Provavelmente aprendeu tal princípio básico à sua custa. O seu principal activo parece ser...uma fundação. Misturada com uma associação e uma sgps que mistura tudo. O património? Obras de arte, muitas delas cedidas ao Estado por protocolo e com um valor assim relativizado porque virtualmente indisponível.
Aprendi há muitos anos com o pai do finório Mota Pinto que agora anda a minar os alicerces do poder judicial e do MºPº que as fundações são "instituídas por acto unilateral do fundador de afectação de uma massa de bens a um escopo de interesse social" ( Teoria Geral do Direito Civil, exemplar 1537 da Coimbra Editora, 1976, pág. 176).
No caso deste Joe, Zé Manel da Madeira, esta regra não conta. Vejamos:
Em Fevereiro de 2006 uma fundação deste artolas ( especialista em artes menores e coleccionador das ditas) adquiriu 2,77% da...SONAE. Dizia na altura que "era bem gerida". Em Agosto desse ano, a mesma fundação também se tornou accionista importante da...PT.
E qual a razão do interesse súbito de uma fundação ligada a esse Joe pela PT? Ora...dizia então acreditar que iria "acontecer algo nos próximos dois meses".
O Público explicava melhor: "ou seja, está a apostar no lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) concorrente à da Sonaecom, que terá de subir o preço da oferta de 9,5 euros feita por Paulo Azevedo em cinco por cento. A Fundação Berardo é agora o sexto maior investidor, destronando a Ongoing Strategy Investments, empresa presidida por Nuno Vasconcellos e que comprou, nas últimas semanas, a participação de Patrick Monteiro de Barros (ver PÚBLICO de 29/07/2006), conforme foi noticiado na passada sexta-feira.
Berardo afirmou que, a meio da tarde de ontem, não tinha ainda sido contactado por Nuno Vasconcellos - tido como próximo do BES, de quem é accionista através da Espírito Santo Finantial Holding. Vasconcellos adiantou ao Diário Económico que pretende fazer um núcleo duro de accionistas portugueses, e o BES, esclareceu, estará entre as entidades a contactar. Curiosamente, Ricardo Salgado, o presidente do BES, disse, no sábado, ao Diário Económico, que é altura de a administração da PT, liderada por Henrique Granadeiro, apresentar um programa anti-OPA. "
Portanto este Joe usou uma Fundação de que era fundador para estes negócios que se revelaram autênticas moscambilhas como agora se sabe através da operação Marquês e caso BES/GES, para além do caso PT.
Belmiro de Azevedo sabia o que se estava a passar? Talvez ainda não, mas depois soube; mas não disse claramente. Foi o filho, Paulo, quem o disse: "estavam todos feitos!". Claro como água e este Joe estava por dentro de tudo.
O resultado que temos hoje é este relatado pelo Correio da Manhã:
Joe Berardo, o da fundação, nada tem de seu...porque deu tudo à Fundação. Parece que terá uma garagem que um advogado ou solicitador qualquer se esqueceu de incluir nas escrituras notariais que tornaram este Joe um pindérico mais pindérico que o Sócrates que esse ainda tem amigos e primos que lhe emprestam coisas que evidentemente lhe não pertencem porque "não estão em nome dele"...
Mas há uma coisa que me intriga, nisto tudo: quem é que fez o negócio das acções do bcp? Foi este Joe ou foi a sua fundação mirifica? Nem um nem outra. Terá sido uma tal Metalgest que me faz lembrar um nome que Frank Zappa inseriu na sua composição surrealista de 1975, Sofa.
Como é que este Joe actua, sempre com as suas organizações empresariais testa de ferro que até lhe servem para "ajudar o Benfica"?
É simples e o DN de escrevia assim em 16 de Julho de 2007, publicando um segredo de polichinelo que pelos vistos a administração da CGD e os supervisores bancários, incluindo os que não se importam de passar por imbecis como Vítor Constâncio e o marido da actual ministra da Justiça, durante anos procuradora geral distrital de Lisboa, do MºPº, Eduardo Paz Ferreira não se lembram de conhecer:
Berardo usa a sua Fundação Berardo , e a sua holding Metalgest SGPS como bases para os seus investimentos. Por vezes, troca as participações entre ambas, reforçando uma e vendendo outra, beneficiando do quadro fiscal das fundações.
Joe Berardo investe muitas vezes em empresas que podem ser alvo de ofertas públicas de aquisição (OPA). Aconteceu com a Cimpor, onde investiu na perspectiva de uma oferta e optou por vender os cerca de 5%, encaixando 144 milhões de euros, quando a OPA não se concretizou. Após a Cimpor, reforçou a sua posição na Teixeira Duarte, onde tem 11,5%.
Na OPA sobre a Portugal Telecom, onde tem cerca de 2% do capital, esteve ao lado da administração na OPA da Sonae. Está também na PT Multimédia, com 1,2% do capital. No final de Maio, foi um dos protagonistas da assembleia geral do BCP , onde esteve contra Jardim Gonçalves. Com o BCP ganhou 50 milhões de euros, ou seja, o que os seus 2,28% valorizaram nas duas semanas da polémica.
Nos vinhos, Berardo entrou em colisão com a família Guedes, ao comprar 31,5% de uma empresa que controla a Sogrape. O empresário tem a JP Vinhos, que detém a Quinta da Bacalhoa, em Azeitão, e anunciou a intenção de comprar 40% da Real Companhia Velha.
Esta informação não é secreta ou reservada e qualquer um daqueles que aceitaram passar por imbecis conhecem bem e de ginjeira, por supuesto. Mas deixaram-se levar nestas cantigas do Hey Joe! Porquê? Sim, porquê? Eu respondo: porque são do PS, do núcleo duro deste partido de poder que está no poder há muitos e muitos anos. É essa a resposta.
Joe Berardo aproximou-se da entourage de Sócrates através de Armando Vara. Estas coisas depois funcionam assim:
A Caixa Geral de Depósitos dispensou o aval de Joe Berardo sobre um empréstimo de 350 milhões de euros à sua fundação para compra de ações do BCP. A decisão foi tomada em menos de uma hora.
De acordo com o Correio da Manhã, que avança a notícia esta sexta-feira e cita a auditoria da consultora Ernst & Young (EY), o banco do Estado abdicou de uma garantia que responsabilizaria o empresário da Madeira pelo pagamento do crédito em causa.
A decisão sobre o empréstimo terá sido tomada por Carlos Santos Ferreira, Norberto Rosa, Armando Vara e Francisco Bandeira, os administradores que estiveram presentes na reunião do Conselho Alargado de Crédito a 3 de abril de 2007.
A Metalgest do Hey Joe pediu três créditos à CGD, entre 2006 e 2008. Garantias bancárias? Quase iguais a zero porque eram basicamente fundadas no fundador da Fundação Joe Berardo, uma entidade que emprestou ao Estado o seu património. Notável, senhores Vítor Constâncio e Eduardo Paz Ferreira! A coleção de arte menor, da fundação artolas vale menos que a dívida e o Estado praticamente integrou-a no seu património, logo em 2006 quando protocolou o museu "Colecção Berardo" que mete nojo por causa destas moscambilhices.
Até agora o Estado português, ou seja todos nós que pagamos impostos, já meteu nesse museu vários milhões de euros. Já não é o património dessa fundação testa de ferro que suporta os encargos, mas sim todos nós. E ninguém toda na tal fundação hey joe, continuando por isso a pouca-vergonha.
Gostava bem de saber se há alguma país europeu com um caso semelhante...
E a tal Metalgest?
Ora bem, a Metalgest é a METALGEST - SOCIEDADE DE GESTÃO, SGPS, S.A. (ZONA FRANCA DA MADEIRA) uma empresa curiosa: uma sgps, uma holding ( de quê?) deste Joe.
Quanto aos seus activos, resultados, gestores, etc etc. mistério. Não há nada na Net disponível para consulta aberta.
No entanto, segundo notícias, parece que foi a credibilidade desta forma do hey Joe que sustentou todo o crédito concedido. A filha do pirata até confrontou os esquecidos da CGD com tal circunstância:
"Durante a audição ao ex-secretário geral da CGD João Dias Garcia, a deputada do BE revelou que nesse parecer condicionado, sobre o crédito de 50 milhões de euros concedido à Metalgest, está escrito que a informação obtida “da sociedade Metalgest e sobre o universo Joe Berardo afigura-se escassa, na medida em que se limitou a mapas de 2005 não auditados sem qualquer nexo explicativo“.
A “ligação da Metalgest ao comendador Joe Berardo que, segundo informação recolhida na comunicação social, tem obtido resultados aceitáveis nos seus investimentos bolsistas” e “a aparente valia financeira da Metalgest”serviram como atenuante do parecer condicionado emitido pela direção-geral de risco (DGR) da Caixa."
Quanto ao Joe, hey!, desde 2012 que está falido...mas pelos vistos continua a receber dividendos chorudos pelas suas participações em empresas rentáveis, como a Sonae ( ZON Optimus sgps, SA)...ora veja-se lá com reporte a 2014:
(2) A Fundação José Berardo é titular de 14.013.761 ações correspondentes a 2,72% do capital social da Sociedade. Por sua vez, a Metalgest - Sociedade de Gestão, SGPS, S.A. é titular de 3.985.488 ações correspondentes a 0,774% do capital social da Sociedade. A posição da Fundação José Berardo é reciprocamente imputada à Metalgest - Sociedade de Gestão, SGPS, S.A.
Portanto, o nosso Joe está falido mas tem participações, através da sua holding sgps, Metalgest e também da Fundação , em empresas rentáveis que lhe permitem escapar à penúria, não?
Por outro lado, em notícia de Março deste ano, parece que o Joe, hey! através das suas testas de ferro predilectas, iria receber 20 milhões de euros em dividendos por causa daquela participação na ZON...
Assim, o que não se percebe bem é porque este jornalismo de capoeira não explica isto e continua na habitual confusão permanente entre o joe e as seus dois veículos testa de ferro.
E já agora, as participações do Joe nessas empresas não são activos susceptíveis de penhora? A Metalgest não pode ser penhorada por aí?
Quem são os advogados dos bancos credores? Outros artolas?
NB: troquei o título porque este é outro tema de um disco de Frank Zappa. Tal como Metallgeld... muito parecido com a Metalgest.
Metallgeld em alemão significa...o vil metal. Que tal como ironia?
NB: troquei o título porque este é outro tema de um disco de Frank Zappa. Tal como Metallgeld... muito parecido com a Metalgest.
Metallgeld em alemão significa...o vil metal. Que tal como ironia?
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