Editorial de Manuel Carvalho, Público de ontem:
Na edição desta sexta-feira do diário espanhol El País publicava-se uma fotografia da campa quase rasa de Salazar para se tentar um paralelismo com o imponente santuário do Vale dos Caídos erguido para celebrar a vitória de Franco e do franquismo na brutal Guerra Civil de 1936-39 — e que serve de albergue aos restos mortais do ditador. A comparação não procura apenas colocar frente a frente a celebração monumental do franquismo e a frugalidade do legado salazarista. O que se pretende por estes dias em que a Espanha discute a exumação do cadáver de Franco e as melhores formas de matar a simbologia extremista do Vale dos Caídos é, afinal, mostrar as duas formas distintas como os dois países vivem no presente as memórias das suas ditaduras. Portugal parece ter remetido o salazarismo para a categoria das memórias distantes, enquanto a Espanha continua a debater-se com os vírus que originaram o franquismo e que, ainda hoje, persistem em perturbar o seu metabolismo nacional.
Falar hoje sobre o salazarismo tornou-se, para nossa felicidade, uma questão reservada aos académicos e aos cidadãos interessados na história contemporânea do país. Na Espanha, Franco, a Falange, Primo de Rivera ou os “heróis” da guerra civil são ainda objecto de uma adoração política que se alimenta de um radicalismo de direita enraizado na sociedade ou em instituições fundamentais como a Igreja. Portugal enterrou o salazarismo mais facilmente porque Salazar impõe-se na sequência de um golpe militar e não como epílogo de uma guerra civil que matou centenas de milhares de espanhóis.
Depois de 40 anos de democracia, a Espanha sente-se obrigada a encarar o seu passado demasiado presente. Não é mais possível acreditar numa coexistência alheada com os fantasmas do franquismo. A exumação do cadáver de Franco e a tentativa de apagar as veleidades heróicas da extrema-direita da Espanha plantadas no Vale dos Caídos são um primeiro passo para os enfrentar. Mas acreditar que basta apagar os lugares da memória para que a memória seja erradicada do presente é pura credulidade. As raízes do radicalismo que deram origem a Franco permanecerão vivas.
Ao contrário do que aconteceu em Portugal, onde a extrema-direita se limita a um grupúsculo irrelevante, os seguidores do franquismo continuarão por aí.
O actual director do Público, Manuel Carvalho, é anti-salazarista primitivo como se demonstra por este escrito. Salazar, para ele, está ao mesmo nível que Franco nas memórias a desprezar e simboliza o que Manuel Carvalho não suporta: a direita que se opôs ao comunismo. O tempo de Salazar, para ele, é o do fascismo. O fascismo é a expressão que designa qualquer sistema que se oponha ao comunismo, ainda hoje. Basta ler O Militante para o entender imediatamente.
Manuel Carvalho do Público faz por isso mesmo o jogo comunista porque assume todas as razões do comunismo e agora encontra-se reciclado no esquerdismo sem remédio que as herdou. O anti-zalazarismo vem todo daí. E toda a gente dos media vai atrás desta merda ideológica que envenena o país há um pouco mais de 40 anos.
Enquanto isto durar não há História contemporânea que se aproveite, em Portugal.
Enquanto esta ideologia não for inumada continuará a exumar ódio político que enxundia toda a Realidade do passado.
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