O disco dos Crosby Stills Nash & Young, Déja Vu,
chegou ao topo de vendas na América, faz agora 50 anos.
É um disco importante na música popular e para mim foi um
dos que determinou o interesse nesse tipo de música, muito por causa de uma
simples canção: Teach your children e o som ondulante das cordas de aço
da guitarra de pedaleira, no caso tocada por um elemento estranho ao grupo,
Jerry Garcia que fazia parte de outro grupo da área, os Grateful Dead. Diz quem
escreve sobre o assunto que seria uma das primeiras vezes que teria tocado tal
instrumento mais próprio da sonoridade country. Durante muito tempo foi a minha
canção preferida da música popular.
O disco que se começa a ouvir no tema Carry on, o de
guitarras acústicas vigorosas e ritmo rápido encadeia logo no som fluido da
guitarra de pedaleira e cordas de aço com as vozes de três elementos, Crosby,
Stills and Nash. Neil Young fica de fora, nesta. Tal como fica na seguinte
cantada por Crosby, Almost cut my hair. No entanto, na que vem a seguir
a essas, Helpless, a canção é
inteiramente da sua autoria. No quinto tema, Woodstock, o mesmo Young só toca guitarra e no sexto,
Déjà vu, nem visto nem achado.Tal como no seguinte, Our House. Ou no tema acústico 4+20
da inteira responsabilidade de Stills.
Porém, em Country Girl, o nono
tema do disco, exemplar para quem estude harmonias em melodias rock, Neil Young
é o compositor, cantor e produtor. No último tema do disco, Everybody i love
you participam todos.
Nessa altura de 1970 não havia falta de música interessante
a sair todas as semanas. A par desse disco havia o de Simon & Garfunkel, Bridge
over Troubled Water, outro portento da época e o disco dos Beatles, Let
it be saiu precisamente no dia 8 de Maio desse ano.
E na mesma altura, Primavera de 1970, foi publicado um single de um grupo inglês que
suplantou os demais, incluindo o Déjà Vu: In the Summertime de Mungo
Jerry, um grupo sem história passada ou futura, com essa música de dança,
exhilarating, como dizem os ingleses. E os Kinks publicaram Lola, uma
canção de êxito. Os Creedence Clearwater Revival então um grupo com maior
sucesso que os Beatles lançaram no Verão desse ano o disco Cosmo´s Factory,
outro grande sucesso, juntamente com os anteriores.
O disco Déjà Vu, quando chegou aos escaparates das
então discotecas tornou-se uma sensação, desde logo pela capa: um álbum de cor
preta e a imitar cabedal rugoso, com uma foto monocromática e de imitação de
época, com os membros do grupo na pele de
pretensos exploradores do Oeste americano do séc. XIX .
Em 1970 a iconografia publicada do grupo era muito escassa. Imagens
havia a dos discos e pouco mais. De tal modo que em Novembro de 1974 a Rock
& Folk publicou imagens de um concerto que os mesmos deram em Wembley.
Comprei a revista pela primeira vez por causa disso- das imagens do grupo e que
ainda não tinha visto a cores.
Só a imagem das guitarras acústicas, de madeira trabalhada
pela Martin, em dois modelos diferentes ( a D-45 de Crosby e a D-28, julgo, de Stills, para além de outra D-45 de Young) era inspiradora da beleza sonora que delas se extrai e se pode
ouvir no disco.
Nessa altura já andava encantado com os outros discos dos membros do grupo, aqui mostrados na revista Rock&Folk de Janeiro de 1972:
Mesmo nas décadas mais recentes em que abundam as
compilações de artigos dedicados a vários grupos rock, a escassez de estudos
dedicados ao grupo encontrará justificação na efemeridade do mesmo. Afinal,
verdadeiramente só têm um disco de referência, para além do disco ao vivo. Antes
desses houve um primeiro, publicado no ano anterior, sem a presença ou
colaboração de Neil Young.
A Uncut de Junho de 2008 deu-lhes a capa e um artigo de algumas páginas.
Em Dezembro de 2019 a revista inglesa Record Collector deu-lhes também a capa por ocasião da clebração dos 50 anos de Déjà Vu e a análise dos temas do disco.
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