A recente polémica acerca do nome de um museu, em Lisboa, dedicado aos feitos portugueses nos séculos XV e XVI, suscita alguma atenção pela natureza ideológica do debate.
A Esquerda nacional pensativante e o politicamente correcto militante, com lentes da universidade apetudeites, coligaram-se e acordaram em negar a designação de Descobertas à gesta portuguesa desse tempo.
Escreveram uma carta que foi publicada no Expresso - onde mais?!- e deu nesta polémica que o i publicitou no passado dia 24 deste mês:
Do Contra lá estão os habituais obreiros do revisionismo histórico nacional, com penduricalhos esquerdistas e formados na escola histórica do marxismo. Doutros lados sem ser do Contra aparecem outras figuras.
Essencialmente o que aqueles contestam é a palavra "descobertas" na medida em que não descobrimos ninguém que já não fosse conhecido. Portanto a ideia seria a de um encontro de povos com costumes e culturas diferentes e nada de "descobertas" que inculca a ideia que a nossa cultura e costumes seriam superiores. Para além disso, a palavra "descobertas" recende a fassismo, o que toda a gente sabe que é pior que lepra social.
Julgo mesmo que alguns daqueles revisionistas pretendem ir ainda mais longe nesse caminho tortuoso e de pedras para atirar a quem não pensa como eles: nós afinal, não passamos de uns imperialistas, exploradores da riqueza alheia e esclavagistas ainda por cima ( um dos citados, o Rosas, até fez um programa de tv, pago pela taxa audiovisual que todos pagam, a dizer mal de nós, enquanto povo). Aqueles povos que nós encontramos eram uma expressão angelical do paraíso terrestre. Afonso de Albuquerque e D. Manuel, simplesmente imperialistas e execráveis enquanto tais.
Quanto às rotas marítimas que fomos os primeiros a percorrer, mostrando aos outros como se fazia, não se fala mais nisso, mesmo que descobríssemos o modo de orientação no mar alto que até aí ninguém sabia e percorrêssemos pela primeira vez na história da Humanidade, a viagem de Portugal à Índia sempre por mar.
Para entender melhor como chegamos até aqui, talvez valha a pena lembrar o modo como se ensinava
a História de Portugal e em particular a dessas viagens, descobrimentos e expansão portuguesa nas terras de Além-Mar.
Em 20 de Setembro de 1991 o jornal Independente publicou na revista Vida3 uma recolha de depoimentos de vários historiadores que fizeram então igualmente um revisionismo histórico relativamente ao que se ensinava nas escolas primárias sobre o nosso passado.
Começa mal, com a publicação de alguns cromos ( exactamente porque eram tirados de cadernetas de colecção) desenhados e pintados por um autor português que nem aparece referenciado mas tem um traço inconfundível. Carlos Alberto, chama-se e suponho que ainda será vivo [ afinal, infelizmente, já morreu, em 2016 e ninguém deu conta disso, mas pode ver-se aqui alguma obra] , vivendo em Lisboa num anonimato que esquece as muitas ilustrações que ao longo das décadas de sessenta e setenta ( até antes) fez para diversas publicações.
A ideia subjacente é a de que os livros de História contada às crianças e lembrada ao povo eram edulcorados para mostrar um Portugal magnificente e descobridor, para além do conquistador e povoador.
Quem foi educado no tempo do Estado Novo e no que se lhe seguiu, de Marcello Caetano, nesse aspecto sem solução de continuidade, sabe que Portugal era exaltado enquanto Nação e Povo valente e imortal. Qual o país que não o faz? Apenas aqueles que não têm História decente para contar. As viúvas do Imperialismo soviético e o esquerdismo marxista que o acolitou não têm História decente para contarem.
Desde o início dos anos sessenta que a Fundação Gulbenkian distribuía pelas aldeias de Portugal, com as suas bibliotecas itinerantes, um boletim periódico e temático.
Em 1963 publicou um dedicado ao tema:
Em 1968 publicou outro dedicado à "Expansão portuguesa":
Ninguém nessa altura tinha vergonha de dizer que Portugal fora pioneiro nos Descobrimentos e não tinha por isso mesmo qualquer problema ideológico com a palavra.
Apareceram agora alguns bufarinheiros diplomados a relativizar tudo e a rever uma História que foi contada há vários séculos.
Em finais de 1939 e durante o ano de 1940, o Governo de Salazar decidiu reconstruir uma das naus portuguesas daquela época, tal como mostra a revista Século Ilustrado desse tempo:
Quem tem vergonha disto?!
Ora. Os mesmos que também se envergonham disto e nem falam no assunto... porque Luís de Camões é o nosso maior poeta.
Não é o Saramago...
E por isso deixaram destruir os jardins da Praça do Império. Apenas por causa do nome...
A família remota desta gente deveria ter embarcado numa destas naus e ficado por lá, entre os povos e culturas que preferem aos nossos.
Imagem de uma separata do DN de 1997
Maravilha de recortes que o José tem.
ResponderEliminarVou ler isso.
Os cromos de agora passaram do Borges Coelho para o George e o Tavares... está bem, está...
Excelente, José. A esquerdalha, além de viver á nossa conta. ainda por cima quer reescrever a história.
ResponderEliminarUm mal nunca vem só.
Irra!! Já não há pachorra. Só falta trocarem o nome do ar, da água, do vento...
ResponderEliminarNessa lista do i só vejo um historiador, o irmão da Maria Elisa.
ResponderEliminarA treta da nau é que foi um fiasco e uma destruição e roubo de património religioso vergonhoso.
ResponderEliminar'contra argumentos não há factos'
ResponderEliminarexiste censura
já fui rejeitado
depositei na BNP projecto de livro informatizado
sobre venenos (flechas, ordálias) com os quais os portugueses tiveram contacto durante a expansão marítima e terrestre
Contente Doningues orientou a tese de meu filho
O sr. Contente afinfa-lhes bem. Devia pô-los infelizes...
ResponderEliminarA rapaziada do tudo e do seu contrário agora só nos quer colonizar e com direitos que obviamente esmifram aos restantes Portugueses.Com poetas destes quando o zé povinho acordar tem uma coleira de escravo fiscal por muitas décadas e guerrilha interna, o sonho desta rapaziada que andou pela Europa e norte de África a lavar pratos enquanto outros cumpriam os seus deveres pátrios...
ResponderEliminarA traição compensa...
os descontentes devem preparar lista dos 'destribalizados' que não podem escrever nem ser elogiados
ResponderEliminarpor cativação de verbas nunca abriu a escola de Sagres
os portugueses dos séc xv e xvi faziam turismo por intermédio da agência D. Henrique situada nas Escolas Gerais
'na praia da Nazaré
houve grande borburinho
as senhoras de roupão
e o D. Fuas de roupinho'
Montaigne, Essais , I, 21 « De la force de l’imagination » selon l’Exemplaire de Bordeaux
ResponderEliminarJe suis de ceux qui ressentent très fort la puissance de l’imagination. Chacun en est heurté, mais certains en sont renversés. Son effet me transperce. Et mon art est de lui échapper
José:
ResponderEliminarSeria este senhor? Morreu em 2016.
https://www.inverso.pt/CarlosAlberto/Index.htm
E o "Perfil do Marquês de Pombal", do Camilo Castelo Branco, porque será tão desconhecido/ignorado?
ResponderEliminarLi recentemente o livro de uma assentada e é de arrepiar, mas não tenho ideia que seja muito conhecido.
Não admira que seja tão... "admirado" (o dito Marquês).
Neste link:
ResponderEliminarhttp://ciuhct.org/pt/activity/cienciaimperio-jvalentines-11out2017
Vale a pena ler-se a forma como um projecto tecnológico de Cabora B
Bassa foi apresentado.
Não se consegue estudar nada sem que lhe ponham o "tempero" ideológico à maneira. Por vezes, é gritante o esforço para dar à realidade outra configuração qualquer. Chega a ser ridículo.
Ora leiam e veja como termina...
https://www.inverso.pt/CarlosAlberto/Index.htm
ResponderEliminarEra mesmo esse senhor Carlos Alberto Santos.
Não era um génio mas as ilustrações que fez para as revistinhas populares para mim tornam-no maior que um Vilhena.
Ainda bem que posso ver no sítio a obra dele.
O sítio deve-se ao trabalho de João Manuel Mimoso, pessoa que conheci num alfarrabista das Escadinhas do Duque e que já fechou também. Era um mundo de Aventuras e maravilhas.
ResponderEliminarCopyright Europeu
ResponderEliminarON MAIO 31, 2018 BY RICARDO CAMPELO DE MAGALHÃES
A UE, depois do RGPD, que tem implicações reduzidas além de mails e sms, tem agora um risco muito maior para a liberdade na Europa: a nova lei de Copyright Europeu.
Este desastre inclui 2 provisões muito destruidoras:
Mandatory filtering – Filtros de Uploads para instalar censura
Link taxes – Taxas e taxinhas para cada link de uma fonte
Se esta censura se tornar lei no próximo mês, a prazo isto corresponderá ao fim de pequenas e médias redes sociais, fontes de notícias alternativas, e vídeos de paródias.
Mesmo fontes de notícias oficiais e a blogosfera terão de se adaptar a um mundo em que links para fontes deixarão de ser economicamente viáveis sem grandes contas bancárias a financiar por trás.
E claro: se vocês acham que hoje o que domina a internet é uma cultura excessivamente PC (politicamente correcta), bem então preparem-se pois isto vai cada vez mais assemelhar-se ao Alentejo profundo.
Podem ler mais aqui. Site EDRi.
Julia Reda (ex-SPD, Partido Pirata) alerta aqui.
Podem ver aqui as 145 Organizações que subscreveram uma carta aberta.
E sim, António Costa é fortemente a favor disto e até mais.