Observador:
Morreu ontem um dos elementos do grupo de música popular Jafu-Mega. Eugénio Barreiros, com 60 anos era o mais velho e o teclista da banda que no início dos anos setenta se chamava Mini-Pop.
Conheci este grupinho de então miúdos do Porto que tocavam no tal Mini-Pop, salvo o erro no final de 1970 ou início de 1971, numa breve aparição musical que fizeram no Seminário de Braga, onde então estudava afincadamente para ser padre.
A par dessa vocação equívoca que se desvaneceu precisamente nessa altura, interessava-me por música e o grupinho deixou-me fascinado pela habilidade de uns putos, alguns ainda mais novos que eu, irmãos, e que afinavam as cançonetas de que nem me lembro, como se fossem profissionais, com uma sonoridade que eu procurava imitar por trás de umas baquetas e bombos, no mesmo sítio e altura.
Em 4 de Dezembro de 1970 a revista Flama dava destaque ao fenómeno que mesmo sendo do Porto não escapou a gente de Lisboa.
O Eugénio era o teclista.
A revista dizia que era o quarteto ié-ié mais jovem da Europa. Talvez, mas já então existia um trio que lhe fazia concorrência, como mostra a revista Mundo da Canção de 15.11.1970 e que gravava para a Rapsódia de Arnaldo Trindade, o decano destas andanças da música popular.
O Mini-Pop não gravava para o Arnaldo Trindade do Porto, mas para a Zip Zip e Movieplay, de Lisboa...e haverá razões para tal.
Não é apenas por isso que evoco aqui o decesso. Não os conheço pessoalmente, embora pudesse ter conhecido, porque a música é uma das minhas ocupações espirituais desde que me conheço e se se proporcionassem as circunstâncias conduziria a tal encontro com pessoas que admiro.
Curiosamente, os então miúdos nem queriam ser músicos, como ocupação profissional na vida futura, mas foram e ainda bem. Se fossem médicos ou engenheiros e doutores nem tinham lugar aqui nesta evocação...
No início dos anos oitenta, logo em 1980, portanto dez anos depois, os Mini-Pop já eram os Jafu-Mega e depois Jafumega publicaram um primeiro disco com letras em inglês.
Em 1981 saiu um single que me espantou pela qualidade sonora da gravação. Embora Rui Veloso já tivesse publicdado Ar de Rock, o som deste Jafu-Mega era superior, no meu entendimento acústico do que era a gravação eléctrica de sons.
Ainda hoje o tema Ribeira é uma pequena maravilha, embora o grupo escolhesse o tema Dá-me lume para capa e lado principal.
Logo no anos seguinte saiu o disco mais importante - Jáfumega- que aliás não tenho ( mas vou arranjar) embora conheça algumas músicas, como a Nó cego e Latin´america.
No mesmo ano a revista Sete de 23.6.1982 dava-lhe uma capa e artigo de duas páginas com entrevista:
Depois disto os irmãos Barreiros do Mini-Pop e do Jafumega fizeram outras coisas que me deixaram de interessar e uma delas foi virarem-se para um jazz que como disse Frank Zappa, "smells funny"...
Portanto, estas memórias fazem parte da minha vida musical e por isso ficam aqui.
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