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sexta-feira, dezembro 15, 2017
O caso Raríssimas não é raro
24Sapo:
Raríssimas: Não pode ser feita "uma generalização destes casos, a grande maioria [das instituições] trabalha de forma séria e dedicada", diz Marcelo
Ou seja, o presidente da República já fez um juízo público sobre algo que não deveria fazer. Por outro lado, garantiu o que não pode garantir: que a grande maioria das instituições funciona bem.
Funciona bem, como? Sem nepotismos? Sem carros de luxo relativo e despesas por conta que o Estado paga? Sem imoralidades sociais, quer dizer, "doutores" da mula ruça que nunca o foram mas esperam que os tratem como tal, como era o caso da dona raríssimas? Então não tivemos um primeiro-ministro com um curso superior marado, que todo o Estado encobriu ( o MºPº no Administrativo entendeu que não era caso para anular...)?
O Estado subsidia estas imoralidades porque é jacobino. Basta que o funcionário público do momento, ministro, secretário de Estado ou mero "xota" que se junta em influências com cartão do partido, tenha o mínimo apoio legal para tudo ser legal e justificável. E de caminho sentirem-se indignados pelas suspeitas...
Um BMW série 5 para a direcção da instituição? Porque não? Não é assim que procedem os funcionários de câmaras, sejam vereadores politicamente escolhidos ou os assessores de ministérios? Quem são eles mais que os outros? Não mudam frequentemente de máquina, sempre por modelos de gama condizente com a imagem que essa gente tem de si mesma?
Comprarem bens e adjudicarem serviços que aparentemente serão sumptuários? E os ajustes directos, sempre justificados legalmente, claro?
E o dinheiro que isso paga não é de todos os que pagam impostos?
E as "auditorias" pagas a peso de ouro às consultoras do costume que se limitam a olhar para números cegos em balanços e balancetes?
O presidente da República devia ter senso, não se manifestar intempestivamente e fazer o que lhe é exigível: como supremo magistrado da Nação mudar este estado de coisas. Esta imoralidade que o Estado patrocina. Marcelo, como presidente, espelha algo que é muito desagradável: sintoniza pelo mínimo denominador comum, o que é estranho num indivíduo com o seu currículo pessoal, desde o tempo anterior ao 25 de Abril de 74. Marcelo é um personagem estranho, sem memória, aparentemente. Vive o presente de acordo com o que lhe parece mais adequado. Estranho.
O caso Raríssimas é vulgaríssimo, se se for a ver com olhos de ver. E há um sinal: a dona Maria Cavaca deu apoio à Raríssima. Não viu quem estava à frente daquilo. Não percebeu...o que também é sintomático da pinderiquice que temos como elite.
Tudo deprimente.
Aqui, Alberto Gonçalves diz o mesmo com outro estilo, assim:
E é uma história edificante. Aos poucos, Paula Costa trocou o pretexto declarado da associação por objectivos não declaráveis: melhorar os níveis de conforto das pessoas envolvidas, naturalmente a começar por ela própria. Principiou pelo essencial, leia-se mudar o nome, a que acrescentou o “Brito” e o “e”. E continuou a fazer o que os simples imaginam que as classes sofisticadas fazem: ser arrogante para com os funcionários, passear-se em carro alemão, vestir roupas de marca, viajar a “trabalho”, frequentar “ilustres”, chafurdar no PS, etc., tudo alimentado pelo dinheiro despejado na Raríssimas. Tudo, ou quase tudo, alimentado pelo Estado. A história de Paula Brito von Costa é, em larga medida, a história do Portugal contemporâneo.
Porém, o curioso não é a história, mas o escândalo que provocou. Em 2017, a maioria de nós mantém intacta a capacidade de se espantar com a vocação indígena para a trapaça, o abuso e as encantadoras contingências do convívio – sempre desinteressado – com o poder e em especial o poder subjugado à ética republicana. A piada é que a minoria finge interpretar o episódio ao contrário e, numa espectacular demonstração da inteligência que atribui ao cidadão médio, apressou-se a culpar os culpados do costume, isto é, os que ilibam os culpados reais.
No instante em que se descobriu a cumplicidade na tramóia de um ministro confiável, um secretário de calções e um punhado de socialistas alegres, os funcionários da propaganda lançaram a responsabilidade para cima da jornalista Ana Leal (porque fintou a censura, perdão, o código de decência, perdão, as regras de preservação da privacidade), da esposa de Cavaco Silva (porque era madrinha da Raríssimas), de Pedro Passos Coelho (porque sim) e, principalmente, do pormenor criminoso de a Raríssimas não pertencer ao Estado. Nas televisões nacionais, vi aquelas criaturas que só caberiam nas televisões nacionais e na figuração do “Walking Dead” jurar que as aventuras de Paula Brito y Costa se devem à existência de entidades, e já agora de indivíduos, objectos, sentimentos e bolas de Berlim exteriores à esfera pública. É inegável que a importância da privacidade varia com as circunstâncias.
Fora do manicómio em que saltita boa parte da “opinião”, o problema da Raríssimas não é ser “particular” na designação, nos estatutos e na teoria: é não ser particular na prática. Os truques de Paula Brito de la Costa, apenas condenáveis pela origem dos financiamentos, não diferem dos praticados ou invejados por milhões dos nossos queridos conterrâneos. Num lugar em que o Estado asfixia o que pode, muitos acham o exercício erótico e, no lado certo, lucrativo. Fora da esfera pública, sobra pouco. Nove em dez portugueses (estimativa baixa) dedicam os respectivos expedientes, e horas extra, a catar o patrocínio dos portugueses em redor. Uns vão directamente à fonte e alistam-se na política e adjacências. Outros preferem simular independência empresarial. Os terceiros, nem de propósito, ficam-se pelo “terceiro sector”, o da “solidariedade social” e de Paula Brito van der Costa. Descontadas as excepções da praxe, todos querem o mesmo. Em geral, conseguem-no. Em geral, até ao dia em que o golpe se torna público, um raríssimo momento em que os portugueses respeitam o que é privado.
Outra perspectiva ainda mais interessante e produtiva, a de Rui Pereira no Correio da Manhã de hoje. O que ele diz é que no tempo de Salazar e Caetano havia mais honradez, princípios morais e decência, até política, apesar de não haver democracia de tipo ocidental.
Tem vergonha de o dizer, mas fica subentendido.
E esta, do mesmo jornal também não está mal apanhada porque dá mais um ponto de perspectiva para a definição do quadro real da desgraça em que nos encontramos.
E mais duas. Do Público e de dois elementos da intelligentsia nacional-jornalística sempre prontos a alvitrar palpites sobre ética, moralidade e tudo o que venha à rede do politicamente correcto devidamente contextualizado. No tempo de Sócrates nada viram, pouco ou nada souberam e o que sabiam era sempre por malfadadas violações de segredo de justiça imputáveis sempre aos mesmos que eles conhecem de ginjeira porque também percebem de assuntos judiciários e não admitem tais malfeitorias geradoras de males gravíssimos para a reputação dos que defendem.
Desta vez, porém, têm ambos razão de fundo e na forma: a corrupção perfeita é mesmo isto e só é pena que a consigam lobrigar de vez em quando e não tenham o astrolábio sempre à mão, quando é preciso e não apenas conveniente. O Pacheco convive semanal e avençadamente, com salário gordo, como um Jorge Coelho de Contenças que se enquadra perfeitamente neste retrato negro da corrupção à portuguesa. Nunca se deu por achado...porque a Sic paga bem, muito melhor que o Estado. Et pour cause...
Só me questiono numa coisa: sabendo tão bem estes intelligentes como funciona a sociedade portuguesa, profundamente corrupta, como é que continuam sempre no mesmo registo político que no fim de contas a condiciona e apoiam os seus maiores corruptos, até em amizades?
Estranho. Por exemplo, esta imagem de Gerardo Santos, publicada no DN de 25.10.2014 nada lhes diz sobre a temática que agora os ocupa na articulação de assuntos para o jornal.
E no entanto a semiologia da mesma encontra-se perfeitamente integrada no que os mesmos escrevem agora mas dantes não escreviam.
A legenda da foto poderia ser: sempre juntos ao lixo.
Esta cegueira tem um nome: facciosismo.
mrs continua a sua missão de entertainer
ResponderEliminarborra-se com receio duma crise politica
'a tua fraternidade
ResponderEliminaré de matéria tão lérda
que cá dentro da cidade
é intenso o cheiro a MÉRDA'
social-fascismo no poder
O habitual "compére" revisteiro.
ResponderEliminarMas quem votou neste "crack" da verborreia , de olhos arremelgados, sabia ao que ia...
O palavreado de Marcelo sai-lhe sempre grátis! Não sabemos até quando.
ResponderEliminaro social-fascista antónio das mortes
ResponderEliminarsó pode ser comparado a Hércules o deus dos 12 trabalhos
mrs que se cuide da catábase
a descida aos infernos sem regresso
O estado gasta centenas de milhões com ipss e a afins e não fiscaliza as contas. Tanto quanto julgo saber as ipss com movimento de importâncias elevadas tinham que ser auditadas por um Revisor de Contas. O governo do Passos eliminou esse quesito pelo que permitiu um fartar vilanagem. Vou-vos contar um caso que conheço bem: Quem morar no concelho de Cascais se tiver necessidade de fazer cinesiterapia pode optar por fazer na Cruz Vermelha ou nos Bombeiros Voluntários da Parede, a outra alternativa são hospitais de Lisboa entre outros o Pulido Valente e pelo menos o Santa Maria, dado que o
ResponderEliminarHospital de Cascais que é administrado pelo grupo Lusíadas não tem esse serviço. Como é fácil perceber a deslocação de Cascais a Lisboa e vice versa fica dispendiosa, tanto mais para quem não tem transporte próprio e apenas o táxi é solução. O caso que conheço bem teria de dispender de 50 € todos os dias,o que torna a operação incomportável para muita gente.A pessoa que conheço que já fazia cinesiterapia noutro concelho há muitos anos já era quase licenciado na matéria. Fazer nos Bombeiros achou estranho e acabou de munido da respectiva credencial ir fazer a ginástica à Cruz Vermelha da Parede. Feita a inscrição a primeira sessão ficou aprazada para 3 dias de pois. Chegada o dia e a hora dirigiu-se à respectiva recepção e de imediato foi encaminhada para uma sala para lhe ministrar a ginástica respiratória. O sujeito foi atendido por alguém que percebia tanto do assunto como o meu amigo de lagares de azeite, saiu da primeira sessão a morrer e com a ideia de não mais lá por os pés. Entretanto ao passar pela recepção foi informado que deveria ir ao gabinete X que a directora queria falar com ele. E assim foi: confrontou a dita directora com a falta de meios e qualidade dos serviços e a resposta da directora não se fez esperar: ISTO É UM NEGÓCIO (palavras textuais)
A pessoa que conheço nunca mais lá foi, pois! Mas na altura da inscrição teve que assinar o papel que o tratamento era composto por 15 sessões. Resumindo: fizeram uma sessão sem qualificações para o efeito e ainda receberam mais 14 que não fizeram.
Mas isto será uma gota de água do negócio das ipss. A SCML está a preparar um negócio que vai contra os estatutos da instituição ao comprar um Banco falido
Tudo isto mete nojo.
ResponderEliminar"Vive o presente de acordo com o que lhe parece mais adequado. Estranho."
ResponderEliminarNada estranho, já conheci várias pessoas assim. Ainda hoje falei com uma que o demonstrou uma vez mais. Uma prima minha chama a isso saber viver.
O José está enganado.
ResponderEliminarO estado não está a desbaratar o dinheiro com "empreendedores" privados na área da assistência social porque é jacobino.
O estado está a engordar empresários privados porque está nas mãos da direita que no outro post o senhor José diz que não existe.
"Tanto quanto julgo saber as ipss com movimento de importâncias elevadas tinham que ser auditadas por um Revisor de Contas. O governo do Passos eliminou esse quesito pelo que permitiu um fartar vilanagem."
ResponderEliminarO Passos continua com as costas largas. E a ética, também foi o Passos que acabou com ela ou afinal o Passos é melhor exemplo do que este que lá está?
Estas coisas só acontecem porque uma boa parte do dinheiro é público e o Governo dá.
ResponderEliminarSe fosse privada a cem por cento não acontecia.
a culpa é
ResponderEliminarda cavaca e da casa da coelha
do suburbano de Massamá (não viveu nem comprou andares em avenidas de Lisboa)
andam todos zarolhos nesta história
no social-fascista o estado auto-financia-se com o sucesso de que a urss foi o grande exemplo
Este comentário foi removido pelo autor.
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ResponderEliminarCoordenadora do departamento jurídico terá deixado um prejuízo de 144 mil euros na Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla
Manuela Duarte Neves, coordenadora do departamento jurídico da Raríssimas, foi afastada compulsivamente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), onde deixou um prejuízo de 144 mil euros, avança hoje o Jornal de Notícias.
De acordo com este jornal, a assessora da Raríssimas - associação cuja fundadora se demitiu da presidência após acusações de gestão danosa -, Manuela Duarte Neves, foi secretária-geral da SPEM até 2015, recebendo ilegalmente um salário superior a dois mil euros. Foi a diretora financeira do organismo, Susana Protásio, que denunciou a advogada, a qual rumou então à Raríssimas, onde continua, tendo dado esta semana uma conferência de imprensa em nome dos trabalhadores a apelar ao Governo apoio para a instituição.
De acordo com o JN, que teve acesso a documentação financeira, Manuela Duarte Neves terá pedido à farmacêutica Merck para pagar o doutoramento de uma amiga, há avenças pagas à empresa de advogados em que colaborava, há o pedido de contratação de uma secretária e pedidos de apoio mal formulados.
A advogada receberia cerca de 2300 euros mensais, segundo recibos a que o JN teve acesso, mas a direção apenas aprovara o pagamento de 1300. Em 2016, a SPEM foi sancionada pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, um grande financiador, depois de este ter detetado que parte do dinheiro dado para um projeto teatral tinha sido desviado para outros fins.
Ao JN, Manuela Duarte Neves mostrou-se chocada com as acusações e acusou a SPEM de lhe ter ficado a dever milhares de euros em viagens de avião e portagens. Disse ainda que Susana Protásio boicotou a sua gestão da instituição e que avisou nas reuniões para a saúde débil das contas da associação.
No passado, Manuela Duarte Neves moveu um processo por difamação a Susana Protásio, o qual foi arquivado.
11,45 16/12/2017 DN