À tardinha o "Movimento das Forças Armadas" emitiu um comunicado com quatro parágrafos, anunciando a entrada no Quartel do Largo do Carmo, "onde se encontrava o ex-presidente do Conselho e outros membros do seu ex-Governo". Estava feito.
A televisão à noite, já pela 1 da manhã, mostrou o que era preciso: um grupo de militares desconhecidos, para além de Spínola, como porta-voz, deu conta do sucesso do golpe de Estado, lendo um breve comunicado de oito pontos, em nome da "Junta de Salvação Nacional". Um dos pontos era: "Garantir a sobrevivência da Nação, como Pátria Soberana no seu todo pluricontinental".
O dia seguinte, Sexta-Feira, prometia e assim foi. Logo pela manhã, o primeiro jornal que vi sobre o assunto foi o Jornal de Notícias. O Diário de Notícias tinha publicado uma 2ª edição no dia anterior que chegava ao Norte, no dia seguinte.
Eram estes os jornais:
Claro que a televisão não passava em directo, nessa altura e a principal fonte de informação, para além do rádio, eram as publicações periódicas.
Os jornais eram a preto e branco e as revistas só chegaram dali a alguns dias. A primeira foi esta:
Datada de 27 de Abril, Sábado, anunciava que não tivera tempo de mostrar o que se passara porque na madrugada de 24 para 25 estava a ser impressa. Mesmo assim, incluiu um suplemento a preto e branco e uma separata a cores.
Foi um cromo difícil de arranjar na altura porque toda a gente queria ver estas imagens:
E principalmente estas que foram as primeiras a cores que via, dos acontecimentos:
Foram dias empolgantes. Com 17 anos não seria para menos, mas nem me passava pela cabeça, então, do que a esquerda que tomou logo conta de tudo, seria capaz...
Duvido que houvesse mais de meia dúzia de indivíduos politizados, na multidão que a foto mostra. Mas politizaram-se logo em poucos dias. E é isso que me assusta, ainda hoje.
No Sábado, 27 de Abril, surgiu o Expresso, com informação mais desenvolvida e análise:
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