Não me lembro exactamente quando comecei a gostar de música popular
brasileira, com conhecimento de causa, mas foi já nos anos setenta do século
que passou.
Em finais de 1969 conheceria talvez um ou outro intérprete,
como Chico Buarque ou Roberto Carlos, porque este tinha cantado Namoradinha
de um amigo meu, Quero que vá tudo para o inferno e ainda Jesus
Cristo, um pouco mais tarde e aquele tinha sempre a Banda a Passar e
uma atenção da revistinha Mundo da Canção que logo no primeiro número, em
Dezembro desse ano, tinha a letra de Pedro Pedreiro.
Chico Buarque era
muito lá da casa do Mundo da Canção e também era um intérprete e
artista que sempre foi conhecido em Portugal, ao contrário de muitos outros que
por isso só vim a conhecer muito mais tarde. Milton Nascimento, por exemplo.
Porém, só em 1971, com o LP Construção, Chico Buarque
se tornou uma figura de primeiro plano na MPB conhecida em Portugal. Construção,
Valsinha e Minha História são êxitos seguros e que passavam no rádio.
Em 1974 Chico Buarque fazia o pleno da intelectualidade
nacional ao cantar que Sei que estás em festa, pá…referindo-se ao 25 de
Abril por contraste com o regime político brasileiro, ainda fechado pelos
militares.
Ao mesmo tempo havia Caetano Veloso que desde 1968 já tinha
publicado pelo menos três discos que se tornaram essenciais na mpb.
Alegria, Alegria , Marinheiro Só e Asa Branca, ou
Atrás do Trio Eléctrico são tudo composições anteriores a 1971, desses
discos.
Porém, só as descobri muitos anos mais tarde porque não me
lembro de as ouvir na altura, ao contrário das de Chico Buarque.
Em 1972, Caetano e Chico, juntaram-se ao vivo e o resultado
foi um Lp que se tornou um sucesso em Portugal, muito por causa dos temas Bom
Conselho ou Você não entende nada ou ainda Cotidiano que
passavam no rádio e ajudaram muito a divulgar a mpb desses dois artistas.
Gilberto Gil já dera Aquele Abraço e em 1969 até a Mundo da Canção lhe publicara a letra,
no primeiro número.
E Jorge Ben cantava e ouvia-se na mesma altura que morava num País tropical, abençoado por Deus e bonito
por natureza.
Foi naquele ano de 1972 que surgiu o disco de Maria Betânia,
irmã daquele Caetano e chamado Drama. Tinha Esse cara e ainda O
Circo, duas pequenas composições que não deixam ninguém indiferente após
audição.
E antes disso também se conhecia a Lapinha de Elis
Regina e outras cantigas avulsas.
Vinicius de Moraes também era artista de rádio em Portugal e
por isso o Samba da Benção passava para toda a gente ouvir, no final dos
sessenta. Saravá!
Vinicius morava na
mpb na mesma geração de Tom Jobim ou mesmo João Gilberto e que iniciaram uma
mudança fundamental nessa música popular, ainda nos anos cinquenta.
Com o passar dos anos apercebi-me através de leituras de que
nessa época vicejavam no Brasil algumas correntes de música popular que se
distinguiam.
Uma dessas leituras mais antigas era de um brasileiro que
andava por cá e escrevia na revista Cinéfilo, aparecida em 1973 e fruto da
colaboração de uma certa esquerda que depois deu em MES e outros socialismos.
A Bossa Nova mais antiga, com Tom Jobim e João Gilberto,
também com Vinicius e que ficou no Chega de Saudade da Garota de
Ipanema, numa versão estilizada do velho samba misturado com jazz, algo Desafinado
para o gosto corrente.
Depois apareceu uma tal de Jovem Guarda, menos
intelectualizada e protagonizada por um Roberto Carlos do “eu te amo meu
Brasil” mas “quero que vá tudo pró inferno” e “Você não sabe nada”.
Por fim o movimento difuso Tropicália, o reino da Alegria,
Alegria, de Caetano Veloso, ou de Aquele Abraço, do Gilberto Gil e o
País Tropical do Jorge Ben; dos
Mutantes de Rita Lee e tudo congregado no disco Tropicalia ou Panis et
Circencis de 1968.
Associaram-se ao ritmo do rock anglo-saxónico e a mpb nunca
mais foi a mesma Garota de Ipanema.
Nessa altura ainda nem tinha consciência disto, desta
mutação e só em 1972, verdadeiramente ouvi coisas que dela me aproximavam,
precisamente com o disco de Gil e Caetano, juntos e ao vivo.
Há porém um dvd com o título Tropicália, da autoria de
Marcelo Machado e de 2012 que retrata este período e estes artistas de modo a
conferir uma unidade conceptual em que aparecem os ditos Caetano e Gil, mais
Rita Lee, Tom Zé, Nara Leão ( que voz!) e outros, como Gal Costa. O filme tem
gravações muito antigas e até um pequeno excerto do Zip Zip ( de 4 Agosto de 1969) que fala do
Tropicalismo, com locução de Carlos Cruz a entrevista-lo.
Tal episódio terá ocorrido na altura em que Caetano e Gil
estavam de passagem por Lisboa, a caminho de Londres, depois de terem sido
expulsos do Brasil, por motivos políticos.
Caetano e Gil eram opositores da então ditadura militar
brasileira, anti-comunista e estiveram presos, tendo-lhes sido dada a
oportunidade de irem e para não voltarem tão cedo.
Caetano desmente a existência do movimento do tropicalismo
enquanto tal e que mesmo assim a que fora associado e terá acabado antes de 1969, altura do
programa da RTP.
No final Raul Solnado pede a Caetano Veloso para
explicar em inglês o que era o tropicalismo. E aí entra toda a história do
filme em dvd que vale a pena ver. Evidentemente tem um conteúdo político, de
oposição ao poder de então no Brasil. Afinal era o Zip Zip…também em oposição
ao regime de cá que afinal até tolerava tal expressão.
Seja como for, todas estas músicas antigas só foram
descobertas por mim muitos anos depois de terem sido sucesso. Praticamente até
aos anos oitenta nem conhecia metade incluindo Alegria, Alegria ou London,
London.
Houve um disco que mas revelou. Era A Arte de Caetano
Veloso, saído em 1975 e que apenas ouvi no início dos anos oitenta que
continha a pequena obra prima da música tradicional brasileira Asa Branca,
aparecida originalmente no disco de 1971 e tocada e cantada em modo
transcendental.
Tal musiquinha preciosa já tinha sido cantada anteriormente,
ao vivo e até existe um “clip” de tal actuação, de 1972, eventualmente depois
de ter regressado de Londres, de um exílio atípico. O autor considera-a no entanto
“harmonicamente pobre” ( na sua autobiografia Verdade Tropical, de 2017) o que
não deixa de ser extraordinário.
A primeira vez que a ouvi porém tinha sido em meados dos anos
setenta, talvez por causa daquela Arte de, saída nesse tempo e fiquei fascinado de tal modo
que é uma das canções de sempre, para mim.
Em 1974 já tinha ficado também fascinado com uma cantiguinha
de Caetano Veloso que aparecera num disco ao vivo, Temporada de Verão,
uma gravação de um espectáculo ao vivo em Janeiro de 1974, na Bahia, a Felicidade que foi embora e a saudade no meu peito inda mora...
Desse disco ficou também a interpretação de Gilberto Gil com
O relógio quebrou e O sonho acabou, para além da Cantiga do
Sapo.
Mas a composição que me atraía mais a atenção era mesmo a Felicidade
( foi embora), uma melodia simples e com instrumentação simples mas com uma
interpretação suprema de Caetano Veloso.
A obra discográfica deste artista é vasta mas impressionam-me os seus primeiros discos até finais dos anos setenta. Todos.
Um ano antes, em 1973 apareceram no mercado nacional e no
rádio da época, no Verão desse ano, dois discos fantásticos que se tornaram
sucessos:
O primeiro era de Raul Seixas, Krig-ah- Bandolo, que
continua vários êxitos musicais, entre os quais a cantiguinha Ouro de Tolo que
passava muitas vezes no rádio, tal como Mosca na sopa.
Ouro de Tolo foi durante muitos anos uma das melhores
canções que conhecia. Ainda é.
O outro foi o primeiro lp dos Secos & Molhados,
um disco notável, único e inesperado, pelas composições de João Ricardo, filho
do poeta João Apolinário ( o barbudo na foto do disco), de Ponte de Lima e muito animado pela voz efeminada
de Ney Matogrosso. Terá vendido só no Brasil perto de um milhão de exemplares e permitiu logo ao João Ricardo a compra de um Porsche. Por outro lado poderia ter conhecido João Ricardo, se em 1979 a vida tivesse sido de outra forma...
Ainda em 1974 a publicação de um disco ao vivo de Milton
Nascimento, Milagre dos peixes, suscitou a minha admiração continuada
pelo cantor que cheguei a ver a tocar ao vivo na Casa da Música, já há alguns
anos.
Ainda não conhecia tal disco mas no programa Página Um da RR
costumava passar alguma música brasileira. Lembro-me de em 1975 passar o Quinteto
Violado, com o lp Berra Boi e o
disco Chico Canta, de Chico Buarque.
Do disco ao vivo de Milton Nascimento destacava-se a
composição San Vicente que é originalmente do disco de 1972, Clube da
Esquina, um título fabuloso que só conheci mais tarde.
Por essa altura a audição destas pequenas maravilhas
musicais fazia-se através do rádio, mas o conhecimento do que era a mpb, nessa
época também se fazia por escrito.
Apareceu em 1973 a publicação Cinéfilo que tinha um
colaborador brasileiro, James Anhanguera, um opositor de esquerda, ao regime,
como praticamente todos os cantores acima elencados ( Milton Nascimento tivera
um disco censurado no Brasil, precisamente a versão em estúdio de Milagre
dos Peixes, publicado em 1974.
Este James Anhanguera tinha publicado em 1978 Corações Futuristas, um livro muito difícil de ler, por causa dos erros ortográficos e ausência de revisão de gralhas e abreviaturas gráficas, mas ainda assim um manual preciosa da música brasileira de cariz popular até então. Agarrei tal livro na época porque não havia mais nada. E continua a não haver...
Apareciam lá, entre as frases desconexas e em letra pequena, com parágrafos pegados, todas as referências dessa mpb e que nessa altura passavam, algumas delas, nos programas de José Nuno Martins, Os Cantores do Rádio ( título de uma cantiga brasileira com letra de Alberto Caeiro) : "Nós somos os cantores do rádio, levamos a vida a cantar, de noite embalamos teus sonhos, de manhã nós vamos te acordar..."
O Cinéfilo, aparecido semanalmente (!) em 1973 era uma referência para estas coisas. Nos artigos
dos primeiros meses de 1974, o dito Anhanguera ( que também era convidado muitas vezes para os progrmas de rádio em que se falava destes assuntos) dava conta dos nomes todos que
importava conhecer e que ainda eram desconhecidos, mormente os caetanos
velosos, gil, raul seixas, mutantes,
rita lee, hermetos egbertos gismonti e miltons mais os da tropicália.
Antes do Cinéfilo havia uma revistinha quinzenal aparecida no Natal de 1968 e que em 1969 publicou dois pequenos artigos sobre a mpb da época, do Tropicalismo e sobre Gal Costa e os Mutantes.
Era o Mundo Moderno de 15.9.1069 e 1.12.1969.
Portanto havia alguma informação nessa época sobre as novas correntes da mpb.
E João Gilberto, o pai espiritual deles, como é que conheci? Tarde e em boa hora, através de um lp duplo, O Melhor de João Gilberto, publicado em 1983 em Portugal pela Valentim de Carvalho.
Era o Mundo Moderno de 15.9.1069 e 1.12.1969.
Portanto havia alguma informação nessa época sobre as novas correntes da mpb.
E João Gilberto, o pai espiritual deles, como é que conheci? Tarde e em boa hora, através de um lp duplo, O Melhor de João Gilberto, publicado em 1983 em Portugal pela Valentim de Carvalho.
Foi aliás dos primeiros discos que comprei. Tem lá
tudo…desde o Chega de Saudade até Desafinado, passando pelo Coisa
mais linda e o Samba de uma nota só, para além da Doralice,
claro está. Acho monótono, sempre achei…
Precisamente em 1983 o jornal Sete publicou duas páginas com
uma resenha dos 15 discos “indispensáveis” de mpb publicados em Portugal e que
José Nuno Martins considerava serem os melhores.
José Nuno Martins era na época um grande divulgador de mpb,
tendo até o tal programa de rádio chamado Os Cantores do Rádio, onde ouvi muita e
boa música do Brasil.
O programa era transmitido aos domingos, ainda na rádio
nacionalizada, no programa 4 da RDP e tinha começado algures nos primeiros
meses de 1977, como se adivinha por esta pequena menção ao centenário das
emissões, no jornal Sete de 21.2.1979 que mostra bem o que era o rádio de então e a qualidade e categoria que nunca mais teve.
Nessa altura ainda começava ao meio dia, como me lembra bem,
mas passados alguns meses já tinha início apenas às 13:00 e depois dali a um
ano ou dois era à noite, depois das 23:30.
Obviamente era um programa fabuloso de divulgação de todo o
género da música popular brasileira e foi aí que descobri os primeiros discos
de Milton Nascimento.
Milton Nascimento, depois do disco ao vivo de 1974 foi aí
que ouvi, incluindo os discos anteriores, Minas e Geraes, mais os do Clube da
Esquina, e que apenas conhecia de ter lido na Rock&Folk, em Janeiro de 1978.
Foi essa a maior descoberta da mpb, para mim. Quase tudo ao
mesmo tempo no final dos anos setenta.
Por isso aquela escolha de José Nuno Martins, em 1983 é algo
surpreendente porque se refere a discos editados por cá e tem no primeiro lugar
da lista Amoroso do mesmo João Gilberto o qual também comprei por causa
disso, também na prensagem medíocre da Rádio Triunfo. JNM chama-lhe um “disco
perfeito”, publicado em 1977, apesar da prensagem nacional.
Em terceiro lugar na categoria aparece Sentinela de
Milton Nascimento que saiu em 1980 mas foi publicado por cá no ano seguinte. Este
ouvi no programa de José Nuno Martins e fiquei fascinado, como já tinha ficado
ao ouvir o Clube da Esquina, de 1972 e particularmente a Saudade dos
Aviões da Panair, do disco Minas de 1975 ou o Calix Bento, do disco
seguinte, Geraes, de 1976 ou ainda o Paixão e Fé do Clube
da Esquina nº 2 de 1978, todos ouvidos
nos Cantores do Rádio.
Milton Nascimento tornou-se para mim o expoente máximo da mpb,
acima de Chico ou Caetano.
Assim quando li isto na rock & Folk em Janeiro de 1978
fiquei com uma grande vontade de conhecer todos os discos, integralmente.
Em 1976 já tinham feito a recensão do disco Minas, com a referência estranha ao papel havana...e à capa "insolentemente hip". Fabuloso! Já não se escreve assim...e nem o Sete ou a Música & Som lhes chegavam aos calcanhares, pelo que nessa altura, por cá, era a tristeza habitual.
Em 22.4.1980 o Sete dava notícia sobre o primeiro concerto de Milton Nascimento em Portugal e indicava que o músico era pouco conhecido em Portugal, fazendo uma pequena resenha da obra de Milton até então, destacando o disco Milagre dos Peixes como o mais conhecido. O artigo é revelador de como a mpb era então esquecida no nosso país, em que um dos seus maiores expoentes era praticamente desconhecido relativamente à sua grande obra anterior.
Em 1976 já tinham feito a recensão do disco Minas, com a referência estranha ao papel havana...e à capa "insolentemente hip". Fabuloso! Já não se escreve assim...e nem o Sete ou a Música & Som lhes chegavam aos calcanhares, pelo que nessa altura, por cá, era a tristeza habitual.
Em 22.4.1980 o Sete dava notícia sobre o primeiro concerto de Milton Nascimento em Portugal e indicava que o músico era pouco conhecido em Portugal, fazendo uma pequena resenha da obra de Milton até então, destacando o disco Milagre dos Peixes como o mais conhecido. O artigo é revelador de como a mpb era então esquecida no nosso país, em que um dos seus maiores expoentes era praticamente desconhecido relativamente à sua grande obra anterior.
Infelizmente, as edições de discos nessa altura eram coisa
diferente do que são hoje. Tive que esperar até meados da década de oitenta,
pelas reedições de alguns deles, caso do
Clube da Esquina, 1 e 2, do Minas e do Geraes, que foram postos à venda
em Portugal pela Tubitek do Porto, já no final dos anos oitenta.
Durante os anos noventa foram reeditados tais discos em cd,
mas o vinil é outra coisa…
Só recentemente, porém, consegui adquirir todas as versões
originais de tais discos antigos, dos anos setenta, em formato LP, com uma
qualidade de prensagem superior a tais reedições.
Para além disso tinha lido em Junho de 1976 na
Rock&Folk, revista francesa que dava importância à música brasileira que o
disco Minas tinha uma capa interior “insolentemente “hip” com impressão
violeta e prata em papel havana”.
Sempre tive curiosidade em saber como era o papel
havana…porque a versão dos anos oitenta não tem nada disso mas apenas papel de
fundo branco e impressão normalíssima. A diferença pode ver-se assim:
Ao longo dos anos seguintes, Milton continuou a produzir
bons discos, nomeadamente Caçador de Mim ( 1981) , Anima ( 1982)
, Encontros e Despedidas ( 1985) A Barca dos Amantes ( 1986) e Yauretê
( 1987) última referência discográfica, para mim.
Há uns anos esteve na Casa da Música ao vivo e a voz
continuava praticamente a mesma, fantástica, num espectáculo memorável.
À parte Milton Nascimento e Caetano Veloso quem na mpb me
impressionou de igual modo? Um deles foi Taiguara Chalar da Silva.
Por qualquer motivo indecifrável, talvez porque o disco
tinha sido proibido no Brasil ou porque o cantor era comunista, o LP Imyra
Tayra Ipy, lançado originalmente em 1976 foi publicado por cá, logo no ano
seguinte, pela Valentim de Carvalho.
A revista Música & Som deu-lhe a honra de análise
pormenorizada, assim, em 2.6.1977. E a crónica de Anhanguera explicava o modo
de descoberta do cantor. O disco é uma obra-prima e lembro-me de cantarolar Terra
das Palmeiras numa época em que conseguia atingir os registos mais altos de
voz, sem falsete. Acima na foto com os discos de Caetano Veloso da segunda metade dos anos setenta, também aparece o Imyra
A obra de Raul Seixas foi depois descoberta já tarde mas em
boas horas.
Tal como a de Rita Lee e outros.
Até aos anos oitenta, praticamente, a divulgação de música
brasileira assentava essencialmente nas telenovelas, logo a começar em 1977,
com Gabriela, cuja banda sonora nacional ( do Brasil) apresenta alguns artistas desconhecidos.
Se Gal Costa que cantava o tema introdutório, era conhecida
do público português, não seria assim tanto. Mas ficou quase uma celebridade,
depois de ser ouvida diariamente durante vários meses, com a maior audiência de
televisão única e ainda a preto e branco.
O tema Coração Ateu, cantado por Maria Betânia nunca
faria o sucesso que fez se não fosse cantarolado todos os dias das semanas em
que a telenovela passou, desde Maio a Novembro de 1977.
De igual modo a cantora Fafá de Belém que depois de
apresentar o tema Filho da Bahia tornou-se convidada habitual de espectáculos
em Portugal durante vários anos, mesmo no Carnaval.
Logo a seguir e durante o ano de 1978 a telenovela O Casarão
ainda acrescentou mais alguns temas de música popular brasileira como foram Menina
do Mato, de um desconhecido Márcio Lott, Nuvem Passageira de outro
desconhecido Hermes Aquino , para além do tema Fascinação de Elis
Regina.
Ainda durante o ano de 1979 surgiu O Astro e temas como Um jeito estúpido de te amar, cantado por Maria Betânia ou Saco de Feijão, por uma Beth Carvalho ou mesmo o tema Bijuterias de João Bosco, tornaram-se músicas de todas as casas com televisão e já eram muitas na época que pouco depois passou a ser a cores.
Ainda durante o ano de 1979 surgiu O Astro e temas como Um jeito estúpido de te amar, cantado por Maria Betânia ou Saco de Feijão, por uma Beth Carvalho ou mesmo o tema Bijuterias de João Bosco, tornaram-se músicas de todas as casas com televisão e já eram muitas na época que pouco depois passou a ser a cores.
A música brasileira assim ouvida, através da monofonia dos
sistemas incipientes de som das tv´s, tornava-se depois sucesso geral.
E durante muitos anos foi assim. Até apareceram por cá umas Frenéticas, a tal Fafá de Belém que ainda costuma vir por cá bambolear...enfim, o que se vê e outros artistas menores têm passado pelos palcos nacionais.
Caetano Veloso já encheu várias vezes os Coliseus e outros artistas aparecem como as Calcanhoto e similares. Mas não é a mesma coisa que há 40 anos atrás, isso é que não é e por isso testemunho aqui, com recortes e imagens.
Por mim, agora que penso nisso, colocaria um de Milton Nascimento, talvez o Minas ou o Imyra Tayra Ipy, de Taiguara o qual só descansei quando arranjei a versão original, depois de ter a segunda edição e também a edição portuguesa. Valeu a pena...
E para mostrar toda a beleza gráfica do disco Minas, de 1975 na versão original ( ODEON Brasil-EMI SBRXLD-12798 EMCB-7011) e da capa interior em "papel havana" quer inclui a letra da Saudade dos Aviões, aqui ficam duas fotos:
Ainda mais espectacular é a capa do disco O Milagre dos Peixes, de 1973. A edição original, desdobrava-se em seis partes e formato gigante, acolhendo o Lp e um encarte com as letras das canções em diversas cores do arco-íris.
Ainda mais espectacular é a capa do disco O Milagre dos Peixes, de 1973. A edição original, desdobrava-se em seis partes e formato gigante, acolhendo o Lp e um encarte com as letras das canções em diversas cores do arco-íris.
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