A notícia que acompanhava, assinada por Sérgio Azenha, era assim:
A notícia dá estes factos por assentes. O tal Morais Pires sacou o milhão quando via o barco do BES a afundar. Fê-lo por escrito que representava um acordo pela saída do Banco onde tinha trabalhado 28 anos. A reforma viria depois, assim que perfizesse 65 anos.
Diz ainda a notícia que o tal Morais Pires recebeu mesmo tal quantia, deduzida de valores para impostos que importaram em 500 mil euros. Portanto, só teria recebido metade daquele valor, aproximadamente. Mais: diz que o BES pagou tal "compensação financeira" em 23 de Julho de 2014, quando já tinha prejuízos assinaláveis ( 3,6 mil milhões). Ou seja, estava falido. Tanto que em 4 de Agosto desse ano o BdP resolveu liquidar o BES e abrir o Novo Banco.
São verdadeiros, estes factos?
Hoje no CM o dito Morais Pires, através do seu advogado responde à notícia que o jornal publica na pág. 21, dedicada à "economia". Ao fundo da página e com título para passar à frente a quem já nem se lembra da capa do outro dia mas ficou no subconsciente com a ideia básica: este Morais Pires é um chico-esperto e "sacou" o milhão ao banco falido deixando a conta para outros pagarem. Um sacana, portanto. É este o substracto da notícia. Vejamos a versão do tal Morais Pires:
Segundo diz Morais Pires a notícia é totalmente falsa. Não recebeu o milhão e até ensina a fazer contas ao jornalista que afinal publicou na página seguinte a notícia que desmentiria factualmente a capa do jornal: Morais Pires ficou sem nada de tal indemnização. E ainda ficou com menos 200 mil euros.
Aqui chegados pergunta-se: o jornalista sabe ler, mesmo o que escreve? Sabe fazer contas? Porque fez a notícia e a chamada de capa que é objectivamente falsa, embora assentando em factos verdadeiros que não se verificaram para o efeito proclamado?
O que é que o jornalista vai dizer se for chamado a capítulo? Que o tal Morais Pires queria receber tal quantia e até pagou 500 mil euros de impostos! Portanto recebeu!
Mas não conclui que a resolução do banco lhe retirou tal valor e ainda lhe acumulou mais 200 mil euros.
Portanto é assim que se destroem reputações nos jornais. Notícias meias verdadeiras que mostram factos inteiramente falsos.
O que vai acontecer a este jornalista? Nada de nada. Aposto que até dorme sossegadinho até à próxima...
Eu confesso: se tivesse feito uma coisa destas, aqui, neste blog que não é lido por muita gente e que é proibido até nos sítios oficiais de alguns ministérios como o da Educação, sentir-me-ia envergonhado, publicaria um desmentido e tentaria por todos os meios apagar o mal feito.
Este jornalista e este jornal nem sequer publicam a resposta de Morais Pires na capa. Nada.
Que jornalismo é este? Quem os ensinou a fazer isto e quem os incentiva a tal? Eu digo: aqueles que estavam no retrato de ontem e que trabalham, alguns deles, para a Cofina.
São destruidores de reputações alheias e não sentem qualquer ponta de vergonha por isso. São criminosos, delinquentes por tendência, tal e qual. E que venham dizer que não são...
Mais: como este Morais Pires terá contas a ajustar pelo que fez no banco, é caso arrumado na consciência. É da estirpe dos sócrates e por isso a abater de qualquer maneira. Afinal, não foi o gajo que contribuiu para a falência do BES? Vale tudo, então...fogo à peça, ou, como alguns deles se lembram dos tempos do maoismo, "fogo sobre o quartel-general!"
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