Leia-se esta crónica editorial do Público de hoje. É um compêndio do moralismo jornalístico que se arroga o poder de sindicar outros poderes públicos. O jornalismo de causas assumidas está imbuído dessa missão, desde sempre, porque é assim que se configura na mente de muitos jornalistas.
Não se trata apenas de produzir notícias e informação relevante, mas vai muito para além disso.
O jornalista empenhado deu-se conta que pode manipular a informação que lhe chega à redacção e em vez de transmitir a objectividade que a mesma encerra, acrescenta-lhe um conteúdo, muitas vezes subrepticiamente, passando uma mensagem paralela e adjunta à notícia.
Um jornalista deste género não se contenta em informar factos objectivos e transmite a sua opinião, implicita ou cada vez mais explicitamente.
O caso desde director do Público é típico desta espécie e este editorial mostra-o: o jornalista acha-se com o direito de transmitir aos leitores a sua opinião moral sobre o assunto em causa. Pretende formar o leitor, passando por vezes este desiderato à frente do efeito primordial da profissão: informar. As duas já não se distinguem e cada vez mais o que se lê é apenas opinião coligada a notícias.
Ainda por cima a legitimidade para tal procedimento advém das regras e costumes do ofício: em editorial manda a opinião. Pois sim, mas se assim for exige-se opinião abalizada, sólida de cultura geral e digna de apreço por força de consenso.
Será esse o caso se a opinião revelar conhecimento e saber porque a autoridade advirá dessas qualidades.
No caso concreto o conhecimento é o geral, dos factos tal como contados por outros que seguem a mesma cartilha de enganos.
Quanto ao saber sobra um pequeno pormenor que poucos darão conta mas que revela a profunda ignorância de quem o produziu, em certas matérias e deveria suscitar as maiores reservas em quem o lê, por causa disso.
A dado passo, Manuel Carvalho refere o seguinte: " será o major Vasco Brazão, que sob juramento disse ao TIC que deu conhecimento dessa encenação ao ministro?"
Esta pequena frase arruína a reputação de um editorialista, seja quem for. O que escreve merece a atenção e credibilidade de um escriba qualquer.
E nem digo porquê, uma vez que neste caso sigo o mote antigo do " se não sabe por que pergunta?"
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