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segunda-feira, agosto 20, 2018

O Bloco de Esquerda é neo-comunista!

A propósito deste apontamento de Luís Rosa no Observador, em que escreve o seguinte:

 "Diz a propaganda que o Bloco luta contra as desigualdades naturais da economia de mercado, defendendo os trabalhadores e os pobres contra as multinacionais e os poderosos. Na realidade, esta é uma pura e simples técnica de marketing para esconder aquilo que o BE sempre foi para a maioria dos membros das suas duas tendências principais (“Socialismo” e “Esquerda Alternativa”): marxista. De facto, neo-comunistas é a melhor designação que pode ser dada ao BE.

Isto é, lutam, como sempre lutaram, contra o sistema capitalista — são mesmo anti-capitalistas. Os neo-comunistas desprezam a livre iniciativa privada e a concorrência entre as empresas e os cidadãos, abominam o direito de propriedade e a liberdade económica em geral formada pelas regras de mercado, ignoram o desenvolvimento social e económico, e respetiva distribuição de riqueza, que o sistema capitalista proporcionou a Portugal e ao Mundo nos últimos 50 anos e querem terminar com duas das melhores experiências da Europa do pós-guerra: a NATO e a União Europeia.

A hipocrisia política deriva do facto de muitos destes bloquistas não passarem de filhos e netos de bons burgueses — a classe social que os marxistas tanto desprezam. Ao contrário do Partido Comunista Português, que tem uma história de inclusão de verdadeiros operários e camponeses, o Bloco é um partido essencialmente urbano (Lisboa e Porto) constituído pelos diferentes escalões das profissões liberais (economistas, médicos, juristas, professores, etc.) que estão bem instaladas na vida. Beneficiam, como Ricardo Robles beneficiou, das (inúmeras) virtualidades económicas do capitalismo mas querem destrui-lo — provavelmente, preservando a respetiva riqueza individual, como os dirigentes do Bloco de Leste faziam."
Repesco aqui um postal antigo, de 26.10.2012, sobre as ideias expressas de Francisco Louçã. 



Diz que Francisco Louçã, o esquerdista radicalizado há anos, vai abandonar os bancos do Parlamento, onde esteve nos últimos anos. Hoje disse publicamente que houve intervenções que fez que não serão esquecidas tanto pelos amigos como pelos adversários. Talvez, mas duvido.
O que Louçã nunca disse no Parlamento para todos ouvirem foi este discurso que em tempos ( mas não há tanto tempo assim...) proclamou em entrevista de manifesto e que autoriza  se possa ponderar se não será mais um farsante:

Diz assim Louçã, sobre a essência ideológica do BE, depois da pergunta "Em que é que o BE acredita?":

"Numa esquerda socialista. (...) Para nós o socialismo é a rejeição de um modelo assente na desigualdade social e na exploração, e é ao mesmo tempo uma rejeição do que foi o modelo da União Soviética ou é o modelo da China. Não podemos aceitar que um projecto socialista seja menos democrático que a "democracia burguesa" ou rejeite o sistema pluripartidário. Não pode haver socialismo com um partido político único, não pode haver socialismo com uma polícia política, não pode haver socialismo com censura. O que se passa na China, desse ponto de vista, é assustador para a esquerda. (...) Agora, a "esquerda socialista" refere-se mais à história da confrontação, ou de alternativa ao capitalismo existente. Por isso o socialismo é, para nós, uma contra-afirmação de um projecto distinto. Mas, nesse sentido, só pode ser uma estrutura democrática."


O que dizia Louçã em 2005 a este propósito? Isto:

"O BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata, entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da  experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E  isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo não tem equivalente semântico no ocidente e significa colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas. Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."

O Bloco de Esquerda, em Portugal, só engana quem quer ser mesmo enganado.

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