem que se pode ser simultaneamente conservador e provocador, com elegância intelectual, com prosa afinada, enfim, com ideias, já para não dizer, com inteligência, que é conceito de definição vaga, mas como dizia certo juiz a propósito de outro tema, ‘quando se vê, reconhece-se.’ Era Borges que afirmava ter pouco interesse em ler aquilo que qualquer um poderia ser capaz de escrever. Com Henrique Raposo e Alberto Gonçalves navegamos no mar da banalidade trauliteira, como eles existem milhares de comentadores no Breitbart, por exemplo, a perorar a cada hora, a cada texto. Para o que escrevem, os nossos dois conservadores alternativos, como os que os acompanham na cruzada, mais não têm do que recolher inspiração em tal torrente, fazer como Tony Carreira, adaptar, dar uma capa nova, vender como original. Podem até fazê-lo à última hora, ‘in extremis,’ nunca correrão o risco de falhar um ‘deadline’ por falta de tema, nem porão em perigo o garante do seu sustento. Mas, na verdade, aquilo que é necessário para entender o que escrevem mais não é do que assistir à ausência de talento, à pobreza intelectual, ao arrebanhar de lugares comuns, a procurar sobressair no ruído onde se inspiram, a lutar em desespero por uma transferência bancária regular, contra um ‘deadline’ inadiável. O resultado só pode ser a indigência que está à vista.




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  9. O Pacheco Pereira, que eu costumava ler e gostava, foi descambando (e foi o José que me chamou a atenção disso) e com essa da alt-right à portuguesa — a nossa alt-right —, revelou-se de uma forma límpida. Imbecil está correcto, porque nos últimos anos, não li nada que não fossem imbecilidades e cada vez piores.

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  10. A Lourença titila? Hehehe… é bem capaz e não deve ser a única. Este ambiente revolucionário nos pasquins é dado a titilações.

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  11. os partidos de esquerda são verdadeiros gangues
    que fariam inveja a Al Capone, Lucky Luciano e tantos outros

    pacheco sentiu-se preterido no partido

    dor de cotovelo ou de corno

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  12. muja disse...

    Os partidos são o cancro das nações.

    Sempre foram, sempre hão-de ser. Sejam revolucionários ou "conservadores".

    Muja, não posso estar mais d'acordo com estas duas afirmações. E o pior de tudo é que uma vez aceite este regime, onde eles nos meteram maldosamente sem referendo algum, no qual se mexem como peixes na água, significa que, perante as democracias que existem no mundo e pela mesma maçonaria todas elas governadas, nunca mais nos iremos ver livres destes ou doutros 'democratas' ou democacas, como muito bem os classifica. Eles sabem-na toda e sabiam ainda melhor o que faziam quando anunciaram aos quatro ventos irem 'devolver-nos a liberdade' e a trazer-nos a 'democracia'. O resultado está há vista sem a mínima hipótese de errarmos.

    Esta é a grande tragédia de Portugal e o tremendíssimo drama em se encontra o pobre e infeliz povo português.

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