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quarta-feira, setembro 11, 2019

Marinho e Pinto, o escarrador.

Sapo24:

Candidatou-se a um lugar no Parlamento Europeu e conseguiu 7,14% dos votos pelo Partido da Terra, que, pela primeira vez em trinta anos, elegeu deputados. Quatro anos depois, pelo PDR, não chega sequer aos 0,50%, com 15.789 votos. Cai quase 15 vezes. Marinho e Pinto garante que é o mesmo de sempre, e pergunta-se se os eleitores se enganaram a seu respeito em 2019, ou logo em 2014.
(...)

Volto a perguntar-lhe porque acha que perdeu tantos votos entre 2015 e 2019?

Não lhe sei dizer porque os perdi, porque também não lhe sei dizer porque os obtive. Sou exatamente igual, saí do Parlamento Europeu com mais conhecimento, vi uma Europa que ignorava e um Europa de rigor. O primeiro grande embate foi numa reunião em que vi logo a clivagem: uns estavam já a propor o presidente, o vice-presidente, os cargos. Às tantas levanta-se um e diz: "Sim, muito bem, mas quem vai pagar, de onde vem o dinheiro para isso?" Esta faz a diferença entre a chamada Europa do sul, que faz e alguém há-de pagar, e a Europa do norte, que pergunta de onde vem o dinheiro para fazer e, sem dinheiro, não faz. É por isso que estamos atulhados em dívidas e eles não. Mas oiço aqui um discurso estereotipado, mórbido, doentio contra o liberalismo... Quais são os países liberais da Europa? A Áustria, a Holanda, a Dinamarca, o Reino Unido, a Suécia, a Finlândia são o protótipo do liberalismo e têm os melhores sistemas de saúde, os melhores sistemas de ensino - gratuitos desde a primária até à universidade - os melhores serviços públicos. E aqui os profissionais das várias profissões parecem manadas ao serviço dos dirigentes partidários transformados em dirigentes sindicais.
(...)
Sobre os magistrados:

Está a falar em justiça social, e gostaria de lhe perguntar por uma área que lhe deve ser especialmente cara, a Justiça.

É igual às outras, mas não possível termos um sistema judicial a funcionar da maneira que temos, em que os tribunais, em vez de servir os cidadão e as empresas que necessitam de decisões, são palácios onde se exibe poder, majestades. Um cidadão vai a um tribunal e tem de se dirigir a um magistrado como na antiguidade um servo se dirigia ao seu senhor. Por amor de Deus, decidam. Já nem quero saber se bem ou mal, que se estiver mal eu recorro, mas decidam. Mas todo o pretexto é bom para adiar, para exibir poderes... Além da promiscuidade entre um juiz e um acusador, no direito penal, que é chocante: ver procuradores a actuar como se fossem juízes e juízes de direito a actuarem como se fossem criados de procuradores, a fazer tudo o que os procuradores querem. 
o ganhar mais e, provavelmente... O senhor António Costa dá-lhes tudo, o dinheiro não é dele, não lhe custa a ganhar, nem lhe custa a cobrar, tem a máquina fiscal a cobrar, às vezes com métodos quase terroristas: primeiro penhora e só depois discute se a dívida existe. O dinheiro não é dele, pode dar os aumentos que quiser. Para mim, o mal do país não é o senhor António Costa, o mal do pais é as pessoas que votam António Costa. Vão votar, são os tais bezerros de ouro. Mas querem adorar, gostam disto, querem a ilusão. O que não querem é que o partido do vizinho ganhe, é a futebolização da política. O símbolo da justiça é a balança, o fiel da balança e dois pratos: a acusação e a defesa. Nos países democratas, onde a justiça não é perfeita, mas funciona muito melhor do que em Portugal, o procurador está ao nível da defesa. Mas não, aqui o procurador está ao nível do juiz, do julgador. Já assisti a julgamentos em que o procurador está a cochichar com o juiz, a rirem-se os dois, na galhofa, num julgamento em que uma pessoa, ou várias, podem ir para a cadeia.

O advogado Marinho e Pinto nesta entrevista ao Sapo24 farta-se de dizer mal dos políticos de cá e lá de fora. Corruptos que nada fazem de útil e estão apenas empenhados num objectivo: conquistar o poder e mantê-lo. António Costa entra no rol, naturalmente. Ele, não. Marinho e Pinto quer ser deputado e já o foi por um partido qualquer que lhe aceitou o encargo. Concorreu às eleições europeias de 2015 e alcançou um lugar ao sol escondido do Parlamento Europeu. Conforme diz na entrevista calhou ser por aquele partido, mas poderia ser outro porque o que ele queria era entrar. Depois de ganhar o lugar cuspiu logo na sopa e continua a escarrar lautamente sobre o mesmo Parlamento que "não serve para nada" e que só tem lá gente que nada faz porque tudo aparece feito na Comissão e Conselho.
Enfim, Marinho e Pinto ainda assim concorreu outra vez ao tal lugar, este ano. Os votantes mostraram-lhe o manguito em dose multiplicada por quinze vezes o resultado anterior. Teve agora 0.50% dos votos expressos.
Mas continua na luta e vai a jogo nas próximas eleições nacionais. Certamente para continuar a escarrar ignomínias sobre os pares, se for eleito, embora os eleitores irão certamente poupá-lo a tal esforço.

Entretanto, escarra por tudo quanto é sítio que o acolha e desta vez foi no Sapo24. Escarra sobre os políticos em geral, sobre certos advogados em particular, sobre os colegas do jornalismo e também sobre os magistrados, pessoas que avilta sempre que pode porque lhe parecem "majestades" a quem tem de dobrar a cerviz.
Enfim, um caso perdido. Porém, ninguém tem memória ou coragem para lhe lembrar coisas passadas. No caso já há dez anos, quando era bastonário e fazia o tirocínio para entrar na política, onde faz as figuras que se podem ler.

Em 8 de Setembro de 2009, Marinho e Pinto acolheu na sede da OA em Lisboa várias personagens da praça do poder judicial e político.
Na altura, ainda nada se sabia de José Sócrates, como agora se sabe e que se preparava para ganhar eleições com uma maioria relativa que considerou "uma vitória extraordinária". 
Nada se sabia do que se tinha passado nuns telefonemas entre si e Armando Vara no qual terá explicado muito claramente o que pretendia fazer relativamente a certos órgãos de comunicação social: comprá-los através de empresas públicas, manipulando quem as geria e calar as vozes dissidentes.
Os magistrados da comarca de Aveiro que ouviram as conversas consideraram que tal era um atentado ao Estado de Direito. Duas personagens que figuram na imagem tiveram entendimento diverso e arquivaram tudo.
Foi precisamente no auge de tal procedimento, administrativo e secreto que se deu a reunião na sede da OA, com uma agenda também secreta porque nada transpirou das conclusões ou assuntos das conversas, para além de tretas para enganar papalvos.

Marinho e Pinto deve uma explicação ao país que nunca deu. Sobres esta pouca-vergonha que aconteceu em 8 de Setembro de 2009 e  o Público mostrou no dia seguinte:


Até dar essa explicação continuará a escarrar sobre tudo e todos.
Sobre os magistrados, sempre que está na presença deles é do mais subserviente e sabujo que se conhece, embora depois se encrespe para lançar o lismo, o que sucede sempre que escreve ou fala em público. Enfim.

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