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quarta-feira, julho 15, 2020

O Espírito pecador

Notícia do dia:


Ao longo dos anos que dura este processo já escrevi por aqui algumas vezes sobre o assunto. Desde logo, em Julho de 2014, reproduzindo um artigo do saudoso VPV que revelava ser Ricardo Salgado um "mistério":


Confesso alguma perplexidade porque na época não acreditei que um santeiro frequentador de missa ao Domingo se revelasse tão pecador e capaz de enganar pessoas que acreditavam na sua honra profissional.

De tal modo acreditei que duvidei ser possível alguma vez acusá-lo da prática do crime de burla, por uma razão lógica que então me parecia sólida: para alguém praticar este crime é necessário uma intenção prévia e determinada em prejudicar alguém, mesmo aceitando a eventualidade e para tal produzir artifícios fraudulentos capazes de tal efeito.

O que agora se revela vai muito para além de qualquer  insolvência culposa em que também releva a habilidade saloia em esconder e desviar activos, com vista a prejudicar credores e para isso falsificar as contas e sem que tal signifique necessariamente a prática de crimes.
Estou em crer que é nesta subtileza que vai apostar a defesa do banqueiro desgraçado, mas vai dar com os burros na água porque os factos parecem ser esmagadores.

Ao ler isto que agora se transcreve fico banzado:

Se for verdade e provado que Ricardo Salgado, em nome e a favor de funcionários do banco, família e amigos, captou poupanças de depositantes crédulos, desviando-as para offshores escondidas das contas, com aquele destino infausto, de corromper pessoas convenientes e enriquecer o património próprio, em detrimento dos interesses e património de tais depositantes, o crime de burla está praticamente provado.

Nem entendo porque razão a defesa do arguido ( será o mesmo Francisquinho, filho do advogado Proença?) alega total inocência, no caso.

Outro mistério é saber a razão pela qual este Espírito pecador não se arrepende de ter subsidiado por portas travessas certos políticos, como o ex-presidiário José Sócrates.
Só mesmo um falso ingénuo é capaz de dizer sem pestanejar que nunca corrompeu ninguém...

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